sábado, 6 de maio de 2017

Balança Comercial do azeite Atinge os 170 Milhões de euros de excedente

Comunicado


Luís Vieira, Secretário de Estado da Agricultura, presidiu hoje à Sessão de Abertura do Congresso Nacional do Azeite, em Valpaços, onde destacou a performance notável do setor do azeite em Portugal nos últimos 10 anos: "Na última década, Portugal quadruplicou a produção de azeite e triplicou o volume de exportações, com um excedente da balança comercial no valor de 170 milhões de euros em 2016", sublinhou Luís Vieira, acrescentando que "passámos de importadores líquidos, com um défice de 50 milhões de euros em 2008, para um excedente da balança comercial, o que é notável".

Portugal é agora o 7.º produtor mundial de azeite, ocupando o 4.º lugar entre os países exportadores. "O valor global da exportação de azeite atingiu os 434 milhões de euros em 2016", anunciou o Secretário de Estado. Luís Vieira destacou que "o setor do azeite, que muitos consideravam não ter futuro, demonstrou - pela resiliência dos nossos olivicultores e empresários - que é possível inverter uma tendência de declínio, colocando-se na última década num patamar de reconhecida notoriedade".

Luís Vieira, considera que "este percurso deve-se à conjugação de um conjunto de fatores que mudaram o panorama do setor: novas áreas de regadio, sobretudo na região de Alqueva, investimento inovador e qualificado em pomares modernos, mais produtivos e com um perfil tecnológico elevado. Neste cenário, estima-se que a produção de azeite possa atingir, até 2020, as 120.000 toneladas, resultante, em larga medida, da entrada em produção de novos olivais", acrescentou o Secretário de Estado.

Luís Vieira lembrou ainda que "os instrumentos de política de apoio ao investimento têm tido um papel relevante neste processo". Entre 2007 e 2014, o PRODER apoiou 4.000 projetos de investimentos, que envolveram um montante global de 700 milhões, a que correspondeu um apoio público de 290 milhões de euros. Nestes valores, Luís Vieira "destaca os projetos promovidos por 1500 jovens agricultores, com um investimento associado de 130 milhões de euros e apoios públicos da ordem dos 95 milhões de euros. Um sinal evidente de transformação estrutural da agricultura portuguesa".

Esta tendência mantem-se no PDR 2020 que, após um período de estagnação, já aprovou 559 projetos de investimento na produção e transformação, que ascendem a 159 milhões de euros, a que corresponde um apoio público de 59 milhões de euros.
Luís Vieira instou o setor a continuar este caminho de sucesso, investindo na inovação e na qualidade diferenciada, tirando partido das condições únicas existentes nas novas áreas de regadio e aproveitando as oportunidades de um mercado mundial em crescimento, expressão do reconhecimento generalizado do contributo do azeite para uma alimentação saudável.

Lisboa, 05 de maio de 2017

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Andamos a temperar a comida com sal que tem microplásticosa


Estudo analisou 17 amostras de sal de mesa vendido em oito países (incluindo Portugal) e confirmou contaminação com microplásticos. Uma das três amostras portuguesas testadas atingiu o máximo observado com dez microplásticos por quilo de sal.

ANDREA CUNHA FREITAS 5 de Maio de 2017, 6:45 Partilhar notícia

 Três das amostras analisadas eram portuguesas e são marcas que são actualmente comercializadas Foto
Três das amostras analisadas eram portuguesas e são marcas que são actualmente comercializadas NELSON GARRIDO
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Sim, é verdade, andamos a temperar a nossa comida com microplásticos. Mas, calma, não é (ainda) caso para alarme. Uma equipa de cientistas procurou minúsculas partículas de plástico em 17 marcas de sal vendidas em oito países, incluindo Portugal. A maioria estava contaminada mas com doses baixas, que dificilmente têm qualquer efeito imediato na saúde dos consumidores. O problema é que estas "microbombas" estarão em muitos outros produtos que vêm do mar (e não só).

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"Os plásticos são o lobo mau do século XXI", avisa Ali Karami, investigador na Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade Putra, na Malásia, e principal autor do artigo publicado na revista Scientific Reports, do mesmo grupo da revista Nature. O processo é simples. Todos os anos despejamos entre cinco e 13 milhões de toneladas de plásticos para os oceanos. A luz solar e a água desfazem este lixo até às mais minúsculas partículas. Quando têm menos de cinco milímetros são chamados "microplásticos". Fazem, por isso, parte da dieta de muitas espécies marinhas, desde o zooplâncton (que serve de alimento a outros animais) até às baleias. A este ingrediente que envenena o mar, o homem conseguiu juntar ainda outros como as microesferas plásticas, que estão em muitos produtos de higiene e cosmética (pasta de dentes, champô, gel de banho ou detergentes) e que, depois do esgoto, também acabam nos oceanos. Mas, tal como na história do feitiço que se volta contra o feiticeiro, há uma parte do plástico que despejamos no mar que estará a voltar para nós, em pedacinhos minúsculos, em tudo o que retiramos de lá. Incluindo, como prova este estudo, o sal.

Um oceano de plástico

E, aparentemente, o plástico que regressa será ainda pior do que o que deitamos ao lixo. "Os plásticos funcionam como esponjas e, por isso, conseguem absorver um elevado volume de contaminantes da água onde estão. Como normalmente ficam na água durante bastante tempo, existe a oportunidade para absorverem uma quantidade significativa de poluentes", explica Ali Karami.

O cientista fala em "microbombas". "Os microplásticos podem libertar poluentes no nosso organismo que, a longo prazo, podem provocar problemas de saúde. Por isso, dizemos que são microbombas", explica o investigador, em resposta ao PÚBLICO, sublinhando que o perigo não será muito elevado tendo em conta o reduzido tamanho destas partículas. Assim, conclui, "apenas o consumo contínuo e a longo prazo de produtos com microplásticos será motivo para preocupação". Infelizmente, presume-se, que seja precisamente isso que esteja a acontecer. "Estamos a consumir microplásticos em vários produtos, incluindo marisco, mel e até cerveja. Assim, o sal não é o único culpado", avisa Ali Karami. 

O que o estudo liderado por investigadores na Malásia, com a colaboração de cientistas em França e no Reino Unido, fez foi, precisamente, confirmar que o sal é um das boleias que o plástico apanha para fazer a viagem de regresso até nós. Como? Procuraram microplásticos em 17 marcas de sal à venda na Austrália, França, Irão, Japão, Malásia, Nova Zelândia e África do Sul. "Os microplásticos só estavam ausentes numa das marcas, enquanto as outras continham entre um a dez microplásticos por quilo de sal", referem no artigo. Três das amostras analisadas eram portuguesas e são marcas que são actualmente comercializadas.

A análise foi particularmente cuidadosa se tivermos em conta que os cientistas só procuraram microplásticos até um milímetro de tamanho (a regra mais comum e geral é considerar as partículas com menos de cinco milímetros). Além de microplásticos, foram encontradas outras coisas no sal. Assim, das 72 partículas extraídas de todas as amostras, 41,6% eram polímeros plásticos, 23,6% eram pigmentos (associados muitas vezes a aditivos colocados nos plásticos), 5,5% eram carbono livre e 29,1% ficaram por identificar.


Num dos gráficos do artigo, encontra-se informação mais detalhada sobre as análises às diferentes amostras. Uma das três marcas portuguesas analisadas destaca-se pelos piores motivos, alcançando o máximo registado de dez partículas de microplásticos (nylon, polipropileno, polietileno, entre outros) por quilo de sal. As outras duas marcas não continham qualquer partícula de polímeros plásticos mas, em compensação, tinham partículas de diversos pigmentos.

Em resposta ao PÚBLICO, Ali Karami refere ainda que a possibilidade de contaminação das amostras pelas embalagens (algumas delas eram de plástico) foi tida em conta e descartada. "Assegurámos que a fonte dos microplásticos na amostra do sal não era a embalagem", confirma. No artigo, os cientistas acrescentam que o facto de alguns dos fragmentos encontrados estarem já bastante degradados indica que já se encontravam há muito tempo no ambiente.

"Estão em todo o lado"
"É preocupante saber que o sal, um ingrediente que se usa com muita frequência na alimentação, pode estar contaminado com microplásticos. Mas se estou surpreendida com isso? Não, não estou nada surpreendida com isso. Tenho a certeza que encontraremos o mesmo tipo de compostos e partículas noutros produtos alimentares que nunca foram analisados", reage Paula Sobral, professora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa que coordenou o projecto Poizon, dedicado à investigação sobre microplásticos nos oceanos. "Este estudo confirma que os microplásticos estão em todo o lado. São coisas que não vemos mas existem", diz, juntando ainda a esta fotografia "todas as fibras sintéticas que se desprendem todos os dias para o meio aquático e não só". "Basta olhar para um raio de sol a entrar por uma janela para ver uma data de partículas suspensa, muitas são microfibras sintéticas", acrescenta.

A investigadora nota, no entanto, que sobre a investigação científica nesta área está ainda numa fase inicial e com muitas incertezas e que falta, por exemplo, fazer uma cuidadosa análise de risco sobre os microplásticos. "Não temos nenhuma bitola. Não sabemos até que ponto é que há um risco ou não", afirma ao PÚBLICO, defendendo que o que podemos dizer, para já, é que "existe um perigo potencial".

Por outro lado, acrescenta, há muito plástico no mar mas também em terra. "O plástico afirmou-se com algo de imprescindível e essencial no nosso quotidiano e, para nós, ainda representa mais uma conveniência do que um perigo", diz, esclarecendo que não existe qualquer legislação específica sobre os microplásticos.

Os autores do estudo defendem que as quantidades de microplásticos encontradas no sal (de Portugal e dos outros países) não são suficientes para ter qualquer tipo de impacto na saúde. Até porque, adiantam, o consumo máximo de partículas antropogénicas (que resultam da actividade do homem) para um indivíduo estará em 37 partículas por ano. Porém, a verdade é que ainda não se sabe muito sobre os microplásticos. Nem sobre as possíveis fontes, as quantidades que "entram" em alguns produtos ou o mal que nos podem fazer à saúde.


"Os estudos em microplásticos estão numa fase muito inicial", concorda Ali Karami, que acrescenta: "Ainda não sabemos quantos outros produtos estão contaminados com microplásticos, mas acreditamos que a maioria dos produtos que vêm do mar provavelmente tem. Por isso, os microplásticos no sal serão apenas uma minúscula parte da orquestra." Antes deste estudo apenas tinha sido publicado (em 2015) um outro trabalho por investigadores na China, mas que apenas dizia respeito às análises de sal da China, comprovando a sua contaminação com microplásticos. Agora, foi analisado sal de várias partes do mundo que confirma um efeito a nível global.

