sábado, 23 de fevereiro de 2019

Condutores de tratores obrigados a ter formação a partir de 2021

21/2/2019, 13:315.515

Esta exigência, criada por decreto-lei publicado no final de 2017, tenciona prevenir acidentes com máquinas agrícolas. Os condutores dispõem de dois anos para realizarem a formação.


Os condutores de veículos agrícolas são a partir de fevereiro de 2021 obrigados a ter formação específica, não bastando carta de condução ou licença, revela um despacho hoje publicado que define os conteúdos e quem ministra essa formação.

Esta obrigatoriedade, criada por decreto-lei publicado no final de 2017, visa prevenir acidentes com máquinas agrícolas, aplicando-se aos condutores habilitados com cartas de condução da categoria B que conduzam tratores da categoria II, e das categorias C e D, que pretendam conduzir veículos agrícolas das categoria II e III.


O diploma de 2017 determinou que seria mais tarde publicado em despacho os conteúdos programáticos da ação de formação, bem como as entidades autorizadas a ministrá-la e a data a partir da qual seria exigida a formação.

Os condutores de veículos agrícolas com carta de condução da categoria B que pretendam conduzir veículos agrícolas da categoria II e com carta de condução das categorias C e/ou D que pretendam conduzir veículos agrícolas das categorias II e III, dispõem de dois anos, após a data de entrada em vigor do presente despacho, para realizarem com aproveitamento a formação", lê-se no despacho que entra sexta-feira em vigor.



O despacho, publicado esta quinta-feira, define que os condutores com carta de condução que os habilite a conduzir veículos das categorias B, C e/ou D que pretendam conduzir veículos agrícolas da categoria II e III, devem realizar a ação de formação "Conduzir e operar com o trator em segurança", de 35 horas, ou a formação de curta duração "Condução e operação com o trator em segurança" de 50 horas.

Os acidentes com tratores agrícolas provocaram, em média, cinco mortes por mês em 2017, segundo um balanço da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), revelado em fevereiro do ano passado na sessão de esclarecimento "Prevenção de acidentes agrícolas com tratores e máquinas agrícolas. Formação obrigatória".

Na estatística da sinistralidade com tratores na União Europeia, Portugal ocupa o terceiro lugar, a seguir à Grécia e à Polónia, contabilizando 123 vítimas mortais de acidentes com tratores agrícolas entre 2015 e 2016.

Esta é a principal causa de morte no trabalho agrícola a nível nacional, registando-se, segundo dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, 68 vítimas mortais em 2016 e 55 em 2015.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Produção de azeitona vai cair 20%

Condições meteorológicas adversas vão penalizar a produção, adianta o INE. Este mesmo fator contribuirá também para a diminuição da área de cereais outono/inverno.
Produção de azeitona vai cair 20%

Miguel Baltazar

19 de fevereiro de 2019 às 15:22

A produção de azeitona para azeite deverá registar este ano uma quebra de 20% face à campanha anterior, penalizada pelas condições meteorológicas adversas, enquanto a área de cereais de outono/inverno deverá diminuir 3%, prevê  o INE.


Segundo as previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicadas estas terça-feira, a colheita da azeitona está "praticamente terminada, confirmando-se um atraso significativo na maturação face ao habitual, efeito das condições meteorológicas adversas, que ocasionaram um início de ciclo demorado e uma suspensão do amadurecimento dos frutos no período das ondas de calor de agosto".


"Após uma campanha com um máximo histórico de produção, os olivais tradicionais de sequeiro apresentaram uma carga de frutos heterogénea, prevendo-se que globalmente se registe um decréscimo de 20% na produção de azeitona para azeite", antecipa.


"A funda (rendimento da azeitona em azeite) – acrescenta - aumentou com o decorrer da colheita, se bem que, previsivelmente, ficará abaixo da alcançada na última campanha".


De acordo com o INE, apesar da "instalação significativa" de novos olivais intensivos e semi-intensivos, com maior controlo sanitário e fisiológico – o que permitiu que, desde 2009, a produção não tenha baixado das 400 mil toneladas - continua a ser "bem evidente" a alternância anual de produção na cultura de azeitona em Portugal, sendo que este é um ano de contrassafra (em que, por oposição a um ano de safra, a produção é baixa).


Quanto aos cereais de outono/inverno, e numa altura em que as sementeiras foram concluídas "sem contratempos", o instituto nota que, "apesar das condições meteorológicas favoráveis", se prevê um decréscimo de 3% na área instalada face a 2018, sobretudo devido às reduções de 5% das superfícies de trigo mole, triticale e cevada e da quebra de 10% de trigo duro.Já no centeio e na cevada, as previsões apontam para a manutenção da área.


Conforme nota o INE, este decréscimo global da área de cereais de inverno "mantém a tendência observada nos últimos seis anos", destacando-se esta campanha "como a que regista menor área desde a adesão de Portugal à União Europeia (cerca de 1/8 da área observada em 1986)".


No que respeita à aveia, que é um cereal mais precoce, as previsões apontam para a manutenção dos níveis de produtividade alcançados na campanha anterior (8% acima da média do último quinquénio).

Quanto às pastagens e forragens, viram o respetivo desenvolvimento vegetativo ser travado pela chuva escassa, frio e geadas, pelo que, apesar de o gado continuar "sem dificuldades de acesso" às pastagens, "de uma forma generalizada a matéria verde disponível nas áreas forrageiras não é suficiente para colmatar as necessidades alimentares".


De acordo com o INE, o recurso a alimentos conservados (palhas, fenos e silagens) e concentrados (rações industriais) tem decorrido "dentro dos parâmetros normais para a época".

Governo anuncia 190 milhões de euros de apoios financeiros à agricultura


Lígia Simões 06 Fevereiro 2019, 18:29

A partir de junho, deverá estar disponível um novo programa de financiamento à agricultura nacional, em complemento ao Programa de Desenvolvimento Rural PDR 2020, revela ministro da Agricultura. Novos apoios resultam de acordo com o Banco Europeu de Investimento (BEI).

O Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, anunciou nesta quarta-feira, 6 de Fevereiro, que deverá estar disponível a partir de junho um novo programa de financiamento à agricultura nacional, em complemento ao Programa de Desenvolvimento Rural PDR 2020. O novo programa de financiamento resulta de um acordo estabelecido com o Banco Europeu de Investimento (BEI), através do qual serão disponibilizados 190 milhões de euros para financiar projetos que ultrapassem a dotação do PDR 2020.


"Negociámos com o Banco Europeu de Investimento, uma forma de financiamento ao setor, através do qual o BEI disponibilizará 190 milhões de euros, e o Ministério da Agricultura, através do PDR 2020, garantirá um financiamento para a garantia destes empréstimos na ordem dos 20 milhões", explicou o ministro durante a visita à feira Fruit Logistica, que hoje abriu as portas em Berlim.

Segundo Capoulas Santos, trata-se de um apoio reembolsável, com juros o mais baixo possível e até três anos de carência.

Acompanhado do secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, o titular da pasta da Agricultura visitou os expositores nacionais, a maior parte dos quais (37) integra a Portugal Fresh, organização de produtores vocacionada para o mercado externo. A Fruit Logistica é o maior evento mundial do setor hortofrutícola e tem vindo a acolher uma participação nacional cada vez mais expressiva, reveladora da dinâmica de crescimento da produção nacional.

Os resultados do setor hortofrutícola mantêm uma trajetória de crescimento sistemático, tendo a produção atingido os 2.500 milhões de euros em 2017, dos quais uma fatia de 41% seguiu o caminho da exportação. Em 2018, estima-se que o valor das exportações hortofrutícolas tenha atingido os 1.500 milhões de euros, que correspondem a 50% do total do volume de negócios.

Desde que assumiu funções, este Governo abriu já 15 mercados para 45 produtos de origem vegetal e está igualmente a negociar a abertura de outros 18 mercados para viabilização da exportação de mais 50 produtos da área vegetal. África do Sul, China, Indonésia e Coreia do Sul são os mercados prioritários. Estes números resultam de uma forte aposta do Governo na internacionalização, que contrasta com os resultados alcançados pelo anterior Executivo (três mercados abertos para sete produtos ao longo de toda a legislatura).

Perito nomeado pela AR para os fogos acusa Governo de “autismo”


19.02.2019 às 18h15

A floresta de monocultura com pinheiros ou eucaliptos continua a imperar nos planos regionais

NUNO BOTELHO

Francisco Castro Rego, que preside ao Observatório Técnico Independente para os incêndios, diz que há um "sentimento geral de frustração" entre os especialistas que fazem parte deste organismo e que a recente aprovação dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal é "uma oportunidade perdida"

Dois meses depois de ter alertado o Governo para o caminho que o Ministério da Agricultura estava a seguir ao aceitar Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF) que "parecem ignorar as lições dos incêndios florestais ocorridos em 2017", o Observatório Técnico Independente (OTI) volta a criticar a atuação do Executivo. Numa nota informativa entregue a 18 de fevereiro na Assembleia da República, o Observatório condena a recente aprovação dos PROF. No entender deste órgão consultivo — criado pela AR para avaliar as medidas adotadas para a gestão de incêndios em Portugal — está-se perante "uma oportunidade perdida", já que os planos aprovados "negligenciam a oportunidade de redefinir a floresta" para que esta seja mais resiliente aos incêndios.

"Quando fizemos os alertas em dezembro, achámos que havia espaço para corrigirem o que estava mal, mas isso não aconteceu", lamenta o presidente do Observatório. Francisco Castro Rego acusa o Governo de "autismo" e condena o "acentuar de desequilíbrios" na floresta portuguesa. Este especialista em floresta e ecologia do fogo lembra que as recomendações feitas vêm no seguimento das que já tinham sido assinaladas para o ordenamento florestal pela Comissão Técnica Independente, de que também fez parte. "Há um sentimento geral de frustração" entre os especialistas, confessa Castro Rego. E lastima esta situação, que considera "preocupante" e que, em seu entender, dá ao OTI "uma sensação de inutilidade".

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

E se sensores avisassem qual a melhor altura para vindimar?


Durante três anos, dois projectos europeus vão tentar resolver alguns problemas dos agricultores: um pretende criar um dispositivo barato para os avisar quando devem vindimar e o outro quer espalhar conhecimento sobre alterações climáticas.

Teresa Sofia Serafim 19 de Fevereiro de 2019, 7:17 Partilhar notícia

Uma equipa europeia liderada pelo Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga, está a desenvolver um dispositivo com sensores que será integrado em cachos de uva e permitirá avisar o agricultor sobre qual a melhor altura para vindimar. Para tal, tem 2,7 milhões de euros. Já outra equipa – também europeia – coordenada pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vai ter um milhão de euros para espalhar informação sobre as alterações climáticas na viticultura entre instituições científicas, empresas e produtores.

