Máquinas usadas em olivais super intensivos dão origem a milhões de litros.
Por João Ferreira e Suely Costa|19.03.17
A tecnologia substitui a apanha da azeitona pelos varejadores 0 0É azeite. Chama-se 'O Amor é Cego' e retrata mesmo uma história de amor, principalmente à terra que João Rosado herdou do avô. Um olival pequeno com árvores centenárias e até milenares que o professor de matemática recuperou, dando origem a um azeite de elevada qualidade. A contrastar com este método de produção tradicional estão as herdades onde a tecnologia é quem mais ordena em todas as fases de produção do néctar da azeitona.
Nestes olivais tecnológicos a apanha é feita com recurso a uma espécie de tratores gigantes que passam por cima das oliveiras. Através da vibração fazem cair as azeitonas para uns tapetes que as separam logo das impurezas e as colocam em grandes recipientes para serem levadas para o lagar. Estas máquinas que dão uns ares aos 'Transformers', são usadas em olivais super intensivos que dão origem a milhões de litros. "Um sistema mais rentável a nível financeiro", como reforça Ana Rosado, do Lagar da Cartuxa. No antigamente, a apanha era feita à mão. Homens e mulheres batiam com canas nas oliveiras para que a azeitona caísse, muitas vezes danificando os ramos. Hoje, realça Patrícia Peixoto, enóloga da Casa Santa Vitória, "a tecnologia faz com que o tempo da apanha seja três vezes mais rápido garantindo a colheita de 170 hectares de olival por mês".
Além da apanha, a ciência e a tecnologia garantem hoje a qualidade do azeite. Em laboratório, as análises científicas determinam quando a azeitona está no ponto ideal para ser apanhada e, já no lagar, ajudam a perceber os níveis de acidez, humidade e gordura, fatores que podem influenciar a qualidade final do azeite.
Hoje em dia, o azeite pode ser feito em apenas quatro horas. Um método de produção suportado por um sistema informático que acompanha tudo ao pormenor, desde a receção da azeitona até à sua selecção. Os entendidos na matéria sublinham que a qualidade do azeite Português é muito elevada, um factor que contribuiu para que sejamos o 4º maior produtor europeu. O Alentejo é responsável por quase 80% de toda a produção nacional. Mas a tecnologia conta na qualidade e no sabor final do azeite?
Especialistas como Edgardo Pacheco, jornalista do Correio da Manhã e autor do livro 'Os 100 melhores azeites de Portugal', garantem que a única coisa que conta é a azeitona.
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