Portanto, o investigador revela que encontraram microplásticos no sal, ao mesmo tempo diz-nos que isso (por si só) não nos fará mal mas logo a seguir acrescenta que o mais provável é que os microplásticos estejam em muitos outros produtos. O que, no final das contas e ao fim de algum tempo, nos poderá fazer mal. Perante isto, o que fazer?

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É preciso saber mais sobre este problema para conseguir uma imagem mais completa, acredita Ali Karami. "Estamos a fazer vários estudos, cujos resultados ainda não foram publicados, e encontrámos microplásticos noutros produtos que vêm do mar. Infelizmente, a maioria dos produtos que testámos também está contaminada", adianta ao PÚBLICO, concluindo que "o nosso planeta está a ser silenciosamente conquistado por estas microbombas". Mais: "Se os microplásticos estão nestes produtos, isso significa que é impossível removê-los porque são tão minúsculos e tão numerosos." Então, mais uma vez, o que fazer? "As autoridades de saúde devem começar a monitorizar regularmente a presença destas microbombas. E, além disso, devem ser estabelecidas novas regras para garantir a segurança dos consumidores, assegurando que os produtos não contêm microplásticos." Isso quer dizer que, nesse futuro com regras, a amostra portuguesa que continha dez partículas de microplásticos por quilo de sal deveria ser retirada do mercado? "Possivelmente, sim", responde o investigador.

A maioria das pessoas não sabe que pode estar a ingerir plástico na comida, admite Ali Karami que também acredita que os próprios produtores de sal, neste caso, desconhecem esta realidade. E, insiste o cientista, é preciso frisar que o sal não será seguramente a única fonte de microplásticos na nossa dieta.

A verdade é que a culpa não é do sal, nem de qualquer outra boleia que o plástico poderá estar a aproveitar para entrar nos nossos organismos e, potencialmente, prejudicar a nossa saúde. A culpa é mesmo toda nossa. Afinal, quem é que levou o plástico para os nossos oceanos?

Candidaturas a apoios agrícolas da UE ainda duram mais um mês



Agricultores têm até 15 de junho para se candidatarem
2017-05-04 13:08 / VC


 A Comissão Europeia decidiu prolongar por um mês, e até 15 de junho, o prazo para os agricultores se candidatarem às ajudas diretas da União Europeia, no âmbito da Política Agrícola Comum.

Pelo terceiro ano consecutivo, os Estados-membros que o desejarem podem prolongar a data limite de apresentação das candidaturas – que terminava no dia 15 – até 15 de junho.

Esta margem de flexibilidade deverá poder permitir a todos os agricultores da UE a apresentação do seu pedido para receberem, tal como têm direito, as ajudas ao rendimento da PAC".

 A informação foi prestada pelo comissário europeu para a Agricultura, Phil Hogan.

Anualmente, os agricultores da UE apresentam os pedidos para receber ajudas diretas da PAC. Os processos tratados pelas autoridades nacionais que procedem, depois de feitos os controlos necessários, ao pagamento das ajudas e que a Comissão Europeia reembolsa.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Só chuva de maio é capaz de salvar a agricultura



GONÇALO VILLAVERDE/GLOBAL IMAGENS


O abril mais quente em 86 anos. Campos agrícolas estão secos e há produções em risco. Chuva é urgente para encher as barragens

As pastagens estão secas e o gado vai começar a ser alimentado à mão já em maio, enquanto a tiragem de cortiça terá de ser antecipada e concluída um mês antes. Já os cereais de sequeiro, tanto de outono/inverno como de primavera/verão, têm quebra anunciada para este ano faltando apurar a extensão do prejuízo, pendente da chuva que possa cair nas próximas duas a três semanas. Eis o resultado do terceiro ano consecutivo de seca generalizada, agravado com o abril mais quente dos últimos 86 anos e a onda de calor. O que faz com que o País esteja com 96% do território em "seca meteorológica".

"O girassol será dos mais afetados. Ainda não choveu nada e isso é fatal para esta produção", alerta Francisco Palma, da Associação de Agricultores de Beja, acrescentando que as pequenas barragens e charcas que não são abrangidas pelos 120 mil hectares de rega do perímetro de Alqueva estão à míngua. "Há 200 mil hectares de sequeiro que estão afetados no Alentejo onde se inclui cevada, trigo, girassol e aveia", contabiliza, alertando que uma boa parte do milhão e seiscentos mil hectares destinados à pastagem também já começam a sentir o efeito da falta de chuva, ficando os produtores de gado condicionados a comprarem alimento para os animais.

António Gonçalves Ferreira, presidente da União da Floresta Mediterrânica, alarga o problema às zonas do interior de Norte a Sul. "O solo é o primeiro a secar e os campos estão completamente secos como se já fosse final de junho. As árvores estão a adaptar-se à falta de água, pelo que se não chover em maio antecipam a paragem vegetativa", explica o dirigente.

Quer isto dizer que, no caso do montado, a tiragem de cortiça terá que começar mais cedo - pelo menos uma semana - mas terminar um mês antes do normal. Seria em agosto, mas terá de ser em julho. As serras de Grândola, Portel e Algarve são as "zonas mais críticas, por exibirem solos com condições mais extremas", justifica, admitindo que os produtores serão prejudicados pelo impacto que uma operação mais célere implica ao nível do stress da árvore. "Demora mais a recuperar. Em lugar de voltar a dar cortiça em nove anos, pode demorar dez", exemplifica o dirigente, que não augura melhorias perante a previsão do tempo para os próximos dias.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê alguma chuva apenas para amanhã, tratando-se de uma precipitação que deverá representar "muito pouco" face à escassez de água que percorre o país. Fátima Espírito Santo, do IPMA, admite que o cenário é preocupante, apesar de Portugal ainda se encontrar apenas em "seca meteorológica fraca a moderada" em 96% do território. O problema é que este índice serve apenas para medir o que chove e não as necessidades agrícolas ou a falta de água nas barragens e aquíferos. "Se houvesse boas reservas nas barragens hoje não haveria seca, mas como os recursos hídricos são finitos acaba por falta água. O grave é que estamos em maio e depois vem o verão que vai agravar tudo isto", aponta a técnica do IPMA, alertando que o vento que se juntou às temperaturas altas de abril "acelerou a evaporação".

terça-feira, 2 de maio de 2017

Luís Sottomayor: “Nem o Barca Velha é um vinho perfeito”


02.05.2017 às 14h06

O enólogo, responsável pelos vinhos da Sogrape no Douro, acaba de mudar a história do Barca Velha. Declara legítimo o rótulo de 1955, reconhecendo que, afinal, existem 19 colheitas do mítico vinho. A última recebeu agora a mais importante pontuação alguma vez atribuída a um tinto português

ANA SOFIA FONSECA

D.R.
A história do Barca Velha mudou esta semana?
Mudou. Há uns tempos que sabíamos de uma garrafa de 1955, um ano de que nunca tínhamos ouvido falar. Com a confirmação que a tal garrafa mistério é verdadeira, reconhecemos que há mais uma colheita de Barca Velha. Em 65 anos de vida, o vinho tem afinal 19 edições.

Está então resolvido o mistério da garrafa de 55?
A existência desse ano está, mas continuamos a pesquisa. Apareceram algumas saídas de garrafas, não percebemos como é que não entrou no circuito comercial.

Como é que se explica não ter sido declarado Barca Velha?
Não há explicação, continuamos a pesquisar. Suponho que o senhor Fernando Nicolau de Almeida [criador do Barca Velha] não o tenha feito por se tratar de uma quantidade muito pequena.

Há duas semanas achava que 1955 não era Barca Velha. O que é que o fez mudar de ideias?
Nessa altura, tinham aparecido alguns registos de saída de vinho de 1955, mas com uma característica — nenhuma venda, só ofertas para amigos e administradores da empresa. Um registo para o embaixador António Pinto Mesquita, na Noruega; outro para um jantar de beneficência na Granja; outro para o engenheiro Jorge Ferreira e um para D. Jaime Olazabal. O facto de não haver vendas fez-me pensar que ele engarrafara e pusera rótulo, mas que à última hora verificara que não estava no patamar de excelência do Barca Velha. Parecia ser um predecessor do Reserva Especial [designação criada em 1960 para o vinho feito para Barca Velha mas que não atinge a qualidade exigida]. Agora, apareceram vendas, ainda que poucas, e isso muda tudo.

A colheita de 1955 faz lembrar o filho desconhecido que acaba registado.
Sim, aqueles filhos que aparecem à hora da morte e recebem o nome. É estranho nunca se ter ouvido falar deste vinho e agora aparecerem garrafas. Devíamos ter começado a procurar quando apareceram as primeiras, mas pensou-se que era impossível, só quando surgiram mais é que iniciámos uma pesquisa exaustiva. São tantas folhas, tantos documentos...

Em 65 anos há mesmo 19 colheitas?
Sim, passam a 19. São surpresas que vão aparecendo...

E podem aparecer mais?
Espero que não, mas depois desta saga com 1955, já não digo nada. Para nós, foi uma surpresa enorme.

Terá a qualidade dos restantes, dos declarados?
Para ser Barca Velha tinha de ter qualidade. O mais antigo que provei foi o 57. Bebi-o há 10 anos e estava extraordinário. As garrafas que encontrámos de 55 estavam muito em falta, não dão para prova. Mas conhecendo o senhor Nicolau de Almeida, não acredito que fosse brincar com o Barca Velha.

Cem pontos. Como é que recebeu a notícia da classificação atribuída pela "Wine Enthusiast", uma das mais prestigiadas revistas da especialidade?
É ótimo! Mas, sinceramente, depois do Barca Velha 2004 ter recebido 99 pontos, tinha a secreta esperança de que fosse possível. O 2008 é ainda mais completo.

Porque é que o considera o mais misterioso?
Não é um vinho para toda a gente, mas um provador que se demore a olhá-lo e a apreciá-lo vai perceber a qualidade. O Roger Ross recebeu uma garrafa e, ao invés de a classificar, pediu outra. Isso deu-me mais esperança, é um vinho que precisa que fiquemos a conversar com ele.

É o único enólogo português com um vinho não fortificado classificado com 100 pontos na "Wine Enthusiast".
Mas não é para isso que vivo.

Vive para quê?
Até há uns anos, era facílimo o Barca Velha ser espetacular. Hoje não é, há milhares de vinhos do Douro espantosos. O meu maior desafio é manter o perfil do Barca Velha e conseguir que esteja ao nível dos melhores do mundo.

Como é que soube dos 100 pontos?
Recebi uma mensagem do Fernando Guedes [CEO da Sogrape], que estava na Nova Zelândia, a dizer parabéns. Ao princípio não percebi, ninguém fazia anos...