Em meados de 2017, cientistas do INL tiveram conversas com a Sogrape (empresa de vinhos) em que procuraram resolver problemas dos viticultores através da ciência. Desde então que o INL e o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Microsistemas e Nanotecnologias (Inesc – MN) têm vindo a desenvolver um dispositivo com sensores colocados em cachos de uva para medir remotamente o grau de maturação da uva e o stress hídrico da videira.

No final de 2018, esta investigação ganhou um impulso do programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia. Com a duração de 36 meses, o projecto iGrape terá 2,7 milhões de euros, o que permite reforçar a equipa que já desenvolvia este dispositivo e trabalhar com um conjunto de outros parceiros, nomeadamente com a Universidade de Freiburg (Alemanha), a Universidade de Milão (Itália) e a Automation (empresa italiana).


No final, pretende-se que seja criada uma tira com sensores que se coloca no cacho de uva ainda na fase do bago de ervilha. "Como são pequenos e autónomos, os sensores podem ser espalhados ao longo da vinha. Numa área de um hectare podemos ter uma dezena ou mais deste tipo de sensores", explica Paulo Freitas, físico no Instituto Superior Técnico e vice-director-geral do INL.

Depois, nos meses antes da vindima, esses sensores enviarão informação sobre a maturação da uva para um posto na propriedade da vinha. Por fim, a informação chegará ao agricultor (por exemplo) através do telemóvel. O dispositivo terá uma bateria própria, pré-processamento de sinal e um módulo de comunicação sem fios.

"O objectivo final é dar essa informação ao agricultor de maneira barata, fiável e essencialmente instantânea para que possa decidir que parcela vai vindimar na melhor altura possível", diz Paulo Freitas, indicando que actualmente o cacho de uva ou é analisado em laboratório ou em espectrómetros móveis. Este dispositivo pode ser importante em regiões com orografia elevada como o Douro, onde as parcelas têm exposições solares variadas e a vindima pode variar duas ou três semanas em cada parcela.

Numa segunda parte do trabalho (mais difícil e que ainda não começou), pretende-se medir o stress hídrico da videira por detecção óptica. "Particularmente em zonas secas como Douro, até antes de Julho, a planta pode já estar com falta de água", frisa Paulo Freitas. Actualmente, essa medição é feita com equipamentos atrelados a um tractor ou jipe para apanhar folhas e extrair-se a sua água.

Além de simples e remoto, espera-se que o dispositivo seja reutilizável e barato: estima-se que cada conjunto de sensores custe dez euros. "Se se comprar 100 para se espalhar pelas vinhas, fica em mil euros, o que já é um valor razoável", exemplifica o físico.


Até agora, os protótipos foram testados em vinhas na zona do Douro e na Argentina. Contudo, o sistema pode ser usado noutras regiões. "Mas é mais importante em zonas em que haja exposições solares diferentes e onde em poucos hectares faça diferença começar a vindimar hoje ou daqui a três semanas", frisa Paulo Freitas.

O dispositivo poderá ainda vir a ser usado para detectar o nível de maturação de frutas em contentores ou armazéns.

E ajudará a enfrentar as alterações climáticas? "A informação que se tira depois pode ser trabalhada em várias coisas", responde.


As alterações climáticas na vinha são o tema do Clim4Vitis, um projecto também financiado pelo Horizonte 2020 e coordenado pela UTAD (que terá 350 mil euros). O objectivo do projecto é a transferência de conhecimento das instituições científicas de elevado desempenho na ligação com empresas (da Universidade de Florença, do Instituto de Ciência e Tecnologia do Luxemburgo e do Instituto de Investigação sobre o Impacto Climático de Potsdam, na Alemanha) para as instituições com baixo desempenho (a UTAD), empresas e produtores. Este projecto tem ainda a participação da Sociedade Portuguesa de Inovação.

A primeira iniciativa do projecto de três anos ocorre até quarta-feira na UTAD. Além de conferências com especialistas e de oradores como José Roquette (presidente da Herdade do Esporão), haverá workshops e um curso sobre alterações climáticas. O evento dirige-se a investigadores, produtores ou empresas e entrada é gratuita (mediante inscrição).

Durante o projecto (além de outras acções de divulgação), também serão desenvolvidos modelos cada vez mais completos da videira e a análise dos potenciais impactos das alterações climáticas na videira. Afinal, como explica João Santos (da UTAD e investigador responsável pelo projecto), há duas questões centrais sobre as alterações climáticas na vinha.

"A descida da temperatura fará com que as castas que eram mais adaptadas ao Sul do país ou às zonas mais quentes possam migrar para Norte e para maiores altitudes e zonas mais frescas no futuro", refere, frisando que as zonas mais a sul poderão ter de se adaptar a castas de regiões fora de Portugal.

Universidade de Vila Real quer ajudar videiras do Douro a enfrentar alterações climáticas
Há ainda a situação hídrica: todos os cenários de projecções climáticas apontam para uma diminuição da precipitação para Portugal. "Por isso, têm de ser feitas algumas medidas de adaptação e de mitigação desses impactos praticamente de parcela a parcela [de vinhas diferentes ou da mesma vinha] porque as condições climáticas são diferentes."

Sobre a forma como o sector vitivinícola está a encarar as alterações climáticas, João Santos elogia-o: "É um exemplo em Portugal. Acho que está muito avançado nesta questão." O investigador salienta que as grandes empresas e produtores, assim como os pequenos e médios produtores jovens e com formação académica, já têm tomado medidas a pensar num futuro com condições climáticas diferentes das actuais.

Quercus quer proibir apanha noturna de azeitona. Morrem milhares de aves


A Quercus exige a proibição de apanha de azeitona à noite com recurso a máquinas, tendo em conta que se trata de uma prática com sérios impactos ambientais.

 Quercus quer proibir apanha noturna de azeitona. Morrem milhares de aves
  
A associação ambientalista Quercus mostra-se preocupada com os resultados de um relatório da junta da Andaluzia relativo ao impacte da apanha noturna de azeitona por meios mecânicos na avifauna local. O relatório, divulgado no final do ano passado, conclui que naquela região espanhola morreram mais de dois milhões e meio de aves, entre 2017 e 2018, por culpa desta prática.

Estes números referem-se à Comunidade Autónoma de Andaluzia, em províncias como Sevilha, Córdoba e Jaén, e, realça a associação, "comprovam mais um dos grandes problemas ambientais causados pelas práticas do olival intensivo e superintensivo, que nas últimas décadas se tem instalado descontroladamente na Península Ibérica". 

Face aos dados conhecidos, a Quercus solicitou a intervenção do Governo e das autoridades nesta situação, no sentido de lhe serem fornecidas informações mais detalhadas sobre a realidade nacional e, sobretudo, no desencadear de acções de fiscalização urgentes.

A associação refere também que, dada a grande proximidade geográfica de Portugal a Espanha e a ocorrência de várias espécies de aves semelhantes nos olivais portugueses, "seria também previsível a existência de grandes impactes da apanha nocturna de azeitona em território nacional".

E, por isso, a Quercus pediu "de imediato" a intervenção do Ministério do Ambiente e do Ministério da Agricultura, assim como do Serviço de Protecção de Natureza e Ambiente da GNR (SEPNA/GNR) nesta situação.

De acordo com os dados enviados à Quercus, o SEPNA/GNR efetuou diversas diligências e fiscalizações durante os meses de dezembro e janeiro e que "em sequência da apanha noturna da azeitona de forma mecanizada, foram constatadas algumas situações das quais resultaram na morte de aves, tendo sido elaborados diversos autos de noticia por danos contra a natureza, remetidos aos serviços do Tribunal Judicial da Comarca de Portalegre – Ministério Público de Fronteira, para instrução dos respetivos processos."

O SEPNA/GNR informou também que "deu conhecimento à autoridade administrativa competente, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), propondo a elaboração de eventuais alterações legais no sentido de prever o impedimento da apanha noturna da azeitona, garantindo a proteção das espécies que pernoitam nos locais alvo destas ações."

Milhares de aves mortas no Alentejo?

A Quercus sublinha ainda ter informação de que "no decurso de apenas duas destas acções de fiscalização no Alentejo foram detectadas mais de 300 aves mortas fruto da apanha noturna de azeitona, pelo que mesmo numa estimativa conservadora, serão certamente milhares as aves mortas na região devido a esta prática irresponsável". 

Por considerar que estão provados os impactos nefastos que a apanha noturna da azeitona por meios mecânicos tem na avifauna, a Quercus exige que o Governo (Ministério da Agricultura e Ministério do Ambiente) tomem medidas legislativas "urgentes", no sentido de proibir esta prática que ocorre sobretudo no Alentejo.

"A Quercus considera também indispensável que o Governo crie, no mais curto espaço de tempo, uma regulamentação da atividade das plantações de olivais intensivos e superintensivos em território nacional", refere, por fim, a nota enviada ao Notícias ao Minuto.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Como é que o Plano de Regadios pode mudar a agricultura em Portugal?


Candidaturas já abriram para autarquias. Estão disponíveis 280 milhões de euros

© Orlando Almeida/Global Imagens

Roberto Dores
17 Fevereiro 2019 — 14:54


AGRICULTURA
Seca mantém-se apesar da chuva e já há a gado a "lamber a lama"
Cem mil novos hectares de regadio no país, metade dos quais no Alentejo, é o plano do Governo para combater a falta de chuva, com longo períodos de seca, proporcionando à agricultura água em quantidade para uma maior diversidade de culturas. Até o milho e o girassol poderão recuperar espaço, prevendo-se ainda que o projeto crie 10550 postos de trabalho

O que é Plano Nacional de Regadios?

Perfila-se com uma espécie de nova face da agricultura prevendo instalar 100 mil novos hectares de regadio. A segunda fase do plano começou a aceitar candidaturas na quarta-feira, podendo concorrer câmaras em parceria com direções regionais de agricutura ou Direção Geral, além Empresa de Desenvolvido e Infraestruturas de Alqueva. 60% dos projetos corresponde à construção de novos sistemas de rega e os restantes 40% à remodelação dos já existentes, mas que se encontrem degradados.

Como é que Plano Nacional de Regadios pode mudar a agricultura em Portugal?

