segunda-feira, 3 de junho de 2019

Projetos agrícolas herdados do QREN deixam por aplicar 30% do apoio atribuído

Mónica Silvares
29 Maio 2019

Em causa está a libertação de cerca de 60 milhões de euros que agora podem ser utilizados em novos projetos.

O programa que concede apoios comunitários aos agricultores está a levar a cabo uma operação de limpeza para libertar verbas que não estejam a ser utilizadas, confirmou ao ECO a gestora do PDR2020. Segundo Gabriela Freitas só nos projetos que transitaram do quadro anterior — avaliados em 800 milhões de euros — houve uma subexecução de 30%.

Ao contrário dos restantes programas operacionais do Portugal 2020, na agricultura houve a possibilidade de fazer transitar projetos de um quadro comunitário para outro, ou seja, do QREN para o PT2020. Gabriela Freitas avançou ao ECO que houve "alguns casos de desistência", mas "fundamentalmente houve uma subexecução de 30% dos compromissos transitados" do Proder.

"Houve uma libertação de verbas fruto de algumas desistências, mas fundamentalmente houve uma subexecução de 30% dos compromissos transitados."

Gabriela Freitas
Gestora do PDR2020

A gestora do Programa de Desenvolvimento Rural que vigora entre 2014 e 2020 (PDR2020) sublinhou ainda que "a maior parte destes projetos transitados já está encerrada" e que subexecução acabou por se traduzir numa libertação de verbas, que até é bem-vinda tendo em conta as taxas de overbooking — dinheiro atribuído a projetos para além da dotação global. O dinheiro que não foi executado fica dentro do programa e pode ser reutilizado, não tendo de ser devolvido a Bruxelas.

"Temos em curso uma operação limpeza que já libertou no PDR cerca de 60 milhões de euros", especificou ainda Gabriela Freitas, sublinhando que se trata não só de fundo comunitário, mas também de verbas do Orçamento do Estado, que perfaz a fatia do custo dos projetos que tem de ser assegurada por despesa pública.

"Temos em curso uma operação limpeza que já libertou no PDR cerca de 60 milhões de euros."

Gabriela Freitas
Gestora do PDR2020

Esta operação limpeza acaba por ter reflexo nas taxas de pagamento do PDR2020, que no primeiro trimestre de 2019 registou uma quebra de dois pontos percentuais na taxa de pagamento. O valor do fundo pago aos beneficiários versus o valor do fundo aprovado associado às operações passou de 52%, no último trimestre de 2018, para 50%, no primeiro trimestre deste ano, tal como revela o boletim trimestral do Portugal 2020, publicado pela Agência do Desenvolvimento e Coesão.

Gabriela Freitas, que veio substituir Patrícia Cotrim na gestão dos fundos para apoiar os agricultores, sublinha ainda que foi necessário aumentar a contrapartida nacional para injetar mais 160 milhões de euros no programa para tentar resolver o volume de overbooking que existia que ultrapassava em 200 milhões de euros o montante global. O Executivo decidiu passar de uma taxa de 15%, para 16% em 2017 e 2018; até 19% em 2019 e até 23% em 2020 e anos seguintes.

Até março de 2019, o PDR2020 apoiou mais de 288 mil projetos, num total de 3,48 milhões de euros de apoio comunitário, que alavanca um investimento de 5,92 milhões de euros. Além disso, tem uma taxa de execução de 54%, a mais elevada do Portugal 2020.

Associação Lusomorango está preocupada com desenvolvimento no Perímetro de Rega do Mira

Lisboa, 28 mai 2019 (Lusa) - A Lusomorango, associação de 42 produtores agrícolas de pequenos frutos, enviou hoje uma carta a várias entidades, incluindo o Presidente da República, a manifestar as suas preocupações relativas ao desenvolvimento do Perímetro de Rega do Mira (Sudoeste Alentejano).

28 Maio 2019 — 14:48

De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, a associação, que representou no ano passado mais de um quarto (26%) das exportações do setor, salienta que a área do Perímetro de Rega do Mira, é "um dos territórios em Portugal com maior potencial agrícola", mas "os instrumentos de gestão territorial atualmente existentes não permitem explorar de forma consistente esse potencial".

Em causa está a situação dos trabalhadores imigrantes, alojamentos e ainda entraves ao processo de expansão agrícola.

Na carta, enviada a Marcelo Rebelo de Sousa, ao primeiro-ministro, António Costa, e aos ministros da Administração Interna, Agricultura, Economia e Ambiente, a Lusomorango sublinha que "está empenhada no diálogo institucional" e que nos últimos anos envolveu-se em dois grupos de trabalho, tendo apresentado propostas concretas na área do trabalho e do ambiente.

"Acreditamos que o diálogo institucional é a via para o desenvolvimento, mas a multiplicidade de entidades envolvidas neste diálogo, por um lado, e algum imobilismo de algumas dessas entidades em solucionar questões prementes, por outro, têm causado, senão um retrocesso, pelo menos um travão quanto às respostas que o setor merece e que, estamos certos, o território precisa", refere.

"A situação da escassez de mão-de-obra disponível para trabalhar na agricultura levou a que as empresas se vissem na contingência de recorrer a trabalhadores estrangeiros", prossegue a associação, salientando que no universo das empresas que integram a Lusomorango "trabalham cerca de 2.200 pessoas de mais de 30 nacionalidades".

Dos 205 milhões de euros que o setor dos pequenos frutos exportou no ano passado, que já representa 30% do valor da exportação de frutas nacionais (689 milhões de euros), "26% teve origem na Lusomorango: amoras, framboesas, mirtilos e morangos", o que corresponde a 54 milhões de euros (99% é vendido aos mercados externos).

A associação destaca o contributo dos trabalhadores imigrantes nos resultados das empresas associadas, mas adianta que estes "merecem mais" de Portugal, "desde logo condições mais dignas para as suas vidas e para a suas famílias".

"As empresas da Lusomorango, conscientes das suas responsabilidades, já apresentaram soluções de alojamento que, invariavelmente, esbarram em burocracias labirínticas", aponta, considerando que as empresas "estão muito mais avançadas na sua disponibilidade para integrar estes trabalhadores migrantes do que as entidades públicas, que não têm resposta, mas que também não aceitam as soluções propostas".

Manifestando querer fazer parte da solução, já que se trata de um setor que garante a "preservação da biodiversidade e do equilíbrio dos ecossistemas", bem como a agricultura permite "fixar populações e desenvolver o território" e ser "um travão aos incêndios, ao abandono e à desertificação", a Lusomorango considera que "é preciso um decisor capaz de olhar para o território de uma forma estratégica e de funcionar como um efetivo impulsionador de um diálogo que seja consequente".

Adianta que a Universidade Católica, a pedido da associação, "está a concluir um estudo sobre o impacto do crescimento da hortofruticultura na economia de Odemira, cujos resultados preliminares apontam para vendas estimadas de 211 milhões de euros em 2017.

Alentejo e Algarve querem centro que investigue agricultura e ambiente no Mediterrâneo


Évora, 28 mai 2019 (Lusa) -- Quatro centros de investigação do Alentejo e Algarve "juntaram esforços" e querem criar um centro único especializado em investigar temas de agricultura e ambiente no Mediterrâneo, para responder a novas necessidades face às alterações climáticas.

28 Maio 2019 — 18:07

"Estes quatro centros atuam em áreas complementares e, como somos todos focados sobre sistemas do Mediterrâneo, achámos que faria sentido juntarmos esforços", destacou hoje à agência Lusa Teresa Pinto Correia, diretora do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICAAM) da Universidade de Évora (UÉ).

O projeto do centro MED - Mediterranean Institute for Agriculture, Environment and Development, já candidatado à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), a ser aprovado, irá permitir aos quatro centros envolvidos "aumentarem a sua massa crítica e o tipo de sistemas acerca dos quais podem dar resposta em termos de investigação", acrescentou a responsável.

A criação do MED (que em português pode ser traduzido como Instituto para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento no Mediterrâneo) é fruto de uma parceria entre três centros de investigação alentejanos e um algarvio.

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Do Alentejo, a iniciativa tem a participação do ICAAM e do Polo de Évora do Cibio - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, ambos da UÉ, assim como do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Alentejo (CEBAL), localizado em Beja.

O MeditBio - Centro para os Recursos Biológicos e Alimentos Mediterrânicos da Universidade do Algarve é a outra unidade de investigação participante no projeto.

Caso a FCT aprove a candidatura "apresentada no ano passado" e que ainda se encontra "em fase de avaliação", disse hoje Teresa Pinto Correia, o centro MED vai ter cerca de 180 investigadores doutorados.

"E será a única unidade de investigação na integração entre agricultura, alimentação, desenvolvimento rural e ambiente" a existir "no sul do país", destacou o ICAAM.

