quarta-feira, 24 de abril de 2019

Regadio é "necessário" num país com clima mediterrâneo -- Direção-geral Agricultura


Lisboa, 23 de abril de 2019 (Lusa) -- O responsável da Direção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) Gonçalo de Freitas Leal defendeu hoje, no parlamento, que o regadio é "necessário" para um país com clima mediterrâneo como Portugal.


Lusa
23 Abril 2019 — 16:34

"A necessidade do regadio impõe-se num país com clima mediterrâneo. [Portugal] é um país onde não chove no verão, ao contrário do que acontece no norte da Europa. Muitos dos que são contra o regadio nem entendem a sua necessidade", vincou o diretor-geral da DGADR, Gonçalo de Freitas Leal, no parlamento, durante a audição pública Plano Nacional de Investimentos (PNI) 2030.

De acordo com o responsável, o regadio é igualmente importante "para aliviar" as questões relacionadas com as alterações climáticas, como a diminuição da precipitação.

"A importância do regadio é económica, social e ambiental. O regadio em Portugal tem cerca de 560 hectares, sendo 35% regadios públicos", disse.

No âmbito do PNI são atribuídos 700 milhões de euros ao regadio, divididos entre a revitalização do regadio existente e a criação de novas áreas.

Este valor é independente do montante já previsto para o Programa Nacional de Regadios (PNRegadios).

O Programa Nacional de Investimentos 2030, que se insere no Portugal 2030, define os investimentos infraestruturais estratégicos prioritários, nos setores da mobilidade e transportes, ambiente e energia.

De acordo com a informação disponível na página do Portugal 2030 na internet, o PNI abrange as infraestruturas localizadas em Portugal Continental e estrutura-se por projetos ou programas com investimentos superiores a 75 milhões de euros.

O PNRegadios, apresentado pelo Governo em março de 2018, tem como objetivos aumentar, reabilitar e modernizar os regadios existentes e criar novas áreas, com uma dotação de 560 milhões de euros até 2023.

De acordo com o Programa de Estabilidade 2019-2023, já foram aprovados 60 projetos num investimento total de 280 milhões de euros financiados pelo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020.

O Programa de Desenvolvimento Rural de Portugal foi aprovado na sequência da decisão da Comissão Europeia em dezembro de 2014 e visa o apoio às atividades do setor agrícola assente numa gestão eficiente dos recursos.

Agricultores querem Capoulas como próximo comissário europeu


23 abr, 2019 - 17:31 • Lusa

A CAP quer que o próximo comissário seja de um país do sul, e que ainda não é tempo de ser a Grécia a assumir este papel.

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defendeu esta terça-feira que o ministro Capoulas Santos deverá ser o próximo comissário europeu da Agricultura, sublinhando que já manifestou essa ideia junto do primeiro-ministro, António Costa.

"Já manifestámos junto do primeiro-ministro que o ministro da Agricultura [Capoulas Santos] deverá ser o próximo comissário europeu para a Agricultura", afirmou Eduardo Oliveira e Sousa, no parlamento, durante a audição pública sobre o Plano Nacional de Investimentos 2030.

Para o responsável da confederação, o comissário europeu da Agricultura tem que ser de um país pequeno, acrescentando que "está na altura" de ser um país do Sul a assumir esse cargo.
Eduardo Oliveira e Sousa considerou que o único país "que pode vestir este casaco" é Portugal, pondo de parte Espanha e Itália e afirmando que "ainda não é tempo" de a Grécia assumir esta posição.

O presidente da CAP destacou o trabalho que o ministro da Agricultura tem feito na defesa do mundo rural, ressalvando que não sabe se, "por questões de saúde", Capoulas Santos estará disponível para suceder ao irlandês Phil Hogan.

No início de abril, o Ministério da Agricultura informou que o ministro Capoulas Santos tinha sido submetido "com êxito" a uma cirurgia preventiva do foro vascular.

Em 11 de abril, a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) já tinha demonstrado o mesmo desejo.

Em comunicado, a AJAP disse que, atendendo a "algumas prioridades" que o ministro da Agricultura introduziu em Portugal, como o Programa Nacional de Regadios e o estatuto do Jovem Empresário Rural, Capoulas Santos "está em ótimas condições" para assumir a pasta.

"Por cá semeou ideias, algumas foram germinando e outras concretizadas. Importava agora que a sua visão global sobre a agricultura na Europa face ao seu 'curriculum' europeu e sensibilidade em relação a outros continentes, nomeadamente África, pudesse ser associado a um quadro de maior responsabilidade e de intervenção política integrada e estratégica para a Europa", defenderam.

Abertas candidaturas a apoio no valor de 20 milhões de euros para reforço da defesa floresta


16/4/2019, 23:18

O concurso é financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural e visa investir e apoiar a prevenção e controlo da floresta contra danos causados por pragas e doenças.

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Cada beneficiário pode apresentar até três candidaturas, até 28 de junho

As candidaturas aos apoios disponibilizados pelo Governo, no montante de 20 milhões de euros, para reforçar a defesa da floresta contra os danos causados por pragas e doenças já estão abertas, anunciou esta terça-feira o Ministério da Agricultura.

"Estão já abertas as candidaturas aos apoios disponibilizados pelo Governo para reforçar a defesa da floresta contra danos causados por agentes bióticos (pragas e doenças)", anunciou, em comunicado, o ministério tutelado por Capoulas Santos.

De acordo com o Governo, o concurso, no valor de 20 milhões de euros, destina-se a apoiar "investimentos na prevenção e controlo de agentes bióticos nocivos com escala territorial relevante, e circunscritos a determinadas áreas críticas e prioritárias, para o pinheiro bravo, pinheiro manso, sobreiro e azinheira, castanheiro e eucalipto".

Entre as pragas abrangidas está a "processionária do pinheiro, a vespa das galhas do castanheiro, o gorgulho do eucalipto e ainda o nemátodo da madeira do pinheiro".

O concurso, financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, tem a verba distribuída por cinco sistemas florestais – pinheiro bravo (oito milhões de euros), pinheiro manso (três milhões de euros), sobreiro e azinheira (cinco milhões de euros), castanheiro (dois milhões de euros) e eucalipto (dois milhões de euros). Cada beneficiário pode apresentar até três candidaturas, uma por sistema florestal, até ao dia 28 de junho, através da página do PDR 2020 na internet.

"No caso dos povoamentos mistos, com exceção do sistema florestal sobreiro e azinheira, poderão ser submetidas duas candidaturas, uma por cada espécie. As entidades gestoras de Zonas de Intervenção Florestal [ZIF] e as entidades gestoras de baldios poderão submeter três candidaturas por cada ZIF e por cada unidade de baldio, respetivamente", ressalvou o Ministério da Agricultura. Também as entidades coletivas públicas podem apresentar três candidaturas por cada mata nacional e por cada perímetro florestal.

O Programa de Desenvolvimento Rural de Portugal foi aprovado na sequência da decisão da Comissão Europeia em dezembro de 2014 e visa o apoio às atividades do setor agrícola assente numa gestão eficiente dos recursos.

Brexit: Juncker quer deixar de falar do processo para destacar sucessos de Bruxelas


Estrasburgo, França, 17 abr 2019 (Lusa) -- O presidente da Comissão Europeia defendeu hoje que se deixe de falar do 'Brexit', que tem "ocupado muito a agenda", para se destacar "os feitos" de Bruxelas neste mandato, em que foram aprovadas 350 propostas.


Lusa
17 Abril 2019 — 10:42

"O 'Brexit' tem ocupado muito a nossa agenda e acho que agora, antes das eleições europeias, é uma boa altura para se chamar a atenção dos cidadãos para os feitos dos últimos anos", declarou Jean-Claude Juncker, falando na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.

Naquela que foi a sua última intervenção no plenário da assembleia europeia, dadas as eleições para o Parlamento Europeu marcadas para final de maio, o líder do executivo comunitário insistiu que o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o 'Brexit', "é importante, mas a vida quotidiana dos cidadãos europeus é mais ainda".

Fazendo um balanço deste mandato da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker salientou que, entre maio de 2018 e até hoje, "foram aprovadas 350 propostas e 164 continuam na mesa dos colegisladores".

"E falo aqui de propostas importantes, como o regime de asilo", exemplificou.

Acresce que, segundo o responsável, esta foi também "a Comissão do diálogo".

"Conseguimos levar a cabo reuniões com os vários cidadãos, num total de 1.600 diálogos, o que mostra que a Comissão não fecha as suas portas no 'bunker' do Berlaymont [edifício sede do executivo comunitário, em Bruxelas]".

Frisando que a Comissão Europeia "está aberta à Europa", Jean-Claude Juncker considerou que a instituição "não é ilegítima porque está sempre em contacto com os cidadãos".

"A Europa não existe contra a vontade dos povos, sem as nações", sustentou, numa alusão também ao 'Brexit'.

E vincou: "Não há qualquer contradição entre um patriotismo responsável e fazer parte de uma grande comunidade como a UE".

Já falando sobre o futuro, Jean-Claude Juncker defendeu que se continue a "apostar na inovação, na investigação, na juventude e na defesa", admitindo que "isso só é possível se houver cortes noutras políticas, por exemplo na coesão e na agricultura".

"Não é algo que me apraz particularmente, mas temos de pensar nas novas prioridades que devem ser financiadas", observou.

Aludindo às discussões com os Estados-membros e com o Parlamento Europeu sobre o orçamento da UE nestas áreas, Jean-Claude Juncker referiu que é necessário "ver o que fazer com as políticas".

"As políticas de coesão e de agricultura são importantes, mas mais para uns países do que para outros", concluiu.

Jean-Claude Juncker falava num debate, em plenário, em que participou também o primeiro-ministro da Letónia, Krisjanis Karins, sobre o futuro da Europa.