Ao garantir mais áreas irrigadas proporciona uma maior diversificação de culturas, além de criar 10.550 novos postos de trabalho em velocidade de cruzeiro. O investimento contempla ainda a poupança de água, dado que a novas infraestruturas vão evitar cerca de 35 milhões de metros cúbicos de perdas em todo o país, aumentando a eficiência energética da bombagem. Grande parte da energia consumida pelas novas infraestruturas hídricas reabilitadas será gerada internamente pela impulsão de água, segundo descreve o projeto.

Que tipo de culturas vai servir?

Várias. Quanto maior for a área irrigada maior poderá ser a diversificação de culturas, com o reforço da produção de azeite, vinho, cereais e hortofrutícolas.

As culturas que consomem mais água poderão ter voltar a ter viabilidade?

Sim. Por exemplo, o milho e o girassol, que estão entre as culturas mais rentáveis, mas são grandes consumidoras de água, deverão voltar a recuperar o espaço perdido nos campos alentejanos, depois de nos últimos dois anos os agricultores os terem substituído por culturas menos exigentes em recursos hídricos.

Qual é o investimento?

O Governo assegurou um total de 280 milhões de euros para o programa financiando pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa (CEB), que aponta à renovação das infraestruturas através da construção e reabilitação de tomadas de água, estações elevatórias, coletores e outros equipamentos de rega.

Como é que vai ser importante para combater a seca?

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, encara o programa como uma espécie de "ferramenta contra as alterações climáticas" em Portugal, traduzidas em recorrentes secas nos últimos anos, fazendo fé que a extensão do plano de rega a partir de Alqueva deverá ajudar os campos do Alentejo em zonas onde a água mais escasseia. É a justificação do Governo para ter decidido ampliar a rega a partir de Alqueva dos atuais 120 mil hectares para os 170 mil. Com o mesmo volume de água é possível obter um uso mais eficiente, regando mais área, mitigando o efeito das alterações climáticas.

Onde vai funcionar?

O objetivo do plano é privilegiar zonas mais áridas do país, onde a agricultura tenha sofrido mais prejuízos perante a falta de chuva. Argumentos que colocam o Alentejo - a braço com uma nova seca este inverno - na linha das prioridades. Daí que metade dos 100 mil novos hectares de regadio estão apontados para os campos alentejanos, com a extensão de novos canais a partir da Barragem de Alqueva.

Quando vai estar terminado?

O Governo definiu 2023 como a data de conclusão do plano.

No Alentejo também houve aves mortas durante a apanha nocturna de azeitona


Situação já tinha acontecido na Andaluzia. Ministro do Ambiente prometeu avançar com medidas para debelar os impactos negativos resultantes da actividade agrícola se se confirmasse a morte de aves.

Carlos Dias 18 de Fevereiro de 2019, 7:30 Partilhar notícia

À semelhança do que aconteceu na região espanhola de Andaluzia, onde as autoridades regionais admitiram que durante a apanha nocturna de azeitona, "cerca de 2,6 milhões de aves" poderiam ser dizimadas, o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (Sepna), confirmou ao PÚBLICO que o Alentejo também foi afectado por igual situação que afecta espécies de aves protegidas.

A vida (e a morte) dentro de um matadouro português

Reagindo a uma denúncia feita pela organização ambientalista Quercus, e recebida no Sepna da GNR, esta polícia mobilizou várias brigadas que percorreram, durante os meses de Dezembro e Janeiro, vários locais no Alentejo. Nas intervenções efectuadas constataram-se "algumas situações das quais resultaram a morte de aves", durante a apanha mecânica nocturna de azeitona no distrito de Portalegre, destacou ao PÚBLICO o director do Sepna/GNR, coronel Vítor Roldão Caeiro. Foram detectadas várias infracções que justificaram a elaboração de diversos autos de notícia "por danos contra a natureza" que já foram enviados para o Ministério Público de Fronteira junto do Tribunal Judicial da Comarca de Portalegre.


A acção desta entidade policial veio confirmar o que até agora não tinha sido admitido pelo sector olivícola baseado na produção superintensiva de azeitona, nem pelo Ministério do Ambiente. Durante a reunião da comissão parlamentar do Ambiente, realizada no dia 22 de Janeiro, o deputado do PAN, André Silva confrontou o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, com o "terrível impacto desta actividade na sobrevivência das aves", frisando que "na narrativa do desenvolvimento económico não pode valer tudo". André Silva apelou ao ministro para que este "restrinja a apanha da azeitona durante a noite".

O governante disse que não tinha informação que desse conta da morte de aves na sequência da apanha mecânica de azeitona, mas que iria averiguar. "A confirmar-se" a denúncia do PAN, Matos Fernandes comprometeu-se que proporia "medidas para que os impactos negativos que resultam dessa actividade sejam debelados".  



A morte de aves também foi negada ao PÚBLICO em Dezembro pela Associação de Olivicultores do Sul (Olivum) garantindo que a apanha nocturna de azeitona "não é prática comum" dos seus associados. E disse ter questionado os olivicultores sobre a eventual morte de pássaros durante o processo de recolha mecânica, mas a resposta "foi unanimemente negativa".

Porém, "tendo em conta o que se passa na Andaluzia a situação não será diferente no Alentejo", referiu ao PÚBLICO Rita Alcazar, dirigente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), destacando que os "habitats naturais e os ecossistemas são idênticos".

Recolha mecânica de azeitonas mata milhões de pássaros na Andaluzia. E no Alentejo?
Recolha mecânica de azeitonas mata milhões de pássaros na Andaluzia. E no Alentejo?
"Impacto directo na biodiversidade"

É um dado adquirido que os trabalhos agrícolas nocturnos "têm impacto directo na biodiversidade, embora não saibamos qual é a dimensão do problema" prossegue Rita Alcazar, dando conta das dificuldades que a organização a que pertence tem para observar o trabalho nocturno nas explorações agrícolas, por não terem "livre acesso ao interior das propriedades". Sugere assim a intervenção da ASAE por se tratar de um problema que poderá ter implicações na qualidade de um produto alimentar, o azeite. Mesmo assim, elementos da LPN deslocaram-se durante a noite para observar à distância a acção das máquinas envolvidas na apanha de azeitona mas não conseguiram confirmar a morte de aves, sublinhou Rita Alcazar.

Posição idêntica foi defendida pela Quercus, que confrontada com as dificuldades de poder observar a actividade agrícola nocturna, denunciou o que lhe pareceram ser evidências junto do Sepna que veio a confirmá-las. "É cada vez mais importante que haja legislação publicada antes da próxima campanha", defenderam Domingos Patacho, dirigente da Quercus e Rita Alcazar da LPN, que frisou um dado importante: "a grande maioria das aves não é nativa" dado que pode suscitar a intervenção das autoridades comunitárias ao serem afectados os valores ambientais de vários países da União Europeia.

O deputado do BE, Pedro Soares, revelou ao PÚBLICO que em Canhestros, freguesia do concelho de Ferreira do Alentejo, houve " relatos de autêntica chacina" que indignaram os habitantes. Todas as noites eram retirados "sacos de aves das cubas onde são colocadas as azeitonas colhidas", disse.

Pedro Soares diz ter contactado "várias pessoas" que lhe confirmaram o "crime" nos olivais alentejanos e perguntou ao Governo se vai "intervir " para travar a colheita mecanizada nocturna nas plantações de olival intensivo.

O Sepna deu conhecimento "à autoridade administrativa competente, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), propondo a elaboração de eventuais alterações legais no sentido de prever o impedimento da apanha nocturna da azeitona, garantindo a protecção das espécies que pernoitam nos locais alvo destas acções".

No período da apanha de azeitona, que decorre entre Novembro e o final de Janeiro, 17 espécies migratórias, na sua maioria aves protegidas pela legislação nacional e comunitária, chegam ao sudoeste da Península Ibérica para passar o Inverno ou transitam nas rotas para o continente africano. Durante a sua estadia são ameaçadas pela recolha mecânica nos locais onde pernoitam. Destacam-se a toutinegra-cabeça-preta, a felosa-das-figueiras, a felosa-ibérica, a felosa-comum, a felosa-musical, o verdelhão, o pintassilgo, o pintarroxo, a alvéola-branca, a alvéola-cinzenta e a alvéola-amarela.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Salários agrícolas disparam no Algarve e Lisboa

Maria Caetano 17.02.2019 / 07:10 

Foram os rendimentos que mais cresceram em 2018, mas fora da estatística fica a imigração no trabalho sazonal. 

Casado, com filhos, professor do ensino secundário no Nepal, Kamal deixou tudo por um trabalho na agricultura em Portugal. Uma agência de recrutamento foi buscá-lo ao seu país. Passou alguns meses na Polónia, a trabalhar num aviário. E apanhou, de lá, um autocarro com destino às estufas de frutos vermelhos que abundam hoje no sul português. Kamal, nome fictício, veio para ganhar o salário mínimo – e reparti-lo com recrutadores, deixando ainda parte para as refeições e para pagar a cama da camarata onde dormia. No fim, sobrará metade. 

A agricultura portuguesa continua a atrair, sazonalmente, imigrantes do Nepal, do Bangladesh, e também muitos do Leste europeu como Ucrânia ou Bulgária. São números que ficam fora das estatísticas do INE sobre o rendimento dos trabalhadores por conta de outrem na agricultura. Os últimos dados, conhecidos este mês, mostram que os salários agrícolas foram os que mais cresceram no ano passado entre todos os setores de atividade (ver infografia). Subiram 9,5%. Na região de Lisboa, o salário médio agrícola ultrapassou pela primeira vez os mil euros, aumentando 43%; no Algarve cresceu 27% e no Norte aumentou 10%. A história do rendimento do trabalho agrícola cresceu, nos anos recentes, em dois campos sem simetria. 

O lado mais soalheiro, o que vê estes rendimentos entre os que mais crescem, é explicado pela Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), que vê convergir um aumento da produtividade e a escassez de mão-de-obra, bem como a subida do salário mínimo, que este ano ficará nos 600 euros. A CAP destaca que "o setor está a ganhar escala, muito pela dinâmica das exportações, nomeadamente do setor das frutas, pequenos frutos e legumes – por exemplo na região Oeste e Lisboa -, assim como pelo grande impulso originado pela nova realidade na região do Alqueva", segundo explica o presidente, Eduardo Oliveira e Sousa. E com o aumento de escala, também puxar pelas qualificações dos trabalhadores, colhem os salários, defende. 

