quarta-feira, 2 de maio de 2018

Madeira ardida rende muito pouco

29/04/2018 09:06

Terceira hasta pública de madeira afetada pelos incêndios rendeu 2,85 milhões de euros. Foram vendidos 52 dos 114 lotes disponibilizados, entre os quais o mais cotado no Pinhal de Leiria.

O Estado conseguiu vender esta semana perto de metade dos lotes de madeira da floresta pública colocados em leilão, a grande maioria árvores a precisar de abate por terem sido afetadas pelos incêndios de outubro. Um dos lotes arrematados na hasta pública da última quinta-feira foi o que tinha a avaliação mais alta, um terreno com 58 hectares e 9692 pinheiros bravos no Pinhal de Leiria. O preço base eram 295 mil euros e o lote foi vendido por 450 mil euros, cerca de 46 euros por pinheiro.

Ainda assim, por agora as receitas obtidas pelo Estado com a venda de madeira afetada pelos incêndios estão muito aquém das estimativas. Ainda não há um balanço global da madeira vendida nas três hastas públicas já realizadas pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) depois dos incêndios de outubro, mas a da semana que passou foi a maior e deverá render 2,85 milhões de euros aos cofres do Estado –  o pagamento é feito em prestações, sendo que no momento de adjudicação só tem de ser paga a primeira parcela, de 25% do total. Ao SOL, o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural apontou para um encaixe de 25 a 35 milhões no final do processo de venda de madeira em terrenos do Estado. Os resultados do último leilão sugerem que terá de ser vendida muita madeira para que se atinja um valor nesta ordem ,sendo que, de momento, não está ainda marcada nenhuma nova hasta pública.

As receitas serão utilizadas pelo Estado para financiar o Fundo Florestal Permanente, cujas verbas apoiam projetos de gestão florestal sustentável. A ideia, indicou ao SOL o Governo, é reinvestir as verbas na floresta pública. 

No balanço feito pela agência Lusa no final do leilão, dos 15 lotes a leilão da Mata Nacional de Leiria foram vendidos seis. 
Foram vendidos essencialmente os lotes com madeira de melhor qualidade. Ao todo estavam disponíveis mais de um milhão de árvores ou 106.334 metros cúbicos de volume de madeira. Além do lote que tinha o maior preço de licitação base, foram arrematados os outros dois lotes que tinham uma avaliação mais elevada, por 412 mil euros e 256 mil euros respetivamente. Na hasta pública que decorreu em Viseu foram admitidas 55 empresas.

Sobre a suspeita de que haveria uma concertação entre madeireiros para condicionar a venda destes terrenos, inclusive baixar os preços, o Governo diz apenas que esta matéria se encontra a ser analisada pelas autoridades judiciais.
Questionado esta semana sobre como chegou à estimativa de 25 a 35 milhões de euros, por que motivo o Estado não optou por preparar e armazenar a madeira antes de a colocar à venda – no modelo seguido o abate cabe aos compradores – e qual a estratégia para a madeira que não fosse licitada, o Ministério da Agricultura, Floestas e Desenvolvimento Rural não respondeu. Em declarações à TVI, o presidente do ICNF admitiu que a madeira possa deteriorar-se, mas remeteu esse risco para daqui a dois meses. 

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