Agricultores lesados por animais selvagens exigem ser indemnizados pelo Estado


Coimbra, 17 abr 2019 (Lusa) -- Agricultores de vários municípios da região Centro cujas plantações têm sido destruídas por javalis e outros animais selvagens manifestaram-se hoje, em Coimbra, e exigiram que o Estado os indemnize pelos prejuízos.


Lusa
17 Abril 2019 — 13:14

Após intervenções de dirigentes da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), junto às instalações da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, uma delegação dos manifestantes foi recebida pelo diretor regional.

Os agricultores entregaram a Fernando Martins uma exposição em que reclamam do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural uma "resposta favorável" às suas pretensões, no prazo de um mês.

Foi igualmente entregue ao responsável um abaixo-assinado, através do qual exigem "ser ressarcidos dos prejuízos na agricultura provocados por animais". O documento reúne cerca de 300 signatários, segundo Isménio Oliveira, da Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO), associada da CNA.

"Estes animais, sobretudo os javalis, estão a destruir as culturas agrícolas de centenas de explorações", disse aos jornalistas João Dinis.

Os produtores "não são inimigos dos veados, javalis e corças, nem dos caçadores", mas recusam ser "obrigados a ter de alimentar" os animais, cabendo ao Estado ressarcir os agricultores, acentuou o dirigente da CNA.

"Há populações destes animais fora de controlo em certas regiões", segundo os manifestantes, que pedem a intervenção do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Ministério da Agricultura e Governo.

João Dinis defendeu ainda a intervenção dos diferentes órgãos de soberania, considerando que "até o Presidente da República", Marcelo Rebelo de Sousa, "que anda sempre a deslocar-se pelo interior, pode ter uma palavra" para que o problema seja resolvido.

Na exposição, o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, é também alertado para "o perigo real de se precipitarem problemas graves" na sanidade de animais domésticos, como os porcos, "com destaque para a peste suína africana, a partir dos javalis".

Os manifestantes exigiram "o controlo da densidade, capacidade reprodutiva e mobilidade das populações destes animais selvagens", com elaboração "urgente, mas participada", de planos públicos de contingência.

A ação visou ainda assinalar o Dia Internacional de Luta Camponesa, instituído pela Via Campesina, da qual a CNA é filiada, "em homenagem às vítimas do massacre de camponeses sem-terra" do Brasil, em Eldorado dos Carajás, em 17 de Abril de 1996.

Na organização da iniciativa, estiveram igualmente envolvidas a União dos Agricultores do Distrito de Leiria e a Associação dos Baldios e Agricultores da Região de Viseu.

O diretor regional de Agricultura, Fernando Martins, não esteve disponível para falar com os jornalistas.

‘Alqueva do Ribatejo’ vai avançar



Governo dá luz verde a estudos para avaliar a viabilidade técnica do projeto estimado em €4,5 mil milhões

VÍTOR ANDRADE

Um ano depois de ter sido apresentado, o Projeto Tejo — também conhecido por 'Alqueva do Ribatejo' — vai começar a ser estudado pelo Governo, para avaliar a respetiva viabilidade técnica e financeira.

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, confirmou ao Expresso que até 15 de maio será lançado o concurso para o estudo que permitirá ao Governo apurar se o projeto tem pernas para andar.

"Acabei de dar ordens para que seja lançado o primeiro estudo, que ainda deverá ter autorização do Tribunal de Contas, e que irá custar €500 mil", frisa o ministro da Agricultura. Capoulas Santos prevê que as propostas sejam entregues até julho e que, o mais tardar até final do primeiro trimestre do próximo ano, as conclusões sejam conhecidas.

"Nessa altura, já estará em funções outro Governo, mas terá então disponível toda a informação de base para que se possa partir para o início da obra. Mas, sublinho, será sempre uma opção política pois há mais zonas do país para onde poderá ser encaminhado investimento público em regadio", nota Capoulas Santos.

O responsável pela pasta da Agricultura acredita que o Projeto Tejo poderá ter viabilidade do ponto de vista técnico. "Já em termos financeiros, é preciso apurar se o país estará em condições de suportar este investimento, apesar de ele ser diluído no tempo."

Uma coisa é certa: o Projeto Tejo não foi incluído no Programa Nacional de Regadio referido esta semana pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, na apresentação do Programa de Estabilidade e que prevê investimentos da ordem dos €500 milhões para aplicar até 2023.

MARCELO TAMBÉM ESTÁ A PAR DO PROJETO

Ainda assim, Jorge Froes, especialista em planeamento agrícola e um dos promotores do Projeto Tejo (juntamente com os empresários Manuel e Miguel Campilho), considera que estamos perante o arranque formal de todo o processo, visto que "foi assumido politicamente pelo Governo".

Neste último ano o projeto foi apresentado a todos os grupos parlamentares, associações ambientalistas, perto de 30 autarquias envolvidas pelo regadio, empresas de turismo, EPAL, Fórum para a Competitividade, Ordem dos Engenheiros e chegou mesmo ao Palácio de Belém. "O Presidente da República foi, aliás, um dos nossos interlocutores mais bem informado sobre o assunto. Demonstrou ter estudado aprofundadamente a nossa proposta e acabou por nos dar vários conselhos e pistas a seguir", sublinha Jorge Froes.

Agora que o Governo deu luz verde aos estudos para o 'Alqueva do Ribatejo', aquele especialista começa já a elaborar um calendário e estima que entre os primeiros estudos e o arranque das obras, "é provável que daqui a oito anos possamos estar já a beneficiar dos primeiros açudes do Tejo".

O projeto prevê a construção não de uma grande barragem (como em Alqueva) mas de seis ou sete açudes, que deverão ficar espaçados em cerca de 20 quilómetros uns dos outros, sucedendo-se entre Vila Franca de Xira e Abrantes.

O objetivo, além de garantir água para o regadio é, também, permitir a navegabilidade do Tejo entre Lisboa e Abrantes; conter a 'cunha' de água salgada na zona de Vila Franca de Xira, pois até já começa a ameaçar a captação de água da EPAL (em Valada do Tejo, que abastece Lisboa); agilizar o controlo de cheias no Tejo; fomentar o turismo fluvial e a ligação aos cavalos e aos touros, além da aquacultura e dos desportos náuticos; e, não menos importante, aproveitar os açudes para a produção de energia renovável, com pequenas centrais hidroelétricas.

Os açudes serão em borracha, de baixo perfil (até 6 metros de altura, exceto o de Almourol que poderá apresentar uma altura de 10 a 12 metros), rebatíveis, equipados com eclusas, criando um plano de água contínuo e navegável até Belver. Ficarão ainda equipados com escadas de peixe para minimizar o impacte ambiental.

Jorge Froes explica que a questão dos peixes e das areias arrastadas pela água é o que mais preocupa os ambientalistas. No entanto, assegura, "vamos demonstrar que com os açudes as areias não vão ficar retidas e que o número de peixes no Tejo vai aumentar consideravelmente pois, atualmente, praticamente não há vida no rio. O Tejo está morto. Pior não vai ficar certamente".

As paredes dos açudes serão uma espécie de câmara de ar gigante que se enche, para reter a água entre abril e outubro, e que se esvazia para deixar a água correr livremente durante todo o inverno e inicio da primavera.

O TEJO JÁ SE ATRAVESSA A PÉ

O empresário Manuel Campilho lembra que, "agora toda a gente anda preocupada porque não chove ou chove pouco e a água não dá para tudo. Mas de concreto nada acontece". E, na verdade, em algumas zonas "o Tejo praticamente atravessa-se a pé".

O Projeto Tejo prevê um investimento de €4,5 mil milhões ao longo de 30 ou 40 anos e, depois de concluído, poderá regar 300 mil hectares (quase o dobro do regadio de Alqueva). Estimativas feitas pelos promotores apontam para a criação de 70 mil empregos diretos, no Ribatejo, na zona Oeste e também na Península de Setúbal, e 100 mil indiretos.

Quanto ao financiamento, aponta-se para dinheiros públicos, sobretudo comunitários, mas não está descartada a hipótese de ter privados a explorar, nomeadamente, a vertente hidroelétrica associada a todo o projeto.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Manual do Medronho

Alter do Chão recebe cimeira internacional sobre economia do cavalo em 2020


Por Publituris a 16 de Abril de 2019 as 12:49

A Câmara Municipal de Alter do Chão vai apresentar, a 24 de abril, a primeira edição da Alter International Horse Summit, iniciativa que vai decorrer em abril de 2020 e que consiste num projeto inédito, que vai levar "ao município do Alto Alentejo especialistas de referência nacional e internacional para discutir a economia do cavalo".

A cerimónia de apresentação está marcada para as 11h00, no Castelo de Alter, e conta com a presença do ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, da secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, e do presidente da Câmara Municipal de Alter do Chão, Francisco Reis.

A cerimónia coincide com a Festa do Cavalo 2019 e inclui também a assinatura de memorandos de entendimento pelos diversos parceiros da iniciativa, que incluem a Presidência da República, o Ministério Adjunto e da Economia e o Ministério da Agricultura.

Cerimónia de Entrega dos Prémio Floresta e Sustentabilidade a 8 de maio


A CELPA, em associação com o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios organiza o Prémio Floresta e Sustentabilidade com o apoio da PwC e o patrocínio do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Esta iniciativa, bienal, distingue as melhores práticas florestais e reconhecer a importância da fileira florestal e dos seus atores para a economia.

Os vencedores vão ser anunciados dia 8 de maio, numa cerimónia que se realiza na Estufa Real, Calçada Galvão, em Lisboa, com a presença de Luís Capoulas Santos, Ministro da Agricultura.

O orador convidado é Sadanandan Nambiar, Honorary Fellow do CSIRO Forest Ecosystem Science Group com a apresentação "It is Time for Re-Imaging a New Narration in Forestry".