"Todos estes fatores contribuem, necessariamente, para esta subida dos vencimentos médios dos nossos trabalhadores". De fora, admite a CAP, fica a realidade do trabalho sazonal. Com uma população de trabalhadores agrícola cada vez menor – pouco mais de 120 mil em 2011- o setor insiste na necessidade de recrutar fora. "Quanto à mão de obra sazonal, a questão é mais preocupante e apenas resolúvel através da imigração de trabalhadores de países terceiros", diz a organização. Rendimento invisível A dificuldade em obter vistos de trabalho, quer junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, quer nos serviços consulares no exterior, é um dos entraves ao recrutamento, mas também mais um dos fatores a empurrar mão de obra para a clandestinidade, diz Cláudia Pereira, coordenadora do projeto Imigração e Exploração Laboral do ISCTE-IUL.

"Estando indocumentados é muito difícil a própria empresa ter todos os procedimentos legais". A investigadora tem vindo a acompanhar nos últimos anos grupos de imigrantes nepaleses que chegam ao país para trabalhar nas estufas do Algarve para intermediários das explorações agrícolas. Cláudia Pereira recolheu cartões de mais de 40 dessas empresas que se oferecem para trazer mão de obra para os campos do país. Algumas serão legais. A maioria não. E os valores que oferecem podem também ser muito diferentes. "Enquanto algumas empresas – nós vimos três, na verdade – pagavam à hora seis euros, há muitas – e nós temos mais de 40 cartões de agências intermediárias – que oferecem trabalho fora da Europa por menos de seis euros, e algumas por 3,45 euros", descreve a investigadora sobre dados do trabalho que em breve será publicado. Mas não são ainda esses os valores finais que os imigrantes levarão de volta a casa no fim da campanha. 

"A agência de recrutamento recebe quase metade. Com o dinheiro que o trabalhador recebe, de dois euros ou menos, ainda tem de pagar comida e às vezes ainda tem de pagar o aluguer da camarata. É dramático", diz a investigadora. Ainda assim, este rendimento invisível e ceifado pela metade, poderá será este verão maior do que foi há um ano, nos casos onde há efetivo emprego legal. Por um lado, porque aumentou o salário mínimo. Por outro, porque desde agosto estes trabalhadores deixaram de enfrentar uma retenção obrigatória de rendimentos de 25% pelo facto de serem oriundos de países de fora da União Europeia. O fim da taxa foi conseguido pela CAP junto do governo, destaca Cláudia Pereira.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

PSD quer modelar taxas de justiça em função dos rendimentos


Propostas sobre justiça, saúde e agricultura divulgadas na 1ª convenção do Conselho Estratégico Nacional do PSD.

Com base neste princípio, a advogada Mónica Quintela defendeu hoje, na 1ª convenção do Conselho Estratégico Nacional do PSD, em Santa Maria da Feira, que o partido deverá defender uma revisão geral das tabelas de custas judiciais.

Estas, disse, devem ter "uma componente social, com base na capacidade contributiva de cada" - e esta modelação em função dos rendimentos não deve ser assente nas declarações fiscais, porque estas não refletem necessariamente a riqueza das pessoas.

Falando das questões do segredo de justiça, admitiu mudanças - este é há muito um cavalo de batalha de Rui Rio - no sentido de "proteger os cidadãos", mas ressalvando sempre que não serão postos em causa direitos de liberdade de expressão. "O mensageiro não será penalizado", ressalvou.

Esta foi uma das ideias defendidas numa conferência de imprensa onde se mostraram pistas para o que podem ser as propostas do PSD em diversos setores.

No da saúde, o deputado Ricardo Batista Leite defendeu que o SNS deve passar "vouchers" aos seus utentes quando não revele capacidade de os atender num tempo razoável ou quando não tenha capacidade de lhes fazer exames.

Também falou na criação da figura do "gestor do utente", alguém, equiparável à figura do médico de famíia, que teria a incumbência de encaminhar no utente no "labirinto" que considerou ser o SNS.

Batista Leite - médico de profissão - defendeu também um modelo de financiamento das unidades de saúde - públicas, privadas ou sociais - estabelecido em função de inquéritos de qualidade, premiando as melhores.

Sobre agricultura, falou João Paulo Gouveia, o qual, sobre a política da floresta, expressou uma ideia contrária às "políticas proibicionistas" que visam, por exemplo, acabar ou limitar fortemente com o eucalipto ou o pinheiro. Estas políticas, disse, não contemplam o facto de o eucalipto ou o pinheiro serem fonte de rendimento para muitas pessoas. E assim o que deve ser obrigatório numa floresta é esta ter "bolsas de biodiversidade" com árvores de crescimento mais lento, que tivessem por exemplo virtualidades de corta-fogo.

Portugueses ganham concurso mundial da IBM com inteligência artificial para detetar incêndios


12/2/2019, 20:507.595

Os portugueses da Compta venceram a final mundial do IBM Watson Build. O serviço Bee2FireDetection foi desenvolvido para detetar fogos florestais com o apoio de inteligência artificial.

A empresa tecnológica IBM desenvolve um concurso global para testar que melhor aproveita a plataforma de Inteligência Artificial Watson
Compta

É o primeiro serviço comercial de deteção de incêndios com base em inteligência artificial, é português e foi distinguido pela multinacional tecnológica IBM na competição mundial Watson Build. O Bee2FireDetection, da Compta, venceu o concurso global dedicado à utilização da Inteligência Artificial da IBM. A decisão foi anunciada depois de uma final em São Francisco, nos Estados Unidos da América, a 10 e 11 de fevereiro.

A Compta, através da Compta Emerging Business, foi a única empresa portuguesa a participar e derrotou as 236 rivais europeias com as quais competia nessa primeira fase. A fase final estava dividida por áreas geográficas, com um representante da Asia-Pacífico, China, Japão, América Latina, Médio Oriente-África, América do Norte e Europa (neste caso, o programa da Compta). Cada empresa a concurso apresentava uma solução distinta baseada na inteligência artificial, trabalhando questões desde a medicina à organização urbana, passando pela agricultura orgânica.

Para o presidente da Compta, Jorge Delgado, a vitória representa a capacidade de trabalho da empresa: "Não vencemos pela capacidade de investimento, que empresas noutros mercados têm noutra escala, foi pelo conhecimento, pela qualidade e pelo profissionalismo da equipa". Em declarações ao Observador, reforçou a importância do prémio para o estabelecimento da empresa no palco internacional: "Questionamo-nos se aquilo que fazemos está ao nível do que se faz lá fora e, através dos critérios rigorosíssimos da IBM, mostrámos que podemos destacar-nos internacionalmente".

O Bee2FireDetection, distinguido pela IBM, é um serviço baseado num algoritmo desenvolvido pela Compta, que alia imagens aéreas de alta definição a dados metereológicos e de espectrometria para prever potenciais fogos, detetar focos de incêndio e sugerir estratégias de combate imediatas. O sistema tira partido da inteligência artificial da IBM para acelerar o processo. O sistema pode ser aplicado tanto a fogos florestais como a zonas industriais ou cidades.

Distinções internacionais abrem caminho para novos mercados
O líder da Compta vê possíveis aplicações do software no combate aos fogos em território português, mas sublinha que os incêndios são "um problema mundial" que a empresa tem a "honra" de poder ajudar a combater.

Espero que este prémio faça com que olhem para nós com outra atenção", afirma Jorge Delgado, reforçando a importância do ADN português da conquista: "É tecnologia portuguesa, desenvolvida por portugueses e com sucesso internacional", continua, "Portugal tem um ecossistema muito interessante para este desenvolvimento porque tem muitos especialistas em várias áreas. Funciona como laboratório para que depois se possa lançar os produtos noutros mercados".

A Compta é a empresa portuguesa mais antiga na área da informática — surgiu em 1972 — tendo crescido como agregador de soluções com desenvolvimento externo, particularmente na área da comunicação, e dedicando-se, desde 2012, à produção de serviços próprios. No portfólio tem sistemas de gestão de recolha de resíduos, o Bee2WAste, de otimização de recursos energéticos, o Bee2Energy, ou de gestão de terminais de contentores, o Cargo eBusiness.

"É uma aposta estratégica acompanhar a evolução tecnológica", esclarece Jorge Delgado, afirmando que o desenvolvimento "é sinónimo do que a Compta tem conseguido: transformar-se e tornar a inovação parte do espírito da empresa". Para passar a desenvolver produtos próprios, a Compta procurou contratar profissionais fora das áreas tecnológicas, para reunir os conhecimentos diversos e conseguir "levar o conhecimento português ao mercado internacional".

Operações de limpeza das florestas vão ter benefícios fiscais


14/2/2019, 9:261.088

O incentivo vem numa portaria do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural que será publicada nesta quinta-feira em e que vai abranger todas as despesas realizadas em 2019.

As operações de limpeza das florestas e de reflorestação vão dar benefícios no IRC e no IRS, noticia esta quinta-feira o Jornal de Negócios, que detalha que os custos com estas operações terão uma majoração de 40%, o que significa uma descida no imposto que o contribuinte paga sobre este valor.

Esta medida aplica-se a operações de limpeza da floresta, reflorestação, certificação ou planos de gestão florestal que sejam levados a cabo ou por empresas ou por indivíduos com contabilidade organizada que exerçam uma atividade económica de natureza silvícola ou florestal, segundo explica o Negócios.

O incentivo vem numa portaria do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural que será publicada nesta quinta-feira em Diário da República e que vai abranger todas as despesas realizadas em 2019, mesmo os realizados logo a partir de janeiro deste ano.

O ministro, Luís Capoulas Santos, disse ao Jornal de Negócio que este é "um estímulo adicional para o setor das florestas" que visa contribuir "para o seu crescimento e desenvolvimento", dando "um incentivo fiscal adicional aos produtores que tenham de investir neste tipo de atividade".

Entre as operações que poderão beneficiar desta medida encontram-se a abertura e beneficiação de faixas da rede primária, secundária e terciária da rede de faixas de gestão de combustível, como espaços entre as árvores e as casas, despesas de certificação florestal, serviços de consultoria para a elaboração de planos de gestão florestal ou ainda a arborização com espécies autóctones.

Em Ribeira de Fráguas a luta é inglória: “Vai tudo à vida”


Pequenos produtores não desistem de tentar salvar as colmeias, mas dizem que se não houver uma intervenção mais forte no ataque à vespa asiática, as abelhas não vão resistir.