A diretora do ICAAM explicou que os centros envolvidos, "como estão no sul do país, têm um foco maior sobre os sistemas produtivos e os ecossistemas do Mediterrâneo".

"Um atua do lado da conservação e das alterações climáticas, outro na agricultura e no território, outro na área da biotecnologia e o outro nas questões da produção de hortícolas e frutícolas. Podemos cruzar todas estas áreas e potenciar a nossa investigação", argumentou.

E, "face às questões das alterações climáticas, ainda é mais necessário" apostar nesta investigação aplicada especializada no Mediterrâneo, defendeu.

"É muito difícil manter os sistemas da forma como têm vindo a ser desenvolvidos, porque eles tem de se adaptar a condições novas e temos de tentar minimizar os impactos negativos. Por isso, o objetivo do MED é fazer investigação que responda às questões práticas e, sobretudo, às que têm a ver com as novas necessidades face às alterações do clima", frisou.

Para dar visibilidade à investigação que já é desenvolvida nos quatro centros que pretendem criar o MED e dar visibilidade ao projeto, o Polo da Mitra da UÉ vai acolher, nos dias 27 e 28 de junho, as primeiras Jornadas MED, que têm como tema central "A Agricultura e o Ambiente no Mediterrâneo".

Os primeiros robôs capazes de substituir os trabalhadores agrícolas já estão a ser testados


SOCIEDADE 28.05.2019 às 16h40


O primeiro robô capaz de colher, em média, mais 10 mil framboesas por dia do que um trabalhador humano, foi testado pela primeira vez no Reino Unido, e parece ter várias vantagens comparativamente com os trabalhadores

Custa mais de 7900 euros, mas é capaz de colher mais de 25 mil framboesas por dia enquanto um trabalhador, em oito horas de trabalho, colhe em média apenas 15 mil.

Este robô foi desenvolvido pela Fieldwork Robotics, uma empresa da Universidade de Plymouth, em parceria com Hall Hunter, um dos principais produtores de bagas da Grã-Bretanha que fornece as maiores cadeias de supermercados do país.

Trata-se de uma máquina sob rodas com 1.80 metros de altura e um braço robótico que, guiado por sensores e câmaras 3D, mede a framboesa para calcular a sua idade, arranca a fruta com a suas pinças e deposita-a num tabuleiro lateral onde esta é depois classificada por maturidade, antes de ser transportada para cestos, pronta para ser encaminhada para os supermercados. Só para colher cada baga, a máquina demora cerca de um minuto, contudo, a versão final do robô, que deverá entrar em produção no próximo ano, terá quatro pinças, todas capazes de colher em simultâneo durante 20 horas, uma vez que.... as máquinas não se cansam.

Segundo Rui Andres, responsável pelo portfólio de um dos patrocinadores do projeto, o maior desafio tem sido conseguir que os robôs se adaptem a diferentes condições de luz. Andres disse ainda que os agricultores britânicos normalmente pagam 1 a 2 libras para que um quilo de framboesas seja colhidas por trabalhadores, enquanto a Fieldwork pretende alugar os seus robôs por menos que isso. Alguns produtores já manifestaram interesse devido à pressão do aumento do salário mínimo, que faz com que a mão-de-obra represente metade dos seus custos de produção.

O robô é uma criação de Martin Stoelen, professor de robótica na Universidade de Plymouth, que passou da engenharia aeroespacial para os robôs, inspirando-se na fazenda dos seus avós na Noruega. Ao abordar primeiro um dos frutos de baga mais difíceis, ele espera ser capaz de ajustar a tecnologia para que o robô possa ser usado para colher outras bagas, frutas e vegetais. Testes realizados na China confirmam esta previsão e indicam que o robô será em breve capaz de colher também tomates e couve-flor.

Além disso, os robôs também começam a ser utilizados para lavrar os campos, plantar várias culturas e ordenhar vacas, como parte de uma tendência a longo prazo de automação na agricultura. A empresa inglesa Small Robot Company está a testar três robôs, com uma aparência semelhante a uma aranha sobre rodas, a que deu o nome de Tom, Dick e Harry. Estas três máquinas semeiam, alimentam, eliminam ervas daninhas e monitorizam culturas como o trigo, de forma mais suave do que as máquinas agrícolas pesadas, reduzindo a necessidade de água e pesticidas.

Estas inovações tecnológicas surgem numa altura em que a indústria agrícola no Reino Unido luta contra o aumento dos custos de mão-de-obra e a escassez de trabalhadores sazonais. Entre as causas para a redução do número de trabalhadores, particularmente aqueles provenientes da Europa Oriental, está o medo das possíveis consequências do Brexit e o crescimento económico da Polónia e a Roménia, o que leva a que muitos trabalhadores acabem por permanecer nos seus países de origem. Os produtores de bagas e de maçãs foram os mais afetados pela escassez de mão de obra. Nicholas Marston, presidente do organismo comercial British Summer Fruits (BSF), afirma que os fruticultores tiveram menos 15% a 30% dos apanhadores sazonais no verão passado. Mas Marston adverte: "Serão necessários 10 anos para que os robôs funcionem de forma tão eficaz quanto as pessoas."

sábado, 1 de junho de 2019

Um calor tropical, incêndios nas florestas, desmaios na rua e 45,5ºC à sombra. De 1884 a 1949 o calor também foi notícia em Portugal


8 ago 2018 17:19

Temperaturas chegam aos 35ºC no fim de semana. Saiba como vai estar o tempo estes dias
"Uma escaldante onda de calor está varrendo Portugal, tendo elevado a temperatura a 45,5ºC à sombra. Em Lisboa a temperatura subiu a 35ºC, tendo sido em Elvas que se registou o máximo de 45,5ºC". A notícia podia ser de agora, mas não é: foi publicada em 1949, no jornal A Manhã. E se ouvir dizer por aí que "a vaga de calor que passou sobre o país nos últimos dias provocou incêndios nas florestas", não pense que só agora é notícia, porque já em 1938 foi escrito, no Diário da Tarde. O calor em Portugal tem estado presente nos jornais — portugueses e não só — ao longo dos anos, em episódios que marcam a história.
 Um calor tropical, incêndios nas florestas, desmaios na rua e 45,5ºC à sombra. De 1884 a 1949 o calor também foi notícia em Portugal

Sábado, 4 de agosto de 2018, foi o dia mais quente deste século em Portugal continental. Os valores médios da temperatura máxima, 41,6 graus, e da temperatura mínima, 23,2 graus, foram também os mais altos dos últimos 18 anos. A temperatura máxima do ar mais alta foi de 46,8 graus e registou-se em Alvega, Abrantes.

Em comunicado, o IPMA adiantou que os valores médios da temperatura mínima, que foram superiores a 40 graus em três dias consecutivos (40,1, 40,9, 41,6, respetivamente 2, 3 e 4 de agosto), confirmam o caráter excecional deste episódio de calor em Portugal.

Contudo, recuando no tempo — e olhando para jornais de época — percebe-se que o calor tem sido notícia ao longo dos tempos. Em 1884 já se falava num calor "tão intenso em Portugal que tinha danificado a vegetação", bem como da "falta de água" em 1919. Já em 1930, "em Lisboa a temperatura subiu como nunca", falando-se até num "calor tropical" que fez "numerosas pessoas desmaiarem nas ruas". No mesmo ano — e à semelhança de 2018 — o verão "tardou mas chegou" e isso fez "as alegrias dos cervejeiros" na capital do país. Mas se o verão com altas temperaturas foi noticiado, de fora não ficou a neve em pleno mês de julho, em 1889, na Guarda.

E porque os incêndios também não são notícia de agora, em 1932 registou-se um "violento incêndio na floresta de Sintra, ameaçando as vilas circunvizinhas". Em 1938 e 1943, as páginas dos jornais também os assinalaram. "A vaga de calor que passou sobre o país nos últimos dias provocou incêndios nas florestas" e "nos campos e nas matas", havendo também referência a uma "tal violência que ameaça atingir as casas".

O desespero das populações e a admiração pelos fenómenos verificados também foi sendo referida. Em 1949, a onda de calor em Lisboa "causou tremendo pânico" e "centenas de pessoas desmaiaram nas ruas, principalmente mulheres. Muitas aterrorizadas e julgando que havia chegado o fim do mundo, começaram a rezar". Em Coimbra, o rio Mondego "ficou seco em várias partes" e "viam-se amontoados milhões de peixes mortos". Afinal, registaram-se "45ºC à sombra".

Esta recolha de recortes — com referências que podem parecer bastante atuais — esteve a cargo do responsável da página Torres Vedras Antiga, que prefere manter o anonimato. Ao SAPO24, explica ter recolhido as notícias "através da Biblioteca Nacional do Brasil", onde costuma procurar "antigas memórias sobre Torres Vedras".