Entrada livre, sujeita a inscrição em www.premiofloresta.cmjornal.xl.pt

Cerimónia de Entrega de Prémios

8 de maio de 2019 | Estufa Real | Lisboa

16:30 Recepção dos Convidados

Welcome Coffee

17:00 Boas-Vindas

CELPA – Associação da Indústria Papeleira


17:05 Abertura Institucional

Luís Capoulas Santos, Ministro Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

17:30 IT IS TIME FOR RE-IMAGING A NEW NARRATION IN FORESTRY

Sadanandan Nambiar, Hon. Fellow, CSIRO Forest Ecosystem Science Group

18:10 Critérios de Avaliação das Candidaturas

Ana Cláudia Coelho, Directora, Responsável pela Área de Serviços de Sustentabilidade, PwC

18:20 ENTREGA DE PRÉMIOS

18:45 Porto de Honra

Associação angolana defende transferência de poderes para o desenvolvimento agrícola do país


Luanda, 10 abr 2019 (Lusa) - O diretor geral da Associação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) angolana considerou hoje que Angola enfrenta a "resistência das estruturas centrais" em transferir competências para os municípios, defendendo "descentralização e desconcentração" de poderes no setor agrícola.


Lusa
10 Abril 2019 — 15:32

Belarmino Jelembi, que falava no âmbito da conferência sobre a "Agricultura: do Passado à Atualidade, Principais Constrangimentos e Caminhos a Seguir", que decorreu hoje em Luanda, referiu que o desenvolvimento da agricultura deve estar ligado à transferência de poderes.

"Hoje há responsabilidades do Ministério da Agricultura que têm de ser transferidas para os municípios, tal como em outros ministérios. Parte do poder tem de passar para os municípios, porque, se não discutirmos isso, depois não há coerência no discurso", disse.

Segundo Belarmino Jelembi, a transferência de competências contribui para o "fortalecimento da economia local", como a questão das estradas, circulação dos produtos.

"Isto tem que envolver os municípios. Isto não é um discurso fácil, por ser o ponto do poder. Um dos aspetos que o país hoje enfrenta é a resistência das estruturas centrais em transferir competências para os municípios", criticou.

O diretor geral da ADRA afirmou também que, atualmente, "parece que existem sinais de vontade" de se fazerem reformas, apontando, contudo, a capacidade institucional e de recursos humanos do país como "grandes desafios" das ações em curso.

"O país tem uma série de novos documentos como o Programa de Apoio ao Crédito, o subsídio aos combustíveis, a introdução das caixas comunitárias, mas várias dessas iniciativas estão diante de um desafio que é a capacidade institucional e de recursos humanos", salientou.

Para o líder associativo, as iniciativas do Governo angolano devem ser adequadas a "um ritmo que seja suportado pela realidade angolana".

"Deve ser invertida a lógica de investimento assente em fatores externos. Durante muito tempo adotou-se um modelo de substituição, grande parte dos modelos assentes em fatores externos, como consultores, tecnologias. Quando se baseia um investimento essencialmente em fatores externos não é sustentável e inverter essa lógica é fundamental", concluiu.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Adotar uma laranjeira e receber a colheita em casa? Está aí o 'crowdfarming'


SOCIEDADE 21.04.2019 às 18h00

O crowdfarming é um novo conceito que permite ter uma relação mais próxima com o produtor e receber em casa o fruto do investimento. Há laranjas, arroz, café, queijo e mantas de lã...
Rui Antunes



Se pudesse escolher, plantaria uma laranjeira em Valência, um cafeeiro na Colômbia ou um cacaueiro nas Filipinas? Antes de responder, considere a hipótese de encomendar o serviço a um agricultor especializado e, depois, no final de cada campanha, receberá em casa o resultado das colheitas, em forma de laranjas, café em grão ou chocolate. Sim, é possível: está em marcha um novo conceito agrícola em que os produtos são cultivados por encomenda, em várias regiões do globo, e entregues ao domicílio, como uma pizza qualquer. Chama-se crowdfarming, dispensa supermercados e também já disponibiliza arroz, azeite, mel, romãs, alperces, queijo, vinho, vinagre, tomates, alcachofras, amêndoas, mantas de lã Merino e até folhas de aloé vera.

A ideia surgiu em Espanha, há cerca de três anos, quando os irmãos Gonzalo e Gabriel Úrculo, além da venda de laranjas através da internet, decidiram dar aos clientes a possibilidade de adotarem uma laranjeira do pomar que herdaram do avô, na periferia de Valência. De 700 consumidores regulares, em 2016, a Naranjas del Carmen passou a ter mais de 10 mil árvores adotadas por clientes (e mais uns milhares de interessados em espera), cada uma a produzir 80 quilos de laranjas por ano e com o escoamento garantido logo à partida.

O sucesso imediato do negócio particular levou os dois irmãos a abrirem o conceito a outros agricultores. Em dezembro de 2017, lançaram a plataforma online CrowdFarming, que hoje agrega 14 projetos agrícolas distintos e soma 47 mil clientes registados, a maioria da Alemanha (25 mil). "O nosso sonho é tornar o crowdfarming um movimento global, por isso é importante partilhar com os outros este novo modelo e esta nova filosofia de cultivo", afirma à VISÃO Gonzalo Úrculo, cuja principal bandeira é o combate ao desperdício alimentar – a União Europeia estima que 20% da comida produzida nos 28 Estados-membros seja desaproveitada (o equivalente a 88 milhões de toneladas).

"Este modelo poderá levar a uma maior consciência dos consumidores no sentido de prevenirem o desperdício, permitindo que a CrowdFarming deixe de ser um sucesso local para se tornar uma revolução socioagrícola a nível mundial", enfatiza um dos mentores da ideia. À escala atual, é como se a plataforma fosse um minimercado, com produtos muito específicos. Para o futuro, os irmãos Úrculo ambicionam transformá-la numa espécie de Amazon de produtos agrícolas.

As árvores de fruto são as mais procuradas. De momento, não é possível adotar as que dão romãs, alperces ou clementinas, por terem atingido o limite de quota disponível. Um dos dois pomares de laranjeiras (além da Naranjas del Carmen, que mantém o seu negócio a solo, prestando apenas apoio logístico à CrowdFarming) também está no seu máximo de adoções (2 500), mas o outro já terminou a campanha de 2019 e está aberto a novas inscrições para 2020.

LARANJAS PARA FAMALICÃO
As laranjas são colhidas entre janeiro e abril e, como todos os outros produtos, só estão disponíveis para entrega durante a época de colheita. É regra da casa enviá-las frescas, embora possa dispersar-se a encomenda por várias datas, dentro daquele intervalo temporal. Para quem não consegue ou não quer adotar, existe a possibilidade de comprar caixas avulso. Pedro Gomes, um dos 92 clientes portugueses registados na plataforma, já teve as duas experiências: comprou 20 quilos de laranjas a cada pomar e, num deles, adotou e batizou uma laranjeira para a campanha deste ano.

"As últimas chegaram no início deste mês e já desapareceram. Faço uma alimentação muito à base de fruta e usei-as sobretudo em sumos", conta este pianista de Famalicão, que pagou €2,5 por quilo (despesas de envio incluídas). "É um bom projeto para os pequenos produtores e gostei da ideia de não haver intermediário entre o agricultor e o consumidor final. Além disso, as laranjas eram muito boas", sublinha.

O modelo de comercialização não difere de produto para produto. Quem adota escolhe o nome e recebe uma fotografia por ano da árvore ou do animal, para ficar a par do seu crescimento, além de estabelecer um contacto direto com o agricultor, por via do acesso a uma área privada na plataforma. Também pode visitar o local, com marcação prévia.

As adoções implicam um custo de manutenção por campanha (não renovável automaticamente) e contemplam uma gama de produtos predefinida: 12 plantas de café colombiano resultam em 2,72 kg de grãos torrados; de um cacaueiro filipino saem 2 kg de chocolate; uma ovelha dá 150 litros de leite a cada seis meses, transformados em 27 kg de queijo para distribuir, neste caso, por nove "donos adotivos", três quilos a cada; 10 m2 de uma plantação de arroz rende 9 kg (adoções completas de momento); uma amendoeira fornece 3,6 kg de amêndoas.

Os preços variam consoante o país de origem e o de destino, por causa das despesas de envio. Para Portugal, por exemplo, um cafeeiro custa €91 por campanha, um pedaço de arrozal fica a €34, uma romãzeira dá romãs a €5,5 ao kg, cinco folhas de aloé vera saem a 30 euros. O custo final é sempre indicado no momento da encomenda, assim como a calendarização das entregas.

Na Naranjas del Carmen, Gonzalo Úrculo aposta em produtos 100% orgânicos, incluindo o mel (tem colmeias para adotar), o azeite e os tomates e alcachofras da horta. Mas nem todos os agricultores presentes na CrowdFarming fizeram a desejada (e incentivada) transição. Por isso, em cada projeto aparece assinalado se está ou não isento de pesticidas e herbicidas.

Por enquanto, não há produtores portugueses associados, mas Gonzalo Úrculo lança a escada a todos os interessados em aderir a "uma cadeia de distribuição alimentar" que ele pretende "livre e de mente aberta". Pedro Gomes torce para que os agricultores nacionais comecem a apostar em produtos biológicos "entregues à porta". Diz este famalicense de 27 anos que um projeto desta natureza "não só iria promover a agricultura local" como tornaria o consumo "mais ecológico do que mandar vir de Espanha". E, à partida, menos oneroso.

domingo, 21 de abril de 2019

Regime de apoio de aconselhamento agrícola passa a apoiar 100% das despesas elegíveis


Lisboa, 11 abr 2019 (Lusa) -- O Governo procedeu à quarta alteração do regime de aplicação de operações de apoio ao fornecimento de serviços de aconselhamento agrícola, passando a apoiar a totalidade das despesas elegíveis, segundo uma portaria publicada hoje em Diário da República.


Lusa
11 Abril 2019 — 14:10

"O nível de apoio para esta operação [...] 'Apoio ao fornecimento de serviços de aconselhamento agrícola e florestal' é de 100% das despesas elegíveis, assumindo a modalidade de tabela normalizada de custos unitários, por tipologia de serviço organizada por área temática", lê-se no diploma.