Patrícia Carvalho e Nelson Garrido (fotografia) 10 de Fevereiro de 2019, 12:40 Partilhar notícia


Aos 72 anos, Augusto Martins Silva tem ocupado o tempo livre deixado pela reforma de um modo que, há pouco tempo, não lhe passaria pela cabeça. Todos os dias, cerca de uma hora antes do almoço e outra hora ao início da tarde, senta-se num banco improvisado feito com dois tijolos, em frente a algumas das suas colmeias. Numa mão segura um camaroeiro, na outra, um pedaço liso de madeira. Fica ali, à espera que as vespas velutinas (vulgo, asiáticas) que hão-de chegar para rondar as colmeias e se alimentar das suas abelhas, fiquem ao alcance da rede. Prende-as e mata-as com uma paulada. "Todos os dias mato 20, 30, 40. E isto já há meses", diz o apicultor de Telhadela, local da freguesia de Ribeira de Fráguas, em Albergaria-a-Velha.


E não é preciso esperar muito para provar o que diz. A manhã está a chegar ao fim, nesta quinta-feira de Janeiro, o sol bate em cheio nas colmeias e num cortiço, de onde saem e entram abelhas atarefadas. Mal se aproxima do local, Augusto avista logo uma das temidas vespas de peito negro. Senta-se a aguardar que ela se aproxime, tenta apanhá-la, mas não tem sorte. Só que ele tem tempo. Aguarda de novo, e nem um minuto depois, consegue apanhar a presa. Ou uma delas, pelo menos. Depois da pancada, mostra o corpo inerte entre os dedos. "Isto não resolve nada", admite com um encolher de ombros. Mas desistir também não.


Em Ribeira de Fráguas as vespas asiáticas chegaram há mais de quatro anos. De um momento para o outro, os apicultores começaram a ver aqueles seres diferentes a rondar as colmeias. As abelhas, amedrontadas, recusavam-se a sair. Muitas acabam por morrer à fome, se os apicultores não se aperceberem da situação e não as alimentarem. Do nada, foi preciso perceber o que era esta nova ameaça e aprender a combatê-la. "Somos todos autodidactas", diz João Cruz, coordenador da Protecção Civil na Câmara de Albergaria-a-Velha e responsável pelo combate à proliferação do insecto no concelho. Mas a luta tem sido desigual, afirma. "O Governo, através do plano de acção contra a vespa velutina decidiu, sem questionar as câmaras, que eram elas que tinham que resolver o problema. Não nos deram formação e só agora mandaram umas directivas. Todos os recursos são da câmara", diz.



A solução foi – e continua a ser – avançar por tentativas. Começou-se por queimar os ninhos. Mas o processo não era o mais eficaz – não é permitido fazer fogo nos pinhais no Verão e a queima também não pode ser usada quando os ninhos surgem nos telhados ou junto às janelas de edifícios, com estruturas em madeira. Neste momento, recorre-se ao envenenamento directo dos ninhos, através de um insecticida, mas também aqui há problemas. O produto é caro (mais de 300 euros por três litros) e as varas telescópicas utilizadas para o introduzir no ninho não chegam a todo o lado. "Acima dos 15 metros é muito difícil", refere João Cruz. Uma auto-escada dos bombeiros ajuda, mas Albergaria-a-Velha não tem este equipamento, pelo que é preciso contratá-lo (e, de novo, fica caro) aos vizinhos de Oliveira de Azeméis ou Aveiro. Mesmo assim, as escadas também não vão além dos 30 metros, e "os pinheiros são altos", diz o responsável. Agora, a câmara vai experimentar um drone, copiando uma experiência já em curso em Espanha e também em Montemor-o-Velho, e que permitirá chegar aos pontos mais altos. Mas, tal como Augusto, João também não tem ilusões: "Sem nova tecnologia e investigação séria sobre o combate, não vamos lá."


A experiência dos últimos anos e a convivência com os apicultores que o rodeiam, no edifício da Junta de Freguesia de Ribeira de Fráguas, parece suficiente para confirmar o desalento. Augusto Martins Silva sempre teve entre 14 e 16 colmeias. Há seis meses perdeu três, por causa da vespa. A quebra na produção do mel é ainda mais dramática: de 600 quilos produzidos em 2017, passou para 40 no ano passado. As abelhas que sobrevivem estão "muito enfraquecidas", explica. Telmo Silva, filho do reformado, já só tem uma dúzia de colmeias, das 36 que chegou a ter. A produção caiu de 500 para 30 quilos, de um ano para o outro.


António Eduardo Campos tinha 22 colmeias antes da chegada da vespa asiática. "14 foram à vida", diz. Insistente, voltou a investir, chegou a ter 40 colmeias activas, mas, entretanto, nove já não existem e nos últimos dias percebeu que tinha perdido mais três. "A produção do último ano foi uma lástima. Tirei 44,5 quilos, de 40 colmeias. Em 2017, as mesmas colmeias tinham dado 1200 quilos de mel", diz. Não é por falta de luta que, diz, "tem sido acérrima", desde o primeiro momento. Mas o balanço de forças é muito desigual.

Se mostrasse as suas colmeias antes da chegada da vespa asiática, quem olhasse veria apenas as tradicionais caixas de madeira, com o voltejar constante das abelhas em redor. Hoje, o local ostenta um conjunto de parafernália que demonstra as batalhas travadas diariamente. Nas árvores em redor há armadilhas para apanhar a vespa. São uma espécie de copos cheios com iscos açucarados (há produtos comerciais e também artesanais, feitos à base de refrigerantes), que têm como principal objectivo capturar as vespas fundadoras que, entre Fevereiro e Março, devem começar a sair para fundar novos ninhos. E, em frente às colmeias, estão umas estruturas de fios finos de metal, que são electrificados, e a que o apicultor chama de "harpas". Quando a actividade das vespas é maior, são colocados recipientes com água e detergente por baixo destas estruturas, para que as vespas que chocam com as harpas, atordoadas pelo choque, morram afogadas.

O problema – mais um problema – é que as vespas parecem estar a adaptar-se rapidamente, dificultando cada vez mais a vida a quem as tenta erradicar. Os apicultores e João Cruz dizem que, este Inverno, pela primeira vez, as vespas não hibernaram, como era costume fazerem. "Costumavam parar em Outubro e deixavam-nos em paz até Fevereiro ou Março, mas já não fizeram isso este ano. Continuam a percorrer as colmeias", diz Telmo Silva. E algumas também já não se deixam cativar pelos iscos doces colocados nas armadilhas. "Elas já não querem nada do que se põe nas ratoeiras. Só querem as abelhas", lamenta-se Augusto. Associe-se a dificuldade em dar resposta atempada por parte dos serviços da câmara – Telmo diz que já alertou para a existência de um ninho perto das suas colmeias há três semanas, João desculpa-se, dizendo que são só duas pessoas a trabalhar na destruição, e que tem havido ninhos liquidados "quase todos os dias" – e percebe-se que a vontade de criar novas colmeias seja pouca.

A produção do último ano foi uma lástima. Tirei 44,5 quilos, de 40 colmeias. Em 2017, as mesmas colmeias tinham dado 1200 quilos de mel
António Eduardo Campos, apicultor
"Em Telhadela éramos 10 ou 12 apicultores, agora o único que tem abelhas sou eu", diz Telmo, englobando as colmeias do pai. "Já toda a gente desistiu. Vai tudo à vida, ninguém vai segurar isto", diz. António refere: "A maior parte das pessoas tem as colmeias como um vício, não é tanto para comercialização. Isto deixa toda a gente desolada. Há aqui muita gente que já não tem uma abelha."

O apicultor defende que "a praga" das vespas asiáticas é um caso de "saúde pública" e teme que o problema global não esteja a ser claro para todos. "Não estamos só a falar do problema da polinização [por causa da morte das abelhas]. Quando as pessoas deixarem de ter pêssegos, figos, uvas… Isso vai acontecer. É impossível ir a uma figueira e apanhar um figo. As laranjas ficam ocas". A ele já aconteceu. Ainda de manhã tinha ido ver um pomar de árvores novas em que os pêssegos estavam intactos. Quando regressou à tarde, já estavam "roídos". É que as vespas não se alimentam apenas da proteína que obtêm quando comem as abelhas, antes disso, os "açucarados" também lhes enchem as barrigas e os frutos coloridos, doces e mais apetecidos, são os seus alvos preferenciais.

Portugal tenta recuperar os anos de avanço que deu à vespa-asiática
Governo apoia com um milhão de euros campanha de destruição da vespa asiática
À espera do drone, à espera de novas técnicas, à espera de outras estratégias, os apicultores de Ribeira de Fráguas e João Cruz não sabem se a solução (a existir) vai chegar a tempo de evitar que as colmeias abandonem definitivamente a paisagem da freguesia e do resto do concelho. "Eu costumo ironizar e dizer que as pessoas só terão consciência do problema quando ele chegar a Lisboa", diz João Cruz. António Eduardo quase não o deixa terminar a frase: "Espero que não demore muito. Já passou Santarém." O homem que no ano passado destruiu mais de 250 ninhos de vespa asiática em Albergaria-a-Velha (mas em Águeda, por exemplo, foram mais de 800, diz) acena com a cabeça: "No próximo ano estará lá, certamente."


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Fenazeites quer produtores atentos à bactéria 'Xylella Fastidiosa'


A Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Olivicultores (Fenazeites) deu início hoje, em Trás-os-Montes, a sessões com produtores para prevenir a propagação da bactéria 'Xylella fastidiosa', que ameaça a agricultura e foi detetada em janeiro, em Portugal.


Lusa
15 Fevereiro 2019 — 15:47

O único caso registado foi em plantas ornamentais em Vila Nova de Gaia, mas esta bactéria ataca uma variedade grande de culturas, incluindo de grande valor económico como a oliveira, amendoeira ou videira.

A ação de hoje junto dos produtores de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, teve por base "uma preocupação muito grande em manter informados os produtores sobre a prevenção e evolução do problema", como disse à Lusa Aníbal Martins, presidente da Fenazeites.

"Tem de haver um trabalho de divulgação entre o Ministério Da Agricultura e o setor, para que possa haver mais controlo por parte dos produtores e possamos estar descansados em termos de futuro", defendeu.

O dirigente notou que ainda há uma parte muito significativa de produtores que não estão informados sobre esta bactéria que, quando infeta, obriga à destruição total das plantas.

O azeite de Trás-os-Montes é um produto de origem portuguesa com Denominação de Origem Protegida (DOP) pela União Europeia desde 1996.

Representando 11% da produção nacional, o azeite desta região, "tem um peso económico bastante significativo" na economia regional e soma "inúmeros prémios conquistados, sobretudo no mercado internacional".

O setor teme consequências idênticas às que já ocorreram noutros países europeus, como a Itália.

Desde a década de 1980 que a bactéria está identificada e tem provocado quebras avultadas nas videiras dos Estados Unidos da América, nos pomares de laranja da Baía do Brasil e nos olivais de Itália.

