segunda-feira, 24 de abril de 2017

Empresários querem banca a financiar a agricultura em Moçambique

Empresários da província de Manica, centro de Moçambique, querem que a banca financie a agricultura para "reanimar" a economia "sufocada" pela inflação.

  
"O Governo deve criar condições para que a agricultura seja financiável", refere João Bettencourt, empresário de Manica, à Lusa.

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"A produção e comércio agrário, incluindo importações e exportações de cereais, são um potencial e deviam ter financiamentos bancários", defende José Chibante, outro empresário do setor.

Chibante realça que Moçambique tem uma agricultura como boa base de desenvolvimento, mas peca pela falta de financiamento bancário.

As queixas refletem uma realidade que consta das estatísticas moçambicanas.

Dados do Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias Empresas (IPEME) de Moçambique indicam que 75% das cinquenta mil micro, pequenas e médias empresas de Moçambique não usa produtos financeiros devido a altas taxas de juros, mas também por não serem qualificáveis por falta de colaterais (garantias) e contabilidade organizada.

A situação esteve esta semana em debate em Chimoio, capital de Manica, num encontro entre empresários e financiadores promovido pelo Millennium Bim, um dos principais bancos de Moçambique.

Nuno Vaz, administrador da instituição bancária, fez uma retrospetiva de 2016 em duas palavras: "tempestade perfeita" - pela combinação da guerra, escândalo das "dívidas ocultas" do Estado e consequente queda da economia, com a inflação a atingir 28% e as taxas de juro a duplicarem para 16%.

"O conflito militar e o retrocesso de investimentos tornaram 2016 num ano difícil, sobretudo para o empresariado da zona centro" ao qual o Bim garantiu, durante a iniciativa, apresentar agora novas soluções para crédito, pagamentos, comércio internacional, entre outras.

"Eu tenho um país que produz, mas manda vir tudo da África do Sul" observou Filipe Marques, representante do Banco Europeu de Investimento (BEI), acerca de Moçambique, referindo que a agricultura é a base de desenvolvimento do país, mas muito pouco explorada.

No entanto, o setor, como o dos transportes, é também "um negócio de muito risco, pelo fato de não conseguir controlar as variáveis", como as atmosféricas, por exemplo.

Moisés Jorge, administrador do banco, reconheceu o potencial agroindustrial e turístico da província de Manica, afiançando que o banco tem trabalhado para penetrar no tecido empresarial e social, com ofertas que dinamizem a economia.

Neste cenário, "o banco precisa de olhar para projetos viáveis" num contexto de "escassez financeira" precisou Moisés Jorge, administrador do Millennium Bim.

A experiência noutros países mostra que "a agricultura é subsidiada pelo Estado", referiu.

Ainda assim, admitiu ser "possível montar um esquema de financiamento" para o setor.

O Millennium Bim opera há 20 anos em Manica e criou em 2016 uma rede empresarial com sete balcões.

No evento desta semana, foram premiadas seis empresas com indicadores de gestão financeira caracterizados por um risco mínimo.

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