 
"Por curiosidade pesquisei sobre o tema. Como seria o clima no verão de outros tempos em Portugal? Ao ler essas notícias antigas — com pelo menos mais de 70 anos — pareceram-me notícias recentes. Algumas coisas melhoraram, mas outras continuam iguais. Achei interessante", diz.

Quanto à página onde publicou o artigo, conta que tudo começou com um trabalho escolar. "Tinha algumas imagens antigas sobre este concelho e achei interessante criar uma página e partilhá-las. Teve logo uma excelente adesão — para a temática que é — e pensei em criar mais conteúdos sobre o património material e imaterial de Torres Vedras, o que poderá ajudar na preservação dessas 'antigas memórias', como lendas, histórias, imagens e vídeos antigos, recordações, curiosidades e figuras torrienses", começa por explicar. E, com o tempo, começaram a ser "os seguidores da página, de Portugal e de vários lugares do mundo, a ajudar em algumas memórias para publicação".

terça-feira, 28 de maio de 2019

O “ecossistema” da Califórnia

Pedro Santos
 
Nos últimos 20 anos, o valor da produção agrícola da Califórnia praticamente duplicou. E parece relevante assinalar que os produtores reconhecem que isso só foi possível pela enorme cooperação que existe entre todos e que permite criar um "ecossistema" que defende e promove a produção californiana nos Estados Unidos e no Mundo.

28 de Maio de 2019, 2:15

Estive recentemente na Califórnia, integrado numa missão de agricultores da região de Alqueva promovida pela Magos Irrigation Systems em parceria com a Consulai e com o apoio da EDIA, e tive oportunidade de conhecer um pouco da realidade agrícola daquele estado norte-americano.


É uma casa burguesa, com certeza — e ganha prémios no século XXI
A agricultura californiana impressiona pela sua escala e pelo seu dinamismo. No total, a agricultura na Califórnia ocupa uma área de 10,2 milhões de hectares (ou seja, uma área agrícola superior à área total de Portugal Continental) e representa um produto agrícola superior a 45 mil milhões de euros (cerca de 6,5 vezes o valor da produção agrícola nacional). Na Califórnia existem 77.000 explorações agrícolas, sendo a área média por exploração de cerca de 130 hectares. As principais atividades agrícolas da Califórnia são a produção leiteira, as uvas, as amêndoas, os pequenos frutos, as nozes, os pistáchios, o tomate indústria, o gado bovino para carne, os citrinos e os hortícolas.

Só tive oportunidade de conhecer aquilo que se designa como "Vale Central", composto pelo Vale de Sacramento e pelo Vale de São Joaquim, que representa cerca de 50% da área agrícola da Califórnia (cerca de metade da área total de Portugal), e que apresenta um declive médio inferior à Lezíria do Tejo.

Estes vales têm de facto excelentes condições edafoclimáticas para a produção agrícola. Nem tudo é perfeito, sobretudo aos olhos de um europeu; a tipologia de produção, com dotações de rega bastante acima daquelas que praticamos (por exemplo, na amêndoa regam uma média de 12.000 m3 por ha, quando em Portugal se regam alguns pomares com 4500 m3) e com baixas preocupações de eficiência no uso dos fatores, parece pouco sustentável e incompatível com as restrições regulamentares em vigor na Europa. É um problema que enfrentam, sobretudo marcado pelo prolongado período de falta de água que viveram nos últimos quatro anos, mas que também se percebe que têm uma enorme margem de progressão e que o farão de forma rápida.


De qualquer forma, nos últimos 20 anos o valor da produção agrícola da Califórnia praticamente duplicou. E parece relevante assinalar que os produtores reconhecem que isso só foi possível pela enorme cooperação que existe entre todos e que permite criar um "ecossistema" que defende e promove a produção californiana nos Estados Unidos e no Mundo. De variados exemplos, destaco quatro pontos que me parecem bastante diferenciadores da nossa realidade e que fazem bastante diferença.

O primeiro é a uniformidade na utilização da tecnologia. Percorrer o vale central da Califórnia é ver milhares de hectares que parecem todos iguais; é usado o mesmo compasso, as mesmas variedades, o mesmo sistema de rega, etc... Nas conversas com os produtores percebe-se que não se sentem motivados para "inventar", preferindo apostar na adoção de um modelo produtivo rentável e com resultados comprovados.

Um segundo aspeto é a existência de fortes estruturas de agregação da produção, quer sejam operadores privados, quer sejam organizações de produtores, que conseguem ter escala na comercialização dos seus produtos e inovar nos produtos que oferecem. Por exemplo, a Blue Diamond é uma cooperativa com mais de 3000 produtores de amêndoa, que comercializa mais de 165.000 toneladas de amêndoa e com um volume de faturação superior a 1000 milhões de euros. Em conversa com um dos diretores foi possível perceber o enorme foco na criação de diferenciação no mercado e no empenho colocado no acompanhamento dos produtores, garantindo que se sentem envolvidos e valorizados na venda da sua amêndoa.

Outro exemplo do tal "ecossistema" é a existência do Almond Board of California, que é uma organização (do tipo interprofissional) que agrega 6800 produtores e 100 processadores de amêndoa, apoiando a promoção e os mercados de exportação da amêndoa californiana e investindo em investigação e desenvolvimento. É uma estrutura que gere um orçamento anual de cerca de 90 milhões de euros, totalmente financiado pelos produtores de amêndoa. Repito: totalmente financiado pelos produtores!

Por último, queria destacar o modelo de extensão agrícola que têm no terreno em colaboração com a Universidade da Califórnia (UC Davis). Tivemos oportunidade de visitar um centro de experimentação onde se desenvolvem mais de 130 ensaios em resposta a problemas concretos dos agricultores. Os serviços da Universidade estão divididos em diferentes categorias, tendo um conjunto de mais de 200 advisors no terreno, em grande proximidade com os produtores, que têm o apoio de especialistas e de professores universitários. Um sistema capilar que permite identificar os problemas concretos e que contribui para que haja confiança por parte dos produtores na universidade.

Parece simples. Mas nós não temos conseguido fazer este percurso, mesmo quando existem incentivos disponíveis. Não conseguimos estabilizar modelos produtivos, não conseguimos na organização da produção, pelo menos de forma sistemática e com escala suficiente para afirmar Portugal nos mercados internacionais, nem conseguimos na ligação às entidades do sistema científico e tecnológico, que continua a depender integralmente de fundos públicos e tem por isso uma ligação à produção que fica aquém do desejável.


Apesar disto, muito tem sido feito nos últimos anos e acredito que podemos mudar ainda mais e aproveitar as excelentes oportunidades que se vão colocar ao nosso país e ao setor agrícola nos próximos anos

Três ideias nacionais que estão a dar cartas na nova agricultura /premium


27 Maio 2019954

Marta Leite Ferreira
O plástico que evita 500 toneladas de poluição, o fungo que abastece as plantas com nutrientes e o casaco impermeável para os cereais. Três ideias nacionais que vale a pena conhecer.

Imagine que alguém cobre a cidade de Lisboa com plástico de polietileno, aquele que é usado para fabricar os sacos pretos de lixo que usa em casa. Não com uma camada, mas com três. Essa é a quantidade de plástico que os agricultores usam anualmente quando preparam os campos para uma nova plantação. São entre 25 mil e 30 mil hectares de terreno cobertos por cinco mil toneladas de um plástico preto que, aos agricultores, ajuda a garantir a fertilidade e a controlar a humidade do solo. Mas que traz um problema para o ambiente. Quando são retirados, os plásticos costumam ser enterrados numa zona improdutiva dos campos. Ou amontoados ao ar livre.

E mesmo que os agricultores sigam os procedimentos aconselhados para o fim do ciclo de cada cultura, pelo menos 10% desse plástico fica enterrado nos solos. São 500 toneladas de um material de origem fóssil, isto é, feito através de petróleo, que ficam inevitavelmente sepultados nos terrenos de cultivo. E que podem não só contaminar os alimentos que ali se cultivem, mas também a água que circula por baixo deles.

Esta é uma das ideias inovadoras premiadas em Portugal, viradas para a nova agricultura, que estão a dar cartas a nível internacional. Com a ajuda da COTEC Portugal, organismo dedicado a estimular a inovação em Portugal (e que recentemente promoveu as sessões Open Shop Floor, com o IAPMEI), o Observador escolheu três casos de produtos e técnicas inovadoras que vale a pena conhecer.

O "plástico" que evita 500 toneladas de poluição
A Silvex — uma fabricante portuguesa de sacos de plástico e papel, películas e alumínio — criou uma solução premiada para o problema dos plásticos que cobrem as culturas. A empresa inventou um filme biodegradável chamado "Agrobiofilm" que pode substituir o polietileno nos campos agrícolas. Visualmente é parecido com os plásticos pretos onde se coloca o lixo, mas é mais fino, mais resistente e mais macio ao toque — quase semelhante à seda.

