quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Seca extrema dispara preço da eletricidade

Queda para metade na produção das barragens obrigou a maior dependência do gás natural e do carvão. 

Por João Saramago|09.10.17

Produção de eletricidade a partir das barragens caiu de 36% do total produzido para 15% entre janeiro e agosto João Nuno Pepino 320 0A seca severa que atinge o País agravou os custos no mercado grossista da eletricidade na ordem dos 672 milhões de euros. Perante a redução do volume de armazenamento das barragens e consequente menor produção de energia, houve necessidade de recorrer a uma maior produção a partir do gás natural e do carvão. 

Uma alteração que influenciou o aumento do preço do megawatt-hora (MWh). Nos primeiros oito meses deste ano "verificou-se um preço médio do mercado de 50,46 €/MWh, um valor 55% superior ao período homólogo de 2016 (32,46 €/MWh)", divulgou a Associação das Energias Renováveis (APREN). Ao preço de mercado de 50,46 €/MWh, os 37 351 Gigawatt-hora (GWh) produzidos nos primeiros oito meses do ano valeram 1884 milhões de euros. Um valor superior em 672 milhões de euros aos 1212 milhões que seriam de esperar, caso o MWh fosse pago ao mesmo preço médio dos primeiros oito meses de 2016, quando foi fixado nos 32,46 euros. 

O preço mais baixo verificado em 2016 ocorreu num período em que a eletricidade obtida a partir das energias renováveis representou 64% do total. Bem diferente é a realidade dos primeiros oito meses deste ano, nos quais a produção a partir das energias hídrica, eólica, solar e da bioenergia ficou pelos 43%. A maior queda foi observada na eletricidade obtida a partir das barragens. Entre janeiro e agosto de 2016, valia 36% do total e em igual período deste ano não ultrapassou os 15%. 

A produção da eletricidade a partir da energia eólica é agora a mais representativa no setor das renováveis, com 21%. Também a procura de gás natural para a produção de eletricidade tem estado em destaque durante este ano. O uso deste combustível teve um crescimento de 344% em agosto e foi responsável por 42% da eletricidade produzida nesse mês. Zero classifica subida de poluição como "dramática" A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável defende que a maior produção de eletricidade a partir de carvão e gás natural teve "consequências em termos de emissões de gases de efeito de estufa verdadeiramente dramáticas".

 A Zero quantificou as emissões associadas à eletricidade entre janeiro e setembro de 2017 em 24 milhões de toneladas de dióxido de carbono, mais 5,7 milhões de toneladas face a 2016. 

 A maior produção de eletricidade a partir de carvão e gás natural visa também responder à procura externa. Os dados da REN - Redes Energéticas Nacionais revelam que entre janeiro e setembro foram exportados 4986 GWh, valor que representa 249 milhões de euros. As importações foram de 1793 GWh (89 milhões de euros). A procura é explicada pela seca que atinge todo o Sul da Europa e pela redução da produção de energia nuclear em França. 

Aguaceiros fracos para 17 As previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera apontam para a ocorrência de aguaceiros fracos no litoral a norte de Lisboa no dia 17. Custos da seca em 2015 O ano de 2015 foi também marcado pela seca, com um acréscimo nos custos de aquisição de eletricidade de 470 milhões de euros entre janeiro e agosto. Carvão mais poluente As centrais a carvão, por cada quilowatt-hora de eletricidade, emitem 2,5 vezes mais dióxido de carbono que as centrais de ciclo combinado a gás natural. 23 albufeiras a 40% A Agência Portuguesa do Ambiente revelou que no final de setembro das 60 albufeiras monitorizadas, 23 estavam abaixo dos 40% no volume de água.

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