Antes desta alteração o nível de apoio das despesas desta operação fixava-se em 80%, até ao montante máximo de 1.500 euros por serviço de aconselhamento individual.

De acordo com a tabela de custos, para um conteúdo de base agrícola ou florestal o montante de apoio é de 416,79 euros, correspondendo a 100% de apoio.

Por sua vez, para um conteúdo de base agrícola mais três áreas extra o montante é 631,06 euros (100%) e com cinco áreas extra 813,58 euros (100%).

Já para o conteúdo de base florestal mais três áreas extra com um nível de apoio de 100%, o montante é 813,58 euros.

No que se refere ao apoio à criação de serviços de aconselhamento consideram-se como despesas elegíveis, entre outras, bens, equipamentos e serviços técnicos especializados, despesas gerais de funcionamento e deslocações, alojamentos e ajudas de custo.

Este regime de aplicação que se refere também ao apoio à criação de serviços de aconselhamento, formação de conselheiros, integrado do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), destina-se a promover o Sistema de Aconselhamento Agrícola e Florestal (SAAF) e a utilização dos serviços de aconselhamento por parte das pessoas singulares ou coletivas "que exerçam atividade agrícola ou que detenham espaços florestais".

Entende-se como este tipo de aconselhamento o serviço técnico especializado que seja prestado por entidade reconhecida no âmbito do SAAF, "que abrange o diagnóstico e análise dos problemas concretos e oportunidades de uma exploração agrícola ou florestal e a elaboração de um plano de ação com as recomendações a implementar".

Podem beneficiar dos apoios deste regime as entidades prestadoras de serviços de aconselhamento reconhecidas no âmbito do SAAF, sendo excluídas dos apoios as entidades que, por exemplo, estejam com um processo de recuperação dos auxílios de estado, "declarados incompatíveis com o mercado interno, pela Comissão Europeia".

A portaria, assinada pelo secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, em representação do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, entra em vigor esta sexta-feira.

sábado, 20 de abril de 2019

Portugal com 4.ª menor subida europeia do custo horário da mão de obra em 2018

Custo horário da mão de obra subiu de uma média de 14,0 euros para 14,2 euros, em Portugal. 
Portugal teve o quarto menor aumento do custo horário da mão de obra em 2018, face ao ano anterior (1,4%), tendo o indicador avançado 2,7% na zona euro e 2,2% na União Europeia (UE), segundo o Eurostat. 

Em Portugal, o custo horário da mão de obra - excluindo os setores da agricultura e administração pública - subiu de uma média de 14,0 euros para 14,2 euros, a quarta menor percentagem homóloga: 1,4%. 

Os custos salariais mais baixos foram registados, no ano passado, na Bulgária (5,4Euro/hora), Roménia (6,9Euro), Hungria (9,2Euro) e Letónia (9,3Euro), enquanto os mais elevados se observaram na Dinamarca (43,5Euro/hora), Luxemburgo (40,6Euro), Bélgica (39,7Euro), Suécia (36,6Euro), Holanda (35,9Euro) e França (35,8Euro). 

Na zona euro, a média do custo horário da mão-de-obra foi de 30,6 euros e na UE de 27,4 euros. As maiores subidas homólogas foram registadas na Letónia (12,9%), na Lituânia (10,4%) e na Estónia e Eslováquia (6,8% cada) e as menores em Malta (0,4%), Finlândia (1,2%), Espanha (1,3%) e Portugal (1,4%). 

Os gastos que as empresas têm com obrigações sociais variaram, segundo o gabinete estatístico europeu, entre 6,1% de Malta e os 32,6%, tendo a média da zona euro sido de 25,6% e a da UE de 23,7%. As cotizações sociais representaram, em Portugal, 20,1% do custo horário da mão-de-obra, no ano passado.

Governo cria linha de crédito de dois milhões de euros para desenvolvimento rural


Joana Almeida 10 Abril 2019, 11:16

O montante destina-se a projetos que se realizem entre 2024 e 2036 e surge depois de as candidaturas a esses apoios terem superado largamente o esperado.

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos (E), acompanhado pelos secretários de Estados, da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira (E), e das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel João de Freitas (D), intervém durante a sua audição perante a Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, durante a sua audição perante a Comissão, no âmbito das audiências sobre o Orçamento do Estado (OE) para 2018, na Assembleia da República, em Lisboa, 14 de novembro de 2017. JOÃO RELVAS/LUSA
O Governo vai criar uma linha de crédito garantida, no valor de dois mil milhões de euros, para apoiar e estimular o empreendedorismo rural, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR2020). O montante destina-se a projetos que se realizem entre 2024 e 2036 e surge depois de as candidaturas a esses apoios terem superado largamente o esperado.

Numa portaria publicada esta quarta-feira em Diário da República, o Executivo de António Costa autoriza o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, a realizar a despesa relativa aos encargos financeiros da anunciada linha de crédito garantida, até ao montante global estimado de 2.280.669,30 euros. O valor é repartido anualmente, entre 2024 e 2036, não devendo ultrapassar os 175.436,10 euros.

O Executivo afirma, no entanto, que "o montante fixado para cada ano económico pode ser acrescido do saldo apurado no ano antecedente", podendo os montantes afixados variar consoante o ano precedente.

"A grande dinâmica de investimento dos setores agrícola e agroindustrial de que constitui exemplo a intensa procura aos apoios disponíveis no Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, abreviadamente designado PDR2020, evidenciou a necessidade de procurar soluções que salvaguardem o ritmo de investimento adequado ao crescimento económico destes mesmos setores", lê-se no documento publicado em Diário da República.

Atualmente, existem 29 mil projetos de investimento em curso, a que corresponde um apoio público de 2,1 milhões de euros num total de 2,9 milhões de euros de investimento. O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, anunciou, no final do ano passado, que o PDR 2020 tinha atingido os 50% de execução, estando muito acima da média de execução dos outros Estados-Membros da União Europeia, que se situa nos 36,8%.

Governo cria grupo de trabalho para avaliar viabilidade da Barragem do Pisão


Crato, Portalegre, 09 abr 2019 (Lusa) -- O Governo anunciou hoje a criação de um grupo de trabalho para avaliar a viabilidade técnico-financeira da Barragem do Pisão, no concelho do Crato (Portalegre), projeto hidroagrícola reivindicado há dezenas de anos por vários setores locais.

Lusa
09 Abril 2019 — 12:02

O grupo de trabalho "irá compilar a informação existente e desenvolver o estudo do modelo de financiamento e gestão do empreendimento", segundo o despacho conjunto hoje publicado em Diário da República.

O despacho foi assinado pelos ministros Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, Planeamento, Nelson de Souza, Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos.

O grupo de trabalho é composto por um representante do ministro Adjunto e da Economia, que coordena, e elementos da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, Direção Geral de Energia e Geologia, Grupo Águas de Portugal, Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva e da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo.

"Dentro de 60 dias, o grupo deverá apresentar um relatório com a apreciação dos vários estudos preparatórios existentes, propostas de novas finalidades de utilização, designadamente ao nível da produção energética com a criação de um "espelho de água fotovoltaico" ou outras que possam estimular o investimento e a valorização da região em que se insere", lê-se num comunicado hoje divulgado pelo gabinete do ministro Adjunto e da Economia.

De acordo com o Governo, o relatório também terá a análise sumária do custo-benefício no contexto regional, uma proposta de modelo de financiamento e gestão do empreendimento e um plano de ação e respetivos prazos de execução.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, mostrou-se "bastante satisfeito" com a criação do grupo de trabalho, considerando que foi dado "mais um passo de forma consolidada" para que a construção da barragem possa ser uma realidade.

O autarca socialista do Crato adiantou que "dentro de poucos dias" o grupo de trabalho vai começar a reunir.

Segundo o Governo, os primeiros estudos sobre a Barragem do Pisão e a sua valia agrícola datam de 1957, no Plano de Valorização do Alentejo, que indicava a necessidade de construir uma barragem que armazenasse os caudais da ribeira da Seda.

Em 2010, o Estudo de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato - Sua Viabilidade, nas vertentes da rega, do abastecimento público e da criação de uma central mini-hídrica estimou o custo da obra em cerca de 100 milhões de euros, refere o comunicado do gabinete do ministro Adjunto e da Economia.

Seis anos depois, todos os grupos parlamentares, em resolução da Assembleia da República, consideraram a Barragem do Pisão como obra prioritária e aprovaram, por unanimidade, recomendar a inclusão do projeto nas prioridades de investimento do regadio, no Plano Nacional de Regadio e no Programa Nacional para a Coesão Territorial.

Em todos os estudos efetuados, segundo o executivo, a Barragem do Pisão foi "apontada como fundamental para estimular o desenvolvimento económico e sustentável da área de influência do projeto, pelo que foi considerado urgente avaliar, de forma rigorosa, toda a documentação produzida até à data, que possam suportar uma decisão sobre a viabilidade de construção do empreendimento, rentabilizando o conhecimento específico já produzido".

A Barragem do Pisão, no Alto Alentejo, já foi anunciada por três primeiros-ministros, Mário Soares, António Guterres e Durão Barroso, mas continua por construir.

Reduzir bovinos em Portugal: uma boa opção?


A substituição do pastoreio só poderá dar-se por outra atividade que garanta o mesmo retorno económico, como a agricultura intensiva, ou então dar-se-á abandono.

O Roteiro Nacional de Baixo Carbono (RNBC), que esteve recentemente em discussão pública, preconiza uma redução significativa do número de bovinos em Portugal em 2050 com base na constatação, correta, de que constituem um significativo contributo para as emissões de metano, um gás com forte efeito de estufa.