A quem contou primeiro?
Ia a caminho do trabalho, contei às pessoas com quem trabalho que são quem se empenha no vinho, os que estão comigo na sala de provas e aos que tratam da viticultura. Ainda estava sob embargo, por isso não pude fazer a festa que gostaria.

O que é que representa esta classificação?
É mais uma preocupação! O anterior teve 99 pontos, ainda havia margem para melhorar. E agora? Vamos ter de ser mais exigentes com o vinho e com a declaração. Vai haver mais medo, a responsabilidade é enorme. Se o próximo tiver 98, não ficaremos contentes...

O que é um vinho perfeito?
Felizmente, ainda não existe. Nem o Barca Velha que teve 100 pontos é um vinho perfeito. Ainda bem, senão fechávamos a porta.

Tem esperança de conseguir 100 pontos noutras publicações?
Ainda não saíram as pontuações, vamos ver.

Anda há 28 anos a fazer vinhos. Qual foi o pior e o melhor momento?
O pior foi a vindima de 93.

Para toda a gente que andava no Douro.
Nem Esteva fizemos! A única coisa boa desse ano foi o nascimento do meu filho mais velho.

E o melhor?
Há tantos marcos importantes... O Papa Figos ultrapassar um milhão de garrafas foi fortíssimo, por exemplo.

Como é que vê o futuro do vinho português?
Depois destes 100 pontos, acredito que é ainda mais promissor. Sou suspeito, mas acho que o Barca Velha continua a ser o grande vinho português, mas há vinhos que estão muito próximos dessa qualidade em diferentes regiões, por isso, o futuro só pode ser bom. Em qualidade e nunca em quantidade, claro.

E o seu futuro?
Tenho mais 15 anos até à reforma, espero ainda fazer muitos vinhos.

Qual é o vinho que lhe falta fazer?
No Douro, ainda podemos fazer um Barca Velha dos brancos. Também falta um colheita tardia e um espumante.

A maior parte das pessoas nunca provou Barca Velha. Como é que lhes apresentaria o vinho?
Pensem numa pessoa por quem tenham respeito e consideração. Alguém a quem reconheçam carácter, personalidade e, ao mesmo tempo, sentimentos. É assim o Barca Velha.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Ameaça de seca extrema põe em risco milhões na agricultura


"Está o ambiente perfeito para uma seca aguda", diz um agricultor de Castro Verde. Especialistas em ciências agrárias admitem que "tudo pode correr mal" se não chover abundantemente nas próximas semanas.
CARLOS DIAS 29 de Abril de 2017, 6:21

O mundo agrícola aguardava com expectativa que as previsões de chuva feitas em Abril trouxessem alguma precipitação para atenuar os efeitos do tempo seco e dos ventos fortes que se mantêm há várias semanas por todo o país. Mas o clima persiste em manter-se adverso e ameaça assim continuar durante Maio, aumentando a probabilidade de uma estação seca "sem precedentes, com seis meses de calor, baixa humidade relativa e precipitação zero", admitiu ao PÚBLICO Carlos Aguiar, docente na Escola Superior Agrária de Bragança. A análise que faz diz-lhe que em grande parte do país "há um risco real de se perder tudo", sobretudo nas regiões de solos muito delgados, onde os cereais plantados dificilmente serão recuperados.

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No Sul, após "três anos consecutivos de seca", a maioria das albufeiras da região registam "valores críticos de armazenamento" reconhece a Federação Nacional de Rega (Fenareg).

Num comunicado divulgado nesta sexta-feira, a federação alerta para as dificuldades que as associações de regantes estão a viver, precisamente "num momento-chave para a campanha de rega" das culturas Primavera/Verão. "Os volumes armazenados nas albufeiras não poderão dar resposta às necessidades" em quase todo o país. Mas é no Alentejo, a suportar o "terceiro ano consecutivo de fraca precipitação" e quando as previsões meteorológicas não são positivas, que a "preocupação é máxima" pelo que possa vir a acontecer nos próximos meses.

Os regantes já questionaram a Agência Portuguesa do Ambiente sobre a activação da Comissão de Gestão de Albufeiras e da Comissão de Acompanhamento da Seca. E vão solicitar ao Ministério da Agricultura a aplicação de "medidas excepcionais" para viabilizar o reforço de água nas albufeiras que têm ligação a Alqueva para "minimizar os efeitos da seca" nesses perímetros de rega.

É na região do Campo Branco, território que se estende pelos concelhos de Castro Verde, Mértola, Almodôvar e Aljustrel, que os efeitos do tempo seco e escassez de chuva mais se fazem sentir. "Estamos a ser confrontados com altas temperaturas do ar e vento seco e forte", salientou ao PÚBLICO José da Luz, presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), situando a maior debilidade nas culturas de forragens e pastagens que "serão afectadas se entretanto não houver precipitação". O agricultor que já suportou as contrariedades de sucessivas secas ao longo das últimas três décadas, admite que "está o ambiente perfeito para uma seca aguda".

Falta de água
As consequências são imediatas. "Receamos estar confrontados com falta de água a do final deste mês, precisamente numa altura em que os animais consomem muito mais líquidos", disse, sublinhando que até o abastecimento de água às populações de Castro Verde, Ourique e Almodôvar está posto em causa. "É muito grave o panorama a curto prazo", assegura, referindo-se "à má qualidade e pouca quantidade da água" na albufeira do Monte da Rocha, que "já deveria ter sido contemplado como uma extensão a partir do Alqueva ou da barragem de Santa Clara", advoga.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já veio confirmar que no período de 17 de Abril a 14 de Maio estão previstos, para todo o território nacional, valores de precipitação "abaixo do normal". E as temperaturas também têm andado muito acima do normal. 

A primeira quinzena de Abril também se caracterizou por "valores altos de temperatura máxima, muito superiores aos valores normais para este mês". Nos dias 10 e 11 de Abril os valores de temperatura máxima superiores a 25ºC (dias de verão) observaram-se em cerca de "85% do território nacional", acentua o IPMA. Os maiores valores diários da temperatura máxima do ar foram registados no dia 11 de Abril em Mora como 32,5 ºC e Rio Maior 32,3ºC. 

E até "as gotinhas de chuva que caíram há uns dias não significaram nada", observa Carlos Aguiar. O vento que entretanto se fez sentir depressa anulou o grau de humidade que a fraca precipitação possa ter gerado. Para que as reservas de água de superfície fossem minimamente recuperadas, teria de chover abundantemente durante, pelo menos, uma semana.

Referindo-se ao estado do tempo actual e ao dos próximos meses, o docente acredita que se está "num momento-chave em que tudo pode ocorrer francamente mal". E mesmo que haja precipitação em Maio "não vem resolver o problema dos cereais por estes já se encontrarem em stress hídrico". Carlos Aguiar adverte que "até nos solos de maior profundidade, se não chover, abundantemente, nos próximos 10 dias, as culturas que ali ocorram serão inevitavelmente afectadas".

Perda de rendimento
E o que é que pode acontecer se a escassez ou ausência de precipitação se mantiver? Segundo Francisco Mondragão Rodrigues, professor na Escola Superior Agrária de Elvas, "dá-se o encolhimento da espiga, os grãos não enchem e temos trigos de má qualidade que irão para lotes destinados à produção forrageira, que são mais mal pagos".

Os lotes de cereais de melhor qualidade são destinados à panificação e vendidos a 220 euros a tonelada, enquanto o cereal forrageiro não passa dos 120 euros a tonelada. Por outro lado, como o grão de trigo de menor qualidade tem menos volume, pesa menos e esta condição acaba por se reflectir no resultado final. O que leva a que os agricultores tenham pela frente um ano de penúria. As consequências da falta de água "são extensivas ao milho, e a outras culturas hortícolas como o melão, o pimento, o tomate, etc", assinala Mondragão Rodrigues, referindo-se àquelas que dependem de barragens com volumes de armazenamento abaixo do normal, o que poderá obrigar ao rateio de água.

Muitas das albufeiras que servem de suporte aos perímetros de rega também abastecem as populações mas quando se verificam situações de escassez, a prioridade é o abastecimento público, elucida o docente de Elvas, corroborando o que diz o seu colega de Bragança: "O cenário não é nada tranquilizador. Se não chover em Maio, as culturas de cereais, as oleaginosas, o olival e o amendoal de sequeiro, serão afectadas, mesmo aquelas que são abastecidas a partir de furos ou poços".

"E custa-me a crer que chova nesta altura do ano o que deveria ter chovido antes. Duvido que tal aconteça", vaticina Mondragão Rodrigues, deixando um alerta: A escassez de humidade no solo tem ainda reflexo na criação de condições ideais para a ocorrência de incêndios. A vegetação está seca e não há humidade no ar "e ainda por cima há vento forte que retira do solo e da vegetação a pouca humidade que ainda possa ter".

Carlos Aguiar descreve o momento crítico: "Nos solos mais delgados, o centeio já está a secar sem espigar e o trevo subterrâneo sem produzir sementes. No ano passado, as árvores dos bosques, os castanheiros e as amendoeiras de sequeiro terminaram o ciclo vegetativo em stress (a queda da folha foi antecipada) porque esgotaram a água das camadas mais profundas do solo que as sustenta na estação seca. Esta água não foi reposta. Para rega, será pouca e racionada, insuficiente para abeberar milhões de turistas, vacas e alfaces. Estão em risco milhões de árvores, milhões de euros em plantações, milhões de euros de exportações. Há planos de contingência? Esperemos que chova..."

Governo vai criar comissão
O ministro da Agricultura Capoulas Santos já reagiu às preocupações dos agricultores. Na quinta-feira, na cerimónia inaugural da Ovibeja, reconheceu que o país atravessa "um contexto algo paradoxal": por um lado realça-se a vitalidade do sector agrícola que atravessa "um bom momento" mas, em simultâneo, subsiste "grande apreensão face aos sinais que se avolumam de uma seca".

Capoulas recordou os "terríveis" anos de seca que são cíclicos no Alentejo, cujos consequências a memória dos mais velhos recorda, mas "faltava o Alqueva para resolver o problema". Agora, "o Alqueva, felizmente, existe e os problemas estão muito atenuados face àquilo que era a realidade anterior", salientou.

Mesmo assim, anunciou que o Governo está atento e vai criar a "muito curto prazo" uma equipa interministerial para acompanhar a evolução da situação de seca em Portugal e equacionar medidas que se revelarem necessárias tomar.

As preocupações evidenciadas pelo ministro da Agricultura também estiveram patentes na intervenção de Rui Garrido, presidente da Associação de Criadores de Ovinos do Sul, que organiza a Ovibeja. "Começam a ficar comprometidas as pastagens e as culturas arvenses de sequeiro", alertou o dirigente, chamando a atenção para os baixos níveis de armazenamento de águas "nas barragens públicas e privadas fora do perímetro do Alqueva". Rui Garrido disse que os agricultores, sobretudo aqueles que se dedicam à pecuária, estão apreensivos sobre o que vai acontecer relativamente "às reservas hídricas para abeberamento dos efectivos pecuários".