A Silvex não foi a primeira a criar um filme biodegradável, mas há duas coisas que o diferenciam das invenções das outras empresas. Em primeiro lugar, pode ser instalado nos campos agrícolas com as mesmas máquinas com que se coloca o plástico de polietileno. Além disso, "nós adaptamos o filme biodegradável a cada tipo de cultura": "Há opções para culturas que durem até seis meses, até 12 meses e mais de 12 meses. Fizemos ensaios em melão, pimento, morango e vinha, que têm diferentes portes e duração de ciclo".

As explicações vêm de Carlos Rodrigues, engenheiro agrónomo que trabalha com a Silvex. Segundo ele, em vez de se usar polietileno na produção deste mulch — o nome técnico para os plásticos de cobertura de solos — o filme biodegradável é feito de amido de milho e óleos vegetais. É por isso que, ao contrário do plástico tradicional, este pode "e deve" ser enterrado com os restos da cultura para ser transformado em matéria orgânica, água e dióxido de carbono.

Em vez de se usar polietileno na produção, o filme biodegradável é feito de amido de milho e óleos vegetais. É por isso que, ao contrário do plástico tradicional, este pode "e deve" ser enterrado com os restos da cultura para ser transformado em matéria orgânica, água e dióxido de carbono.
A ideia para inventar este produtos, que é "tão bom ou melhor que o polietileno", veio do diretor-geral da Silvex, Paulo Azevedo: "Ele também é agricultor. E uma vez, em passeio com uma professora do ISA [Instituto Superior de Agronomia] pelo Alentejo, reparou que havia muito plástico na terra. Aquilo chamou a atenção deles e ficaram a matutar no assunto até terem decidido fazer alguma coisa em biodegradável com os mesmos propósitos", recorda Carlos Rodrigues

Quando encontrou uma solução, a empresa candidatou-se a um programa da União Europeia que ajuda pequenas e médias empresas sem departamento de investigação a levar avante ideias como esta. A Silvex passou com uma pontuação a roçar a máxima. O projeto arrancou em 2010, estabeleceu-se em 2013 e agora já é usado em 500 hectares de cultivo em Portugal.


Um agricultor coloca o Agrobiofilm num terreno. Créditos: Silvex

É assim porque "os agricultores não ficaram indiferentes às preocupações com o plástico": "Há uma diabolização do plástico. Julgo que o problema não é do plástico, é nosso, que não o sabemos gerir, nem colocar no sítio certo. Mas isso resultou numa maior abertura do mercado a estas soluções, sobretudo este ano", analisa o engenheiro agrónomo. A ajudar está uma subvenção prometida aos agricultores que utilizem produtos amigos do ambiente, como este.

Para Carlos Rodrigues, o mulch biodegradável pode ser mais revolucionária — ou pelo menos mais impactante na saúde do ambiente — do que a Reforma da Fiscalidade Verde, a lei que taxou os 80 milhões de sacos de plástico usados nos supermercados para transportar as compras.

"Esses sacos ainda eram facilmente reutilizados para outros fins nas casas das pessoas. Mas este não pode ser reutilizado porque já está contaminado com pesticidas, com restos de plantas e terra. Até pode ser reciclado, mas é caro. E alguns países que o compravam, como a China, já nem sequer aceitam plásticos de má qualidade como esse, por isso ele fica para trás", descreve o engenheiro da Silvex. O Agrobiofilm, por outro lado, não precisa de passar por esse processo por ser destruído pelo solo.

O fungo que carrega as plantas com nutrientes
Glomus iranicum var. tenuihypharum é um fungo que coloca em esteroides as plantas onde assenta. E a Hubel Verde, uma empresa portuguesa especializada em produtos que diminuem o risco e potenciam o resultado das culturas, comercializa esse fungo através de um produto chamado MycoUp. Em testes laboratoriais, foi capaz de aumentar em 45% a produção total dos campos agrícolas onde foi usada. Durante pelo menos três anos consecutivos.

Em entrevista ao Observador, o engenheiro João Caço explicou que o MycoUp é "um bioestimulante do sistema radicular, composto por um fungo micorrizico", isto é, um microorganismo que, quando presente no solo, estabelece "uma simbiose com a planta, estimulando as raízes a absorver nutrientes e água de uma forma mais eficiente".


À esquerda, as raízes de morangueiro sem o tratamento com MycoUp. À direita, as raízes de morangueiro cultivado nas mesmas condições, mas com o produto à base do fungo. Créditos: Symborg/Facebook

Como? O fungo Glomus iranicum var. tenuihypharum é muito resistente porque não depende do ambiente em que está inserido. Aliás, consegue até sobreviver em ambientes muito ricos em fertilizantes ou altamente alcaninos — com p.H. de 9,5, dizem os testes. Tudo porque depende mais das plantas do que do ambiente para viver.

Ora, quando os esporos destes fungos entram dentro das raízes das plantas e se começam a reproduzir, elas sugam açúcares das plantas para sobreviverem. Mas, em troca, fazem duas coisas por elas: obrigam as raízes a expandirem e a absorverem mais nutrientes e minerais do solo; e potenciam a fotossíntese das plantas, sem que tenham de gastar mais energia.

Quando os esporos entram nas raízes, elas sugam açúcares das plantas para sobreviverem. Em troca, obrigam as raízes a expandirem e a absorverem mais nutrientes e minerais do solo. E potenciam a fotossíntese das plantas, sem que tenham de gastar mais energia.
Segundo as instruções na embalagem de MycoUp, este produto pode ser usado em quase todas as culturas — exceto nas de couves, couves-flor, repolhos, brócolos, trigo-mourisco e ruibarbo. Primeiro, tem de ser dissolvido em água. Depois, tem de ser introduzido no sistema de irrigação do campo agrícola.

De acordo com João Caço, esta solução é uma das que a Hubel Verde utiliza para "tornar as culturas agrícolas mais produtivas", mas "com menor impacto ambiental". "Todos estes produtos foram devidamente testados in loco e revelaram ser muito interessantes. O que distingue a Hubel Verde das outras empresas dentro da mesma área de serviços é o acompanhamento contínuo que é prestado aos agricultores, com visitas regulares aos campos de cultivo", conclui o engenheiro.

O casaco impermeável para os cereais
A história da Frulact começa com Arménio Miranda, pai do atual diretor-geral e acionista maioritário da empresa, João Miranda: "O meu pai teve um percurso brilhante ligado à investigação numa das maiores empresas de referência na área dos lácteos em Portugal. Foi pioneiro a lanç̧ar iogurtes com fruta no mercado português na década de 80", recorda, em conversa com o Observador.

A seguir, foi a vez do irmão de João, Francisco Miranda, ter dado um novo empurrão à Frulact: "Talvez inspirado pelo meu pai, foi também especializar-se em lácteos em Poligny". "Esta matriz técnica, no seio familiar, e todo o conhecimento de um mercado e categoria que o meu pai estava a ajudar a criar, aliado à minha vontade e ambiç̧ão em empreender, fizeram com que se reunissem as condições para o início da Frulact", resume João Miranda.

De acordo com o diretor-geral da empresa, o grande fator de inovação da Frulact — e aquilo que a diferencia da concorrência — é "a capacidade de gerar conhecimento": "A Frulact desde sempre pautou a sua atividade pela vigilância ativa dos mercados. Antecipamos as necessidades dos clientes e do mercado. É daí que vem mais de 60% dos nossos novos produtos", analisa João Miranda.

Mas a Frulact vai mais longe do que isso. Atualmente, a empresa tem em andamento seis projetos de inovação — alguns deles financiados por programas como o Portugal 2020 e pela União Europeia. Há um que se destaca, até porque já está totalmente concluído desde o ano passado: o Enrobee, que está a ser desenvolvido em parceria com Escola de Engenharia da Universidade do Minho.

De acordo com a Frulact, o projeto "Enrobee" tem como principal objetivo o desenvolvimento de um revestimento que proteja os cereais — e outros elementos com baixa quantidade de água, como as bolachas — da humidade. "Trata-se de um revestimento edível que funcionará como uma barreira à passagem de água", descreve a empresa.

De acordo com a Frulact, o "Enrobee" tem como objetivo o desenvolvimento de um revestimento que proteja os cereais da humidade. "Trata-se de um revestimento edível que funcionará como uma barreira à passagem de água", descreve a empresa.
O Enrobee funciona como uma espécie de casaco impermeável para os alimentos e garante que "não perdem propriedades texturais por hidratação indesejada, garantindo assim uma melhor conservação dos produtos durante o transporte, armazenamento e comercialização", concretiza a marca.