Atualmente, as emissões de gases com efeito de estufa de cada país são contabilizadas no que se chama uma perspetiva territorial, em que a totalidade da responsabilidade pela geração de emissões é do produtor. Assim, a Portugal são atribuídas as emissões dos animais no país, e não a totalidade das emissões geradas na produção de produtos animais consumidos no país. Logo, ter menos vacas implica contabilizar menos emissões. No limite, se Portugal importasse todo o leite e carne, as emissões animais creditadas ao país seriam zero. Porém, é claro que o consumo em Portugal é corresponsável por emissões que ocorrem noutros países por via das importações – e para o planeta, em termos das emissões de gases de efeito de estufa, o local onde se dá a geração do metano é irrelevante.

Globalmente, esta medida apenas terá então vantagens claras para o clima se a redução dos efetivos animais for acompanhada pela diminuição do consumo de produtos de origem animal ("espontâneo" e/ou devido a políticas públicas). Caso a diminuição dos efetivos bovinos seja compensada pela importação, existe um duplo efeito nefasto. Economicamente, o aumento de importações pioraria o saldo da balança comercial. Ambientalmente, o total de emissões geradas pelo consumo português de produtos animais poderia ainda aumentar, quer por maiores impactes da produção estrangeira, quer pelas emissões associadas ao transporte.

Adicionalmente, a redução do efetivo de bovinos não pode esquecer o ditado "no Alentejo, ou cem vacas ou sem vacas", isto é, a viabilidade da produção animal extensiva depende crucialmente da escala. É muitas vezes esquecido que a redução do efetivo terá, assim, de ser feita pelo abandono da atividade por alguns produtores, sendo então necessário responder à questão: o que acontecerá à terra quando deixar de ser usada para produção animal e o que farão os produtores? Tal implica conhecer as atividades económicas que substituirão a produção animal. O facto de os animais serem uma fonte de emissões não significa que os usos alternativos gerem menores impactes.

A substituição do pastoreio só poderá dar-se por outra atividade que garanta o mesmo retorno económico, como a agricultura intensiva, ou então dar-se-á abandono. Uma substituição, por exemplo, por produção cerealífera poderia produzir maiores perdas de solo em zonas que já são das mais desertificadas do mundo, como é o caso do sul de Portugal. Caso ocorra o puro abandono de qualquer atividade não florestal, é possível que os ecossistemas evoluam no curso natural de sucessão ecológica, acumulando cargas combustíveis que podem promover a ocorrência de incêndios, como já identificado para outras regiões no centro do país, o que seria inclusive um fator de insustentabilidade da exploração florestal no montado.

Finalmente, devemos ter em conta que a evolução tecnológica e das sociedades até 2050 vai ser enorme (comparemos o presente com o que era a tecnologia e a sociedade em 1990) – portanto, não devemos também trancar soluções para hoje com base no que será o mundo em 2050. A definição de políticas monotemáticas ambientais não pode ter vistas estreitas e não podemos fazer política de redução de metano em bovinos em Portugal, esquecendo efeitos económicos e sociais, os bovinos noutros países, o sequestro de carbono nos solos, as emissões devido aos incêndios florestais, a adaptação às alterações climáticas, a proteção do solo e a proteção da biodiversidade.

Governo identifica problemas dos agricultores


Medida pretende controlar os impacto da seca

Até 15 de maio, os agricultores podem preencher um formulário onde identificam as necessidades de investimento relacionadas com armazenamento de água e máquinas de transporte.

O Ministério da Agricultura revelou em comunicado que vai fazer o levantamento: "Tendo em conta as atuais condições climatéricas verificadas em Portugal continental, e a provável evolução para uma situação de seca agrometeorológica e hidrológica, o Ministério da Agricultura disponibilizou, através das direções regionais de Agricultura e Pescas, um formulário de identificação de necessidades, a preencher pelos agricultores".

Esta medida faz parte da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que visa controlar "o impacto da situação da seca no terreno, em cada momento".

O levantamento feito ajudará a "caracterizar a atual situação e a evolução dos recursos hídricos privados, das pastagens e forragens, culturas permanentes e temporárias", revela ainda a nota da tutela.

Agricultura intensiva no Baixo Alentejo coloca em risco saúde e ambiente, diz Zero


Associação ambientalista diz que a expansão de perímetros de rega para novas áreas além das que estão previstas no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva não têm em conta os cenários futuros de mudança climática.

Lusa 9 de Abril de 2019, 8:47

Mais de 200 mil hectares de culturas intensivas no Baixo Alentejo ameaçam o ambiente e colocam em risco a saúde das populações, alertou nesta terça-feira a associação ambientalista Zero, exigindo mais fiscalização das explorações.

Em comunicado, a Zero chama a atenção para os "impactos ambientais e as ameaças" à saúde devido à "instalação descontrolada de milhares de hectares de culturas de regadio em regime intensivo e superintensivo no Baixo Alentejo".



De acordo com a associação, a expansão de perímetros de rega para novas áreas além das que estão previstas no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, nomeadamente blocos confinantes e a novas áreas no Alto Sado e Alto Alentejo, não têm em conta os cenários futuros de mudança climática.


A Zero lembra que os cenários apontam para uma mudança climática para o sudoeste da Península Ibérica, nomeadamente uma subida da temperatura e menor precipitação, o que leva à redução das disponibilidades hídricas com redução de caudais e menor capacidade de recarga dos aquíferos subterrâneos.

A associação sublinha também que a instalação e exploração de perímetros de rega estão a ser feitas sem o devido acompanhamento no terreno nem de fiscalização.

Por isso, a Zero exige um "acompanhamento e fiscalização da instalação de novas culturas e das já existentes promovendo a conservação do solo face aos efeitos da erosão que algumas práticas podem potenciar, bem como o risco de salinização associado à qualidade da água de rega".


As culturas intensivas que estão a ser instaladas em redor de povoações, e que utilizam quantidades significativas de produtos fitofarmacêuticos, põem em risco a saúde da população.

Por isso, realça a Zero, "é fundamental ter em consideração o princípio da precaução, sendo que os Planos Directores Municipais deverão prever faixas de segurança que limitem a implantação deste tipo de culturas e a utilização de fitofarmacêuticos junto às habitações e na orla dos aglomerados populacionais".

A associação chama também a atenção para a má qualidade do ar em várias localidades da região causada pelas empresas de extracção de óleo de bagaço de azeitona, que "deverão ser obrigadas a instalar tecnologia mais eficaz de modo a reduzir este impacto que afecta" as populações.


A Zero destaca ainda que a biodiversidade da região tem sido gravemente afectada, pelo que deveriam ser estabelecidos limites às culturas intensivas e especialmente às superintensivas obrigando à manutenção de áreas mínimas da superfície agrícola utilizada afectas a culturas extensivas.

Por isso, a associação defende a manutenção de faixas de vegetação espontânea nas bermas de caminhos e nos taludes e áreas declivosas, a promoção da conservação das margens de linhas de água e a preservação das azinheiras e sobreiros, por forma a criar habitats e garantir refúgio para a biodiversidade.

Austrália. Primeiro-ministro arrasa manifestantes "vegan"


RTP08 Abr, 2019, 18:10 | Mundo

Austrália. Primeiro-ministro arrasa manifestantes vegan

O Governo ordenou às autoridades que avançassem com "toda a força" contra os ativistas | Ellen Smith - EPA

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, chamou os ativistas dos direitos dos animais que esta segunda-feira participaram em protestos vegetarianos de "vergonhosos" e "não-australianos". No final da manifestação em Melbourne, dezenas de pessoas foram detidas.
Mais de 100 manifestantes concentraram-se em Melbourne, a partir das 7h00 locais, em protesto contra a indústria australiana de carne. Enfrentaram a repressão das autoridades. Os ativistas bloquearam o cruzamento das ruas Flinders e Swanston, empunhando cartazes com palavras de ordem: "Este é um protesto pacífico".

Uma das ativistas presentes, Kristin Leigh, explicou à rede de televisão Australian Broadcasting Corporation que o objetivo do protesto era incentivar ao veganismo e travar o abuso animal. "Os animais estão a sofrer de maneiras que a maioria de nós nunca vai imaginar. Não se trata de gaiolas maiores. Trata-se da liberdade dos animais", disse.

O Governo ordenou às autoridades que avançassem com "toda a força" contra os ativistas. Manifestantes que o primeiro-ministro apelidou de "criminosos de colarinho verde".

O protesto terminou depois de a polícia ter convencido o grupo a abandonar o local. Contudo, 38 pessoas foram detidas. Horas antes da manifestação, foram ainda detidos nove ativistas vegetarianos numa onda de invasões a matadouros por toda a Austrália.
"Contra os interesses nacionais"

Scott Morrison criticou os ativistas, afirmando que estão a prejudicar a forma de subsistência dos agricultores. "Isto é apenas uma forma de ativismo que vai contra os interesses nacionais. Interesses esses que passam por agricultores poderem cultivar nos seus terrenos", acrescentou.

O chefe do Executivo australiano disse ainda que a Austrália está preparada para apoiar ações legais de agricultores e proprietários de matadouros contra ativistas que invadiram as suas propriedades. Por sua vez, o Departamento de Agricultura disse que irá trabalhar com a polícia para tentar impedir mais ataques de ativistas dos direitos dos animais.

Também os talhos, segundo o Conselho da Indústria da Carne Australiana, estão a sofrer contínuos "ataques" de ativistas. "Isto tem de parar e tem de parar agora. Temos de olhar para os 99 por cento da população australiana que quer consumir carne", disse o dirigente do Conselho Patrick Hutchinson.

De acordo com o Fórum Económico Mundial, a Austrália é o segundo país do mundo com maior consumo de carne individual, a seguir aos Estados Unidos. Mais de 40 por cento da produção agrícola australiana corresponde à indústria pecuária.

Centro formação em agricultura sustentável e permacultura na ilha timorense de Ataúro


Díli, 09 abr 2019 (Lusa) -- A ilha timorense de Ataúro, a norte da capital Díli, contará a partir desta semana com um novo centro de formação em agricultura sustentável e permacultura que quer colmatar parte das carências com que vive a comunidade local.


