domingo, 23 de junho de 2013

Ministro britânico do ambiente apela em prol dos OGM

RICARDO GARCIA

20/06/2013 - 18:17

Em discurso criticado por ambientalistas, governante diz que a Europa
está a perder tempo em relação aos transgénicos.


O ministro britânico do Ambiente, Owen Paterson, fez esta quinta-feira
um firme apelo em favor dos alimentos geneticamente modificados, cujo
cultivo na Europa tem desde sempre enfrentado forte resistência.

Num longo discurso exclusivamente dedicado ao tema, num dos principais
institutos britânicos de investigação agrária, o Rothamsted Research,
Paterson repetiu argumentos conhecidos em favor dos organismos
geneticamente modificados (OGM) e disse que a Europa está a perder
tempo.

O ministro mencionou estatísticas da OCDE e da ONU, de que será
preciso aumentar a produção de alimentos em 60% nos próximos 40 anos.
"Precisamos de novas tecnologias, entre elas os OGM", afirmou.

Bem utilizados, os transgénicos "prometem formas efectivas de
protecção e aumento das colheitas", afirmou. "Têm também o potencial
de reduzir o uso de fertilizantes e químicos, aumentando a eficiência
na produção agrícola e reduzindo os danos após as colheitas".

As culturas transgénicas continuam a expandir-se no mundo, com 170
milhões de hectares cultivados em 2012, em 28 países, segundo o
Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações de
Agro-biotecnologia. Mas quase 90% das plantações estão concentradas em
cinco países: Estados Unidos (41%), Brasil (21%), Argentina (14%),
Canadá (7%) e Índia (6%).

A União Europeia responde por menos de 1% das culturas, com apenas uma
variedade de milho transgénico aprovada para cultivo. "Enquanto o
resto do mundo está a avançar e a colher os benefícios das novas
tecnologias, a Europa corre o risco de ficar para trás", disse
Patterson. "A utilização dos OGM pode ser tão transformadora como a
primeira revolução agrícola", completou.

O discurso foi prontamente criticado por algumas organizações. "Na
verdade, os OGM são um estranho no ninho. Afastam e destróem os
sistemas (...) de que precisamos para alimentar o mundo", sustenta
Peter Melchett, da Soil Association, uma organização britânica do
sector da agricultura biológica.

Owen Paterson foi nomeado pelo primeiro-ministro David Cameron em
Setembro de 2012, gerando um grande desconforto entre ambientalistas,
devido a posições públicas sobre temas como as alterações climáticas,
a caça à raposa e a exploração de gás de xisto.

"É difícil tomar lições de ciência de um céptico das alterações
climáticas", diz Doug Parr, cientista-chefe do Greenpeace no Reino
Unido. "Paterson devia indagar-se sobre o que está a funcionar, ao
invés de seguir cegamente a propaganda do agro-negócio".

Parr recorda que na chamada Revolução Verde, que aumentou
drasticamente a produção de alimentos no mundo a partir dos anos 1940,
os cientistas criaram variedades de milho resistente à seca, sem
recurso à manipulação genética, aumentando em 20 a 30% as colheitas.

http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/ministro-britanico-do-ambiente-apela-em-prol-dos-ogm-1597927

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