Do projeto resultou uma "matriz hidrolífica", isto é, uma cobertura que repele a água e que é capaz de protege os alimentos da humidade e da água. Essa cobertura pode ser feita de óleo de coco, cera de abelha, cera de carnaúba e etilcelulose, descobriu o projeto da Frulact com a Universidade de Minho. Um projeto que, afirma a empresa, é "uma clara inovação para o mercado português, europeu e mundial".

Empresários algarvios reclamam falta de mão de obra em setores que vão sentir impacto da automatização


Loulé, Faro, 17 mai 2019 (Lusa) - A destruição de 54 mil empregos no Algarve até 2030 devido à automatização é um cenário distante para empresários algarvios dos setores do turismo e da agricultura, que reclamam falta de mão de obra na atualidade.


Lusa
17 Maio 2019 — 17:12

À margem da apresentação de um estudo da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, hoje realizada em Loulé, o administrador de uma cadeia hoteleira disse que o setor turístico na região algarvia precisa de 40 mil trabalhadores, enquanto um dirigente de uma cooperativa agrícola afirmou que na apanha da fruta não há portugueses disponíveis para trabalhar.

De acordo com a análise, a automatização vai causar a destruição de 54 mil postos de trabalho na zona sul do país, na próxima década, o que criará a necessidade de requalificar 27 mil trabalhadores.

No entanto, no mesmo período, entre 2020 e 2030, serão também criados 30 mil postos de trabalho na zona em análise.

A mudança líquida estimada de postos de trabalhos no setor de alojamento e restauração no Algarve será negativa e ronda os 8.000 postos de trabalhos perdidos até 2030.

Depois de ter ouvido estes números, Mário Azevedo Ferreira, da Nau Hotels & Resorts, reclamou que existe, na atualidade, "um problema laboral grave" no setor turístico algarvio face à falta de mão de obra.

"Se o estudo aponta para menos 8.000 postos de trabalho e o Algarve necessita, neste momento, de 40 mil trabalhadores, então precisamos de encontrar 32 mil pessoas para vir trabalhar para os nossos hotéis", apontou o empresário, considerando que o impacto na perda de postos de trabalho "se vai sentir mais na restauração do que no alojamento".

Reclamando a ausência de flexibilidade laboral imposta por uma legislação que impede que os trabalhadores com contrato possam fazer mais horas, o administrador hoteleiro questionou se o estudo teve em equação a realidade do trabalho temporário no setor.

"Não há mão de obra e não há flexibilidade laboral numa atividade sazonal. O que resultou no aparecimento e recurso massivo a estas empresas de trabalho temporário, apesar de a qualidade do serviço ser menor", disse Mário Azevedo Ferreira.

Também na área de agricultura, serviços florestais, caça e pesca, a mudança líquida estimada de postos de trabalho no Algarve será negativa, com a perda de quase 4.000 postos de trabalho na próxima década.

José Oliveira, da CACIAL - Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve, sustentou que há "défice de mão de obra" no setor: na apanha da fruta, a cooperativa trabalha com uma equipa liderada por espanhóis e composta por trabalhadores do Leste da Europa, enquanto na área da seleção e acomodação de fruta há cada vez menos funcionárias disponíveis.

"Não há pessoas, em Portugal e no Algarve, para fazer este tipo de trabalho. É um problema bastante sério neste setor", acrescentou.

Segundo o estudo de âmbito nacional, a adoção da automação em Portugal pode levar à perda de 1,1 milhões de empregos na indústria e comércio até 2030, mas criar outros tantos na saúde, assistência social, ciência, profissões técnicas e construção.

domingo, 26 de maio de 2019

"A vinha e o vinho" em destaque na Feira Nacional da Agricultura de 08 a 16 de junho


Santarém, 20 mai 2019 (Lusa) -- O Presidente da República abre, dia 08 de junho, a 56.ª Feira Nacional da Agricultura, que, até dia 16, terá em destaque, no Centro Nacional de Exposições, em Santarém, "A Vinha e o Vinho".

A 56.ª Feira Nacional de Agricultura (FNA) / 66.ª Feira do Ribatejo foi apresentada hoje, em conferência de imprensa, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), pelo presidente e pelo secretário-geral da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), e pelo presidente da Câmara de Santarém, membros da administração do CNEMA, que organiza o certame.

A exemplo do que aconteceu em 2017 e 2018, em que o tema foi, no primeiro, os cereais, e, no segundo, a oliveira e o azeite, também na edição desde ano os visitantes vão ter, no grande pátio junto à entrada principal do centro de exposições, as diferentes formas de vinha existentes em Portugal, no que "começa a ser uma imagem de marca" da FNA, disse Eduardo Oliveira e Sousa, presidente do CNEMA e da CAP.

O espaço estará dividido em quatro talhões, um representando a vinha do Douro, outro a do Pico (ambas Património da Humanidade), outro terá perto de uma centena das mais de 200 variedades de vinha e outro mostrará o atual sistema de rega, especificou Luís Mira, administrador do CNEMA e secretário-geral da CAP.

O destaque dado este ano ao setor do vinho foi justificado pela importância que este tem vindo a adquirir na economia e na agricultura nacionais, pelo seu peso na balança externa e pela "qualidade crescente" que tem permitido a conquista de prémios internacionais, destacou Oliveira e Sousa.

Como produto "que requer conhecimento", a par dos avanços tecnológicos a divulgar em colóquios e seminários, na nave A serão proporcionadas aos visitantes "experiências" que permitirão, por exemplo, saber como escolher o copo certo, ou o prato mais indicado ou a temperatura para cada vinho, além de cursos de iniciação à prova de vinhos, provas temáticas de vinhos do Porto, Madeira e Moscatel de Setúbal, 'masterclass' de vinhos Casta Negra Mole, de Fernão Pires, de Vinhos Velhos, entre outras, salientou Luís Mira.

Lembrando que a FNA surgiu associada à Feira do Ribatejo, Oliveira e Sousa realçou o esforço que tem vindo a ser feito para que essa "marca" tenha "uma expressão individualizada" dentro do certame, permitindo a expressão de "tradições muito peculiares e muito próprias, como seja a ligação aos toiros e aos cavalos".

Assim, os nove dias do evento incluem atividades com campinos, toiros e cavalos, desde as largadas até às numerosas provas equestres - com destaque para o espetáculo "O cavalo na história", que poderá ser visto nos sábados de 08 e 15 de junho -- e às corridas de touros na Praça Celestino Graça, este ano com o regresso da "Corrida dos Agricultores", promovida pela CAP, a encerrar o certame, numa parceria com o movimento de cidadãos "Praça Maior".

Pela primeira vez, a Comissão Europeia vai instalar um pavilhão na FNA, além de contar com representantes em seminários e colóquios técnicos, com destaque para a presença, dia 14, do Comissário da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Phil Hogan.

Para a edição deste ano, o CNEMA investiu no alargamento da zona de exposição lateral à nave A, uma área com 6.400 metros que dá mais espaço e maior visibilidade aos expositores, renovou as cozinhas e esplanadas na zona de "Tasquinhas", explorada por associações desportivas e culturais locais, que passa a ter decoração alusiva ao Ribatejo, acrescentou.

Outras melhorias passaram por alterações na circulação, facilitando o acesso ao grande ringue, pelo aumento das zonas sombreadas e por um novo espaço de estacionamento, que continua a ser gratuito.

Mantém-se a parceria com a Rodoviária do Tejo, que disponibiliza transporte diário desde a estação ferroviária, integrando um autocarro elétrico na sua frota, e cria carreiras específicas, em que o preço do bilhete já inclui a entrada na FNA, a partir de Lisboa, de Alpiarça e de Rio Maior, assegurando o regresso mesmo para os que fiquem até de madrugada.

A parceria com a CP volta a conceder um desconto de 30% para bilhetes com destino a Santarém nestes dias, em qualquer tipo de comboio.

Além do autocarro elétrico, as preocupações ambientais levaram o CNEMA a eliminar os copos de plástico, passando a existir copos recicláveis, mantendo-se a parceria com a Resitejo para reciclagem dos resíduos produzidos no certame, disse Luís Mira.

O cartaz de concertos da FNA abre dia 08 de junho com José Cid, seguindo-se, dia 09, o grupo "Capitão Fausto", atuando Conan Osíris dia 13, Marisa dia 14 e David Antunes e os convidados Samantha Fox e Toy no dia 15.

Dia 13 será dedicado ao município de Santarém, querendo o presidente da Câmara, Ricardo Gonçalves, contar nesse dia com a presença de "20.000 ou 30.000" visitantes do concelho, superando os 17.000 de 2018.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Ministra da agricultura da Áustria alerta para desafio que pede beijos a vacas


Iniciativa partiu de uma aplicação suíça com o objetivo de angariar fundos para a caridade

2019-05-16 20:07 / AG

A ministra da agricultura da Áustria, Elisabeth Kostinger, condenou, nesta quinta-feira, o desafio lançado por uma aplicação na Suíça, que incita pessoas a beijarem vacas. O desafio lançado na quarta-feira insere-se numa ação de angariação de fundos para a caridade.