Quando a água é pouca, rateia-se

Apesar da capacidade de armazenamento da barragem do Alqueva garantir o fornecimento de água para rega durante quatro anos de seca sucessiva, as associações de regantes que não foram abrangidas pela concessão da rede secundária de rega que o Governo atribuiu à EDIA em 2013 evitaram sempre requisitá-la alegando que o seu custo era incomportável.
A precipitação sempre ia deixando o volume de água adequado às necessidades dos agricultores até que o tempo seco e a fraca pluviosidade foram esvaziando as albufeiras que dão suporte ao regadio nos blocos de rega do Roxo, Odivelas, Campilhas e Alto Sado, Veiros, Fonte Serne, Monte da Rocha, Vigia, Pego do Altar e Vale do Gaio. A única alternativa está, agora, nos caudais a partir do Alqueva.
Mesmo assim, há quem resista em requisitar água à EDIA, como é o caso da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO) sedeada em Ferreira do Alentejo. Nem a publicação do novo tarifário que oficializa uma baixa nos preços da água entre os 20 e os 33 cêntimos tornou o acesso aos débitos do Alqueva mais atractivos.
Na última assembleia geral da ABORO, os agricultores da associação decidiram ratear a água disponível para não recorrer a fornecimentos vindos do Alqueva. "Temos um volume de 4 milhões de água disponível na albufeira de Odivelas e 25 milhões na albufeira do Alvito", adiantou ao PÚBLICO Manuel Canilhas Reis, presidente da associação. Ficam a faltar cerca de 11 milhões de metros cúbicos para perfazer os 40 milhões necessários para suprir as necessidades de rega. 
Esta situação decorre da aplicação do novo tarifário de água para rega que implica um aumento "muito significativo" da que é vendida pela EDIA às associações de regantes. Ao preço definido no novo tarifário tem de se adicionar o preço que as associações têm de cobrar aos associados pelos encargos na gestão do sistema de rega. No caso da ABORO, os agricultores ficariam a pagar 5,14 cêntimos por metro cúbico de água, muito superior ao praticado pela EDIA que é de 3,2 cêntimos.
Uma situação confirmada também por António Parreira, presidente da Associação de Beneficiários de Rega do Roxo (ABROXO). Neste caso, a água é vendida a 2,8 cêntimos o metro cúbico. "Se acrescermos os 3 cêntimos que temos de pagar pela água do Alqueva, então a água chega ao agricultor a 5,8 cêntimos o metro cúbico".
O problema é que 7 milhões de metros cúbicos actualmente disponíveis no Roxo não dá para o ano agrícola, que consome uma média de 30 milhões. "Há aqui uma desigualdade entre agricultores", refere António Parreira, defendendo um preço de água "compatível" com as culturas.
Considerando que, quer os aproveitamentos hidroagrícolas geridos pelas associações de regantes quer os que estão concessionados à EDIA, são propriedade do Estado e estão no mesmo território, "não se vislumbra igualdade nas condições oferecidas a uns e a outros agricultores". Um problema se tem vindo a intensificar "em consequência dos sucessivos anos de seca", concluiu o presidente da Aboro.

Bacia do Sado continua a apresentar níveis críticos 
Nas 61 barragens que integram a rede nacional dos recursos hídricos, do Instituto da Água (INAG), apenas 6 apresentavam no início de Abril, cota máxima (100%). Contudo as suas albufeiras têm baixos volumes de armazenamento, que, no seu conjunto não chegam aos 50 mil metros cúbicos.

A norte do rio Tejo, 17 albufeiras tinham um volume de água superior aos 80%, 9 armazenam entre 50% e 80% da sua capacidade máxima e apenas 4 tinham uma reserva inferior a 50%.

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A sul do Tejo, 11 albufeiras apresentavam um nível de armazenamento superior a 80%, em 9 encontrava-se entre os 50 e os 80% e 11 tinham uma reserva de água abaixo dos 50%.

Cinco barragens - todas na bacia do Sado – estão com níveis críticos de armazenamento: Pego do Altar 34,2%, Odivelas 32%, Divor 28,4%, Monte da Rocha 20% e Roxo 16,6%. A barragem do Alqueva está com cerca de 80% da sua capacidade máxima de enchimento (3.322 hectómetros cúbicos).

No final de Março as 61 barragens sob gestão do INAG, tinham 7.995 mil hectómetros cúbicos armazenados, quando a sua capacidade máxima é de 10.937 mil hectómetros cúbicos.

CDS-PP pede presença urgente do ministro da Agricultura no Parlamento


30 DE ABRIL DE 2017 - 19:28

O CDS-PP anunciou que requereu a presença urgente do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, no Parlamento para esclarecer as medidas de mitigação dos impactos da seca na agricultura.


Num requerimento entregue na Assembleia da República, o grupo parlamentar do CDS-PP pede uma audição de Capoulas Santos na Comissão de Agricultura e Mar, uma vez que considera "urgente a implementação de medidas de apoio aos agricultores".

O ministro da Agricultura anunciou, na semana passada, que iria constituir uma comissão interministerial para "acompanhar a evolução da situação de seca em Portugal e equacionar medidas que se revelem necessárias tomar".

Nesse sentido, o CDS-PP sublinha que "é de todo o interesse perceber quais as atribuições da nova comissão", uma vez que, na sequência da seca de 2012, foi constituído um grupo de trabalho para acompanhamento e avaliação dos impactos da seca e criada uma comissão interministerial de prevenção, monitorização e acompanhamento dos efeitos da seca e das alterações climáticas para aprovar medidas urgentes.

No entanto, "não é conhecida nenhuma atuação recente desta comissão interministerial ou eventuais medidas que esteja a prever para minimizar os efeitos da seca que se avizinha", adianta.

No requerimento, o CDS-PP refere que "a fraca pluviosidade ocorrida neste outono/inverno, cujo nível se mantém abaixo do normal, está a provocar sérios prejuízos na atividade dos agricultores, quer ao nível da alimentação animal (prados, pastagens e culturas forrageiras), quer do desenvolvimento vegetativo de diversas outras culturas".

O partido indica ainda que as barragens estão com níveis de armazenamento baixo ou mesmo críticos em alguns casos e os dados disponíveis apontam para uma manutenção de ausência de precipitação significativa, o que leva à previsão do agravamento da situação, além de várias organizações já terem manifestado "enorme preocupação, nomeadamente com a falta de água para garantir a realização das culturas e com consequências ao nível da produção de pastagens suficientes para a alimentação animal.

Morreu Manuel Évora


Mai 01, 2017

Manuel Évora, presidente da Direcção da Portugal Fresh – Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal morreu no dia 30 de Abril. Manuel Évora presidia a associação do sector desde 2015.

Formado em engeharia agrícola pela Universidade de Évora, desde 2005 que era administrador Executivo do Grupo Luís Vicente.

O velório tem lugar a 1 de Maio na Basílica da Estrela, em Lisboa, a partir das 17h. No dia 2 de Maio, realiza-se o funeral em Longra, Tomar, pelas 15h.

A direcção da Frutas, Legumes e Flores manifesta o seu de pesar pelo desaparecimento desta figura emblemática do sector.


sexta-feira, 28 de abril de 2017

Governo abre concurso de 27 milhões para fileiras do pinho, sobro e eucalipto


É uma medida que decorre da reforma da floresta. Capoulas dos Santos anunciou o concurso para dentro de duas semanas.

Governo abre concurso de 27 milhões para fileiras do pinho, sobro e eucalipto
Miguel Baltazar

26 de abril de 2017 às 12:38

O Governo vai abrir dentro de duas semanas um concurso para as fileiras do pinho, sobro e eucalipto no valor global de 27 milhões de euros, anunciou esta quarta-feira, 26 de Abril, o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos. 
 
A medida, conforme explicou o governante ouvido na Comissão de Agricultura e Mar, insere-se no âmbito da reforma das florestas.
 
"Dentro de duas semanas estaremos em condições de abrir três concursos de nove milhões de euros cada para as fileiras do pinho, sobro e eucalipto", disse Capoulas Santos.

António Costa já tinha anunciado que iria ser aberto um concurso de 18 milhões de euros para financiar investimentos na melhoria da produtividade da área de eucalipto.
 
Durante a audição parlamentar, o ministro anunciou também que em Maio irá submeter a conselho de ministros legislação sobre a agricultura biológica, de forma a "suprir uma lacuna" de uma área que está a crescer em Portugal e por toda a Europa.
 
Ao nível da internacionalização do sector agrícola, Capoulas Santos disse aos deputados que foram já abertos 28 mercados para 83 produtos "e neste momento outros 55 mercados para mais de 150 produtos de origem animal e vegetal".
 
Capoulas Santos aproveitou ainda a presença no Parlamento para fazer um balanço sobre o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, destacando que Portugal apresenta "uma boa taxa de execução" (cerca de 30%) e é actualmente o sexto estado-membro da União Europeia com melhor execução financeira do programa.
 
A intenção do Executivo, disse, é ir além dos 100% de execução até ao final de 2017, ano em que estão em causa um total de cerca de 600 milhões de euros, de forma a "compensar as baixas taxas de execução de 2014 e 2015".
 
Segundo o governante, foram recebidas até ao momento, 33.205 candidaturas ao programa, tendo sido enviadas para contratação um total de mais de 10 mil candidaturas.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Olival intensivo destrói importante sítio arqueológico no Alentejo


Na área sob influência do Alqueva é cada vez mais difícil conciliar culturas intensivas com a salvaguarda do património.
CARLOS DIAS 23 de Abril de 2017, 7:19 Partilhar notícia

A preparação de um terreno para plantação de olival super intensivo destruiu, em meados de Março, boa parte de um dos mais importantes "recintos de fossos" da pré-história portuguesa, na freguesia da Salvada, concelho de Beja. Apesar de estar inscrito no Plano Director Municipal (PDM) de Beja como área de sensibilidade arqueológica, este local não se encontra classificado. Na área sob influência do Alqueva é cada vez mais difícil conciliar culturas intensivas com a salvaguarda do património, seja arqueológico ou paisagístico.

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Como era costume aos fins-de-semana, J.P. [iniciais de uma testemunha que solicitou o anonimato] fazia uma caminhada pelos arredores da Salvada, seguindo o percurso habitual junto a uma pequena linha de água. Foi então que observou, surpreendido, que "estavam a lascar o terreno" no sítio identificado por "Salvada 10", onde sabia que se encontravam vestígios arqueológicos, relatou ao PÚBLICO.

