segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Algarve: Vento e mau combate às chamas permitiram que fogo alastrasse

Incêndios

O vento e um mau combate às chamas permitiram que o fogo que atingiu
São Brás de Alportel, Algarve, se tivesse alastrado por vários
hectares, tornando-se no quarto maior incêndio registado em Portugal,
disse este Sábado um investigador universitário.
11 Agosto 2012Nº de votos (0) Comentários (2)



"No primeiro dia, o incêndio esteva mais ou menos dominado, mas no
segundo dia teve uma propagação extremamente rápida. Em poucas horas,
o vento muito forte que se fez sentir fez com que aquele fogo se
tornasse o quarto maior incêndio de sempre em Portugal", disse à Lusa
Paulo Fernandes, professor do departamento de Ciências Florestais na
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
"Com vento, é muito fácil um incêndio propagar-se e este foi um
incêndio muito dirigido pelo vento", acrescentou.
Frisando não ter estado no local na altura do incêndio, em Julho, o
especialista já visitou a zona atingida pelas chamas e faz a sua
análise com base no que viu e no que leu.
"Pelo que vi no local, creio que houve muitas oportunidades de
combater melhor o incêndio. O combate podia ter sido melhor usando-se
outros meios, por exemplo. Neste tipo de incêndios são muito úteis os
meios mecânicos como as bulldozers e as máquinas de rasto. Também
podia ter sido feito contra-fogo nas áreas mais de flanco", defendeu o
professor.
Paulo Fernandes não atribui qualquer responsabilidade na propagação do
incêndio ao tempo de seca, alegando que é uma zona "muito árida, com
solos muito pobres".
"Não é uma zona com muito combustível", frisou o especialista,
acrescentando que "a vegetação daquela zona está adaptada à secura".
Contactada pela Lusa, a meteorologista Ilda Novo Simões disse que a
situação de seca, "conjuntamente com condições meteorológicas que
favoreçam a rápida progressão dos incêndios, como a secura do ar e a
intensidade do vento, aumentam a adversidade da situação para o
combate aos incêndios florestais".
Numa análise à situação meteorológica no Algarve, Ilda Novo Simões
indicou que, em Julho, "o índice de secura dos combustíveis situava-se
acima do percentil 90".
O incêndio que atingiu São Brás de Alportel consumiu 52 por cento da
área florestal do concelho, segundo um relatório da câmara municipal.
O município de São Brás de Alportel tem uma área total de 15.325
hectares, 7.168 dos quais foram dizimados pelas chamas.
Da área total ardida, 69 por cento estava classificada como área
florestal, 29 por cento dos terrenos estavam incultos, enquanto 1,47
por cento da área ardida era utilizada para a agricultura e 0,44 por
cento estavam dedicados a área social.
Pelo menos dez casas ficaram totalmente destruídas e mais de 60
famílias foram afectadas pelas chamas.
O alerta de incêndio foi dado a 18 de Julho, em Catraia, concelho de
Tavira, tendo alastrado durante 72 horas até São Brás de Alportel.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/algarve-vento-e-mau-combate-as-chamas-permitiram-que-fogo-alastrasse

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