terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Incêndios: Verdes questionam Governo sobre parques de madeira queimada


Os incentivos à criação e ampliação de parques para madeira das áreas atingidas pelos incêndios de 2017 originaram uma interpelação do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) ao Governo, foi hoje anunciado.

Na Assembleia da República, o PEV questionou o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural sobre as "medidas de apoio à criação de novos parques ou ampliação da capacidade de parques já existentes para o armazenamento de madeira queimada de espécies resinosas".

No âmbito do apoio público à instalação de parques de armazenamento de madeira queimada pelos incêndios em 2017, "quantos serão criados para madeira de serração e para madeira de trituração e qual será a sua localização?", questionou o deputado José Luís Ferreira.

Através da pergunta dirigida ao ministro da tutela, Luís Capoulas Santos, o ecologista quer também saber "o número de produtores estimados que irão ser apoiados com a medida de entrega de madeira para serração e trituração" nos parques de armazenamento.

"Estão previstos apoios financeiros complementares para suportar os diferenciais entre os preços reais a praticar no escoamento da madeira pelas fábricas de serração ou de trituração e os preços definidos pelo Ministério ao alto na mata e à entrada dos parques?", pergunta.

Para "Os Verdes", importa que o executivo de António Costa esclareça se "prevê reformular a medida existente, criando e gerindo, em colaboração com as autarquias e produtores florestais, parques de receção e comercialização das madeiras salvadas dos incêndios, para permitir algum rendimento aos pequenos produtores florestais afetados e assegurar o escoamento controlado" da madeira queimada.

"Que medidas urgentes irá o Governo implementar para apoiar a reflorestação e replantação, incluindo áreas comunitárias, no sentido de repor o material produtivo com prioridade para a floresta multifuncional?", questiona.

Em meados de janeiro, ao assinalar três meses dos incêndios que devastaram a região Centro, nos dias 15 e 16 de outubro, o Movimento Associativo de Apoio às Vitimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), no concelho de Tábua, alertou que na altura ainda não existia "um único parque de recolha" de madeira queimada na área atingida.

A necessidade de "preços justos para a madeira queimada" nos fogos de 2017 foi uma das reivindicações de agricultores e produtores florestais numa manifestação, em Lisboa, no dia 02 de fevereiro, promovida pelo MAAVIM, liderado pelo empresário de Midões Fernando Tavares Pereira, em conjunto com a Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que representa a agricultura familiar em Portugal.

"Os pequenos produtores florestais, face aos valores extremamente baixos pagos pela madeira ao alto, no povoamento, e à reduzida rentabilidade, estão a optar por deixarem as árvores nos terrenos, sem que se preveja o seu corte e a respetiva reflorestação destas áreas ardidas", alertou hoje o PEV, um dos partidos que apoiam o Governo na Assembleia da República, com PS, BE e PCP.

Nas áreas que arderam nos últimos anos, "espécies infestantes, como as acácias, e de crescimento rápido, como os eucaliptos, estão a regenerar e a reproduzir-se com bastante facilidade porque não encontram grande competição" das árvores autóctones.

"Se não houver apoios" aos pequenos produtores para "limpar e gerir os terrenos que arderam" e incentivos à reflorestação com espécies endógenas, "as áreas ardidas tornar-se-ão um autêntico barril de pólvora, pois muitas destas ficarão expostas à expansão e densificação do eucalipto, ou seja, tornar-se-ão uma autêntica selva com mais material combustível, acentuando ainda mais o risco de incêndio", segundo o PEV.

Sem comentários:

Enviar um comentário