As máquinas "surribavam" (lavra profunda) o solo, para plantar um olival na Herdade Monte da Igreja, deixando expostos materiais arqueológicos. O morador deduziu que certamente "os homens [trabalhadores] desconheciam que o local escondia um grande recinto de fossos", da época calcolítica.

Foi precisamente esse conhecimento prévio, adquirido durante uma Caminhada de Cultura organizada pela União de Freguesias de Salvada e Quintos, em Agosto de 2015, que o alertou para as consequências do impacte que estava a ter a "surriba" nos vestígios arqueológicos. Naquele ano, o arqueólogo Miguel Serra conduziu algumas de dezenas de residentes na freguesia ao local para que identificassem um recinto de fossos e a presença de uma grande mancha de materiais pré-históricos.

Foi através dos residentes que Miguel Serra tomou conhecimento e alertou a Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA). Nos esclarecimentos prestados ao PÚBLICO, a responsável da DRCA, Ana Paula Amendoeira, diz que os seus serviços enviaram dois arqueólogos e constataram que tinham sido já realizadas "consideráveis movimentações de terras para implantação de sistemas de rega". A intervenção estendeu-se a uma "vasta área confinante com o limite sudoeste da aldeia da Salvada, afectando a zona onde se implanta o povoado da Salvada 10 (com cerca de 18 hectares), sítio arqueológico referenciado no PDM de Beja, e a necrópole (da Idade do Ferro) Salvada 11".

A intensa mobilização de solos deixou "visíveis em diversos pontos do terreno, materiais arqueológicos, nomeadamente fragmentos de cerâmica manual", acrescenta Paula Amendoeira.

Os proprietários foram identificados e notificados pela DRCA para suspender a intervenção para que fosse avaliada "a extensão dos danos e ponderadas as medidas correctivas" com a indicação de que a "inobservância de providências limitativas decretadas constitui crime". Contudo, Paula Amendoeira refere que desconhece "se os proprietários tinham conhecimento do valor patrimonial da área intervencionada", referenciado no PDM de Beja com um valor arqueológico elevado.

Nestas circunstâncias, significa que "qualquer tipo de intervenção relacionada com infra-estruturas, incluindo as de rega (...), actividades agrícolas e florestais (...), se implicarem impactos significativos ao nível do subsolo, deve ser precedida de trabalhos arqueológicos de caracterização e diagnóstico". A directora regional conclui que "não foram nem estão a ser aplicadas as medidas previstas no PDM havendo por isso uma violação do mesmo".

PÚBLICO - Aumentar
Contudo, a Câmara de Beja alega que desconhecia a intervenção no Salvada 10. Vítor Picado vice-presidente da autarquia garantiu ao PÚBLICO que os serviços municipais "não receberam qualquer pedido para a plantação do olival nem para a instalação do sistema de rega??.

Face à denúncia, a fiscalização municipal foi enviada e confirmou que o tipo de intervenção observado consumava uma alteração do uso do solo que "não estava de acordo com a planta de ordenamento, naquilo que se refere à plantação de olival intensivo em áreas agro-silvo-pastoris" acrescenta Vítor Picado. Como os trabalhos foram efectuados sobre um sítio arqueológico com grau de protecção elevado, esta condição implica a "obrigatoriedade de acompanhamento arqueológico quando há intervenções no subsolo".

No entanto, a autarquia, confrontada com os critérios existentes no ordenamento do espaço agrícola e ao tipo de intervenção, concluiu que o agricultor que mobilizou o solo "não necessitava de consultar a Câmara de Beja". Assim sendo, admite o autarca, a intervenção no sítio arqueológico da Salvada 10 "não poderia ter sido previamente detectada", acrescentando que o município não tem capacidade para garantir a fiscalização do património em todo o concelho. Mesmo depois de confirmada a infracção, o vice-presidente reconhece que a câmara "não tem competência para exercer as medidas sancionatórias".

Perante o avolumar de contradições, a comunicação à Direcção Regional de Agricultura do Alentejo aguarda resposta.

Perplexo com a situação ficou, igualmente, Bruno Cantinho sócio gerente da empresa que procedeu à "surriba" no sítio arqueológico da Salvada 10, e que garantiu que foi o PÚBLICO o primeiro a informá-lo de ter colocado máquinas num sítio onde há património arqueológico. "É a primeira vez que alguém me fala que ali havia condicionantes" afiança.

"Fizemos apenas o que a lei nos permite ou seja: para plantar olival não necessitamos de autorização", até porque o espaço intervencionado "sempre foi trabalhado desde que se faz agricultura no local", assinala. Mas assegura que a intervenção efectuada na Salvada 10 implicou rasgos na terra que "não ultrapassaram os 30/40 centímetros. Apenas alterámos a morfologia do terreno", observa.

Sítio protegido pela EDIA é destruído pelo regadio
A Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva (EDIA) foi alertada no início da década pelo arqueólogo António Valera para a existência de um importante recinto de fossos junto à freguesia da Salvada, com quase 20 hectares de área. O sítio arqueológico ia ser atravessado pela rede de rega do circuito hidráulico Baleizão-Quintos.

Sensibilizada pela importância do achado, a EDIA alterou o traçado da rede de rega para manter intacto o recinto de fossos da época calcolítica. Decorridos poucos anos, boa parte da estrutura arqueológica foi arrasada pelas máquinas que abriram sulcos no solo para plantar olival superintensivo, alegando o autor da intervenção desconhecer o que ali se encontrava.

Mas não foi por escassez de informação que a destruição do sítio da Salvada 10 aconteceu. As instituições oficiais, Câmara de Beja, Direcção Regional da Cultura do Alentejo e ministérios da Agricultura e do Ambiente, tinham conhecimento do valor do sítio. 

Premonitório foi o alerta deixado em 2011 pela Comissão de Avaliação de Impacte Ambiental do Circuito Hidráulico de Baleizão-Quintos que realçava o "grau de destruição observado nos sítios arqueológicos localizados em áreas de olival intensivo, recentemente plantado e recorrendo a métodos que alteram significativamente a morfologia da paisagem bem como a orografia".

Os técnicos alertaram para a mobilização do solo que iria ocorrer na última etapa de construção para a implementação da rede terciária de rega (que fica a cargo dos proprietários).

Desconhece-se, na sua real dimensão, o que aconteceu ao património arqueológico nos cerca de oito mil hectares de solos agrícolas, no bloco de rega Baleizão-Quintos, onde as equipas do Impacte Ambiental registaram 193 ocorrências de âmbito arqueológico.

O número de registos patrimoniais identificados pelo estudo permitiram constatar a existência de "uma elevada densidade ocupacional na Pré-História e época romana, destacando-se os materiais atribuídos ao Paleolítico, detectados na envolvente da povoação de Salvada, e as vinte villae romanas".

No Anuário Agrícola publicado pela EDIA, as culturas de olival, vinha e mais diversas árvores de fruto somam, no seu conjunto, quase 40 mil hectares de área de regadio, boa parte delas em áreas de grande importância arqueológica.

O paradoxo é que a EDIA é obrigada a fazer estudos de impacte ambiental (EIA) nas intervenções que faz, mas estes não são impostos quando se surribam centenas e até milhares de hectares para plantar olivais. Este tipo de "operação provoca um nível de mobilização do solo muito mais acentuado do que a instalação da rede de rega do Alqueva", refere ao PÚBLICO o arqueólogo Miguel Serra.


"Corremos o risco de não ficar com nada para a mostra", sublinha o investigador, radicado em Beja, frisando que "não se sabe o que aconteceu a centenas de sítios arqueológicos", dado o vazio legislativo que "impede a intervenção da tutela", conclui.

Consternado ficou o presidente da União de Juntas de Freguesia de Salvada e Quintos, Sérgio Engana. Pede às entidades competentes para "preservar o que ainda é possível recuperar na Salvada" que a população já via como um meio de fazer "reverter para a comunidade alguma riqueza e conhecimento sobre a sua própria história".

O PÚBLICO solicitou esclarecimentos ao Ministério da Agricultura, que, até ao fecho desta edição, não respondeu. 

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Barca Velha 2008 recebe 100 pontos pela Wine Enthusiast. A distinção é inédita


26/4/2017, 13:265.380
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São 100 pontos... em 100 pontos. O Barca Velha 2008 passa a ser primeiro vinho português não fortificado a atingir a pontuação máxima numa publicação norte-americana de referência.


É um dos vinhos de mesa mais emblemáticos do país: em 64 anos de história apenas 18 colheitas foram selecionadas. A última, datada de 2008, acaba de receber a distinção máxima de 100 pontos pela prestigiada revista Wine Enthusiast. Segundo o comunicado de imprensa enviado às redações, o vinho da Casa Ferreirinha é o "primeiro vinho português não fortificado a atingir a pontuação máxima numa publicação norte-americana de referência".

O feito inédito já ameaçava acontecer em quando, em novembro de 2014, o Barca Velha 2004 recebia 99 pontos, também eles atribuídos pela Wine Enthusiast. Recorde a história do mítico vinho aqui.


De facto, e feita uma pesquisa rápida, Portugal tem-se portado bem no que a pontuações diz respeito. Em 2012, era notícia que Mark Squires, provador para Portugal no site Wine Advocate, do crítico americano Robert Parker, tinha atribuído 96 pontos, em 100 possíveis, a três vinhos tintos de rótulo nacional: Quinta do Zambujeiro 2007, do Alentejo, Quinta do Vale Dona Maria 2009, do Douro, e Quinta do Mouro Rótulo Dourado 2007, também do Alentejo.

Mais recente, em 2014, dava-se conta que o tinto do Douro Fojo 2000 levava 97 pontos, enquanto a Wine Spectator dava 98 pontos ao Pintas 2011, dos enólogos Jorge Serôdio Borges e Sandra Tavares da Silva.

A história muda quando falamos de fortificados. Exemplo disso é o Quinta do Noval 2011 Nacional Vintage (último ano declarado vintage) que arrecadou 100 pontos, atribuídos pela Wine Enthusiast.

Sonae compra cadeia de supermercados biológicos BRIO


LUIS BARRA


 26.04.2017 08h38
A Sonae -- SGPS, SA vai comprar a totalidade do capital social da BRIO, a primeira cadeia de supermercados biológicos lançada em Portugal, que inclui seis unidades especializadas em alimentação biológica.

Segundo comunicou hoje a empresa à Comissão de Mercado e Valores Mobiliários (CMVM), a aquisição dos supermercados BRIO permitirá à Sonae MC (unidade de retalho alimentar do grupo) acelerar a avenida estratégica de crescimento de Health & Wellness, em particular no segmento de alimentação saudável.


Os seis supermercados especializados em alimentação biológica da BRIO, constituída em 2008, estão todos localizados na zona metropolitana de Lisboa.


