segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Agricultores contra modelo de gestão proposto para Alqueva

A empresa de Consultadoria KPMG apresentou em Beja as conclusões
preliminares de um estudo sobre o modelo de gestão integrada da valia
agrícola, energética e turística do Empreendimento de Fins Múltiplos
de Alqueva (EFMA). Para o sistema global de gestão de rega de Alqueva
foram estudados 3 modelos: Gestão Isolada, Gestão Mista e Gestão
Partilhada. A empresa apontou a Gestão Partilhada como o modelo mais
"sustentável a médio e longo prazo".Neste modelo a gestão e manutenção
da rede primária e da rede secundária, bem como a gestão comercial,
ficaram nas mãos da EDIA - Empresa de Desenvolvimento e
Infra-estruturas de Alqueva. Às Associações de Regantes caberia a
representação dos Agricultores. Do ponto de vista económico a Gestão
Partilhada é a que apresenta um "défice" mais baixo para a gestão até
2050, na ordem dos 78,1 milhões de euros. Segundo o estudo "para
mitigar os resultados financeiros negativos estimados com o sistema de
rega, evidencia-se a necessidade de potenciar a gestão integrada da
valia agrícola, energética e turística".

As Associações de Regantes presentes na cerimónia e os agricultores
manifestaram o seu desagrado face à proposta apresentada. Os "homens
da terra" querem ter um papel mais activo e interventivo na gestão dos
perímetros de rega. Castro e Brito, presidente da Federação das
Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA), foi bastante
crítico. Em sua opinião trata-se de um estudo para gestão da EDIA, não
para gestão do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, pois
centraliza a gestão na empresa. O presidente da FAABA considera que
"não há razão nenhuma para um modelo de gestão completamente
absolutista (...) onde os agricultores não são mais que uma jarra que
se põe em cima da secretária para compor".
O Ministro da Agricultura, presente na cerimónia, ouviu com atenção o
descontentamento dos Agricultores. António Serrano não afastou a
possibilidade do Estado concluir em 2013 Alqueva e entregar a gestão
das redes de rega às Associações de Regantes. Ainda assim admitiu que
esta não seria a melhor solução. As conclusões do estudo estão para
consulta pública, até final de Fevereiro, no site da EDIA, em
www.edia.pt. Os interessados poderão apresentar propostas e
contributos. O Ministro da Agricultura assegurou que o Governo "não
pode impor nada à região". António Serrano desafiou os agricultores e
as autarquias a trabalharem na elaboração de uma proposta final e
assegurou que o Estado não quer sobrepor-se à iniciativa privada.
As conclusões finais do estudo "Uma visão estratégica para um
desenvolvimento sustentável do Empreendimento de Fins Múltiplos de
Alqueva" serão apresentadas em Abril.
http://www.radiopax.com/noticias.php?d=noticias&id=11320&c=1

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