segunda-feira, 20 de maio de 2013

Escandinavo produz azeite "gourmet" no Algarve, onde os lagares quase desapareceram

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Um empresário escandinavo radicado no Algarve há mais de 40 anos
tornou-se num dos poucos produtores de azeite na região, onde dos 400
lagares que existiam há 20 anos não restam mais de seis.

Este é o quinto ano que Detlev von Rosen produz azeite "gourmet" na
sua quinta em Moncarapacho, Olhão, que em grande parte é vendido para
outros países, através de encomendas "online", mas também à moda
antiga, diretamente no lagar.

Ao todo, são ali produzidos por ano 20 mil litros de azeite, uma
produção modesta mas compatível com os 20 hectares de olival, dimensão
que o empresário sueco pretende manter para já, para poder ter o
"controlo absoluto de todos os pormenores".

Em declarações à Lusa, Detlev von Rosen explicou que qualquer lagar
moderno produz aquela quantidade de azeite em apenas um dia, mas que o
seu objetivo é fabricar azeite de alta qualidade, o que exige dominar
bem o processo.

"Este ano chegámos ao topo porque fomos premiados com duas medalhas de
ouro na competição internacional de azeite de Nova Iorque, onde
compararam cerca de 700 azeites do mundo inteiro", afirmou o
ex-consultor, de 74 anos.

Quando se mudou para Portugal, há cerca de 40 anos, o empresário
estónio naturalizado sueco procurava um local com um clima onde
pudesse cultivar vegetais durante o inverno para exportar para o norte
da Europa.

Acabou por adquirir uma quinta com laranjeiras mas cedo se apercebeu
que precisava de muita água, o que ali escasseava, tendo por isso
decidido arrancar as árvores e substituí-las por oliveiras, há 13
anos.

"Fomos sempre informados de que no Algarve não se podia fazer azeite
bom, parecia ser o consenso de toda a gente", referiu, observando que
a Horta do Félix, onde tem o olival, guarda vestígios de um antigo
lagar romano, que modernizou.

Os seus clientes são sobretudo turistas que fazem visitas guiadas ao
olival e lagar da família, onde podem provar e comprar a iguaria, mas
há também cada vez mais portugueses a adquirirem o seu azeite, produto
que entretanto virou moda e se equipara agora aos vinhos e queijos na
lista de produtos "gourmet".

Aos poucos, o azeite Monterosa produzido pela família von Rosen tem
também começado a chegar às prateleiras de lojas da especialidade e a
supermercados de luxo do Algarve e Lisboa.

Segundo o empresário, que iniciou o negócio familiar mas tem mais três
sócios, a qualidade do produto depende muito da rapidez com que o
azeite é extraído da fruta e o ideal é que as azeitonas sejam
processadas no dia em que são recolhidas.

O grande inimigo da qualidade é a mosca da azeitona e para evitar que
o inseto pique a fruta, os troncos das oliveiras são pintadas de
branco, em junho, com uma substância argilosa de cor semelhante à cal,
que afasta as moscas.

Detlev von Rosen produz cinco variedades de azeite virgem extra que
vende em garrafas de meio litro pelo preço de 17 euros. Comercializa
ainda sabonetes e espumas de barbear feitas com os restos do azeite.

Segundo este empresário, a ex-primeira dama francesa, Carla Bruni, e a
rainha da Suécia figuram na lista de clientes e apreciadoras do seu
azeite.

*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

http://www.ionline.pt/artigos/portugal/escandinavo-produz-azeite-gourmet-no-algarve-onde-os-lagares-quase-desapareceram

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