segunda-feira, 11 de março de 2019

Glifosato. Eurodeputada aponta o dedo a câmaras municipais por "má utilização" de herbicidas


A eurodeputada social-democrata, Sofia Ribeiro alerta para a utilização de químicos agrícolas, por "várias entidades", nomeadamente "as câmaras municipais".

João Francisco Guerreiro, em Bruxelas
07 Março 2019 — 16:43


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Em Entrevista à TSF, a deputada Sofia Ribeiro, do PSD, afirma que a agricultura não pode ser a única a ser responsabilizada pela impacto ambiental da utilização de herbicidas e pesticidas, tendo em conta que a utilização destes químicos não é exclusiva daquele setor.

Muito recentemente, na sessão plenária de fevereiro, em Estrasburgo, Sofia Ribeiro lamentou o "tom geral" refletido no relatório da Comissão do Ambiente, em que se responsabilizam os agricultores pela "má utilização" de químicos. Sem concretizar, a eurodeputada denunciou o "uso generalizado por profissionais e não profissionais, deste e de outros setores".

Em entrevista à TSF, a deputada esclarece que entre os utilizadores desses químicos estão, nomeadamente, "as câmaras municipais".

"É preciso termos em atenção que há várias entidades que fazem a utilização desses produtos, inclusivamente as câmaras municipais", afirma a deputada, apontando os glifosatos como um dos produtos que "também" está entre os químicos utilizados pelas autarquias.

"Quando nós vemos os trabalhadores camarários a fazerem pulverização dos nossos passeios, em muitos casos existe também a utilização de pesticidas, que podem ser com glifosatos ou outros", disse a eurodeputada.


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"A utilização do glifosato, compete aos Estados membros. Portanto, é um a decisão que é própria dos governos nacionais de decidirem se permitem ou não a utilização deste composto", lembrou a deputada, frisando que a decisão sobre uso ou não deste químico "é própria dos governo nacionais", devendo por isso ser imputada aos Estados e não à União Europeia.

Na sua intervenção em Estrasburgo, considerou "óbvia" a possibilidade de "utilizarmos os pesticidas de uma forma mais sustentável e também é óbvio que os agricultores são os principais interessados em manter um ambiente limpo e sustentável", pois "a sua subsistência depende disto".

"Por isto, lamento o tom geral deste documento", afirmou, referindo-se ao relatório da Comissão do Ambiente, "que atribui à agricultura, a principal causa da má utilização destes produtos".

A nível europeu, neste momento, está em curso uma moratória, até 2022, durante a qual serão realizados mais estudos, "para podermos ter uma fundamentação científica, para podermos depois efetivamente ter uma escolha mais concertada", sublinha a eurodeputada.


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"Contudo, quando falamos de pesticidas, de uma forma global, não nos podemos esquecer das várias componentes", disse Sofia Ribeiro, pois considera que "é preciso haver uma utilização que seja mais sustentada, com maior formação dos vários profissionais que fazem a utilização desses pesticidas e apostar em sistemas que possam contribuir para a diminuição da sua utilização, como por exemplo o sistema de proteção integrada".

A eurodeputada social-democrata foi entrevistada no âmbito do programa a Hora da Europa. No Parlamento Europeu, Sofia Ribeiro integra a comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, a Delegação para as Relações com os Estados Unidos. É Membro suplente da Comissão da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e da Delegação para as Relações com o Canadá.

Ao longo as próximas semanas vamos procurar respostas a questões como as alterações climáticas, crescimento e emprego, direitos humanos, eleições europeias, futuro da Europa, migrantes, proteção dos consumidores, proteção social? Estes são alguns dos pontos de partida para a conversa com os eurodeputados, em direto, de Bruxelas ou Estrasburgo.


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