Lusa
09 Abril 2019 — 06:51

Fernando Madeira, um dos quatro coordenadores do projeto, explicou à Lusa que a iniciativa partiu da vontade de criar um centro de formação em agricultura sustentável e permacultura em Ataúro, onde a comunidade local vive com carências de todo o tipo, incluindo formação.

"É uma zona isolada, sem eletricidade, com dificuldade de acesso a água, do lado de lá de Ataúro onde a população nem sequer tem acesso a escolas secundárias", explicou à Lusa Fernando Madeira, da organização naTerra, promotora da iniciativa.

"Quisemos colmatar as lacunas que se sentem na zona onde as crianças não conseguem ir além da primária. Assim criamos oportunidades de capacitação profissional a estes jovens", frisou.

O centro dará formação em áreas tão variadas como língua, carpintaria, pescas e, naturalmente, agricultura sustentável e permacultura, com um jardim que permite "mostrar as várias técnicas" e que ajudará a tornar o próprio centro "autossuficiente a nível alimentar".

O projeto, que começou há cerca de dois anos e meio, tem envolvido a comunidade local, que ajudou a identificar o melhor local para o projeto bem como a construir as infraestruturas, que incluem acomodação para 30 participantes e salas de aulas.

A iniciativa é da associação sem fins lucrativos naTerra, que desenvolveu em Timor-Leste vários projetos de educação para o desenvolvimento sustentável.

Localizada a cerca de 30 quilómetros de Díli, a ilha de Ataúro vive com limitações de acesso a informação e educação, explica Fernando Madeira, notando que os estudantes só têm acesso a escola primária, tendo depois que abandonar a ilha.

"As alternativas passam pela agricultura tradicional de subsistência e a pesca, que podem ser melhoradas com a introdução de novas técnicas agrícolas e piscatórias", referiu.

Madeira explicou que, para este projeto, a naTerra tem estado a trabalhar com o Governo de Timor-Leste, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Conservação Internacional.

O projeto foi financiado com apoio do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (conhecido pela sigla IBSA), criado em junho de 2003 como espaço de cooperação sul-sul, para promover iniciativas de desenvolvimento em vários pontos do mundo.

A iniciativa tem entre os seus parceiros a Embaixada de Portugal em Díli, a organização timorense PERMATIL e a cooperação alemã GIZ, bem como a participação de voluntários dos programas MOVE (de Portugal), Avi e European Voluntary Service.

Membro da Rede Global de EcoVilas (GEN), o naTerra nasceu há 10 anos "com a intenção de apoiar o desenvolvimento sustentável em Timor-Leste apoiando-se nos antigos conhecimentos das comunidades locais".

Inicialmente sediada em Baucau, a naTerra construiu um centro de práticas de permacultura e de agricultura sustentável para pesquisa, propagação de plantas e sementes, e um viveiro comunitário de árvores frutíferas.

Atualmente tem um banco de sementes, em Baucau e em Díli, com mais de 130 variedades locais de plantas e árvores catalogadas, tendo participado em várias ações de formação a quadros locais com vários parceiros.

Desde 2011, a naTerra recebe voluntários de todo o mundo que atuam áreas como educação ambiental, permacultura, veterinária, captação e armazenamento de água da chuva, promovendo a economia local, bancos de sementes e desenvolvimento comunitário.

A nova fase do projeto será procurar financiamento e parcerias para os próximos dois anos de atividade sendo que o objetivo é que o centro seja autossustentável a partir de 2012 com iniciativas como Cursos Certificados, Turismo Ético e Venda de Produtos.

O objetivo é igualmente ligar o centro a outros centros de formação agrícola, incluindo a Universidade Nacional Timor Lorosa'e (UNTL), oferecendo estágios práticos, uma das questões em que se continuam a sentir carências no país.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Angola vai privatizar fazendas agrícolas estatais


Concurso para concessão vai abrir ainda este mês de abril.

Lusa
09 Abril 2019 — 16:08

Angola: "Poder local vai ser revolução na vida das pessoas"
O ministro da Agricultura e Florestas de Angola anunciou hoje o início, ainda este mês, do concurso para a privatização de fazendas agrícolas criadas com fundos do Estado angolano.

Marcos Nhunga disse que está a ser finalizado pelo Ministério das Finanças o processo de avaliação do custo desses empreendimentos para se avançar para o processo de concessão.

Em outubro de 2018, a agência Lusa noticiou que o Presidente angolano, João Lourenço, autorizou a abertura de concurso público para a privatização de 24 empreendimentos agroindustriais em Angola, medida destinada a promover o setor e diminuir o peso do Estado na economia.

"Acredito que, dentro de mais 15 a 20 dias, esse processo termina e vai lançar-se exatamente um concurso para o efeito", disse o ministro da Agricultura e Florestas de Angola, em declarações à rádio pública angolana.

O governante angolano sublinhou que, a par desse processo, está a ser estruturado o crédito ao setor empresarial, salientando que já foram aprovadas pelo executivo as linhas de orientação do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) para o financiamento à agricultura familiar e pequenos agricultores.

"Há também uma boa nova: há o facto de os bancos reservarem agora 2% dos seus ativos para apoio ao investimento da economia nacional e, nesse quadro, estão envolvidos 13 produtos do setor da agricultura", frisou.

O titular da pasta da Agricultura e Florestas de Angola referiu a existência de indicadores que dão conta do crescimento da produção e da produtividade, tanto a nível do setor familiar como no do setor empresarial.

"Todos nós temos estado envolvidos nesse esforço para o desenvolvimento da nossa agricultura", disse.

Dos 24 empreendimentos agrícolas, seis constituem concursos públicos internacionais e, de acordo com o despacho presidencial nº 132/18 de 01, neles figuram o projeto agroindustrial da Fazenda do Longa (província de Cuando Cubango), da Fazenda Agroindustrial do Cuimba (Zaire), da Fazenda Agroindustrial de Camacupa (Bié), para os projetos de desenvolvimento agrícola de Sanza Pombo (Uíje) e Camaiangala (Moxico) e do projeto de desenvolvimento agropecuário do Manquete (Cunene).

Um outro diploma, de 03 de outubro, especifica os restantes 18 empreendimentos a privatizar.

A nível nacional, a medida abrange sete complexos de silos, quatro matadouros, três entrepostos frigoríficos, uma fábrica de latas e três unidades de processamento (uma de tomate, outra de banana e outra de tomate e banana), de acordo com o despacho assinado igualmente pelo chefe de Estado.

Em ambos os diplomas, o executivo encarregou o ministro das Finanças da constituição de uma comissão de avaliação exclusiva para este processo que deve verificar a "validade e legalidade de todos os atos praticados".

A celebração dos contratos de privatização total ficará a cargo dos ministros das Finanças e da Agricultura e Florestas.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

UE aprova abertura de negociações para acordo comercial "limitado" com EUAa


Bruxelas, 15 abr 2019 (Lusa) -- Os Estados-membros da União Europeia deram hoje 'luz verde' à abertura de negociações comerciais com os Estados Unidos, com vista a um futuro acordo que será limitado a bens industriais, de alcance muito menor do que o famigerado TTIP.

O Conselho da União Europeia, reunido no Luxemburgo ao nível de ministros da Agricultura, aprovou hoje o lançamento de negociações com Washington proposto em janeiro passado pela Comissão Europeia, tendo a França votado contra, sabendo de antemão que tal não inviabilizaria o aval às conversações, pois as decisões sobre matérias comerciais na UE são tomadas por maioria qualificada, não necessitando de unanimidade.

O âmbito do acordo comercial que UE e Estados Unidos vão tentar "fechar" ainda antes do final do mandato da atual Comissão Europeia (31 de outubro próximo) é muito mais restrito do que o do polémico acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, conhecido pela sua sigla inglesa TTIP, que o Conselho da UE hoje mesmo reiterou que está "obsoleto".

O TTIP, acordado em 2013, "caiu" na sequência da eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, e este "novo acordo comercial limitado" visa por fim às tensões com a Casa Branca, que ameaça taxar a indústria automóvel europeia, setor vital para a economia alemã.

O novo acordo que as partes deverão começar a negociar assim que os Estados Unidos adotarem o seu mandato negocial, abrangerá então somente bens industriais, deixando de fora os setores da agricultura, serviços e mercados públicos.

"A agricultura não vai fazer parte destas negociações. Essa é uma linha vermelha para a União Europeia", confirmou hoje em conferência de imprensa a comissária europeia do Comércio, Cecília Malmström.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Seca: Candidatos às europeias propõem medidas para combater "tragédia" em Portugal


Candidatos do CDS-PP, BE, PS, PSD e CDU às eleições europeias propuseram hoje, em Bruxelas, medidas como uma melhor gestão da água e o aumento dos apoios financeiros aos agricultores para combater a "tragédia" da seca em Portugal.


Lusa
03 Abril 2019 — 19:49

Falando num debate promovido pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) entre cinco partidos portugueses que concorrem às eleições europeias de final de maio, o cabeça de lista do CDS-PP, Nuno Melo, sublinhou que "a gestão da água, o regadio, e tudo o que tem a ver com a redução dos recursos aquíferos do país tem de ser contemplado nas políticas da Comissão" Europeia.

"A União Europeia tem de ter em conta que Portugal está à cabeça dos países do sul que mais sofrerão com o impacto das alterações climáticas", vincou Nuno Melo.

O eurodeputado centrista lamentou que "Portugal seja dos países que mais sofre com o aquecimento global e, no entanto, vai perder 7% nos fundos de coesão, enquanto outros não perdem um cêntimo e têm rendimentos 'per capita' muito superiores", numa alusão à proposta de Bruxelas sobre estas políticas.

Notando que "o aquecimento global se vê em questões como os fogos florestais e a seca", Nuno Melo classificou esta última situação como "uma tragédia".

Para a cabeça de lista do BE nas eleições europeias, Marisa Matias, deve haver "um fortalecimento da condicionalidade ambiental e isso tem a ver com o estabelecimento de indicadores de impacto nas atividades agrícolas" para permitir mais "financiamento e não só".