A responsável do governo austríaco avisa que este tipo de ações "pode trazer graves consequências", apontando a possível agressividade das vacas e as potenciais doenças dos animais.

A aplicação Castl pede a todos os utilizadores que beijem as vacas, "com ou sem língua".

A ministra é apoiada pela federação de agricultura da Áustria, que, inclusivamente, alertou para "o fim dos pastos" austríacos, se o desafio continuar.

O governo da Áustria já publicou regras de conduta para as pessoas que passem nas zonas montanhosas, que têm bastante gado.

Simplesmente não percebo", disse a ministra da agricultura da Áustria

 
 Kostinger relembrou que os pastos "não são um jardim zoológico", avisando que as vacas que tenham crias podem tornar-se bastante agressivas para os proteger.

Ao jornal Kurier um veterinário diz que esta prática "coloca em risco a pessoa e o animal".

Rangel defende veto a cortes nos fundos europeus


16.05.2019 às 15h34
 
Paulo Rangel campanha europeias Sernancelhe

RUI DUARTE SILVA

Não o disse quando discursou, mas quando foi abordado por um senhor que tocava concertina e o questionava sobre fundos europeus. "Connosco não haverá cortes no fundo de coesão, isso não vai haver. Porque nós exerceremos o veto se for caso disso"
Mariana Lima Cunha
MARIANA LIMA CUNHA
A notícia surgiu de forma, no mínimo, inesperada. Já Paulo Rangel tinha discursado num almoço em Sernancelhe, já tinha falado de fundos europeus e já se preparava para passar ao porco no espeto quando foi abordado por um homem que tocava concertina. Às perguntas deste sobre fundos europeus, feitas em forma de rima, respondeu com uma novidade: com o PSD, não haverá cortes nestes fundos porque o partido exercerá o direito de veto se for preciso - caso vença as eleições e forme Governo depois de outubro. Aliás, Marisa Matias defendeu exatamente o mesmo em entrevista ao Expresso: "Se se mantiver esta tendência, o Governo português não terá outra opção a não ser vetar o orçamento europeu", disse em fevereiro.

Paulo Rangel tinha acabado de fazer um discurso em que os fundos europeus foram, precisamente, o foco principal.O eurodeputado candidato à reeleição dizia que "85% do investimento público" em Portugal é europeu e acusava: "Este Governo, pela mão do cabeça de lista, aceitou, está a dizer que é um bom tratado, que Portugal perca 7% dos fundos de coesão, 1600 milhões de euros". No entanto, essa é a proposta da Comissão Europeia e o acordo ainda não está fechado.

E prosseguiu, dirigindo-se ao público que o ouvia: "Muitos [de vocês] têm as vidas ligadas à agricultura. Mas os agricultores portugueses vão perder, nos pagamentos diretos, 10% - 500 milhões de euros. Nas ajudas do segundo pilar, para o desenvolvimento rural, a perda éde 1200 milhões, 25%. Isto faz uma perda de 1700 milhões na agricultura". Conclusão? É preciso "castigar, penalizar, censurar o PS, que não tem dó nem piedade com o interior e a agricultura. São vocês os primeiros prejudicados com as negociações que foram feitas em Bruxelas e nós nunca vamos aceitar isso".

O social-democrata disse que nunca aceitaria, mas não concretizou. No entanto, logo a seguir, foi abordado pelo homem que tocava concertina e improvisava rimas sobre fundos europeus: "Quero-lhe fazer uma pergunta/o que nos pode trazer/ Não leve a mal/ eu digo isto a cantar/mas é com honestidade que lhe estou a perguntar". Rangel esclareceu que não responderia a cantar ("estou rouco"), mas completou: "Há uma coisa que posso garantir: connosco não haverá cortes no fundo de coesão, isso não vai haver. Porque nós exerceremos o veto se for caso disso".

Governo instala em Elvas laboratório de combate aos efeitos das alterações climáticas

15/5/2019, 9:40

Um laboratório corporativo vai ser instalado em Elvas de forma a encontrar soluções "para uma agricultura sustentável, mais amiga do ambiente e mais capaz de responder aos desafios".

Por outro lado, esta iniciativa vai contribuir para a "fixação de quadros de elevada competência" no interior
NUNO VEIGA/LUSA

O Governo, em parceria com instituições científicas, empresas e associações agrícolas, vai instalar, em Elvas, distrito de Portalegre, um laboratório corporativo que visa desenvolver soluções para uma agricultura capaz de responder a desafios provocados pelas alterações climáticas.

"A iniciativa envolve vários parceiros como […] um conjunto de instituições do mundo científico, empresarial e associativo agrícola que vão, em conjunto, cooperar. O espaço físico é na estação nacional de melhoramento de plantas, [em Elvas], onde vão ser investidos 2,4 milhões de euros em termos de equipamento e melhoramento de instalações, a que se associará a contratação de um conjunto de cientistas", afirmou o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, em declarações à Lusa.

A iniciativa é da responsabilidade do Ministério da Ciência, sendo o Ministério da Agricultura um dos parceiros envolvidos no projeto.

De acordo com o governante, o objetivo da instalação deste laboratório passa por juntar todos os intervenientes para que "sejam equacionados problemas e, a partir dessa equação, lançados projetos que deem resposta a cada um deles".


Trata-se de encontrar soluções "para uma agricultura sustentável, mais amiga do ambiente e mais capaz de responder aos desafios", explicou.

Por outro lado, esta iniciativa vai contribuir para a "fixação de quadros de elevada competência" no interior.

"Nós estamos confrontados com uma realidade incontornável que são as alterações climáticas, cujas consequências começam a ser percecionadas e para as quais a ciência tem que encontrar respostas", notou Capoulas Santos.

Nesse sentido, é necessário "encontrar variedades de plantas que consumam menos água, que sejam mais resilientes às doenças […] e encontrar instrumentos que nos permitam combater pragas e doenças sem ser pelas formas convencionais, pela utilização de pesticidas e agroquímicos", defendeu.

O responsável pela pasta da Agricultura assegurou ainda que o laboratório está "numa fase avançada" e que está agora em construção a agenda de investigação, no âmbito da qual serão contratados os cientistas.

"Gostaria de demonstrar o meu apreço por todos aqueles que trabalham na estação de melhoramento de Elvas e por todos os agricultores que têm, ao longo dos anos, contribuído para que vamos paulatinamente encontrando soluções que nos permitam responder aos grandes desafios com que o setor agrícola se defronta e que têm permitido que a agricultura portuguesa seja hoje o setor que cresce acima do resto da economia", concluiu.

Nuno Banza é o novo presidente do ICNF

21-05-2019

O até aqui inspetor-geral do Ambiente assumiu esta terça-feira o novo cargo à frente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, substituindo Rogério Rodrigues

Nuno Banza, que ocupava o cargo de Inspetor-Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT) desde maio de 2014, assumiu esta terça-feira a presidência do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, apurou o Expresso. O engenheiro do Ambiente, doutorando em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável, substitui o engenheiro florestal Rogério Rodrigues.

No novo conselho diretivo do ICNF — que passou a instituto de regime especial com a lei orgânica publicada a 29 de março — mantêm-se Paulo Salsa (gestor) como vice-presidente e Nuno Sequeira (engenheiro florestal fica com a área dos incêndios rurais), Sandra Sarmento (arquiteta paisagista, fica com a região Norte) e Rui Pombo (engenheiro florestal, passa a tutelar a região de Lisboa e Vale do Tejo). A estes vogais regionais juntam-se Teresa Fidélis (doutorada em ciências do Ambiente que fica com o Centro), Olga Martins (especialista em recursos hídricos que fica com o Alentejo) e Castelão Rodrigues (engenheiro zootécnico que passa a tutelar o Algarve).

Ao que o Expresso apurou, a nova orgânica "aposta na desconcentração territorial, com o reforço das direções regionais e uma aposta na cogestão das áreas protegidas em articulação com as autarquias e outras entidades locais ou regionais, assim como novas atribuições de combate aos incêndios rurais, consignadas no sistema de gestão integrada de fogos rurais (SGIFR)".

Recorde-se que durante a presidência de Rogério Rodrigues, o ICNF foi multado pela Guarda Nacional Republicana (GNR) por ter falhado os prazos de limpeza da Mata Nacional de Leiria e as respetivas faixas de proteção rodoviária em 2018. O ICNF foi então alvo de várias contraordenações por ter violado as normas do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios.

