quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Usaram fezes humanas numa produção hortícola em Luanda



Legumes produzidos considerados "impróprios para o consumo humano"
Foto: Paulo Alexandrino / Arquivo Global Imagens

O Ministério da Agricultura e Florestas angolano confirmou, após análises laboratoriais, a utilização de "dejetos humanos em estado natural" numa quinta de produção agrícola nos arredores de Luanda, tendo ordenado a interdição dos produtos.

A informação surge numa nota enviada à Lusa por aquele ministério, que anunciou a 13 de dezembro que estava a investigar denúncias sobre o recurso a fezes humanas como adubo na quinta de produção de hortaliças Eclebri, sita no Bairro Benfica, Município de Belas, província de Luanda.

Produtos considerados como "impróprios para o consumo humano"
De acordo com aquele ministério, foram analisados no laboratório central, entre outros produtos, e além do próprio estrume, tomate miúdo verde, tomate miúdo vermelho, cebola chinesa, pepino e couve chinesa, produzidos naquela quinta, com recurso a exames de parasitologia.

"Pelo exame direto e cheiro das amostras, conclui-se que as amostras são excrementos de origem humana e não foram devidamente curtidas [adubadas] para ser aplicados na produção de hortícolas conforme recomendado tecnicamente", informou o Ministério da Agricultura e Florestas.

Face aos "parâmetros encontrados nesses alimentos", o certificado de qualidade do laboratório considerou os referidos produtos como "impróprios para o consumo humano", acrescentou.

Suspeitas da utilização de "dejetos humanos" por uma empresa chinesa começaram a circular nas redes sociais

Como "medidas a adotar", o Ministério da Agricultura e Florestas, através da Direção Provincial da Agricultura e Floresta de Luanda, garante que vai "trabalhar com os outros órgãos" do governo provincial para "interditar a produção e comercialização dos produtos".

As suspeitas resultaram de relatos difundidos desde 10 de dezembro, nomeadamente nas redes sociais, sobre a utilização de "dejetos humanos" na produção de hortícolas por uma empresa chinesa.

O caso tem vindo a ser comentado nas redes sociais, perante as preocupações dos consumidores com a eventual entrada destes produtos na cadeia alimentar.

"O uso de dejetos humanos na agricultura, sem a necessária e recomendável compostagem, pode colocar em risco a saúde, não apenas dos trabalhadores, mas também dos possíveis consumidores desses hortícolas, sendo que as bactérias coliformes e parasitas presentes nas fezes humanas podem provocar doenças diversas", recordou anteriormente o ministério.

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