sábado, 14 de novembro de 2015

Estados Unidos já valem um quinto das exportações de cortiça portuguesa

05-11-2015 
  
Os Estados Unidos são o principal mercado de destino da cortiça portuguesa, representando mais de 20 por centodo total exportado, com as vendas a alcançarem os 95,5 milhões de euros no primeiro semestre de 2015.

Segundo dados fornecidos pela FILCORK (Associação Interprofissional da Fileira da Cortiça), entre Janeiro e Junho, as vendas de cortiça ao estrangeiro totalizaram 473,2 milhões de euros, crescendo 7,8 por cento em valor face ao período homólogo.

No que respeita ao volume exportado, a tendência foi contrária, com um decréscimo de 2,6 por cento entre 2014 e 2015, de 94,6 milhares de toneladas para 92,1 milhares.

No mesmo período, Portugal importou 31,8 milhares de toneladas de cortiça que custaram 64,7 milhões de euros, correspondendo a uma redução homóloga de 9,2 por cento em volume e a um aumento de 4,2 por cento em valor.

França, que foi em 2014 o principal destino dos produtos de cortiça portugueses, passou para segundo lugar no primeiro semestre deste ano, com 18,9 pontos percentuais (p.p.) das exportações, no valor de 89,4 milhões de euros.

As rolhas são o produto de cortiça mais exportado, com quase três quartos do total, com 342,1 milhões de euros exportados nos primeiros seis meses de 2015, seguindo-se os materiais de construção com 117,8 milhões de euros.

As exportações de cortiça têm vindo a aumentar desde 2010, tendo em 2014 crescido 1,5 p.p. em relação ao ano anterior. Entre 2011 e 2014 Portugal produziu, em média, 85 mil toneladas de cortiça por ano. No ano passado, a produção conjunta de Portugal e Espanha atingiu as 105 mil toneladas.

O Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça quer criar condições para a melhoria da produção de cortiça e dos montados e elaborou um plano de investigação e inovação para fomentar estes objectivos, num horizonte temporal de três ciclos produtivos, que vai ser apresentado esta quinta-feira, em Lisboa.

A Agenda Portuguesa de Investigação e Inovação no Sobreiro e na Cortiça (Agenda 3i9), envolveu 81 investigadores e técnicos de 27 entidades e assenta em cinco planos funcionais: melhoramento do sobreiro, melhoria da produtividade, defesa contra pragas e doenças, qualidade da cortiça e acção territorial.

O acrónimo Agenda 3i9 reflecte o horizonte temporal da intervenção: o curto prazo, correspondente a um ciclo produtivo de nove anos, e o médio prazo, correspondente a três ciclos produtivos de nove anos.

O documento destaca que esta fileira tem «características únicas para Portugal», mas apresenta também «algumas fragilidades decorrentes da sua concentração geográfica na bacia mediterrânica e da sua reduzida dimensão global»

Com a aprovação da Agenda 3i9, que será reavaliada no final de cada triénio para redefinição do rumo e estratégia, ficam «definidas as bases para, de acordo com o protocolo de formalização do Centro e o compromisso assumido pelo Estado português, priorizar o acesso aos fundos comunitários».

O sector vinícola é o principal utilizador dos produtos de cortiça, mas a fileira «não se esgota neste segmento, existindo um conjunto de segmentos complementares que aproveitam os subprodutos da indústria da rolha natural e de champanhe, material reciclado e cortiça virgem», realça a A3i9.

Os montados de sobro, que sustentam a fileira da cortiça ocupam uma área de 2,1 milhões de hectares na região mediterrânica, principalmente no sul da Europa, cabendo a Portugal cerca de 737 mil hectares, segundo os dados do inventário florestal de 2006.

A Agenda 3i9 acrescenta que os montados «são ecossistemas estáveis, ricos e complexos» que constituem «uma barreira efectiva contra a desertificação» e «desempenham um papel chave em diversos processos ecológicos como a conservação do solo, a regulação do ciclo da água e o sequestro de carbono».

Fonte: Lusa

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