Citado num comunicado da Sonae, o presidente da Sonae MC, Luís Moutinho, afirma que esta expansão da presença da Sonae MC no retalho alimentar saudável "reforça a posição de liderança neste segmento de mercado e contribui para o compromisso de proporcionar a melhor e mais acessível oferta a todos os consumidores, quaisquer que sejam as suas necessidades ou estilos de vida".


"Após a celebração do acordo para a aquisição de uma participação de 51% da Go Natural, em dezembro do ano passado, esta nova operação volta a enquadrar-se na estratégia da Sonae MC de aposta na área da saúde e do bem-estar, nomeadamente na alimentação", explica a Sonae, em comunicado.


No âmbito desta estratégia, além do primeiro supermercado Go Natural, a Sonae MC conta com espaços especializados em alimentação biológica e saudável nas lojas Continente e na Well's disponibiliza um conjunto alargado de produtos e serviços especializados de saúde e bem-estar.

Lusa


Industriais de pasta e papel criticam proibição de plantação de eucalipto

A CELPA - Associação da Indústria Papeleira defende que a proibição de plantação de novas áreas de eucalipto é um "enorme prejuízo para a economia portuguesa", além de não ter fundamentação técnico-científica.

21 de abril de 2017 às 12:33

Num anúncio publicado hoje na imprensa, um dia depois do debate da reforma das florestas no parlamento, a associação vem criticar a decisão governamental de proibir a plantação de novas áreas de eucalipto com base numa "ideia errada e preconceituosa".

"A fileira industrial baseada no eucalipto tem sabido aproveitar os recursos naturais de que o país dispõe [...] utilizando uma espécie bem adaptada, e tem-no feito de forma exemplar, responsável e com total respeito pelo ambiente", argumentou a CELPA, defendendo que a proibição "prejudica os produtores florestais, provoca perda de competitividade da indústria da pasta e papel e contrai a economia do país".

Em contrapartida, a associação garante que a proibição "reduz as áreas com gestão, promove o abandono e o crescimento de áreas de matos e incultos e aumentará o risco de incêndio (49% da área ardida nos últimos 15 anos são matos ou incultos e 13% são eucalipto)", "não se resolve o problema das demais espécies" e deverá fazer aumentar as importações de madeira.

Com base no eucalipto, a indústria de pasta e papel nacional é "líder na exportação de bens de elevado valor acrescentado nacional", pelo que "limitar a matéria-prima mais importante da indústria papeleira é afectar de forma dramática a sua competitividade e a balança comercial do país", além de "destruir milhares de postos de trabalho".

"Esta reforma não forma consenso no seio das principais organizações de produtores florestais", acrescentou ainda a CELPA, que afirma não haver fundamentação técnico-científica válida para proibir a plantação de eucalipto.

Uma das propostas do executivo em discussão diz respeito à alteração do regime jurídico das acções de arborização e rearborização, para "reforçar os mecanismos de comunicação entre todas as entidades e criar regras para o cultivo do eucalipto".

Ministro da Agricultura anuncia Conselho de acompanhamento da revisão da PAC

Comunicado

Seguiu já para publicação o Despacho do Ministro da Agricultura que cria o Conselho de Acompanhamento da Revisão da Política Agrícola Comum, que tem por missão identificar principais desafios e contribuir para a formulação das opções nacionais em relação ao futuro da PAC pós-2020.

Capoulas Santos considera "fundamental, no contexto atual, criar as condições indispensáveis a uma reflexão aprofundada sobre os desafios que a Agricultura Portuguesa terá de enfrentar no futuro, assim como os pressupostos de uma estratégia que suporte e oriente a política agrícola nacional no quadro da futura PAC no período pós 2020", como se pode ler no preâmbulo do Despacho ministerial. Por esse motivo, o Ministro decidiu criar "um órgão de consulta para apoiar o ministério na formulação da posição nacional sobre o futuro da Política Agrícola Comum".

Trata-se de uma estrutura que se caracteriza pela sua componente técnica independente, com recurso a destacados especialistas na matéria e uma componente de diálogo e auscultação permanente do setor agrícola através das suas organizações mais representativas.

Nessa medida, o Conselho é constituído por um Painel de Peritos e por uma Comissão de Representantes, sub-estruturas com a seguinte composição:
Painel de Peritos:
- António Serrano, Professor Catedrático da Universidade de Évora;
- Arlindo Cunha, Professor da Universidade Católica do Porto;
- Artur Cristóvão, Professor Catedrático da UTAD;
- Carlos Duarte, Engenheiro Agrónomo;
- Francisco Avillez, Professor Catedrático Emérito do ISA da Universidade de Lisboa;
- Francisco Cordovil, Professor do ISCTE;
- Jaime Ferreira, Engenheiro Silvicultor;
- João Bento, Engenheiro Silvicultor;
- José Lima Santos, Professor Catedrático do ISA da Universidade de Lisboa;
- Maria de Belém Costa Freitas, Professora da Universidade do Algarve
- Mário de Carvalho, Professor Catedrático da Universidade de Évora;
- Miguel Sottomayor, Professor da Universidade Católica do Porto;
- Raul Jorge, Professor do ISA da Universidade de Lisboa;
- Ricardo Braga, Professor do ISA da Universidade de Lisboa;
-Teresa Pinto Correia, Professora da Universidade de Évora.

Comissão de Representantes:
a) Associação dos Jovens Agricultores de Portugal;
b) Confederação dos Agricultores de Portugal;
c) Confederação Nacional da Agricultura;
d) Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal;
e) Confederação Nacional dos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural;
f) Federação "Minha Terra".

Participam ainda nas reuniões do Conselho, um Representante da Região Autónoma dos Açores e um Representante da Região Autónoma da Madeira.

O Conselho será presidido pelo Ministro da Agricultura, que anunciou hoje a criação e a composição da estrutura, durante a Audição Regimental na CAM – Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República. Capoulas Santos informou os Deputados que está em causa "procurar uma posição consensual e bem alicerçada relativamente à posição portuguesa nas futuras negociações da reforma da PAC".

Lisboa, 24 de Abril de 2017

Cientistas descobrem lagarta capaz de decompor sacos de plástico

24/4/2017, 17:163.441

Cientistas europeus descobriram uma lagarta que come sacos de plástico, o que poderá significar uma maneira de combater a poluição com plástico, um dos materiais mais difíceis de decompor que se conhece.

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Cientistas europeus descobriram uma lagarta que come sacos de plástico, o que poderá significar uma maneira de combater a poluição com plástico, um dos materiais mais difíceis de decompor que se conhece.

A chamada traça da cera, cujas larvas são criadas para usar como isco para a pesca, é um flagelo para as colmeias de abelhas na Europa, e foi por coincidência que uma cientista que também é apicultora descobriu como podem acelerar a degradação do polietileno.


Quando Frederica Bertocchini, do Instituto de Biomedicina e Biotecnologia de Cantábria, em Espanha, limpava as larvas que vivem como parasitas da cera de abelha de uma das suas colmeias, pô-las num saco de plástico e reparou que, pouco tempo depois, apareceram buracos no saco.

A cientista experimentou então juntar cerca de cem lagartas com um saco de plástico comum de um supermercado britânico e verificou que os primeiros buracos apareceram ao fim de 40 minutos.

Após 12 horas, tinham desaparecido 92 miligramas de plástico, um ritmo muito superior ao que os cientistas já experimentaram com bactérias que conseguem consumir apenas 0,13 miligramas por dia.

"Se uma única enzima for responsável por este processo químico, a sua reprodução em grande escala com métodos biotecnológicos deverá ser possível", afirmou Paolo Bombelli, da Universidade britânica de Cambridge, e o principal autor do estudo divulgado hoje na publicação especializada Current Biology.

O polietileno é usado principalmente em embalagens e representa 40 por cento dos produtos plásticos usados na Europa, onde 38% do plástico acaba em aterros sanitários.

Cerca de um trilião de sacos de plástico é usado todos os anos, representando um fardo enorme para o ambiente, uma vez que o plástico é altamente resistente e mesmo quando começa a decompor-se continua fragmentado e espalhado pelos ecossistemas.

Como as larvas conseguem comer plástico ainda não está completamente estudado, mas os investigadores sugerem que a decomposição da cera das abelhas e dos plásticos pelas larvas envolve um processo químico semelhante.

Frederica Bertocchini salientou que a cera é "um polímero, uma espécie de 'plástico natural' com uma estrutura semelhante ao polietileno".

terça-feira, 25 de abril de 2017

Presidente da República promulga diploma sobre entidades de gestão florestal


O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou hoje um diploma do Governo que estabelece o regime jurídico de reconhecimento das entidades de gestão florestal, anunciou a Presidência da República.
Presidente da República promulga diploma sobre entidades de gestão florestal

25 de abril de 2017 às 18:28

De acordo com o sítio "online" da Presidência, este diploma cria o enquadramento normativo para estabelecer o regime jurídico daquelas entidades.
 
Na última semana cinco propostas de lei do Governo integradas na reforma das florestas, que a tutela pretende implementar até Junho - e que envolve ao todo 12 diplomas -, foram discutidas no parlamento.
 
Destas 12 propostas, duas já estão em vigor, uma foi hoje promulgada e quatro aguardam promulgação do Presidente da República, enquanto as restantes cinco foram remetidas a apreciação parlamentar por se tratar de matérias com competência reservada ao parlamento.
 
Os diplomas estão em discussão na comissão de Agricultura e Mar.
 
Na última semana, o ministro da Agricultura, das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, explicou à agência Lusa que estas propostas visam "uma reforma profunda que ataca aqueles que são os principais problemas que têm contribuído para o não aproveitamento deste importante activo de que o país dispõe, como têm contribuído para o aumento do risco de incêndio".
 
A alteração do regime jurídico das acções de arborização e rearborização, a criação de um banco nacional de terras e um sistema de informação cadastral de propriedades são algumas das propostas em discussão no plenário, que irá também analisar dois projectos de lei do BE -- um estabelece um "regime jurídico para as acções de arborização, rearborização ou adensamento florestal" e o outro visa criar também um banco público de terras agrícolas.
 
Uma das propostas que foram discutidas no parlamento diz respeito à alteração do regime jurídico das ações de arborização e rearborização, para "reforçar os mecanismos de comunicação entre todas as entidades e criar regras para o cultivo do eucalipto".
 
Outra das propostas diz respeito à criação de um banco nacional de terras, no qual o Governo vai integrar todo o património agrícola e florestal do Estado.
 
Capoulas Santos explicou que o objectivo é que o património agrícola venha a ser distribuído por jovens agricultores e o florestal a entidades de gestão florestal.
 
Em março, após o Conselho de Ministros dedicado à floresta, o ministro tinha declarado que o banco de terras integrará "todo o património rústico sem dono conhecido, que vier a ser identificado".
 
