sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Isabel Jonet diz que os alimentos não são commodities


A presidente do Banco Alimentar contra a Fome não aceita a 'financeirização' dos bens alimentares.

23:03 Quinta feira, 12 de fevereiro de 2015
Isabel Jonet diz que os alimentos não são commodities

 D.R.
"Os alimentos não devem ser encarados como commodities porque, na verdade, não o são", defende Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar contra a Fome.

Aquela responsável, que participou num dos debates promovidos pela Anpromis, no âmbito do X Congresso do Milho, que hoje terminou em Lisboa, lembrou que em Portugal ainda há dois milhões de pobres, entre os quais muitos pequenos agricultores, e que "continuamos a não dar aos alimentos o seu devido valor".

Petróleo define o preço dos bens alimentares

Isabel Jonet respondia, assim, à convicção expressa por Hélder Muteia, representante da FAO em Portugal, também presente no debate, segundo a qual "cada vez mais o preço do petróleo define o preço dos alimentos".

Além disso, "é cada vez mais na bolsa de futuros de Chicago que, uns quantos especuladores financeiros, estabelecem os preços das matérias-primas alimentares para o resto do mundo, independentemente do que esses mesmos bens tenham custado a produzir aos agricultores", lembrou Lima Santos, professor do Instituto Superior de Agronomia. Por outras palavras, os bens alimentares estão, mais que nunca, sujeitos à forte volatilidade dos mercados financeiros.

Morrem 2,5 milhões de crianças à fome por ano...

O alto dirigente da FAO, organismo das Nações Unidas para a Alimentação, recordou os últimos números sobre a repartição de alimentos no mundo: 805 milhões de pessoas que passam fome, 100 milhões de crianças com baixo peso, 1,5 milhões de crianças com sobrepeso e, o mais chocante de todos, 2,5 milhões de crianças que morrem todos os anos devido a má nutrição. "São números que não dignificam nada a humanidade", concluiu Hélder Muteia.

...e continuamos a desperdiçar 1/3 dos alimentos 

Este responsável recordou que só a crise de 2010 atirou com mais 40 milhões de pessoas da condição de pobres para extremamente pobres. E, no entanto, um terço dos alimentos produzidos à escala global são desperdiçados. Ou seja, o mundo continua a não conseguir fazer chegar os alimentos a quem mais deles precisa.

Isabel Jonet fez questão de sublinhar que ao desperdiçarmos um bem alimentar estamos a cometer uma profunda injustiça, pois há muita gente que gostaria de ter algo para comer e não o consegue.



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