Chegou à Europa em 2013 e, desde então, já foi detetada também em França, Holanda, Alemanha, Espanha e, no início de janeiro, em Portugal, em plantas de lavanda num jardim de um 'zoo' de Vila Nova de Gaia.

MNE português "satisfeito" com "curta mas intensa e produtiva" visita a Angola


O chefe da diplomacia portuguesa manifestou-se hoje "satisfeito" com a "curta, mas intensa e produtiva" visita de 24 horas a Luanda, que culminou, no essencial, com a garantia da agenda da visita de Estado do Presidente português a Angola.


Lusa
15 Fevereiro 2019 — 20:42

Em declarações à agência Lusa, num balanço à deslocação, Augusto Santos Silva, que regressa hoje à noite a Portugal, salientou que ficou também definido o quadro dos acordos que irão ser assinados durante a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, de 05 a 09 de março, instrumentos que "serão marcos importantes nas relações entre os dois países", mas que se escusou a adiantar.

Por outro lado, disse também ter sido feito com as autoridades angolanas o estado e a evolução dos acordos que foram celebrados durante a visita a Portugal do Presidente angolano, João Lourenço, em novembro de 2018, destacando a "rapidez" com que os dois países estão a proceder à ratificação de alguns deles, exemplificando com o destinado a evitar a dupla tributação.

Na próxima semana, haverá a primeira reunião do Observatório do Investimento, na mesma altura em que será realizado um encontro de altos funcionários sobre a questão da facilitação dos vistos e dos instrumentos da mobilidade entre Portugal e Angola, acrescentou.


"Há também o trabalho que se está a fazer o âmbito dos acordos relativos à formação de professores e à gestão escolar, bem como na saúde e na segurança social", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Santos Silva destacou igualmente o encontro que manteve com as equipas coordenadoras dos dois grandes projetos da cooperação europeia em Angola, que estão a ser geridos pelo instituto Camões - o projeto de ensino técnico-profissional, gerido em colaboração com a autoridade francesa, e o de segurança alimentar e de promoção da pequena agricultura familiar.

"Os dois projetos estão a começar bastante bem, envolvendo, no primeiro caso, a estreita colaboração com a Casa Civil do Presidente da República de Angola e com o Ministério da Educação, e o segundo, em ligação entre os ministérios da Agricultura de Angola e de Portugal", especificou.

"Em menos de 24 horas pude reunir com os empresários portugueses, com as equipas técnicas dos grandes projetos da cooperação europeia que estão em curso em Angola com a participação portuguesa, com o meu colega e amigo ministro das Relações Exteriores de Angola [Manuel Augusto], tive a honra de ser recebido pelo Presidente da República de Angola [João Lourenço] e pude ainda visitar duas empresas portuguesas, mostrando como elas contribuem na prática para o desenvolvimento de Angola. Portanto, vou satisfeito", sintetizou.

Chegou o Tinder para o gado


Lançada no Dia dos Namorados, a aplicação permite aos agricultores escolher os animais que preferem, como na aplicação de encontros Tinder.
 
 Uma aplicação inspirada no Tinder vai ajudar agricultores a arranjar possíveis parceiros para o seu gado. Lançada no Dia dos Namorados, chama-se Tudder e permite aos agricultores fazer um swipe right (arrastar para a direita) quando gostam do aspeto de algum animal.

Segundo o Huffington Post, depois de "gostarem" de algum animal, os agricultores são depois redirecionados para uma página de venda de gado com mais informações sobre cada animal – onde podem decidir se pretendem comprar.

"Combinar gado online é ainda mais fácil que combinar humanos porque há uma enorme quantidade de informação por trás destes animais que permite prever como se vão dar", disse o dono da Hectare Agritech, Doug Bairner, ao HuffPost.

Governo assume prolongamento por mais um ano das medidas agro-ambientais


As medidas agro-ambientais destinam-se a apoiar uma gestão sustentável dos recursos naturais, bem como acções que visem a preservação e melhoramento dos ecossistemas ligados à agricultura e silvicultura.

Lusa 14 de Fevereiro de 2019, 22:29 Partilhar notícia


O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, anunciou esta quinta-feira que, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, o Governo vai assumir o prolongamento das medidas agro-ambientais, cuja dotação anual ronda os 100 milhões de euros.

"No âmbito do PDR queria anunciar aqui [...] que o Governo vai assumir o prolongamento por um ano das medidas agro-ambientais, que acabariam este ano", disse Capoulas Santos, no encerramento do 1.º Congresso Ibérico do Milho, que decorreu em Lisboa.


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Gary enfrentou o cancro com humor e sarcasmo
De acordo com o líder do Ministério da Agricultura, com "uma dotação na ordem dos 100 milhões de euros por ano", o contrato das medidas agro-ambientais teve a duração de cinco anos.



As medidas agro-ambientais destinam-se a apoiar uma gestão sustentável dos recursos naturais, bem como acções que visem a preservação e melhoramento dos ecossistemas ligados à agricultura e silvicultura.

Durante a sua intervenção, o ministro da Agricultura sublinhou ainda que o Governo tem também, no âmbito do PDR, vindo a conceder apoio à inovação, por exemplo, através da constituição dos grupos operacionais.

"Constituímos 114 grupos operacionais, aos quais atribuímos um apoio público na ordem dos 30 milhões de euros, sendo que 14 desses dizem respeito à temática dos cereais", afirmou.

Governo afasta equipa que gere fundos comunitários da Agricultura
Por sua vez, sobre o Programa Nacional de Regadios, em específico na componente financiada pelo PDR, o governante referiu que "praticamente tudo o que havia a aprovar" já avançou.

"Aprovámos 225 projectos a que corresponde um apoio de 312 milhões de euros e estamos prestes a abrir concursos para cerca de 270 milhões, os primeiros ocorrerão já nos próximos dias", indicou.

Porém, Capoulas Santos admitiu não estar totalmente satisfeito com a execução do PDR, ressalvando que Portugal está no 'top' dos Estados-membros com maior execução.

Em Dezembro de 2018, o ministro da Agricultura disse à Lusa que o PDR 2020 tinha atingido, até à data, mais de 50% de execução.

O governante notou ainda, à data, que a meta do executivo é atingir 100% de execução do programa, que irá estar em vigor até 2023, vincando que "certamente" este valor será ultrapassado, devido aos quase 500 milhões de euros adicionais que foram injectados no PDR 2020.

"Encontrámos uma situação em que nas chamadas medidas agro-ambientais havia, o que se chamou na altura, um buraco financeiro na ordem dos 200 milhões de euros, isto é, foram aprovadas candidaturas superiores à dotação. Portanto, o actual Governo teve de encontrar forma de resolver esse buraco financeiro", explicou.

A resolução em causa passou por uma atribuição, aprovada em Concelho de Ministros, de mais quase 200 milhões de euros.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Produtores defendem solução articulação com Açores e Espanha para preço do leite


Jornal Económico com Lusa 11 Fevereiro 2019, 13:31

A Associação dos Produtores de Leite em Portugal diz que é necessário reunir a produção, a indústria, e a distribuição, no sentido "dos mais fortes não caírem na tentação de tentar-se salvar-se, deixando a produção afundar-se em preços baixos" e para que seja possível "subir o preço do leite para um nível justo".

Os produtores apelaram ao Governo de Portugal para que tome uma posição e articule com os Açores e Espanha uma solução para a crise do preço baixo do leite.

De acordo com a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), é preciso chamar à mesa da negociação a produção, a indústria e a distribuição, para que "os mais fortes não caiam na tentação de tentar salvar-se, deixando a produção afundar-se em preços baixos e para que seja rapidamente possível subir o preço do leite ao produtor até um nível justo".

A APROLEP refere também, em comunicado, que os produtores de leite em Portugal continental foram "ao longo dos últimos anos vítimas de preços baixos e limitações à produção" impostos e justificados, por parte da indústria, com o mercado espanhol e com o leite vindo dos Açores.

Os dados disponibilizados pela Comissão Europeia através do Observatório Europeu do Leite permitiram saber que os produtores de leite portugueses terminaram o ano passado com um preço médio de 31,8 cêntimos por quilograma (kg) de leite, cerca de 4,0 cêntimos abaixo da média comunitária.

Já os produtores de leite em Espanha tiveram ao longo de 2018, tal como em anos anteriores, um preço ligeiramente superior ao de Portugal, mas sempre abaixo da média comunitária.

No comunicado, a APROLEP explica refere que Espanha "adotou agora" a rotulagem obrigatória da origem do leite e produtos lácteos, prática que Portugal tornou obrigatória já em 2018.

E prossegue: "No seguimento dessa nova legislação, cremos que foram muito oportunas as palavras do ministro da Agricultura, Pescas e Alimentação de Espanha, Luis Planas, que pediu à indústria para 'refletir sobre o preço que recebem os produtores de leite para que possam também beneficiar da subida registada na Europa'".

Salienta que o governante espanhol afirmou ainda que "a evolução do mercado europeu está a ser favorável", lembrando que das 350.000 toneladas de leite em pó que estavam armazenadas para intervenção, apenas restam 4.000, "uma demonstração de que as coisas estão bem no mercado europeu e que existe estabilidade e boa remuneração para os produtores de leite na União Europeia".

Relembra também que Luis Planas se mostrou "surpreendido" por não ver "a melhoria da Europa transferida" para o mercado local, pelo que o governante espanhol "pediu a todos os intervenientes" no setor leiteiro para darem "um passo em frente", porque "os produtores merecem uma remuneração justa e estável para o seu trabalho".

A APROLEP sustenta que o preço médio do leite em Portugal tem sido também consequência do baixo preço pago aos produtores açorianos, daí que se associe ao presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, que, segundo o comunicado, defendeu recentemente ser "uma obrigação 'garantir a subida do preço de leite à produção'".

Além disso, a APROLEP registou ainda positivamente as palavras do secretário regional da Agricultura e Florestas dos Açores, João Ponte, que anunciou uma iniciativa para "dialogar e articular posições com a produção e a indústria sobre os laticínios, com vista a uma maior valorização da matéria-prima, dos produtos e do desenvolvimento desta fileira", bem como do presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, que diz "não haver alternativa ao entendimento" entre a produção, transformação e comercialização e que sustenta ser um "erro crasso" para qualquer destes parceiros pensar que, "salvando-se a si, deixando cair os outros, pode triunfar".

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Setor do milho reúne-se em Lisboa para debater desafios ibéricos


O primeiro congresso ibérico do milho irá debater em Lisboa os desafios do setor em Portugal e Espanha, incluindo o clima, utilização de recursos e introdução da tecnologia.


