segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Empresa neozelandesa pede desculpa à China por causa de leite contaminado

PÚBLICO e AGÊNCIAS

05/08/2013 - 09:19

Primeiro-ministro preocupado com impacto na economia do país. Rússia
já proibiu a venda de produtos da Fonterra.

Theo Spierings em conferência de imprensa esta segunda-feira em Pequim
REUTERS


Depois de várias pessoas terem sido afectadas pelo consumo de produtos
lácteos da marca neozelandesa Fonterra, que estavam contaminados com
uma bactéria tóxica e potencialmente fatal, o presidente do grupo
pediu desculpa, nesta segunda-feira, em conferência de imprensa em
Pequim, China. Para o primeiro-ministro neozelandês a empresa, que é o
principal exportador mundial de produtos lácteos, devia ter demorado
menos tempo a reagir. A Rússia já proibiu a venda dos produtos.

O gigante agroalimentar da Nova Zelândia revelou no sábado que um
produto de soro de leite usado para o fabrico de leite de bebé e
bebidas desportivas tinha sido contaminado com uma bactéria que pode
causar botulismo, uma forma de intoxicação alimentar rara mas
potencialmente fatal, o que gerou reacções imediatas da China, um dos
maiores mercados de importação dos seus produtos.

"Apresentamos as nossas mais profundas desculpas às pessoas que foram
afectadas", afirmou o presidente do grupo, Theo Spierings, numa
conferência de imprensa em Pequim, acrescentando que a empresa
informou os seus clientes e as autoridades no prazo de 24 horas após a
confirmação do problema de contaminação.

No mesmo dia, o primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Jey, acusou o
maior exportador mundial de produtos lácteos, Fonterra, de ter
demorado a soar o alarme sobre os produtos contaminados. O governante,
em entrevista à cadeia TVNZ, disse estar preocupado com o impacto da
reputação do seu país como fornecedor de produtos lácteos seguros,
particularmente na Ásia, onde o seu leite para bebés tinha atingido o
'padrão de ouro' em termos de qualidade.

"Uma empresa que é a nossa maior empresa, a nossa maior marca, o
principal exportador, uma bandeira da Nova Zelândia, cujo negócio se
baseia na segurança e qualidade alimentar, pensamos que deveriam ter
tomado todas as precauções", disse Key numa entrevista citada pela
AFP. Por isso, o governante tem dificuldade em perceber a razão por
que a Fonterra não agiu imediatamente, quando os testes do ano passado
mostraram que havia problemas com três lotes de soro de leite. "Este
produto foi produzido em Maio de 2012, parece que mostrou algo nos
controles, mas claramente não o suficiente para que a Fonterra
advertisse para não se utilizar o produto", indicou.

Theo Springs disse que a empresa agiu de imediato e acrescentou que
não existem relatos de doeças ligadas ao consumo do produto
contaminado que contém a bactéria Clostridium bolulinium, que pode
causar botulismo, uma infecção que, se não tratada, pode levar à
paralisia e à morte.

Os produtos em que foram encontrados vestígios da bactéria foram
exportados para a Austrália, China, Malásia, Arábia Saudita, Tailândia
e Vietname. De acordo com a agência chinesa Xinhua, a Fonterra está a
pedir a devolução de 1000 toneladas desses produtos.

A Fonterra atribuiu a contaminação a um tubo de uma fábrica na Ilha do
Norte. Já em Janeiro, foram encontrados em alguns dos seus produtos
resíduos de dicianodiamida (DCD), uma substância química utilizada nas
pastagens com o objectivo de reduzir os gases de efeito estufa.

Entretanto, as autoridades russas anunciaram a proibição da entrada
dos produtos lácteos da empresa neozelandesa no país.

O grupo francês Danone, que também tem como fornecedor a Fonterra,
decidiu, entretanto, retirar do mercado em alguns países asiáticos
lotes de leite em pó para bebés das marcas Dumex e Karicare. A medida
foi tomada "por precaução", sublinha a empresa, e está a ser aplicada
na China, Hong Kong, Malásia, Tailândia e Nova Zelândia, onde as duas
marcas são comercailizadas.

A Fonterra já foi um dos accionistas da marca chinesa Sanlu, que
esteve no centro do escândalo do leite em pó contaminado com melamina,
em 2008, o qual resultou na morte de pelo menos seis bebés e afectou
mais de 300 mil.

As acções da Fonterra caíram 8,7 % na abertura da bolsa de valores da
Nova Zelândia, tendo recuperado ligeiramente para uma queda de 5,9 %,
fixando-se em 6,70 dólares da Nova Zelândia (3,92 euros), a meio da
sessão.

http://www.publico.pt/economia/noticia/empresa-neozelandesa-pede-desculpa-a-china-por-causa-de-leite-contaminado-1602240#/0

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