Para a bloquista, é também "fundamental garantir as reservas de água", ao mesmo tempo que se criam programas "orientados para a transição ecológica e para a floresta mediterrânica".

Pelo PS, André Bradford, que compõe as listas socialistas ao Parlamento Europeu, assinalou que "todos os agricultores do país já notaram as dificuldades acrescidas devido às alterações climáticas".

Por isso, continuou, "o que me parece essencial é que a nova PAC tenha em conta as especificidades dos Estados-membros", nomeadamente ao nível das ajudas e regras criadas.

De acordo com José Manuel Fernandes, das listas do PSD às europeias, "os agricultores são amigos do ambiente".

O social-democrata defendeu, assim, a existência de "fundos e de instrumentos financeiros" para os apoiar "além da política de coesão", exemplificando que o Banco Europeu de Investimento (BEI) deveria "ter verbas para ajudar os agricultores".

"As alterações climáticas efetivamente estão aí e à escala global", concluiu José Manuel Fernandes.

Para o eurodeputado comunista João Pimenta Lopes, das listas da CDU, deve haver uma "mobilização dos apoios para fazer face à seca e ao regadio".

Como exemplo, propôs a criação de "seguros públicos contra pragas e catástrofes", medida que já foi abordada no Parlamento Europeu, mas que não chegou a avançar.

As situações de seca em Portugal tornaram-se cada vez mais frequentes desde 2000 e o cenário deverá piorar em consequência das alterações climáticas e do aumento de frequência dos fenómenos extremos, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Em entrevista à agência Lusa no início do mês, a meteorologista Vanda Pires, do IPMA, salientou que as situações de seca são frequentes em Portugal continental com consequências graves na agricultura e pecuária, na energia e no bem-estar das populações.

A esquerda e o regresso ao Douro salazarento


6 de Abril de 2019, 6:44

 
O que esta sexta-feira aconteceu no Parlamento do Portugal democrático fica para a posteridade: os deputados dos três partidos de esquerda aprovaram o regresso da Casa do Douro ao seu funesto passado salazarista. Hoje, como no tempo do ditador, o que mobiliza a inteligência e a preocupação dos deputados é a mesma mesquinhez paternalista, o mesmo grau de convencimento de que os lavradores do Douro só sobrevivem sob a asa protectora do Estado, a crença de que na mais rica região agrária do país se trava uma luta de classes entre os agricultores explorados e os exportadores oligopolistas. No futuro, a Casa do Douro será uma instituição pública (o que contraria os modelos de gestão das restantes regiões vitivinícolas do país e da Europa) e, mais grave, quem quiser produzir vinho do Douro ou do Porto terá de se inscrever obrigatoriamente na instituição. O Portugal da esquerda recuperou o Portugal de 1932, ressuscitando no Douro um modelo inspirado no corporativismo de Salazar.

A "paixão e o esforço" das danças de Rabo de Peixe que este ano também abanam o Tremor
Convém saber como chegámos até aqui para se ter um perfeito juízo sobre o monstro legal ontem parido pelo Parlamento. A Casa do Douro manteve os seus privilégios corporativos até muito depois do 25 de Abril. Foi sob a égide desses privilégios que se arruinou em negócios insensatos que abriram portas a gestores arrivistas e irresponsáveis. Mudar este estado de coisas que tinham deixado ao Estado uma dívida de 160 milhões de euros exigiu uma solução que, face à gravidade dos problemas, jamais poderia ser perfeita. Fez-se um concurso público para determinar a organização que ficaria encarregue de representar os interesses dos lavradores e para herdar o património remanescente da outrora majestática Casa do Douro. Fez-se o possível, sem que esse figurino institucional impedisse o sucesso dos vinhos do Douro e a notável resiliência dos vinhos do Porto.


Eis senão que a ideologia dos pobres e oprimidos regressa ao vale. Que o Bloco e o PCP, desde sempre defensores da mão de ferro do Estado nos assuntos durienses, advoguem o regresso da Casa do Douro salazarenta ainda se percebe. Mas o que quer o PS, ao questionar o princípio da liberdade de associação? Como vai lidar o Governo com todos os viticultores que, no exercício dos seus direitos, quiserem produzir vinho e recusarem inscrever-se e pagar quotas à nova/velha Casa do Douro? Como vai explicar à Comissão Europeia essa aberração jurídica? No Douro submetido a regras de gestão que resistem há 70 anos era preciso fazer mudanças e acompanhar o sinal dos tempos – até para reequilibrar a lamentável distribuição da riqueza gerada no Douro. Os deputados da esquerda preferiram acentuar esse apego ao passado. 

Casa do Douro vai voltar a ser associação pública


Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República aprovou, por maioria, um projeto lei conjunto do PS, BE, PCP e "Verdes"

2019-04-03 19:00 / CM

A Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República aprovou, por maioria, um projeto-lei conjunto do PS, BE, PCP e "Verdes" para restaurar a Casa do Douro como associação pública.

Este projeto-lei, a que a agência Lusa teve hoje acesso, foi aprovado na terça-feira à noite com os votos favoráveis do PS, BE, PCP e Partido Ecologista "Os Verdes", e contra do PSD e CDS-PP.

O documento, que ainda será apreciado e votado em plenário, nesta sexta-feira, e que, à partida, tem garantido o apoio da maioria parlamentar, "anula a inscrição do edifício da sede da Casa do Douro, localizado no município do Peso da Régua, distrito de Vila Real, a favor de qualquer outra entidade".

A Casa do Douro, criada em 1932, viveu durante anos asfixiada com uma dívida ao Estado que atingiu os 160 milhões de euros. Para resolver o problema, o anterior Governo preparou um plano que incluiu uma alteração legislativa, transformando o estatuto de direito público e inscrição obrigatória em associação de direito privado e de inscrição voluntária.

A natureza pública da instituição viria a ser extinta em dezembro de 2014, durante o Governo PSD/CDS-PP, sendo posteriormente aberto um concurso para a gestão privada da instituição, que foi ganho pela Federação Renovação do Douro.

O diploma prevê que a atual entidade gestora continue em funções até à realização de eleições para constituição dos novos órgãos sociais.

Há cerca de duas semanas, o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira, disse que o Governo iria "acatar" o que a Assembleia da República decidisse sobre a Casa do Douro.

terça-feira, 9 de abril de 2019

"Ministro Capoulas Santos seria um belíssimo comissário para a Agricultura"


Sem concordar com todas as medidas tomadas por Capoulas dos Santos, o presidente da CAP diz, no entanto, que seria um excelente nome para comissário europeu da agricultura.

Alexandra  Machado Rosário Lira Alexandra Machado amachado@negocios.pt | Rosário Lira 

Não é concordante com toda a política do Governo para a Agricultura, mas Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) vê mérito em Capoulas dos Santos, ministro com a pasta.

Não se atreve a indicar se Capoulas dos Santos deve ficar com a mesma tutela num eventual governo socialista que resulte das eleições de outubro, mas já não é tão comedido a pedir que Portugal lute por ter um comissário europeu para a Agricultura. E nesse âmbito não tem dúvidas: "O ministro Capoulas Santos seria um belíssimo comissário para a Agricultura", assume em entrevista ao Negócios e Antena 1 o presidente da CAP.


"Eu devo aqui fazer justiça. O senhor ministro Capoulas Santos foi um extraordinário relator para a política agrícola comum que vai acabar agora. Houve uma altura até que se pensava que ele regressaria a Bruxelas e que seria um bom comissário para a Agricultura e eu sou o primeiro a defendê-lo". 

Nomes à parte, Eduardo Oliveira e Sousa acredita mesmo que "estava na altura de haver um português a assumir essa pasta" e, reafirma, "seríamos muito bem representados se Capoulas Santos pudesse ser o próximo comissário".

Os elogios não se estendem à governação que faz no Ministério da Agricultura. "Uma coisa é termos facilidade de acesso, franqueza nas relações, mas temos pontos de vista bastante diferentes", diz o presidente da CAP, dando como exemplo a questão da água. "Gostaríamos que puxasse um pouco pela sua condição de ministro para levar o governo a estudar estas matérias". E também não gostou da forma "como foi montado o denominado pacote florestal". Outra área que contesta é a transferência de algumas competências.

Observatório nacional da produção biológica pronto "até ao final deste semestre" - Governo


O observatório nacional da produção biológica estará pronto até julho com toda a informação sobre este setor, que recebe 19 milhões de euros de apoio, indicou hoje o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural.

"É uma infraestrutura onde pretendemos ter toda a informação concentrada daquilo que são os trabalhos de investigação, trabalhos das escolas, os eventos, para qualquer pessoa que estiver interessada na agricultura biológica ir ali e encontrar e estará pronta até ao final deste semestre", anunciou Miguel João de Freitas.

O governante explicou que "foi agora lançado o concurso público para a construção desta infraestrutura, que terá toda a informação, desde a produção ao consumo, ou seja, pretende-se que haja um painel de consumidores que vão aferindo aquilo que é a qualidade, o consumo e o preço desses produtos junto do consumidor, dos distribuidores e produtores".

Miguel Freitas falava na cerimónia de assinatura da constituição de São Pedro do Sul como Bio Região e, consequentemente, de adesão à Rede Internacional de Bio Regiões que usa a sigla INNER, pela designação em inglês: 'International Network of Eco Regions'.

"A agricultura biológica é o modo sustentável de produção, mas é evidente que tem custos, o que é preciso é passar a mensagem ao consumidor que, quando paga, está a pagar, porque aquele produto teve mais trabalho, não usou produtos químicos, logo a produtividade não pode ser a mesma que uma agricultura industrial", explicou à agência Lusa.

No entender do secretário de Estado, "aquilo que é preciso dizer é que é preciso pagar o preço justo" e, neste sentido, "também é preciso trabalhar para ir melhorando sucessivamente a sua produtividade, para que o preço desses produtos possa ser cada vez mais acessível aos consumidores".