Em declarações à Lusa, o presidente da Anpromis (Associação dos Produtores de Milho e Sorgo de Portugal), José Luís Lopes, deu conta das preocupações dos produtores, que se irão reunir aos seus congéneres espanhóis da Agpme (Associação Geral dos Produtores de Milho de Espanha) durante dois dias, a partir de quarta-feira.

"Há problemas que têm a ver com a política agrícola comum, relacionados com o setor do milho e que são comuns aos dois países. E depois há outros problemas de competitividade e mercado que há toda a vantagem numa aproximação e sinergias entre as duas congéneres", salientou o dirigente.

O congresso, que contará com 650 participantes, irá ainda debater a modernização, através da agricultura de precisão, com recurso a novas tecnologias que podem ajudar na redução de custos e aumento da produtividade.

Além disso, uma parte destas técnicas "são amigas do ambiente, porque fazem uma racionalização dos fatores de produção e, portanto, ao utilizarmos os fatores de produção nas quantidades mínimas, estamos a fazer duas coisas: poupar dinheiro e ser amigos do ambiente porque usamos de forma mais racional" os recursos naturais, referiu.

José Luís Lopes alertou ainda para as consequências das alterações climáticas, sobretudo a seca.

"O milho é uma cultura de regadio que em Portugal tem que ser regada. Semeia-se por volta de março/abril e colhe-se em setembro/outubro/novembro, altura em que há pouca chuva", explicou.

Mas, o setor tem ao seu dispor, no âmbito da agricultura de precisão, "uma série de técnicas que podem ser usadas para diminuir o consumo de energia e o desperdício de água", garantiu José Luís Lopes.

O uso de água de rios geridos pelos dois países, como o Tejo e Guadiana, também será um tópico de debate.

O setor do milho foi atingindo pela tempestade Leslie, que causou estragos na zona do Mondego. O presidente da Anpromis salientou que, por causa disso, houve "quebras de produtividade acentuadas".

Em Portugal, há 67.500 agricultores que praticam a cultura do milho, gerando 930.000 toneladas de produção média anual em 115.667 hectares (39% da área total cereais, em 2018).

Portugal produz o suficiente para fazer face 35% das necessidades nacionais. O resto é importado, de acordo com dados da associação.

O primeiro congresso ibérico do milho é simultaneamente o XII congresso nacional do milho.


domingo, 10 de fevereiro de 2019

Certificação da azeitona galega da Beira Baixa visa criar mais valor económico


O presidente da Associação de Produtores de Azeite da Beira Baixa (APABI) afirmou hoje que o pedido de atribuição de Indicação Geográfica Protegida (IGP) à azeitona galega da região visa criar mais valor a uma variedade exclusivamente nacional.


Lusa
05 Fevereiro 2019 — 12:53

"Na região da Beira Baixa, a variedade predominante é a azeitona galega, que tem uma dupla aptidão: dá para azeite e para azeitona de mesa. E é uma variedade muito procurada, nomeadamente pelos mercados internacionais, como o Brasil", explicou à agência Lusa o presidente da APABI, João Pereira.

A criação de mais valor económico foi o ponto de partida que levou a requerer o registo de Azeitona Galega da Beira Baixa IGP, aviso que foi hoje publicado em Diário da República.

Este responsável adianta que a azeitona galega é uma variedade exclusivamente portuguesa e, além da Beira Baixa, existe em outras regiões do país, como o Alentejo e Trás-os-Montes, onde a dinâmica de plantações de olival foi elevada, comparativamente com aquilo que se passou na Beira Baixa.

A APABI quer transformar esta menor dinâmica numa oportunidade diferenciadora para os olivicultores da região.

"Aquilo que era uma ameaça de abandono, nós estamos a tentar transformar numa oportunidade de retorno, valorizando o produto final, que é a azeitona para conserva", sustentou.

João Pereira realça que a Beira Baixa tem ainda um olival bastante tradicional, de sequeiro e com poucas árvores por hectare.

"Com esta certificação, cria-se uma oportunidade para o olivicultor de poder valorizar o seu produto, tendo um destino diferente, em vez de ir só para azeite, ou seja, conseguindo diferenciar como produto diferente, neste caso azeitona de conserva, respondendo ao mercado e permitindo, de uma forma mais simples, criar mais valor económico", concluiu.

Estamos prontos para comer insectos?


Introduzir na dieta humana alimentos com origem em insectos pode ser uma forma de minimizar a nossa pegada ecológica causada pela indústria animal. Mas os seguidores do estilo de vida vegan não concordam.

Margarida Coutinho 6 de Fevereiro de 2019, 13:56 

Estão os consumidores ocidentais prontos para comer insectos? Uns mais do que outros Vilma Lehtovaara 

Os insectos também podem ser uma fonte de proteínas em alternativa à carne e ao peixe. As suas propriedades nutritivas já começaram a ser utilizadas em barras energéticas, pão ou massas para consumo humano. Mas será que o consumidor ocidental está pronto para incluir estes bichinhos no prato? Até que ponto questões culturais e sociais são um entrave?
Omnívoros e vegetarianos parecem estar mais abertos a esta possibilidade. Já para os vegans – dieta que exclui qualquer alimento de origem animal – a questão não é tão simples, pelo menos segundo uma equipa da Universidade da Finlândia Oriental e da Universidade de Helsínquia que analisou a disposição da população finlandesa em consumir alimentos com origem em insectos.

 
Biodiversidade
A erva-das-pampas até pode ser "bonita", mas não devia estar por todo lado 
Através de um inquérito online, houve 567 consumidores que decidiram participar nessa consulta: 73% eram omnívoros, 22% vegetarianos e 5% vegans. Dentro da dieta vegetariana estavam os semi-vegetarianos, lacto-vegetarianos e lacto-ovo-vegetarianos. Ainda que a amostra tenha uma percentagem elevada de vegetarianos e vegans, estudos anteriores indicaram que na população finlandesa há apenas 4,1% de vegetarianos.

Segundo os resultados, 69% dos vegans foram considerados "consumidores improváveis" de insectos, enquanto 58% dos vegetarianos e 56% dos omnívoros foram considerados "consumidores prováveis".
"Em geral, os consumidores ocidentais não consideram comida com origem em insectos como uma opção deliciosa e nutriente, mas ainda assim encaram os insectos como uma resposta necessária para o problema da população em excesso e o problema ambiental causado pela produção de carne", refere o artigo publicado na revista Nutrients. "A probabilidade de aceitar os insectos como um alimento parece aumentar à medida que aumenta a consciência dos consumidores sobre o impacto ambiental da produção de alimentos", acrescenta o artigo.
Estes "novos alimentos" também já começaram a dar os primeiros passos em Portugal. Em Maio do ano passado, foi criada a Associação Portuguesa de Produtores e Transformadores de Insectos — Portugal Insect, fundada pelas empresas portuguesas Portugal Bugs, EntoGreen e Nutrix.

Uma colónia de insectos comestíveis para ter na cozinha
Em 2013, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já tinha publicado um relatório onde defendia que os insectos são uma alternativa mais sustentável com vantagens para a saúde humana e o ambiente. Segundo uma estimativa da FAO nesse relatório, a população em 2050 pode chegar aos nove mil milhões de pessoas (mais dois mil milhões do que hoje), pelo que alimentos com origem em insectos podem ser uma das respostas à produção de alimentos que terá de duplicar para responder às necessidades humanas.
"Não se insere na minha visão do mundo"

Mas para os defensores dos animais como os vegans esta continua a não ser uma opção. "Não como qualquer animal enquanto existirem outras opções de comida. Matar alguma coisa (quer seja uma larva, um frango ou um cão) só por diversão não se insere na minha visão do mundo. Além disso, o consumo de insectos em países ocidentais não resolve o problema da escassez mundial de alimentos", disse um dos vegans que participou neste estudo, citado no artigo.
"Esperávamos que existissem diferenças entre os três grupos e esperávamos que os vegans mostrassem a atitude mais negativa em relação ao consumo de insectos. Os vegans vêem os insectos como seres vivos, assim como qualquer outro animal", aponta Anna-Liisa Elorinne, investigadora da Universidade da Finlândia Oriental e uma das autoras do artigo, no comunicado da sua universidade.
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Alternativas à proteína animal? Estudo aponta carne de laboratório ou insectos

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"Os insectos são seres vivos e não é correcto utilizá-los como comida. Iríamos necessitar de um grande número de insectos para encher os nossos estômagos e isso é questionável na perspectiva do valor absoluto dos animais", expôs outro "consumidor improvável" que optou pelo estilo de vida vegan. "Também seria absurdo inserir insectos na minha dieta depois de ser vegan há tantos anos. Provavelmente, a criação intencional de insectos para consumo humano também seria negativa para o ambiente."
Texto editado por Teresa Firmino

Os chícharos estão de volta, mãos à obra!

23 de Fevereiro de 2013, 0:00 


De paladar agradável e requintado, ricos em flavonóides, proteínas, hidratos de carbono e sais minerais, são apetecidos por vegetarianos, vegans e macrobióticos, fazendo parte do grupo de leguminosas que se podem consumir em fresco ou secas. Vamos experimentar?
Muito confundido com o tremoço e até com o grão-de-bico, os romanos designavam o chícharo por "circula" e os gregos por "lacthyrus" e, ainda que persistam dúvidas sobre a sua origem, são várias as indicações de que será proveniente do Médio Oriente, supondo-se que foi introduzido em Portugal pelo Sul, onde se encontra a maior zona de cultivo, expandindo-se, de seguida, para as Beiras. Hoje são uma das leguminosas típicas das serras de Sicó-Alvaiázere. Recurso precioso dos mais pobres na década de 30-40 do século passado, o chícharo, apesar de não ser conhecido pelos mais jovens, está de regresso, para deleite dos saudosos deste manjar. Em Alvaiázere e em Santa Catarina da Serra (Leiria), realizam-se anualmente Festivais do Chícharo e em 2010 foi criada a Confraria do Chícharo.
A planta

Lathyrus sativus L. (família das Fabáceas) é o nome científico da planta conhecida por chícharo e popularmente designada de "xíxaras". O chícharo apresenta um grão/semente de forma quadrangular achatada e de cor clara que se encontra protegido no interior de vagens grossas, contendo três a quatro sementes cada.
Leguminosa anual, prostrada ou trepadora, com flor de cor branco-azulada, é considerada como melhoradora e regeneradora do solo, uma vez que o enriquece em azoto, através da simbiose com a bactéria rizóbio.

