terça-feira, 29 de maio de 2018

Viticultores queixam-se de elevados prejuízos em Alijó e Sabrosa



Quinta de La Rosa, em Gouvães do Douro, Pinhão

Instituto dos Vinhos do Douro e Porto mobilizou para a região uma equipa de fiscalização para contabilizar as perdas na produção e o número de cultivadores afetados

Viticultores dos concelhos de Alijó e de Sabrosa, na região do Douro, queixaram-se esta terça-feira de elevados prejuízos na vinha provocados por "quase uma hora" de chuva intensa acompanhada de granizo.

Nestes concelhos do sul do distrito de Vila Real, a chuva forte chegou na segunda-feira acompanhada de granizo, deixando um cenário, em algumas vinhas, de folhas esfarrapadas, galhos quebrados e bagos no chão, muros caídos e deslizamentos de terras.

José Pinto, produtor de Vilarinho de Cotas, concelho de Alijó, estava na vinha quando começou a intempérie.

"Estão as uvas todas no chão e as hortas estão todas desfeitas", afirmou.

O agricultor descreveu o cenário como "desolador" e disse que as pedras de granizo eram pequenas, como "grãos de milho", mas "caíram forte e feio durante quase uma hora" e, por causa disso, o gelo ainda era visível esta terça-feira nos valados.

"Tenho 69 anos e nunca vi nada assim. Perdi mais de metade da produção", salientou.

O granizo que caiu feriu as videiras e os cachos, agora há que tratar das feridas com produtos para tentar que as feridas que ficaram abertas não prejudiquem mais a produção e a qualidade

Pedro Perry passou a manhã na vinha a fazer o tratamento às videiras para "tentar minimizar os prejuízos".

"O granizo que caiu feriu as videiras e os cachos, agora há que tratar das feridas com produtos para tentar que as feridas que ficaram abertas não prejudiquem mais a produção e a qualidade", referiu.

O presidente da União de Freguesia de Vale de Mendiz, Vilarinho de Cotas e Casal de Loivos, Faustino Moreira, fala "em catástrofe"
Este produtor, também de Vilarinho de Cotas, disse que ainda não calculou os prejuízos. "A minha preocupação agora é tratar e tentar minimizar os prejuízos, depois vamos ver", frisou.

O presidente da União de Freguesia de Vale de Mendiz, Vilarinho de Cotas e Casal de Loivos, Faustino Moreira, fala "em catástrofe" e produções "perdidas na totalidade em algumas vinhas".

"Estamos a ver os pontos piores. No geral, o granizo caiu em todo o lado, só que há pontos em que provocou mais prejuízos", explicou.

Em Gouvães, concelho de Sabrosa, António Pereira afirmou à agência Lusa que perdeu "cerca de 60% da produção" nos seus cinco hectares de vinha, onde já está a aplicar o tratamento das videiras.

O vice-presidente da Câmara de Alijó, Vítor Ferreira, disse que os serviços municipais estão espalhados pelo terreno a fazerem o levantamento dos prejuízos, referindo que a área mais atingida corresponde à União de Freguesia de Vale de Mendiz, Vilarinho de Cotas e Casal de Loivos, onde há zonas "que, efetivamente, a produção está completamente perdida.

"Estamos também a fazer o levantamento dos acessos às propriedades porque, nas primeiras 48 horas, é necessário fazer um tratamento à vinha. Há alguns acessos que estão bloqueados e estamos a tentar identificá-los para desbloquear e permitir que os agricultores acedam às propriedades", frisou.

Também o Ministério da Agricultura já esteve no terreno esta manhã a fazer uma primeira avaliação dos prejuízos e, através da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, emitiu um alerta aos produtores para começarem imediatamente a aplicar um tratamento para ajudar a cicatrizar as videiras, nomeadamente adubo foliar com elevada percentagem de cálcio.

A DRAPN salientou que o tratamento é "tanto mais eficaz quanto mais rapidamente for efetuado".

Por causa da intempérie de granizo e trovoadas, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) mobilizou para a região uma equipa de fiscalização para contabilização das perdas na produção e número de viticultores afetados, não havendo, ainda, resultados desta verificação.

A intempérie provocou ainda inundações no Pinhão, no edifício da estação de caminhos-de-ferro, numa unidade hoteleira, dois estabelecimentos comerciais e arrastou lama para a principal avenida desta vila turística
O instituto referiu, em comunicado, que foram "contactados vários viticultores que confirmaram danos localizados, registando-se pontualmente elevados prejuízos em algumas parcelas de vinha, sendo mais abrangente o prejuízo provocado pela grande quantidade de água que causou queda de muros e deslize de terras".

A intempérie provocou ainda inundações no Pinhão, no edifício da estação de caminhos-de-ferro, numa unidade hoteleira, dois estabelecimentos comerciais e arrastou lama para a principal avenida desta vila turística.

As operações de limpeza, na segunda-feira à noite, envolveram cerca de 60 bombeiros das corporações do concelho de Alijó, Sabrosa, Armamar e Ervedosa do Douro (São João da Pesqueira).

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