quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Matérias-primas - Novas subidas em 2011

Onde investir em 2011
21 Dezembro 2010 | 09:00
Carla Pedro - cpedro@negocios.pt

O milho vai ocupar o trono dos produtos agrícolas no próximo ano.
Vindos de outros sectores, juntam-se-lhe o cobre, o petróleo e o ouro.
Os líderes das valorizações de 2011 já estão seleccionados.
O ano corrente foi positivo para a generalidade das matérias-primas,
mas o movimento de subida não deverá ficar por aqui. Muitas são as
casas de investimento que prevêem uma continuação da tendência em
2011. Nalguns casos, como o do cobre, esperam-se novos máximos
históricos. Para o petróleo, o patamar dos 100 dólares é quase certo.
E o ouro deve subir pelo 11º ano consecutivo.

Em 43 matérias-primas, apenas seis desceram no acumulado do ano até 6
de Dezembro, dizem as contas dos analistas do Barclays Capital
(BarCap). Entre as maiores valorizações está o algodão (87,7%), gás
natural do Reino Unido (86,4%), paládio (83,7%), prata (76,5%), trigo
(54%), café (53,5%) e estanho (50,3%).
Não há dúvidas, sublinham os estrategas da entidade britânica, que a
agricultura foi o sector das matérias-primas mais forte este ano. E em
2011, prognosticam, os fundamentais da procura continuarão a melhorar,
neste e noutros sectores das "commodities", com várias matérias-primas
preparadas para fixarem novos máximos. Os receios em torno da dívida
soberana teriam de agravar-se muito mais ou o crescimento da China
teria de abrandar muito mais depressa do que o previsto para a
tendência de subida dos preços não se confirmar, argumenta o BarCap.
Comecemos pelos metais. Para os analistas do Bank of America Merrill
Lynch, a aposta vai para o ouro, prata, platina e cobre. O ouro, além
de beneficiar do seu estatuto de valor-refúgio, será também sustentado
pela diversificação das reservas por parte dos bancos centrais, diz o
banco de investimento norte-americano.
Também o Goldman Sachs considera que a escalada do ouro continuará em
2011, mas avisa: "prepare-se para que em 2012 atinjam o pico". Os
analistas do Barclays Capital (BarCap) - que colocam o petróleo, cobre
e milho entre os melhores desempenhos gerais de 2011 - estão
igualmente positivos no metal amarelo, no curto prazo, uma vez que o
risco da dívida soberana, as incertezas macroeconómicas, os receios em
torno da estabilidade cambial e de inflação no médio prazo, bem como
as tensões geopolíticas, continuam a alimentar o apetite dos
investidores. Ainda nos metais preciosos, o banco suíço UBS privilegia
os metais do grupo da platina, em especial o paládio.
Nos metais industriais, a preferência do Goldman Sachs vai para o
cobre, que poderá chegar aos 11 mil dólares por tonelada. Zinco,
alumínio e níquel completam o leque dos mais "apetitosos" para este
banco. De acordo com o BarCap, o cobre e estanho deverão atingir novos
máximos históricos, sendo assim os seus dois "picks" no grupo dos
metais industriais. Logo a seguir, escolhem o níquel e alumínio.
E quanto às matérias-primas agrícolas? A opinião é unânime: será o
milho que vai reinar em 2011, sendo essa a exposição preferida da
maioria. A penalização das colheitas no Hemifério Sul devido ao
fenómeno climatérico La Niña é um dos potenciais factores de subida
dos preços.
Os analistas do ramo de investimento do Barclays estão também
positivos - tal como o Goldman - para o algodão, porque a oferta é
apertada, os inventários diminuíram e as quotas de exportação limitam
a oferta da Índia. Mas este é o único produto dos mercados agrícolas
para o qual o BarCap não prevê uma procura recorde.
Já para o petróleo, os estrategas do Goldman estimam que o crescimento
da procura mundial se manterá forte, acima dos dois milhões de barris
por dia. O Barclays Capital faz a mesma previsão quantitativa e
destaca que será a segunda vez em 30 anos que isto acontece. Os países
não-OCDE vão ser o maior motor de crescimento da procura de crude em
2011.


Em alta
Ouro brilhará pelo 11º ano seguido
Ouro, cobre, petróleo e milho. Um quarteto de peso em 2011 pelo lado
das valorizações, segundo a opinião generalizada das maiores casas de
investimento.
Para o ouro, o Goldman Sachs estima umpreço-alvo de 1.690 dólares por
onça para daqui a 12 meses, por força também da manutenção das taxas
de juro norte-americanas em níveis baixos. "Mas quando olhamos para
2012, reiteramos que o metal amarelo, aos preços actuais, continua a
ser muito atractivo, mas não é um investimento para o longo prazo.
Prevemos um preço médio de 1.700 dólares por onça em 2012, mas é
prudente os investidores prepararem-se para ser o ano do pico",
sublinham.
Já no que diz respeito ao petróleo, daqui a 12 meses o WTI [crude de
referência dos EUA] deverá estar nos 105 dólares por barril e o Brent,
negociado em Londres, nos 103,5 dólares, segundo o "outlook" do
Goldman Sachs.
Nos cereais, é o milho que vai dominar, diz a maioria das casas de
investimento. Tudo à conta dos baixos inventários nos EUA e da elevada
procura para a produção de etanol. O cobre, por seu lado, é o
escolhido nas estimativas das maiores valorizações de 2011 nos metais.
Em baixa
Trigo será o elo mais fraco
O gás natural recolhe consenso na lista de "commodities" que os
principais analistas estimam que desvalorizem em 2011. Segundo o Bank
of America Merrill Lynch, as cotações desta matéria-prima energética
deverão cair, sobretudo devido ao aumento da produção. Opinião que é
partilhada pelo Goldman Sachs. Nas "commodities" agrícolas, o açúcar
causa dúvidas. Os fundamentais são positivos, com baixos stocks e
forte procura, mas o aumento das exportações indianas poderá debilitar
o cenário, diz o BarCap.
Mas o BofA Merrill Lynch concentra-se nas previsões de que a produção
será penalizada por condições atmosféricas desfavoráveis e de que a
procura continuará a crescer, estimando assim um bom ano para o
açúcar. Segundo este banco e o Goldman, o trigo será o elo mais fraco
em 2011, devido à maior produção, aos inventários elevados e aos
excedentes de exportação por parte da Europa e América do Sul.
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