"Temos apoios aos agricultores biológicos, o agricultor biológico recebe apoios no âmbito das medidas agro ambientais dirigidos exclusivamente para os agricultores biológicos e são cerca de 19 milhões de euros todos os anos, portanto não é algo despiciendo", referiu Miguel Freitas.

Com este reconhecimento de Bio Região e adesão à rede INNER, o presidente da Câmara Municipal de São Pedro do Sul acredita que "estão criadas condições para divulgar os produtos de uma outra forma" e, neste sentido, o município vai "intensificar a divulgação" dos produtos biológicos regionais.

"Já estamos a vender numa loja da Câmara Municipal em São Pedro do Sul, onde os técnicos da câmara estão também a dar apoio aos nossos agricultores e os que têm grandes estufas e que vendem de forma mais intensiva já estão a fazer vendas internacionais", adiantou Vítor Figueiredo.

A título de exemplo, o autarca adiantou à agência Lusa que "saem do concelho todos os dias camiões TIR (Transporte Internacional Rodoviário) para a Holanda" e, para o futuro, Vítor Figueiredo quer "mais internacionalização" num município que produz de forma biológica produtos como vegetais, fruta e vinhos.

São Pedro do Sul é a terceira Bio Região a ser criada em Portugal, depois de Idanha-a-Nova se ter estreado em fevereiro do ano passado e, em novembro, ter avançado o Alto Tâmega.

Segundo o secretário de Estado, num "futuro próximo" nascerão outras regiões como "a margem esquerda do [rio] Guadiana, Torres Vedras, Faial (Açores) e a região do Tâmega e Sousa".

Maior desafio da agricultura vai ser "produzir mais com menos"


A agricultura, além de sofrer com as alterações climáticas, também contribui para este fenómeno, sendo que o maior desafio que o setor vai enfrentar é "produzir mais com menos", disse à Lusa a professora Cláudia Cordovil.

 Maior desafio da agricultura vai ser "produzir mais com menos"

  
"A agricultura, como os outros setores, também contribui para as próprias alterações climáticas. A mobilização do solo, o uso de combustíveis fósseis e a decomposição da matéria orgânica do solo contribuem para a emissão de CO2 [dióxido de carbono] que promove o efeito de estufa", indicou, em resposta à Lusa, a docente do Instituto Superior de Agronomia (ISA) Cláudia Cordovil.

De acordo com a especialista, este composto químico, por sua vez, promove o aumento da temperatura média, sobretudo nas regiões mais áridas.

A alteração do uso do solo, a desflorestação, os fogos e más práticas de gestão do solo "têm contribuído para a degradação da sua qualidade, nomeadamente com o aumento da erosão que, por sua vez, aumenta a emissão do CO2 e os impactos associados".

Cláudia Cordovil notou ainda que, "em virtude da alteração e incerteza dos padrões climáticos com o aumento da temperatura média e a diminuição da precipitação total e a ocorrência de episódios erráticos de precipitação, todo o paradigma da produção agrícola terá que ser alterado para permitir continuar a produzir".

O grande desafio vai passar assim a ser "produzir mais, com menos recursos e em condições mais desfavoráveis, diminuindo simultaneamente os gases com efeito de estufa".

A produção agrícola tem assim que se adaptar para "ultrapassar as pressões e reduzir a pegada de carbono medida através da emissão direta de gases para a atmosfera que dão origem às alterações climáticas.

Segundo a professora do ISA, para atingir o objetivo apontado existem duas estratégias diferentes com o mesmo propósito: a adaptação e a mitigação.

Enquanto a mitigação constitui ações "que visam reduzir as perdas e, portanto, os fatores que originam as alterações climáticas", a adaptação é "o ajustamento para criar condições mais favoráveis e económicas, através da alteração ou modificação dos processos para permitir adaptar às novas condições".

Para a especialista, a adaptação "é um caminho a seguir", tendo em conta que o progresso na redução das emissões globais "é mais reduzido do que desejável, as emissões de CO2 aumentam rapidamente, mas de uma forma não linear, a temperatura continua a aumentar e a precipitação é cada vez mais errática".

A adaptação da agricultura às alterações climáticas prevê ainda "fazer face à vulnerabilidade das culturas, à variação dos parâmetros climáticos, reduzir a sensibilidade dos sistemas agrícola e aumentar a resiliência dos mesmos".

Cláudia Cordovil indicou também que as melhores ferramentas para se atingir um nível satisfatório de adaptação passam pela mudança da gestão das culturas, uma nova calendarização de operações, novos métodos de rega, aumento da eficiência dos nutrientes aplicados via fertilizantes, uma estratégia de sequestro de carbono, o uso de resíduos orgânicos para fertilizar as culturas e melhorar as características do solo.

Por outro lado, é igualmente importante "a criação de novas variedades mais resilientes, de variedades com capacidade de associações simbióticas que permitam a absorção de nutrientes e resistir a situações de toxicidade".

Seca: Produção de algumas espécies de plantas pode estar em causa


A seca em Portugal, que afeta sobretudo as culturas de sequeiro, pode levar ao fim da produção de algumas espécies de plantas e as importações e a alimentação animal vão também ressentir-se, apontaram à Lusa alguns especialistas. 

07 de abril de 2019 às 18:15

"A seca afeta fundamentalmente as culturas em regime de sequeiro. No entanto, as culturas de regadio não saem incólumes deste acidente climático", disse, em resposta à Lusa, o professor do Instituto Superior de Agronomia (ISA) João Paulo de Melo e Abreu. 

De acordo com o especialista em agrometeorologia, a precipitação média dos primeiros três meses do ano ronda os 200 milímetros (mm), porém, este ano, ficou em metade.

"Como cada mm de água usada na evapotranspiração gera, aproximadamente, 13 quilos de grão por hectare, as perdas de produção que se verificam são cerca de 1.300 quilos de grão por hectare [kg/ha]. Ora, um solo espesso de barro que produzisse 4.000 kg/ha num ano normal ficará com uma produção que ronda os 2.700 kg/ha", exemplificou.

João Paulo de Melo e Abreu referiu ainda que o aumento da temperatura "acelera a taxa de aparecimento das fases das plantas" e pode fazer com que algumas espécies que necessitam de frio para florirem deixem de fazê-lo, pelo menos, em alguns anos. 

"Quando uma planta tem um ciclo vegetativo mais curto, interceta menos radiação e produz menos. Por outro lado, plantas que não satisfazem as suas necessidades de frio têm florações anormais e produzem poucos frutos [...]. O aumento da temperatura reduz a assimilação das plantas, a qualidade e pode conduzir à ocorrência do escaldão dos frutos", afirmou.

Na sequência destas alterações há o "risco" de Portugal deixar de conseguir algumas espécies, no entanto, "também existe a oportunidade de implantar outras culturas".

"No futuro mais próximo, parece-me que os maiores problemas terão a ver com a qualidade de algumas produções [...]. Parece-me que temos ferramentas básicas para fazer a necessária adaptação. O conhecimento que nos falta, em Portugal, deveria ser adquirido com maior celeridade. Por exemplo, dever-se-ia obrigar as empresas que vendessem material vegetal a apresentarem parâmetros essenciais para possibilitar uma gestão mais técnica na agricultura", apontou. 

Por sua vez, o também docente do ISA Francisco Gomes da Silva notou que, numa perspetiva de longo prazo, o desafio provocado pelas alterações climáticas é maior.

"As consequências dos cenários de alterações climáticas estudados (nomeadamente para a Península Ibérica e especificamente para Portugal) apontam para a 'deslocalização' de algumas espécies vegetais (migrando de sul para norte), para a adaptação das tecnologias utilizadas para as cultivar, com especial ênfase para a imprescindibilidade de conseguirmos dotar o território nacional da capacidade de armazenamento de água proveniente da precipitação que continuará a ocorrer, embora de forma muito concentrada", assegurou.

Segundo o professor, as alterações climáticas acarretam inevitavelmente impactos no rendimento dos agricultores de sequeiro, enquanto na agricultura de regadio, "desde que exista água armazenada nas albufeiras e/ou nas massas de água subterrânea", as consequências são minimizadas. 

Porém, em períodos de seca mais ou menos prolongada a produção de alimentação forrageira para os animais "ressente-se muito", passando os agricultores a ter como opções, quando a seca se prolonga, a compra de silagens, fenos e palhas, a diminuição do efetivo ou tentar complementar a alimentação dos animais com recurso a mais alimentos concentrados.

A isto acrescem impactos "de ausência de água para o abeberamento dos animais", bem como na qualidade da carne.

"Não na qualidade vista como distinção entre 'carne boa' e 'carne má' (que faça mal à saúde), pois a legislação europeia é muito exigente em relação à qualidade dos alimentos concentrados para animais, mas as características da carne podem alterar-se ligeiramente, embora seja muito duvidoso que o consumidor sinta essas variações", vincou. 

Por outro lado, este fenómeno pode também ter reflexo nas importações, sobretudo nos produtos para os quais Portugal é, à partida, um país importador.

Já para "os grupos de produtos em que somos exportadores líquidos, o efeito será mais no volume e valor das exportações", sendo esta uma das razões para que Portugal aposte "de forma clara em adequar o seu território em termos de armazenamento de água para rega", disse. 

Os impactos no preço dos produtos para o consumidor final "tenderão a ser sempre muito marginais", com principal destaque para os frescos, caso exista um reflexo nos volumes produzidos.

Para Francisco Gomes da Silva, os impactos das alterações climáticas na agricultura e no rendimento dos agricultores exigem uma política "muito séria" concentrada em questões como o aumento da capacidade de armazenamento de água, o aumento da ligação em rede entre diversas albufeiras, bem como a capacidade de criar infraestruturas de distribuição eficiente de água.

"O regadio é um fator de coesão territorial. Portugal tem (e terá) água suficiente, mas tem que apostar em políticas centradas no seu armazenamento e distribuição. Enterrar a cabeça na areia e pensar que resolvemos este problema 'não utilizando água' é pura perda de tempo", concluiu.