quarta-feira, 21 de junho de 2017

“El Mundo” diz que gestão dos fogos é “caos absoluto” que põe em causa o primeiro-ministro



21.06.2017 às 16h04

"A desastrosa gestão da tragédia pode pôr fim à carreira política de António Costa". Assim começa um artigo do jornal madrileno sobre os incêndios em Portugal e o de Pedrógão Grande em particular, onde combatem 80 bombeiros espanhóis, apoiados por dois aviões Canadair enviados pelo país vizinho. O "El Mundo" fala ainda num "aluvião" de criticas ao primeiro-ministro e à ministra da Administração Interna, pela descoordenação no combate às chamas

Rosa Pedroso Lima
ROSA PEDROSO LIMA

O fogo que lavra em Pedrógão Grande desde sábado "começou com otimismo e terminou em caos absoluto". As palavras são do correspondente do jornal espanhol "El Mundo" e consta de um dos vários artigos publicados sobre os incêndios em Portugal. O tom é de forte crítica à "evidente falta de coordenação entre as autoridades", assim como às dificuldades de comunicação, entre as quais consta "a confusão gerada por uma falsa notícia, segundo a qual um avião de combate aos fogos se teria despenhado".

Os espanhóis, que contribuem com uma ajuda especial traduzida no envio de 80 bombeiros e em dois aviões para o teatro de operações, tentaram ajudar logo no domingo, enviando para a fronteira portuguesa um contigente de 60 homens das forças de combate aos fogos. A ajuda seria recusada por, naquele momento, não ser possível integrar os bombeiros espanhóis nas operações em curso. Esta terça-feira, confrontada com esta situação, a ministra da Administração Interna acabaria por justificar a recusa pelo "excesso de voluntarismo" de alguns dos apoios recebidos.

Constança Urbano de Sousa é, aliás, um dos alvos principais das críticas que, segundo o jornal espanhol, começaram a surgir como um "aluvião" contra a ministra e contra o Governo de António Costa. O "El Mundo" considera "inexplicável" que "enquanto o incêndio se expandia e os bombeiros portugueses reconheciam estarem a ser ultrapassados pelas condições no terreno", a ministra tenha "vetado a entrada de uma coluna de 60 bombeiros galegos em território português".

O jornal classifica ainda de "grande confusão" o anúncio da queda de um avião de combate aos fogos, "inicialmente confirmado pelas autoridades, que reconheceram ter enviado equipas de resgate para a zona onde, supostamente, se tinha dado o acidente". "Apesar de 17 aviões – entre eles vários enviados por Espanha, França e Itália – circularem na zona nesse momento, o Ministério da Administração Interna negava-se a identificar a nacionalidade da aeronave caída", escreve o "El Mundo".

A maior "surpresa", para o periódico espanhol, surgiu "duas horas depois", com as mesmas autoridades a "desmentirem a notícia e assegurando que o avião caído que procuravam encontrar nunca tinha existido e que não havia qualquer acidente a lamentar".

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