Cultivo
O chícharo propaga-se por sementeira no local definitivo. Não precisa de se preocupar muito com a escolha do solo para o semear, uma vez que esta cultura se adapta facilmente a solos pobres e secos, ligeiros, permeáveis e calcários, fugindo dos terrenos húmidos e compactos. Pode até efectuar a sementeira por entre as árvores do seu quintal ou num canto menos apropriado para culturas mais exigentes e aproveitar as vantagens da adubação azotada que a planta lhe oferece. A época de sementeira decorre de Fevereiro a Abril, tendo o ciclo cultural uma duração de cerca de 100-120 dias. Recomenda-se a sementeira em linhas distanciadas entre si cerca de 30-40cm e 10-15cm entre plantas na linha. A profundidade de sementeira deve rondar os 5cm.

Cuidados culturais
Não exige grandes cuidados, devendo ter em atenção as infestantes que possam surgir antes de a cultura estar instalada, removendo-as manualmente ou com a ajuda de um sacho. Resistente à seca, a cultura desenvolve-se com a água disponibilizada pela chuva. No entanto, se o tempo decorrer muito seco regue, mas não encharque o solo.
Colheita
Para consumir o chícharo em fresco, proceda à colheita das vagens quando o grão/semente se encontrar no estado pastoso, à medida das suas necessidades. Caso pretenda consumir o chícharo seco, deixe o ciclo vegetativo terminar e quando as vagens se encontrarem secas colha as plantas e coloque-as ao sol até ficarem estaladiças. Muitas irão deixar cair naturalmente a semente, devendo as restantes ser descascadas de forma a retirar a semente. Depois de limpa, sujeite a semente a exposição solar intensa durante dois-três dias de forma a ficar bem seca e a poder ser conservada para consumo durante o inverno.
Para guardar

Coloque as sementes secas em sacos de papel, guardando-os de seguida num local fresco, seco e escuro.
Depois de colher
Chícharos com couve miúda e sardinha assada
Ingredientes: Chícharos, batatas, couve-galega, azeite, sal e sardinhas.
Preparação: Cozer chícharos, depois de demolhados, e de seguida adicionar batatas cortadas às rodelas. Depois de começar a ferver, junte a couve-galega cortada miúda, temperando com sal. Deixe cozer e, ao mesmo tempo, vá assando sardinha na brasa. Quando estiver pronto, coloca-se numa travessa e rega-se com azeite a gosto. Sirva acompanhado da sardinha.


Comissão de Agricultura da AR visita Madeira para contactar com "realidades da ilha"


O presidente da Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República, Joaquim Barreto, disse hoje que a visita à Madeira pretende promover o contacto "com algumas realidades da ilha", nomeadamente as atividades na área florestal e aquacultura.

Lusa
09 Fevereiro 2019 — 12:10

"Nós decidimos efetuar uma visita à Madeira para tomar contacto direto com algumas realidades da ilha nomeadamente ao nível do movimento associativo, dos jovens agricultores e, no plano institucional, com a Assembleia Legislativa, com o Governo Regional e com o Representante da República", explicou o deputado socialista Joaquim Barreto, à margem da visita às instalações da empresa Blandy´s Wine Lodge.

"Um dos objetivos é ver também o que está a ser desenvolvido noutras áreas de atividade na parte florestal, nos cetáceos e na aquacultura", acrescentou.

Uma delegação da Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República encontra-se em visita oficial à Região Autónoma da Madeira até terça-feira.

Para Joaquim Barreto, a ideia é igualmente que os deputados, enquanto parlamentares na Assembleia da República, possam ter "uma ideia mais objetiva e real daquilo que é a situação dos setores que estão ligados à área de intervenção da Comissão na Assembleia da República".

A Comissão visitará esta tarde a Associação do Parque Ecológico do Funchal e o Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha.

O domingo está reservado para as atividades ligadas ao mar, com observação de cetáceos e infraestruturas de aquacultura.

Na segunda-feira, durante a manhã, a comissão terá audiências com o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira e reúne-se com a Comissão de Recursos Naturais e Ambiente do parlamento madeirense.

Durante a tarde está programada uma visita ao Centro de Maricultura da Calheta e uma audiência com o secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais, Humberto Vasconcelos. O programa termina com encontros com as associações de agricultores e jovens agricultores da Madeira.

Já na terça-feira, a Comissão de Agricultura e Mar visita o Centro de Processamento de Banana da GESBA, na Ponta do Sol, almoça com o representante da República, no Palácio de São Lourenço, e visita a Sodiprave, o Engenho do Porto da Cruz e a Madeira Biomass Energy.

Aliança/Congresso: CAP espera que partido faça "a diferença" no mundo rural


O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, disse hoje esperar que a Aliança faça "a diferença" e entenda "os valores do mundo rural", que os outros partidos "têm receio" de defender.

"Hoje em dia, a sociedade, eu tenho que dizer mesmo aqui isto, os partidos, não reconhecem ou têm receio, para não dizer vergonha, de defender aquilo que são os modos de vida e os valores do mundo rural", afirmou, dando como exemplo a caça ou as touradas.

Segundo Luís Mira, que discursava no primeiro Congresso Nacional da Aliança, que arrancou hoje em Évora, "quando se fala naquilo que é o modo de vida das pessoas" do mundo rural, "parece que todos os partidos têm um receio do politicamente incorreto".

"E ninguém se arrisca, sem medo, assumindo que é assim, porque há pessoas que vivem assim, há pessoas que querem continuar a viver assim", continuou Luís Mira, suscitando uma salva de palmas dos delegados e observadores que participam no congresso do partido, na Arena d'Évora.

O secretário-geral da CAP disse esperar que a Aliança "venha fazer também aqui a diferença", ou seja, "venha entender aquilo que é a vida do mundo rural e aqueles que são os valores do mundo rural".

Na sua intervenção, no congresso da Aliança liderada e fundada por Pedro Santana Lopes, Luís Mira considerou ser um "momento marcante ver nascer" este partido.

Nestes 30 anos, argumentou o secretário-geral da CAP, "a agricultura não teve uma mudança", mas sim "uma revolução".

"Eu costumo dizer que o tomate é vermelho e o Ferrari também é vermelho. A questão é que hoje existe mais tecnologia para produzir um tomate do que para produzir um Ferrari e isto demonstra bem o estado em que a agricultura está. Esta é a agricultura dos dias de hoje", ilustrou.

A importância da Política Agrícola Comum (PAC) e as "preocupações" de que exista, a nível agrícola, uma maior convergência de Portugal com outros países europeus e mais verbas para o desenvolvimento rural foram outros dos temas abordados pelo representante da CAP.

Segundo Luís Mira, "alguns políticos em Portugal dizem que as vacas voam", mas "as vacas na realidade não voam" e, para "se aproveitar uma boa negociação de Bruxelas" e "uma boa aplicação dos fundos comunitários", é necessário "que o Estado funcione bem" e "que o Ministério da Agricultura seja eficiente".

A agricultura "evoluiu muito", mas o Ministério da Agricultura e o Estado não conseguiram "evoluir com a mesma velocidade", criticou.

De acordo com Luís Mira, a agricultura, "hoje produz mais, exporta mais, pesa 16% do Produto Interno Bruto, é tecnologicamente avançada, mas precisa que os políticos" a "conheçam e tenham a coragem de defender os princípios e os valores do mundo rural".

"Só assim conseguirmos construir um Portugal ainda melhor. Um Portugal com aliança".

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Cooperativa prevê exportar um milhão de euros em frutos silvestres em 2019


Jornal Económico com Lusa 08 Fevereiro 2019, 09:59

A cooperativa Capital dos Frutos Silvestres, em Oliveira do Hospital, exportou em 2018 mirtilos e framboesas no valor de 100 mil euros, esperando que o volume de negócios ascenda este frutos silvestresano a um milhão de euros.

A cooperativa Capital dos Frutos Silvestres, em Oliveira do Hospital, exportou em 2018 mirtilos e framboesas no valor de 100 mil euros, esperando que o volume de negócios ascenda este frutos silvestresano a um milhão de euros. O presidente da cooperativa, Nuno Pereira, disse esta sexta-feira à agência Lusa que a próxima colheita dos pequenos frutos "deverá rondar as 300 toneladas e já está vendida", maioritariamente no mercado externo.

"Quanto mais tivéssemos, mais comercializávamos", afirmou, esclarecendo, no entanto, que as previsões para 2019 estão dependentes de fatores de ordem climática e de eventuais pragas.

Em 2018, as plantações de mirtilo foram atacadas pela mosca-da-fruta e o temporal Leslie causou igualmente danos avultados nas explorações de framboesa, que são cultivadas em estufas, depois de o incêndio de 15 de outubro de 2017 ter destruído um elevado número de empreendimentos nesta área em diversos municípios do interior. "No ano passado, vendemos 100 mil euros de fruta, mas tínhamos previsto o dobro", disse Nuno Pereira.

A Capital dos Frutos Silvestres, que reúne meia centena de produtores da região, registou "uma quebra grande na framboesa". "Apesar de todos os problemas, esperávamos 50 toneladas, mas não chegámos às 10 toneladas", adiantou.

O dirigente lamentou os estragos provocados pelo Leslie, em outubro, "em pleno pico da campanha da framboesa", que decorre entre setembro e janeiro, e cuja colheita se destina sobretudo à exportação para países do norte da Europa, que não produzem este fruto nos meses frios.

Por outro lado, durante o verão, a mosca-da-fruta proliferou no interior da região Centro devido aos desequilíbrios ambientais originados pelos incêndios, o que resultou também em quebras na produção de mirtilo.

"Podíamos ter ido às 200 toneladas, mas colhemos apenas 55 toneladas", informou Nuno Pereira.

Desta quantidade, aproximadamente 40 toneladas foram exportadas, restando 15 toneladas "congeladas para compotas e concentrados", além de alguns produtos inovadores.

Noutros casos, houve produtores que "enterraram grandes quantidades" de mirtilo, a fim de destruir os ovos da mosca que poderão eclodir no ano seguinte.

Fundada em 2017, a Capital dos Frutos Silvestres produziu ainda 200 toneladas de pera rocha e maçãs das variedades "golden" e bravo-de-esmolfe, comercializadas apenas no mercado nacional.

A cooperativa de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, é uma das empresas portuguesas presentes na Fruit Logística, que termina hoje em Berlim, Alemanha.

"A nossa aposta é relançar a agricultura na região, mesmo sabendo que se avizinham tempos muitos difíceis", disse Nuno Pereira.

Na quarta-feira, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, esteve na abertura desta feira do comércio internacional de frutas e visitou a representação da Capital dos Frutos Silvestres