A gestão deste banco pode pertencer ao Estado, que a poderá ceder, provisoriamente, a entidades de gestão florestal "ou outras", mas sem poder ceder ou transaccionar "de forma definitiva qualquer propriedade sem dono conhecido" por 15 anos. A terra poderá ser restituída ao "seu legítimo proprietário em qualquer momento, se entretanto for identificado".
 
Será ainda criado um fundo de mobilização de terras, com as receitas da venda e arrendamento das propriedades do banco das terras.
 
A discussão parlamentar incluiu também uma proposta de lei que visa a criação de benefícios fiscais a entidades de gestão florestal e outra que introduz "inovações na defesa da floresta", nomeadamente a limpeza de combustíveis em torno das edificações.
 
A criação de um sistema de informação e cadastro de todas as propriedades nestas áreas é outro dos objectivos da tutela, que pretende isentar de custos até 31 de Dezembro de 2019 todos os actos de registos.
 
Em Março, o Governo anunciou que até ao verão vão estar no terreno 20 novas equipas de sapadores florestais (operacionais antes do final de Junho) e que no outono avança o processo para reequipar 44 equipas.
 
Capoulas Santos informou então que o concurso para aquisição de viaturas todo-o-terreno e equipamento especializado já recebeu visto do Tribunal de Contas.
 
No âmbito da reforma da floresta, pretende-se ainda facultar aos municípios um parecer vinculativo às autorizações de florestação e reflorestação.

Afinal, Alqueva valeu a pena


25.04.2017 às 20h00

 
Desde o fecho das comportas da barragem de Alqueva, em 2002, o projeto de regadio alcança já mais de 120 mil hectares. Além da albufeira principal, o empreendimento é composto por um sistema de pequenas barragens, que comunicam entre si através de canais adutores, o que permite transportar água entre as várias localizações consoante as necessidades, quer para rega quer para abastecimento das populações

A água de Alqueva mudou a paisagem, a forma de trabalhar a terra e a prática de gestão. O Alentejo nunca esteve tão internacional



A terra é exatamente a mesma, mas, 15 anos depois da construção de Alqueva, a planície está irreconhecível. Se um alentejano tivesse emigrado por volta do ano 2000 e só agora tivesse regressado, provavelmente não iria acreditar na paisagem à sua volta.

Onde dantes pontuavam os cereais de sequeiro, alguma agricultura de subsistência e muita terra semiabandonada, hoje domina o olival (mais de 35 mil hectares), a vinha, o milho, os frutos secos, as hortícolas, as leguminosas e até a papoila medicinal. Onde outrora se produzia quase só com recurso à água da chuva, agora regam-se plantações em 69 mil hectares, num total de mais de 110 mil hectares com água de Alqueva já disponível para novas produções. E o regadio não vai ficar por aqui, pois está prevista a sua extensão até aos 170 mil hectares.


"Houve claramente uma mudança de paradigma na agricultura alentejana — e a vários níveis: mais tecnologia; maior profissionalização; diversificação de produtos; interação com o sector da indústria agroalimentar; produção para os mercados externos e, não menos importante, uma modificação radical na paisagem, com impacto direto no turismo, por um lado, mas sobretudo na agricultura." É desta forma que Rui Fragoso, professor e investigador na Universidade de Évora, descreve a 'revolução' induzida pelo projeto de regadio de Alqueva.

Nota, porém, que há uma espécie de fio de prumo que atravessa todas aquelas componentes da nova agricultura do Baixo Alentejo: o preço da água. O custo que os agricultores passaram a ter de incorporar nos produtos que vendem e que os obriga a fazer uma utilização mais eficiente daquele recurso.

"Com Alqueva nasceu claramente uma nova forma de encarar a gestão do negócio agrícola, nesta zona do país. Embora a custo, em muitos casos, mudaram-se radicalmente os hábitos das populações afetadas pela transformação que veio com a água, desinquietaram-se muitos dos espíritos mais acomodados à velha cultura de sequeiro, mas, no final, o balanço é claramente positivo", resume ainda investigador, que desde 1996 acompanha o projeto de regadio de Alqueva.

Reconhece, no entanto, que há "pequenas franjas" que ainda contestam o projeto, ao fim deste tempo todo, sobretudo por questões ambientais.

Miguel Potes, investigador no Instituto de Ciências da Terra (também na Universidade de Évora), estuda há cerca de uma década o impacto ambiental do Grande Lago de Alqueva sobretudo ao nível das cianobactérias. Nome complicado para definir uma coisa tão simples como isto: uma espécie de algas, que na prática são bactérias que obtêm energia por fotossíntese.

Formam-se em algumas áreas da albufeira e, depois de uma análise mais detalhada feita no verão de 2014, concluiu-se que, "ao contrário do que seria de esperar, o Grande Lago está a absorver CO2 mais ou menos na mesma proporção que o registado no montado de sobro, nas zonas envolventes".

O investigador, que agora tenciona proceder a uma análise desse efeito ao longo de 12 meses consecutivos, explica ainda que "sobre o 'mito' das neblinas, o que há a dizer é que o Grande Lago provoca mais ou menos os mesmos dias de nevoeiro — que se verificavam antes de Alqueva — mas com a particularidade de durarem mais algumas horas que o que era habitual".

Refere ainda que as temperaturas só sofrem pequenas variações junto às margens do Grande Lago e que a mais de um quilómetro de distância "já não se nota nenhuma influência".

TURISMO 'DISPARA' EM MONSARAZ
Impacto a sério foi sentido no sector do turismo, em especial no território de Reguengos de Monsaraz, na margem norte da albufeira. Se, antes da barragem, a lendária aldeia no topo do monte (Monsaraz) tinha entre 30 mil a 40 mil visitantes por ano, agora triplicou, com os dados de 2016 a ultrapassarem a fasquia dos 100 mil.

"Como é óbvio, estamos orgulhosos destes resultados", nota José Calixto, presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz. Explica que na última década surgiram algumas dezenas de pequenas unidades de turismo rural — sempre associadas ao Grande Lago de Alqueva — e que, com a abertura recente de uma unidade hoteleira de cinco estrelas em São Lourenço do Barrocal, a oferta deu um "salto qualitativo considerável". De tal forma, que esta unidade projetada pelo arquiteto Souto de Moura, foi já distinguida internacionalmente pela conceituada revista britânica "Monocle".

O conjunto dos investimentos turísticos realizados neste concelho originaram já perto de 250 postos de trabalho diretos, garante José Calixto. E, provavelmente, outros tantos de forma indireta, alavancados pelas empresas que gravitam em torno desta nova área de atividade para um concelho que dantes era tipicamente rural.

Apesar do fracassado megaprojeto do empresário José Roquete, naquele concelho, na Herdade do Roncão d'El Rei (São Marcos do Campo) — que previa a construção de sete hotéis, quatro campos de golfe, aldeamentos turísticos, duas marinas, um centro equestre e um campo de férias e a criação de mais de 2100 empregos —, o autarca de Reguengos continua confiante no potencial que ainda há por explorar. "O problema é que estamos a esbarrar constantemente em burocracias, sobretudo de ordem ambiental de ordenamento do território. Os processos não andam, as decisões tardam e as intenções de investimento, por vezes, acabam por esmorecer."

Tanto o autarca de Reguengos como José Pedro Salema, presidente da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva), notam que, ao contrário do que muito se veiculou, em tempos, na opinião pública, não há nenhum campo de golfe a ser regado com água de Alqueva.

"Até poderia haver — porque a componente turística faz parte deste empreendimento de fins múltiplos desde o início —, nomeadamente os que estavam previstos para o projeto de Roncão d'El Rei, mas como parou, não há, de facto, campos de golfe a consumir água da barragem", remata o gestor.

A reboque da atividade agrícola crescente, são já vários os concelhos da região em cujas áreas industriais começam a escassear os lotes disponíveis. Tudo porque, segundo aquele responsável, há cada vez mais empresas fornecedoras de meios de produção (e também na área da agroindústria) que se estão a "instalar em força" no perímetro do regadio.


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Empresários querem banca a financiar a agricultura em Moçambique

Empresários da província de Manica, centro de Moçambique, querem que a banca financie a agricultura para "reanimar" a economia "sufocada" pela inflação.

  
"O Governo deve criar condições para que a agricultura seja financiável", refere João Bettencourt, empresário de Manica, à Lusa.

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"A produção e comércio agrário, incluindo importações e exportações de cereais, são um potencial e deviam ter financiamentos bancários", defende José Chibante, outro empresário do setor.

Chibante realça que Moçambique tem uma agricultura como boa base de desenvolvimento, mas peca pela falta de financiamento bancário.

As queixas refletem uma realidade que consta das estatísticas moçambicanas.

Dados do Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias Empresas (IPEME) de Moçambique indicam que 75% das cinquenta mil micro, pequenas e médias empresas de Moçambique não usa produtos financeiros devido a altas taxas de juros, mas também por não serem qualificáveis por falta de colaterais (garantias) e contabilidade organizada.

A situação esteve esta semana em debate em Chimoio, capital de Manica, num encontro entre empresários e financiadores promovido pelo Millennium Bim, um dos principais bancos de Moçambique.

Nuno Vaz, administrador da instituição bancária, fez uma retrospetiva de 2016 em duas palavras: "tempestade perfeita" - pela combinação da guerra, escândalo das "dívidas ocultas" do Estado e consequente queda da economia, com a inflação a atingir 28% e as taxas de juro a duplicarem para 16%.

"O conflito militar e o retrocesso de investimentos tornaram 2016 num ano difícil, sobretudo para o empresariado da zona centro" ao qual o Bim garantiu, durante a iniciativa, apresentar agora novas soluções para crédito, pagamentos, comércio internacional, entre outras.

"Eu tenho um país que produz, mas manda vir tudo da África do Sul" observou Filipe Marques, representante do Banco Europeu de Investimento (BEI), acerca de Moçambique, referindo que a agricultura é a base de desenvolvimento do país, mas muito pouco explorada.

No entanto, o setor, como o dos transportes, é também "um negócio de muito risco, pelo fato de não conseguir controlar as variáveis", como as atmosféricas, por exemplo.

Moisés Jorge, administrador do banco, reconheceu o potencial agroindustrial e turístico da província de Manica, afiançando que o banco tem trabalhado para penetrar no tecido empresarial e social, com ofertas que dinamizem a economia.

Neste cenário, "o banco precisa de olhar para projetos viáveis" num contexto de "escassez financeira" precisou Moisés Jorge, administrador do Millennium Bim.

A experiência noutros países mostra que "a agricultura é subsidiada pelo Estado", referiu.

Ainda assim, admitiu ser "possível montar um esquema de financiamento" para o setor.

O Millennium Bim opera há 20 anos em Manica e criou em 2016 uma rede empresarial com sete balcões.

