domingo, 10 de fevereiro de 2019

Os chícharos estão de volta, mãos à obra!

23 de Fevereiro de 2013, 0:00 


De paladar agradável e requintado, ricos em flavonóides, proteínas, hidratos de carbono e sais minerais, são apetecidos por vegetarianos, vegans e macrobióticos, fazendo parte do grupo de leguminosas que se podem consumir em fresco ou secas. Vamos experimentar?
Muito confundido com o tremoço e até com o grão-de-bico, os romanos designavam o chícharo por "circula" e os gregos por "lacthyrus" e, ainda que persistam dúvidas sobre a sua origem, são várias as indicações de que será proveniente do Médio Oriente, supondo-se que foi introduzido em Portugal pelo Sul, onde se encontra a maior zona de cultivo, expandindo-se, de seguida, para as Beiras. Hoje são uma das leguminosas típicas das serras de Sicó-Alvaiázere. Recurso precioso dos mais pobres na década de 30-40 do século passado, o chícharo, apesar de não ser conhecido pelos mais jovens, está de regresso, para deleite dos saudosos deste manjar. Em Alvaiázere e em Santa Catarina da Serra (Leiria), realizam-se anualmente Festivais do Chícharo e em 2010 foi criada a Confraria do Chícharo.
A planta

Lathyrus sativus L. (família das Fabáceas) é o nome científico da planta conhecida por chícharo e popularmente designada de "xíxaras". O chícharo apresenta um grão/semente de forma quadrangular achatada e de cor clara que se encontra protegido no interior de vagens grossas, contendo três a quatro sementes cada.
Leguminosa anual, prostrada ou trepadora, com flor de cor branco-azulada, é considerada como melhoradora e regeneradora do solo, uma vez que o enriquece em azoto, através da simbiose com a bactéria rizóbio.

Cultivo
O chícharo propaga-se por sementeira no local definitivo. Não precisa de se preocupar muito com a escolha do solo para o semear, uma vez que esta cultura se adapta facilmente a solos pobres e secos, ligeiros, permeáveis e calcários, fugindo dos terrenos húmidos e compactos. Pode até efectuar a sementeira por entre as árvores do seu quintal ou num canto menos apropriado para culturas mais exigentes e aproveitar as vantagens da adubação azotada que a planta lhe oferece. A época de sementeira decorre de Fevereiro a Abril, tendo o ciclo cultural uma duração de cerca de 100-120 dias. Recomenda-se a sementeira em linhas distanciadas entre si cerca de 30-40cm e 10-15cm entre plantas na linha. A profundidade de sementeira deve rondar os 5cm.

Cuidados culturais
Não exige grandes cuidados, devendo ter em atenção as infestantes que possam surgir antes de a cultura estar instalada, removendo-as manualmente ou com a ajuda de um sacho. Resistente à seca, a cultura desenvolve-se com a água disponibilizada pela chuva. No entanto, se o tempo decorrer muito seco regue, mas não encharque o solo.
Colheita
Para consumir o chícharo em fresco, proceda à colheita das vagens quando o grão/semente se encontrar no estado pastoso, à medida das suas necessidades. Caso pretenda consumir o chícharo seco, deixe o ciclo vegetativo terminar e quando as vagens se encontrarem secas colha as plantas e coloque-as ao sol até ficarem estaladiças. Muitas irão deixar cair naturalmente a semente, devendo as restantes ser descascadas de forma a retirar a semente. Depois de limpa, sujeite a semente a exposição solar intensa durante dois-três dias de forma a ficar bem seca e a poder ser conservada para consumo durante o inverno.
Para guardar

Coloque as sementes secas em sacos de papel, guardando-os de seguida num local fresco, seco e escuro.
Depois de colher
Chícharos com couve miúda e sardinha assada
Ingredientes: Chícharos, batatas, couve-galega, azeite, sal e sardinhas.
Preparação: Cozer chícharos, depois de demolhados, e de seguida adicionar batatas cortadas às rodelas. Depois de começar a ferver, junte a couve-galega cortada miúda, temperando com sal. Deixe cozer e, ao mesmo tempo, vá assando sardinha na brasa. Quando estiver pronto, coloca-se numa travessa e rega-se com azeite a gosto. Sirva acompanhado da sardinha.


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