segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"Chapéus há muitos seu palerma…"

OPINIÃO
Ricardo Freixial

Eu tinha quase a certeza que a falta de sensibilidade para as questões
de natureza agrícola, só por si, não foi razão suficiente para
Sócrates enquanto Primeiro Ministro ter aguentado no Governo, um
Ministro da Agricultura com um desempenho tão incompetente, bizarro
até, como foi Jaime Silva….Todos nós sabemos que Jaime Silva só foi
Ministro durante quatro anos porque Sócrates o nomeou e apesar de tudo
permitiu que tivesse continuado a ser…Entretanto, Sócrates mudou de
Ministro da Agricultura mas Portugal continua a devolver dinheiro
Bruxelas, sem uma política agrícola coerente e os agricultores
continuam a receber as ajudas tarde e a más horas….Como se tudo isto
não bastasse, tendo também em conta a resposta de Sócrates a Paulo
Portas no Parlamento na passada Sexta Feira, para aquele, os
agricultores são aqueles gajos que usam o chapeuzinho tipo…
O fenómeno de desvio na aculturação que permite a um qualquer
projectista aldeão das serranias, transformar-se rapidamente numa
criatura urbano obsessiva que não consegue distinguir entre o chapéu e
o boné (que é também uma espécie de chapéu de formato circular, mas
com uma aba voltada sobre os olhos), é o mesmo que impede Sócrates
Primeiro Ministro, de distinguir, entre aquele gajo que usa o
chapeuzinho tipo e o Agricultor, o empresário que é o responsável pela
actividade agrícola, aquela que não é uma actividade através da qual
apenas se obtêm alimentos.
De facto, Sócrates não só não usa
chapeuzinho, como não tem capacidade nem sensibilidade para perceber
que a actividade agrícola, é também importante ao nível da ocupação e
ordenamento do território. Nem que o Mundo Rural representa cerca de
85% do território nacional e a agricultura é extremamente importante
para a ocupação e ordenamento equilibrado desse mesmo território. Este
Sócrates, que não usa chapeuzinho e que até esteve ligado ao ambiente
(no tempo do Freeport,,,), não tem capacidade nem sensibilidade também
para entender que a agricultura pode ser uma actividade ambientalmente
sustentável, associada a bens públicos de interesse para a comunidade
e que não sendo o pilar mais forte e dinâmico da economia, é
fundamental para os outros sectores económicos sobretudo ao nível das
economias rurais nas quais, a agricultura dinamiza actividades
co-relacionadas, indústrias ou serviços, a montante e a jusante da
actividade produtiva propriamente dita. Sócrates que não usa
chapeuzinho, não tem capacidade nem sensibilidade para entender que em
zonas nas quais a taxa de desemprego já supera os 11% e os riscos de
desertificação são elevados, a agricultura é uma actividade a apoiar,
podendo contribuir para a ocupação e para a retenção da população que
ainda existe, eventualmente para a atracção de outra e para a
reanimação do Mundo Rural.
De facto, Sócrates que não usa chapeuzinho, não tem também capacidade
nem sensibilidade para entender, a importância de se dever considerar
a agricultura como uma actividade estratégica para a soberania, o
desenvolvimento e a sustentabilidade do país. Sócrates mudou de
Ministro da Agricultura mas infelizmente para nós, ou por continuar a
não usar chapeuzinho ou por outra razão bem mais forte, continua de
forma incapaz e insensível a ignorar entre outras coisas, que a UE
através das reformas da PAC, possui incentivos aos agricultores para
fornecerem serviços ambientais, disponibilizando aos Estados-Membros
montantes que devem ser obrigatoriamente utilizados (ex: os regimes
agro-ambientais, etc.) e que se podem constituir como instrumentos
acessórios fundamentais na obtenção dos objectivos referidos.
Como se tudo isto não transbordasse já, Sócrates continua ainda com o
vagar e o descaramento suficientes para, perante uma interrogação
pertinente no Parlamento acerca do actual estado das coisas, fugir à
resposta como foge obstinadamente às responsabilidades assobiando para
o lado, tentando numa manifesta e reincidente falta de respeito por
com todos nós e para com a Nação, entreter-nos com mais uma das suas
graçolas foleiras…Ser Primeiro Ministro na actual conjuntura Mundial,
num país com as limitações e os constrangimentos de Portugal e ter
ainda espírito para "piadolas", não será tarefa fácil e ao alcance de
qualquer careta….
Já chega….Pode crer o Primeiro Ministro Sócrates, que eu gostaria de
terminar esta escrita com uma chapelada, aquele hábito antigo de
saudar alguém tirando-lhe o chapéu... Não o faço porque, embora sendo
agricultor, não uso chapeuzinho e sobretudo porque, mesmo que o
usasse, o desempenho de Sócrates na agricultura e na governação do
país em geral, não o merece.... Ou seja, sou daqueles que nunca se
"descobriria" para Sócrates….Escrevi entretanto estas linhas por
continuar a recusar-me a "enfiar" pela cabeça abaixo, o barrete, esse
"tricórnio invertido", (a denominação ao contrário do que possa
parecer, não encerra nada de pejorativo nem no que se refere aos
"córnios" nem sequer no diz respeito ao "invertido"... ), que Sócrates
me quer impor....
Sócrates que nunca viveu outra ruralidade para além da Ovibeja e que
não teve por isso necessidade de usar chapéu ou boné para proteger a
cabeça do sol escaldante, do frio ou da chuva (embora pareça usar
chapéu de orelhas daqueles cuja orelheira não tem como finalidade
proteger as orelhas mas sim prejudicar a audição), e nunca terá visto
no acessório qualquer interesse do ponto de vista estético, está há
cinco anos a impor-nos uma política "invertida" e sem respeito pela
Agricultura, pelo Mundo Rural e pelo País, afinal os três "córnios" do
tal tricórnio...
Que se capacite, que mude de sensibilidade e consequentemente de
política, e poderá Sócrates distinguir-se de Portas ( de Paulo,
claro…), também pelo ornamento na cabeça e em vez da cabeça vazia,
isto é, sem chapéu, ou do tal chapeuzinho tipo, ou eventualmente do
modelo tipo "Coronel Tapioca" que fará mais o seu género, exiba
garbosamente no Parlamento e onde lhe der mais gozo, o tipo
"Continental" ou seja o Cocked Hat, um chapéu muito mais digno, até de
"cortesias".... A Agricultura, o Mundo Rural e o País em geral
agradeceriam....
Ricardo Freixial
http://agroportal.pt/a/2011/rfreixial.htm

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