De alicate na mão, Melo e Cristas defendem Erasmus para agricultores

16.05.2019 às 18h53


NUNO VEIGA/LUSA

"Alentejo num dia" resume a passagem do CDS por Portalegre, Évora e Beja. Para falar de agricultura, a líder do partido encontrou-se com Nuno Melo nas vinhas das uvas sem grainha, na Herdade Vale da Rosa, onde há trabalhadores de oito nacionalidades. O maior problema, defendem, é o envelhecimento no sector agrícola - e para isso querem intercâmbio europeu de jovens agricultores

Cerca de 300 pessoas trabalham nas vinhas da Herdade de Vale da Rosa, em Ferreira do Alentejo. Têm em média 37 anos, a maioria é de nacionalidade portuguesa, mas também há quem venha do Nepal, Bangladesh e Tailândia, além de 40 lusovenezuelanos, que o proprietário da herdade quer que venham a ser 400. Foi com esses trabalhadores que Nuno Melo e Assunção Cristas se cruzaram nas vinhas, na tarde desta quinta-feira, onde andaram a cortar as pontas dos futuros cachos de uvas.

"É um trabalho de extrema delicadeza", concluiu Assunção Cristas, enquanto "mondava" as pontas dos cachos para que possam fortalecer. "E é um trabalho à sombra", acrescentou Nuno Melo, debaixo das vinhas tapadas por plásticos, enquanto guardava na mão as pontas dos cachos que ia cortando. "O senhor deputado compreende-nos bem porque também é agricultor", rematou António Silvestre Ferreira, comendador e proprietário da herdade que produz 8 mil toneladas de uvas por ano e exporta 30%.

Nuno Melo aproveitou a visita à herdade para plantar na campanha às Europeias o tema da agricultura, reforçado com a presença de Cristas, responsável por essa pasta no anterior Governo. "Na União Europeia, por cada agricultor com menos de 35 anos há nove agricultores com mais de 55 anos. Isto dá uma ideia do envelhecimento dos agricultores. Não está a haver renovação do ponto de vista geracional", explicou o cabeça de lista do CDS às Europeias.

"A agricultura não se renova porque os jovens não veem este como um sector apelativo. Mas pode ser estratégico." E é por isso que propõem um Erasmus para agricultores: uma espécie de intercâmbio de jovens agricultores europeus que possam estagiar em diferentes países. "Como temos o projeto 'Plástico Zero', criámos o 'Semente Europa'. Passaria a ser possível ter agricultores irlandeses, franceses, polacos ou espanhóis a estagiar aqui, como os universitários de Erasmus".

Sob as vinhas e quando questionado sobre que tipo de grainha tiraria desta campanha, Nuno Melo disse que seriam as 'fake news'. E aproveitou para voltar a criticar os 'fake rankings', como o ranking da influência dos deputados. "Quando não se avalia o trabalho, avalia-se a influência. Se fosse o trabalho, o CDS estava no início. E não sei o que é isso da influência. Só a simples circunstância de se ser socialista já dá mais pontos."

FIXAR OS LUSOVENEZUELANOS NO ALENTEJO
A mão de obra é uma das preocupações de António Silvestre Ferreira e isso também fez com que criasse uma fundação destinada a dar formação a futuros trabalhadores. "Não temos quadros de comando aqui, porque esta era uma região onde se achava que não se precisava de gente", apontou António Silvestre Ferreira. "Os trabalhadores que vêm da Ásia são fantásticos, só que acabam por não ficar um segundo ano. Já os lusovenezuelanos tentam fixar-se aqui e é bom trazê-los para o concelho, com as suas famílias, para fazer crescer a população. Como diz o presidente da câmara, Ferreira do Alentejo tem agora menos de metade dos habitantes que tinha em 1950."

Sobre a questão do regresso a Portugal dos emigrantes lusovenezuelanos, Assunção Cristas disse que o partido "tem estado mais atento à forma de os acolher". "Muitos pedem oportunidades para trabalhar. E é bom ver uma empresa com essa preocupação em particular."

Entre junho e novembro, na altura da colheita das uvas, o Vale da Rosa chega a ter mil trabalhadores. No caso dos que vêm de fora, é-lhes dado apoio no alojamento, nos contentores de casas localizados perto da herdade, e é-lhes pago o transporte entre a casa e o trabalho. Os operadores agrícolas ganham o salário base - que corresponde ao salário mínimo - a que são acrescentados os subsídios de férias e de almoço.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Aberto novo concurso ao programa de regadios com 60 ME de dotação


Lisboa, 13 mai 2019 (Lusa) -- O Governo anunciou hoje que está aberto um novo concurso ao programa de regadios, com uma dotação de 60 milhões de euros para financiar projetos no Algarve e Sudoeste Alentejano, Litoral Norte e Centro e Interior Norte e Centro.

Este montante junta-se aos 93 milhões de euros para financiar projetos situados no Alentejo, cujas candidaturas já estão abertas desde 02 de maio.

"Trata-se da segunda fase do PNRegadios [Programa Nacional de Regadios], financiada pelo Estado através dos empréstimos negociados com o Banco Europeu de Investimento (BEI) e com o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa (CEB)", indicou, em comunicado, o Ministério da Agricultura.

Os projetos podem ser submetidos até ao final de maio e deverão ser titulados pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), pelas Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) ou por outros organismos da Administração Pública, como Câmaras Municipais, em parceria com a DGADR ou com as DRAP.


De acordo com o Governo, o nível de apoio a conceder, a fundo perdido, é de até 100% do valor de investimento, sendo limitado a 40% para as instalações de produção de energia hídrica ou fotovoltaica.

"Serão valorizadas as infraestruturas de armazenamento já construídas e operacionais que tenham, ou garantam, a implementação de um regime de caudais ecológicos", lê-se no documento.

Não há limite para o número de candidaturas apresentadas, isoladamente ou em parceria, por cada beneficiário, sendo o valor máximo de cada candidatura de 15 milhões de euros.

"São elegíveis despesas com estudos ligados à elaboração do projeto, expropriações e indemnizações decorrentes da implementação da obra e as obras de execução de projeto", avançou o ministério tutelado por Capoulas Santos.

O Programa Nacional de Regadios, cuja primeira fase está em execução, tem por objetivo mitigar os efeitos das alterações climáticas sobre a agricultura, "dotando o país de mais reservas de água e de melhores e mais eficientes sistemas de aproveitamento".

Este plano prevê ainda aumentar a produtividade e a competitividade da agricultura nacional, "contribuindo para o aumento das exportações e para a substituição de importações por produção nacional".

A primeira fase do PNRegadios deverá estar concluída até 2023 com a criação de 100 mil novos hectares de regadio, a que corresponde um investimento público de 560 milhões de euros e a criação de 10 mil novos postos de trabalho permanentes.

Ministros do G20 acordam liderar redução do desperdicio de alimentos

12.05.2019 09:25 por Lusa 11

Representantes da Agricultura também concordaram em intensificar os esforços para aumentar a produtividade através do uso de novas tecnologias, a fim de enfrentar a alimentação da crescente população mundial.

Os ministros da Agricultura dos países do G20 prometeram este domingo liderar a redução do desperdício de alimentos, no final de uma reunião de dois dias realizada na província de Niigata, no noroeste de Tóquio.

Numa declaração conjunta, os representantes da Agricultura também concordaram em intensificar os esforços para aumentar a produtividade através do uso de novas tecnologias, a fim de enfrentar a alimentação da crescente população mundial.


 Desperdício em Lisboa alimentou cerca de 6.500 famílias Desperdício em Lisboa alimentou cerca de 6.500 famílias
"Inovação e conhecimento são críticos para o crescimento sustentável da produtividade no setor agroalimentar", lê-se num comunicado divulgado pela agência de notícias japonesa Kyodo.

Os ministros e outros representantes que participaram nas negociações destacaram "o enorme potencial" das tecnologias inovadoras, como a robótica ou a inteligência artificial, como meios a aplicar no setor para atingir esses objetivos.

Os participantes da reunião também pediram colaboração para enfrentar os desafios globais, como a fome e o desenvolvimento da agricultura sustentável.

A reunião em Niigata, região conhecida pelo cultivo de arroz, foi a primeira reunião ministerial anterior à cimeira do G20, que ocorrerá entre 28 e 29 de junho em Osaka, no oeste do Japão.

A próxima reunião ministerial é a dos titulares das pastas das finanças e dos governadores dos bancos centrais, de 8 a 9 de junho.

O grupo dos países mais desenvolvidos e emergentes (G20) inclui Argentina, Austrália, Brasil, Reino Unido, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia e os Estados Unidos e a União Europeia.

A reunião da agricultura, que terminou hoje, contou com a participação de representantes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e de países não-membros, como Chile e Tailândia.

PAN quer mais apoios comunitários para agricultura tradicional


19 mai, 2019 - 15:10


O cabeça de lista do PAN às europeias visitou este domingo o mercado de agricultura tradicional de Alvor, em Portimão, para apresentar as medidas de política europeia que defendam e apoiem os pequenos produtores de agricultura familiar.