No evento desta semana, foram premiadas seis empresas com indicadores de gestão financeira caracterizados por um risco mínimo.

domingo, 23 de abril de 2017

Governo quer “Web summit” para a agricultura


22 abr, 2017 - 23:57

A proposta foi apresentada este sábado pelo ministro Capoulas Santos.

Capoulas Santos. Foto: Luís Forra/Lusa

Um encontro pioneiro sobre inovação na agricultura vai realizar-se, por iniciativa de Portugal, em parceria com a União Europeia, em Outubro, em Lisboa, anunciou o ministro da Agricultura.

Denominado 'Agri Innovation Summit' (AIS2017), o "evento pioneiro", que vai ter lugar em 11 e 12 de Outubro, em Lisboa, "trará a Portugal o que de melhor se faz em matéria de inovação agrícola na Europa", disse Capoulas Santos, durante uma sessão na Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), integrada nas comemorações dos 130 anos do estabelecimento de ensino.

O principal objectivo da iniciativa é promover "a troca de experiências e conhecimento entre os Estados-membros e regiões da União Europeia e debater o futuro da inovação em agricultura", disse o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, em declarações à agência Lusa, à margem da sessão.

Trata-se de "um evento centrado na temática da inovação, pois, como é sabido, a inovação, o conhecimento, a investigação e a experimentação são fundamentais para o acréscimo da competitividade da agricultura", acrescentou o governante, sustentando que é necessária "uma agricultura competitiva, mas sustentável".

A digitização, conceito que tem vindo a ser desenvolvido no "domínio da inovação como modelo de futuro para a agricultura, que consiste na substituição de estruturas físicas de apoio à actividade por plataformas digitais", reduzindo distância entre produtores e consumidores e custos económicos e ambientais será o "tema de fundo do encontro".

Mas, também serão abordadas outras questões relacionadas, designadamente com "o uso dos recursos naturais, a gestão agrícola, os sistemas alimentares e florestais e a valorização do território", salientou.

Segundo Capoulas Santos, a reunião pode, de certo modo, ser comparada ao evento tecnológico 'Web summit', que decorreu em Lisboa, em Novembro de 2016, pois "a temática é de alguma forma a mesma", embora "exclusivamente centrada" na agricultura.

Contando com a participação dos comissários europeus responsável pelo pelouro da investigação, ciência e inovação, Carlos Moedas, e da agricultura e desenvolvimento rural, Phil Hogan, o encontro pretende reunir "um conjunto de parceiros europeus ligados a esta temática tão importante como é a inovação na agricultura", adiantou o ministro da Agricultura.

A iniciativa "vai tornar visível a mudança de paradigma da agricultura, que exige cada vez mais formação qualificada e que se está a transformar numa actividade cada vez mais interessante para os jovens, ligada às novas tecnologias", sustentou.

No primeiro dia (11 de Outubro), o AIS2017 "estará focado nos projectos dos actores da inovação" e, o segundo e último dia, será "orientado para a discussão do futuro da política de inovação".

Trata-se de "um evento pioneiro, com futuro já assegurado, em que a primeira pedra do edifício será colocada por Portugal e em Portugal", concluiu Capoulas Santos.

Governo vai criar estatuto do jovem empresário rural para rejuvenescer população

O Governo vai criar o estatuto do jovem empresário rural e "definir apoios associados", para promover "o rejuvenescimento da população rural", disse hoje o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos.

Governo vai criar estatuto do jovem empresário rural para rejuvenescer população

O Governo pretende incentivar "a instalação de jovens empresários em actividades não agrícolas no mundo rural".

22 de abril de 2017 às 21:20

A medida pretende incentivar "a instalação de jovens empresários em actividades não agrícolas no mundo rural", contribuindo para a "diversificação e estruturação do tecido económico regional", adiantou Capoulas Santos.
 
O ministro falava numa sessão para assinalar os 130 anos da Escola Superior Agrária de Coimbra, que é o mais antigo estabelecimento de ensino do sector da agricultura em Portugal.
 
No mesmo sentido, acrescentou Capoulas Santos, será criado o "banco de terras", que visa principalmente "ceder terra para exploração a jovens agricultores com formação adequada" e cujo projecto do Governo já foi enviado para a Assembleia da República.
 
Caso o parlamento aprove o projecto do Governo, o "banco de terras" pode constituir-se como um instrumento através do qual os jovens, designadamente alguns dos que frequentam a ESAC, possam estabelecer-se como "empresários agrícolas de sucesso", desafiou o ministro.
 
O Governo também está "empenhado em incentivar" a produção biológica, de modo a satisfazer a procura crescente destes produtos, afirmou Capoulas Santos.
 
No âmbito do Plano de Desenvolvimento Rural (PDR) do quadro comunitário de apoio Portugal 2020 (PDR 2020), "até 2016 foram efectuados pagamentos a áreas sob compromisso de 223 mil hectares" (conversão e manutenção), que representam 6% da superfície agrícola útil do Continente, num valor de apoio previsional de cerca de 130 milhões de euros, para um período de cinco anos, sublinhou.
 
Os valores alcançados são "muito superiores aos inicialmente previstos" no PDR 2020 (105 mil hectares, apoios de cerca de 95 milhões de euros), o que "atesta o interesse por este modo de produção", sustentou o ministro.
 
O modo de produção biológica está sujeito a uma "regulamentação rigorosa" e exige preparação dos produtores, salientou Capoulas Santos, congratulando-se pelo facto de a ESAC ter criado "esta formação tão especializada".
 
A ESAC é "um parceiro importante da estratégia para a agricultura biológica que o Governo quer implementar", assegurou, enaltecendo o trabalho que a escola tem tido ao longo dos seus 130 anos de existência.
 
O vereador Carlos Cidade, que participou na sessão em representação do presidente da Câmara de Coimbra, também destacou o papel que o estabelecimento, integrado no Instituto Politécnico de Coimbra, tem desenvolvido, nomeadamente a sua ligação "exemplar" e "abertura à comunidade".
 
Considerando "fundamental a ligação do município às instituições de ensino superior e aos seus centros de investigação", o autarca apelou para que "o trabalho conjunto" seja não só continuado, mas também potenciado, através de diversas iniciativas.
 
Entre as acções preconizadas, Carlos Cidade propôs o desenvolvimento de esforços para "uma eventual classificação da Mata da Escola Agrária como Reserva Natural de Interesse Local" e a hipótese de criação de um "museu científico da agricultura", na Casa do Bispo, que integra o património da ESAC.

sábado, 22 de abril de 2017

CAP tem novo Presidente



Confederacao Agricultores de Portugal - Eleicoes.29 Abril 2017 - Lisboa

Eduardo Oliveira e Sousa tomou esta semana posse como novo Presidente da Direção da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), sucedendo a João Machado, que depois de 18 anos deixa a presidência da associação. Esta nomeação surge na sequência da eleição dos órgãos sociais da organização para o triénio 2017-2020.

Eduardo Oliveira e Sousa é engenheiro agrónomo, empresário agrícola e florestal na região do Ribatejo e entre 2005 e 2008 foi Vice-Presidente da CAP.

O novo Presidente da CAP passou ainda pela direção da ANPC – Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (1994 a 2014), sendo atualmente presidente da assembleia geral, diretor e atualmente secretário da assembleia geral do CPM – Clube Português de Monteiros / Associação Nacional de Caça Maior.

Governo assegura que quer aumentar a produção do eucalipto


Em resposta às críticas dos industriais de pasta e papel, contra a proibição de plantação de eucalipto, o Ministério da Agricultura garante que continuará a apoiar o sector, nomeadamente através da atribuição de fundos nacionais e comunitários destinados à exploração florestal.
Governo assegura que quer aumentar a produção do eucalipto
Correio da Manhã

21 de abril de 2017 às 17:55

O Governo garantiu esta sexta-feira, 21 de Abril, que pretende "aumentar a produção e a produtividade do eucalipto" e que continuará a apoiar o sector do celulose e do papel, em reposta às críticas feitas pela CELPA - Associação da Indústria Papeleira.

Em anúncios publicados na imprensa, a CELPA defendeu que a proibição de plantação de novas áreas de eucalipto é um "enorme prejuízo para a economia portuguesa", parte de uma "ideia errada e preconceituosa" e não tem fundamentação técnico-científica.

"Em primeiro lugar, o Governo não concorda, obviamente, com essa declaração. Contrariamente ao que é dito, o Governo pretende aumentar a produção e a produtividade do eucalipto, permitindo que se façam novas plantações de eucalipto em áreas de maior produtividade, por contrapartida à redução de áreas de fraca produtividade", disse à Lusa o Ministério da Agricultura, quando questionado sobre as críticas da associação às propostas do executivo em relação à floresta.

O gabinete de Luís Capoulas Santos acrescentou que a indústria da celulose e do papel é "fundamental para a economia nacional", pelo que apoia e "continuará a apoiar o sector, nomeadamente através da atribuição de fundos nacionais e comunitários destinados à exploração florestal, incluindo os povoamentos de eucalipto".

"O Governo pretende, simultaneamente, travar a expansão da área de eucalipto, que se tornou já a espécie dominante na nossa floresta, e aumentar a disponibilidade de matéria-prima para a indústria da celulose", acrescenta.

A Associação da Indústria Papeleira critica, nos anúncios publicados, a decisão governamental de proibir a plantação de novas áreas de eucalipto com base numa "ideia errada e preconceituosa", a qual considera que "pode pôr em causa o futuro da fileira florestal e dos cerca de 400 mil proprietários e produtores florestais portugueses".

"A fileira industrial baseada no eucalipto tem sabido aproveitar os recursos naturais de que o país dispõe [...] utilizando uma espécie bem adaptada, e tem-no feito de forma exemplar, responsável e com total respeito pelo ambiente", argumentou a CELPA, defendendo que a proibição "prejudica os produtores florestais, provoca perda de competitividade da indústria da pasta e papel e contrai a economia do país".
 
Em contrapartida, a associação garante que a proibição "reduz as áreas com gestão, promove o abandono e o crescimento de áreas de matos e incultos e aumentará o risco de incêndio (49% da área ardida nos últimos 15 anos são matos ou incultos e 13% são eucalipto)", "não se resolve o problema das demais espécies" e deverá fazer aumentar as importações de madeira.

Segundo refere, Portugal importa cerca de 150 a 200 milhões de euros por ano de madeira de eucalipto (valor que tenderá a aumentar), "riqueza que poderia ser distribuída pelos milhares de produtores e prestadores de serviços florestais a actuar no sector florestal" no país.

Dando cumprimento ao acordo com Os Verdes, o Governo avançou com uma proposta de lei que altera o regime jurídico aplicável às acções de arborização e rearborização, que põe um travão à expansão da área de eucalipto.