quinta-feira, 20 de junho de 2013

III Encontro Nacional Biotecnologia e Agricultura: O Futuro é Agora

CONCLUSÕES


Trinta anos após a primeira demonstração de que é possível obter
plantas geneticamente modificadas, 170 milhões de hectares e mais de
17,3 milhões de agricultores em todo o mundo utilizam variedades
melhoradas com recurso a esta tecnologia, o que corresponde a cerca de
10% de ocupação da área arável mundial.

Durante estes trinta anos 300 milhões de euros foram gastos, por mais
de 400 grupos de investigação, só na Europa, para se estudar os níveis
de segurança destas variedades, confirmando-se que estas variedades
são mais seguras que as convencionais e que não colocam riscos
superiores aos das variedades melhoradas por outras metodologias.

Após três milhares de milhões de refeições contendo produtos
provenientes destas variedades, não se detectaram quaisquer casos de
saúde pública. Da mesma forma não existem registos de impactos
negativos na saúde dos animais que são alimentados com rações contendo
estas variedades.

Durante estes trinta anos, novos métodos foram sendo desenvolvidos com
recurso à tecnologia do DNA recombinante e novas variedades vegetais
foram produzidas através do métodos de RNA de interferência ou da
transformação de cloroplastos. Métodos mais recentes que permitem a
edição do DNA das plantas estão já disponíveis. Por todo o mundo as
instituições públicas desenvolveram soluções para os mais variados
problemas agrícolas, agro-alimentares e ambientais, os quais se
encontram à espera de uma oportunidade para serem testados.

Apesar do grande sucesso desta tecnologia de melhoramento, a União
Europeia encontra-se numa situação de impasse político sendo incapaz
de tomar uma decisão quanto à utilização dos produtos desta tecnologia
e recusando a aprovação de novos eventos com base no conhecimento
científico.

Existem acumulados cerca de 50 anos de atrasos na tomada de decisão
sobre produtos submetidos para aprovação. Esta incapacidade prejudica
a economia europeia: calculam-se em mais de 9,6 mil milhões de euros
os custos desnecessários associados e mais de 443 milhões de euros de
lucros perdidos pelos agricultores europeus. Devido a esta
incapacidade para decidir o número de ensaios de campo na Europa tem
vindo a diminuir, apesar de existirem novos eventos, como o que
permite melhorar a absorção do fósforo pelos animais ruminantes,
reduzindo os impactos ambientais da excreção e acumulação no solo de
fósforo, ou o que aumenta o teor de omega3 em soja e em colza,
melhorando as características dos óleos alimentares produzidos a
partir destas plantas.

Com a sua posição, a União Europeia não só está a prejudicar a sua
economia, impedindo os seus agricultores de usufruírem desta
tecnologia e obrigando-os a competir em desigualdade com agricultores
de países terceiros, como também condiciona a utilização desta
tecnologia em países de outros continentes como é o caso de muitos
países africanos.

Há vantagens económicas claras para o agricultor em utilizar, nas
situações em que tal se justifica, em sistemas agrícolas integradas e
devidamente geridos, as variedades melhoradas com recurso à
biotecnologia. Os agricultores europeus têm que ter o direito a optar
pelas variedades que lhes permitem rentabilizar as suas explorações,
garantindo-lhes reduções de custos de produção e maximizando-lhes as
produtividades.

Na Europa, a Rede de Agricultores e Cientistas (Farmers-Scientists
Network) desenvolve-se com a finalidade de fortalecer a voz dos
agricultores e da ciência no debate europeu sobre a adopção da
agrobiotecnologia.

Num mundo em mudança, em que serão necessários aumentos de
produtividade de cerca de 30% para alimentar uma população, que em
2050 se espera ser de 9 mil milhões de pessoas, em que as alterações
climáticas condicionam as produções e em que é impossível aumentar a
área de solo arável, só a utilização de todo o conhecimento científico
disponível permitirá à agricultura alcançar os objectivos de
sustentabilidade ambiental, mas também social e económica, que lhe são
exigidos. A agrobiotecnologia tem um contributo decisivo a dar neste
contexto.

Fonte: CiB

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/06/19d.htm

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