terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Preço do azeite pago ao produtor dispara 70% em Itália


No mercado italiano, onde se praticam os preços mais elevados por cada quilo de azeite extra virgem pago à produção, a subida de preços acelerou em Novembro. Espanha, Grécia e Tunísia acompanham.

Isabel  Aveiro Isabel Aveiro ia@negocios.pt
10 de fevereiro de 2017 às 16:58

O valor do preço pago ao produtor por cada quilo de azeite virgem extra em Itália chegou ao final de Janeiro de 2017 mais caro em 70% do que um ano antes. As contas são do Conselho Oleícola Internacional (COI), do qual Portugal é membro. Foram divulgadas esta semana, com base nos movimentos semanais de preços em Jaén (Espanha), Bari (Itália), Chania (Grécia) e Sfax (Tunísia).

"Os preços no produtor em Itália começaram a aumentar em meados de Agosto [de 2016], acelerando na primeira semana de Novembro, quando ultrapassaram a barreira de cinco euros por quilo, e chegando a 5,9 euros por quilo no final de Janeiro de 2017, para um aumento anual de 70%", diz a última análise estatística do Comité.

Os preços pagos aos produtores, por azeite virgem extra, em Espanha – o maior produtor e consumidor da União Europeia – atingiram "3,64 euros por quilo no final de Janeiro de 2017, o que representa um aumento de 10% comparando com o mesmo período do ano anterior".

O COI salienta contudo que, ainda em Espanha, "se comparado este preço com o preço mais elevado [atingido no passado], na terceira semana de Agosto de 2015 (de 4,23 euros por quilo), representa um decréscimo de 14%".

Na Grécia, os preços mantiveram-se estáveis, de meados de Agosto até ao final de Outubro de 2016. Mas, salienta o organismo especializado, "como noutros mercados, [os preços] aumentaram no final de Janeiro de 2017 para atingir 3,46 euros por quilo no final de Janeiro de 2017, o que é um crescimento de 17% comparado com o mesmo período do ano anterior".

Em África, o quarto maior produtor, a Tunísia, também viu os preços aumentarem, depois de algumas semanas de estabilidade relativa. O aumento foi claro, diz o COI, a partir da terceira semana de Janeiro, atingindo 3,88 euros por quilo no final de 2017, para uma progressão de 18% numa base anual".

A Bloomberg recordava esta quinta-feira que o tempo "errático" sofrido em Espanha e Itália, os dois maiores produtores mundiais de azeite, poderá fazer voltar a recuar a produção na campanha de 2016/2017. Só a Itália prevê que a queda possa ascender a cerca de 50% da média anual.

No azeite refinado, os preços pagos ao produtor seguiram a mesma tendência: subiram 15% em Itália (3,62 euros/kg); e 11% em Espanha, para 3,54 euros/quilo – o que aliás coloca uma questão adicional, porque significa que azeite virgem extra e azeite refinado estavam, no final de 2017, com uma diferença de 0,10 euros por quilo no mercado espanhol, no produtor. 

Em Itália, a diferença estava, no final do mês passado, em 2,28 euros/quilo entre extra virgem e refinado.

Consumo duplica na China

Enquanto a oferta nos principais produtores do mundo de azeite sofre com as alterações climáticas – como aliás, o COI já tinha alertado em Novembro passado, em Lisboa – a procura não pára de aumentar nos não produtores, segundo o COI.

Com dados relativos a azeite e óleo de bagaço de azeitona, a China começou o ano da campanha oleícola (que compreende os 12 meses entre 1 de Setembro e 31 de Agosto do ano seguinte) a quase duplicar as suas compras ao resto do mundo.

Mostram os dados do COI que nos meses de Outubro e Novembro de 2016, a China importou 8.375 toneladas, um crescimento de 98,6% de azeite e óleo de bagaço de azeitona.

Os EUA aumentaram as compras em 5% no mesmo período, para 29.150 toneladas. No outro lado do Pacífico, o Japão importou mais 17%, para 5.987 toneladas de azeite e óleo de bagaço de oliveira (sub-produto extraído do bagaço da azeitona, que não pode ser vendido como azeite).

O Brasil – fundamental para os produtores de azeite portugueses – comprou mais 16% do que em Outubro e Novembro de 2015 (para 6.844 toneladas). Na Rússia, adianta o COI, as vendas tinha aumentado 20% até Outubro de 2016 (para 2.085 toneladas).


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