segunda-feira, 3 de junho de 2019

Os primeiros robôs capazes de substituir os trabalhadores agrícolas já estão a ser testados


SOCIEDADE 28.05.2019 às 16h40


O primeiro robô capaz de colher, em média, mais 10 mil framboesas por dia do que um trabalhador humano, foi testado pela primeira vez no Reino Unido, e parece ter várias vantagens comparativamente com os trabalhadores

Custa mais de 7900 euros, mas é capaz de colher mais de 25 mil framboesas por dia enquanto um trabalhador, em oito horas de trabalho, colhe em média apenas 15 mil.

Este robô foi desenvolvido pela Fieldwork Robotics, uma empresa da Universidade de Plymouth, em parceria com Hall Hunter, um dos principais produtores de bagas da Grã-Bretanha que fornece as maiores cadeias de supermercados do país.

Trata-se de uma máquina sob rodas com 1.80 metros de altura e um braço robótico que, guiado por sensores e câmaras 3D, mede a framboesa para calcular a sua idade, arranca a fruta com a suas pinças e deposita-a num tabuleiro lateral onde esta é depois classificada por maturidade, antes de ser transportada para cestos, pronta para ser encaminhada para os supermercados. Só para colher cada baga, a máquina demora cerca de um minuto, contudo, a versão final do robô, que deverá entrar em produção no próximo ano, terá quatro pinças, todas capazes de colher em simultâneo durante 20 horas, uma vez que.... as máquinas não se cansam.

Segundo Rui Andres, responsável pelo portfólio de um dos patrocinadores do projeto, o maior desafio tem sido conseguir que os robôs se adaptem a diferentes condições de luz. Andres disse ainda que os agricultores britânicos normalmente pagam 1 a 2 libras para que um quilo de framboesas seja colhidas por trabalhadores, enquanto a Fieldwork pretende alugar os seus robôs por menos que isso. Alguns produtores já manifestaram interesse devido à pressão do aumento do salário mínimo, que faz com que a mão-de-obra represente metade dos seus custos de produção.

O robô é uma criação de Martin Stoelen, professor de robótica na Universidade de Plymouth, que passou da engenharia aeroespacial para os robôs, inspirando-se na fazenda dos seus avós na Noruega. Ao abordar primeiro um dos frutos de baga mais difíceis, ele espera ser capaz de ajustar a tecnologia para que o robô possa ser usado para colher outras bagas, frutas e vegetais. Testes realizados na China confirmam esta previsão e indicam que o robô será em breve capaz de colher também tomates e couve-flor.

Além disso, os robôs também começam a ser utilizados para lavrar os campos, plantar várias culturas e ordenhar vacas, como parte de uma tendência a longo prazo de automação na agricultura. A empresa inglesa Small Robot Company está a testar três robôs, com uma aparência semelhante a uma aranha sobre rodas, a que deu o nome de Tom, Dick e Harry. Estas três máquinas semeiam, alimentam, eliminam ervas daninhas e monitorizam culturas como o trigo, de forma mais suave do que as máquinas agrícolas pesadas, reduzindo a necessidade de água e pesticidas.

Estas inovações tecnológicas surgem numa altura em que a indústria agrícola no Reino Unido luta contra o aumento dos custos de mão-de-obra e a escassez de trabalhadores sazonais. Entre as causas para a redução do número de trabalhadores, particularmente aqueles provenientes da Europa Oriental, está o medo das possíveis consequências do Brexit e o crescimento económico da Polónia e a Roménia, o que leva a que muitos trabalhadores acabem por permanecer nos seus países de origem. Os produtores de bagas e de maçãs foram os mais afetados pela escassez de mão de obra. Nicholas Marston, presidente do organismo comercial British Summer Fruits (BSF), afirma que os fruticultores tiveram menos 15% a 30% dos apanhadores sazonais no verão passado. Mas Marston adverte: "Serão necessários 10 anos para que os robôs funcionem de forma tão eficaz quanto as pessoas."

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