"Os agricultores estão muito desiludidos com os partidos tradicionais, que durante várias décadas dizem defender esta agricultura familiar, mas que não o fazem. Daí querermos debatermo-nos na Europa por medidas mais concretas de apoio a estes pequenos agricultores", disse aos jornalistas Francisco Guerreiro, candidato do PAN - partido Pessoas-Animais-Natureza.

O cabeça de lista do PAN às eleições europeias e André Silva, porta-voz do partido e deputado, percorreram as cerca de duas dezenas de postos de venda de produtos agrícolas biológicos instaladas na zona ribeirinha de Alvor, onde distribuíram documentos e apresentaram algumas das medidas europeias defendidas pelo partido.
O candidato explicou que o objetivo da visita ao mercado que se realiza todos os domingos na zona ribeirinha de Alvor, "tem ver a com a sua importância a nível de agricultura familiar e mostrar que o partido tem propostas concretas para apresentar à Europa".

"Queremos garantir que estes pequenos produtores, que beneficiam toda uma economia local, conseguem ter apoios comunitários para conseguir ter resiliência na sua atividade diária", sublinhou.

Segundo o candidato, a escolha de Alvor, no concelho de Portimão, no distrito de Faro, para a ação de campanha, pesou também por ser uma vila piscatória, "atividade económica que tem problemas que necessitam de resolução, nomeadamente ao nível da sobrepesca".

Francisco Guerreiro considera que "existe a incapacidade dos Estamos membros em chegarem a um acordo para terminarem com o problema da sobrepesca no espaço europeu", para o qual defende uma "resposta mais clara e concisa dos riscos do aumento de sobrepesca".

"Temos de ser audazes e perspicazes e falar diretamente com a comunidade piscatória e alertar para os perigos de ficarmos sem 'stocks' piscícolas. É importante que eles percebam que fazem parte da solução", destacou o candidato do PAN, defendendo mais apoio para os pescadores para que estes "consigam realmente viver no dia a dia sem ter de pescar".

O candidato aproveitou também a deslocação à vila de Alvor para falar de política ambiental, "mais concretamente de uma medida apresentada pelo partido, que é a possibilidade de recolha de resíduos plásticos do mar pelos pescadores".

"Queremos que haja apoio à comunidade piscatória para retirar artes de pesca e resíduos plásticos do mar e que os consigam encaminhar para um sistema de resíduos. Temos que trazer os pescadores para esta temática da poluição marítima e fazer com estes resíduos consigam vir para terra e incorporem na economia circular, porque há uma poluição muito generalizada nos oceanos", concluiu.

Por seu turno, André Silva, o deputado do PAN que acompanhou o cabeça de lista do partido às europeias, disse que as expectativas quanto a um resultado eleitoral "são boas, devido ao maior conhecimento do partido e ao reconhecimento do trabalho que tem sido feito".

"Temos sentido ao longo dos últimos dias, um maior reconhecimento do trabalho e também o facto de serem cada vez mais as pessoas que pensam como nós e que aderem às ideias que temos para passar, nomeadamente de um partido com sensibilidade ambiental na Europa ", destacou.

O mundo precisa de cem milhões de campos de futebol para a agricultura


16/5/2019, 16:20

Novo estudo avalia o que é preciso fazer para que a população mundial satisfaça necessidades de água e alimentos até 2050 de forma sustentável.

Como é que o mundo pode aliviar a pressão sobre a necessidade de água no futuro, se cerca de 70% da água doce a nível global é usada para culturas agrícolas irrigadas e se, segundo as Nações Unidas, a população mundial avança para os 9 mil milhões de habitantes até 2050? Um estudo publicado na revista Nature Sustainability avança com a solução.

"Para produzir a nossa alimentação de forma sustentável e respeitando as necessidades ambientais, será necessário expandir a área de terra utilizada para agricultura em 100 milhões de hectares – aproximadamente 100 milhões de estádios de futebol – até 2050", explica Amandine Pastor, autora do estudo e colaboradora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Em comunicado, o centro da Faculdade de Ciências diz que o estudo tem em conta as necessidades globais de alimentos e água até 2050, e a forma como estes recursos se relacionam entre si, e quantifica o efeito da proteção dos ecossistemas aquáticos nas captações de água, na produção global de alimentos e nos fluxos comerciais.

Os investigadores usaram "cenários de mudanças climáticas e cenários de mudanças socio-económicas desenvolvidos pela comunidade científica para o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas".

Amandine Pastor, que também integra o Instituto de Investigação para o Desenvolvimento, em França, entende que "será necessário reduzir as culturas intensivas em áreas secas, redistribuir a produção agrícola de alimentos em regiões abundantes em água" e aumentar o comércio internacional de alimentos.

"Os resultados do estudo indicam que será necessário um fluxo adicional de 10% a 20% de comércio desde regiões abundantes em água para regiões com escassez de água a fim de respeitar as regulações ambientais que asseguram a saúde dos ecossistemas", adianta. Os principais fluxos vão da América Latina para o Médio Oriente e China.

Apesar da crescente poluição e dos impactos das mudanças climáticas, Amandine Pastor acredita que será possível manter a segurança alimentar e os requisitos de conservação dos ecossistemas de água doce até 2050. Mas apenas se forem adotadas "práticas sustentáveis e inovadoras, como cultivar em zonas agro-climáticas apropriadas". Por exemplo, "plantar culturas menos intensivas em água em áreas secas -, desenvolver a agricultura urbana e vertical e reduzir o consumo de carne na dieta humana", conclui a investigadora.

“Irrigação gota a gota é chave na agricultura inteligente e é importante para melhorar o destino dos povos e das comunidades”


16.05.2019 às 18h04

 
Naty Barak, diretor de Sustentabilidade da Netafim, abre a série de artigos de opinião e mini-entrevistas, que publicaremos até à próxima segunda-feira, e antecipam o arranque do "Portugal Smart Cities Summit 2019", evento com 11 conferências divididas por três dias, 21 a 23 de maio, para discutir que "O Futuro Passa Aqui" quando falamos de cidades inteligentes. Naty Barak é um dos principais oradores do painel dedicado à "Água e Cidades do Futuro: construindo a realidade" e fala-nos do bom exemplo de Israel. Acompanhe o debate aqui no Expresso, parceiro do evento

NATY BARAK, DIRETOR DE SUSTENTABILIDADE DA NETAFIM

Em locais de escassez de água, o foco não é apenas na gestão do abastecimento de água, mas no uso eficiente dos recursos hídricos disponíveis. Uma vez que mais de 70% da água que consumimos em todo o mundo vai para a agricultura, e que haverá cerca de 11 mil milhões de bocas para alimentar até 2100, melhorar a eficiência de irrigação terá um impacto potencialmente significativo no uso global de água.

Os sistemas de irrigação gota a gota, desenvolvidos pela Netafim no deserto de Negev, em Israel, envolvem a focalização precisa de água e nutrientes para a planta e raiz. Isso evita que a água seja desperdiçada no resto do solo e otimiza as condições de humidade e ventilação, resultando numa maior produtividade e significativa poupança de água, energia e fertilizantes. Assim, a irrigação gota a gota é um componente chave na agricultura inteligente que é importante para melhorar o destino dos povos e das comunidades.

Em Israel, mais de 75% da agricultura irrigada utiliza a irrigação gota a gota. Quase 85% dos efluentes de Israel são reciclados, posteriormente purificados em bacias por oxidação aeróbia e anaeróbia e enviados para reservatórios de armazenamento para as necessidades agrícolas, melhorando a resistência contra a seca.

A irrigação gota a gota converteu o deserto israelita em terrenos agrícolas e está a fazer o mesmo um pouco por todo o mundo. Por exemplo, a irrigação gota a gota foi adotada para prevenir a seca/inundações na Califórnia, e para a prática de agricultura economicamente viável na Índia.

A integração da irrigação gota a gota nas tecnologias digitais agrícolas reforça ainda mais as vantagens sustentáveis deste sistema. A plataforma NetBeat da Netafim™ é um exemplo de tecnologias de 'agricultura inteligente'. Usando sensores em campo, o sistema recolhe em tempo real dados de colheitas e meteorológicos, analisa-os na nuvem utilizando modelos de colheita sofisticados e, em seguida, dá aos agricultores recomendações automatizadas que permitem otimizar as decisões de irrigação, fertirrigação e proteção das culturas. O resultado é uma melhoria da capacidade dos agricultores de produzirem mais, utilizando menos água e outros.

O EXEMPLO DE ISRAEL
60% de Israel é deserto. O resto é semiárido. A economia hídrica está sempre à beira da catástrofe. Nos últimos anos, as reservas de água de Israel têm caído abaixo de todas as linhas vermelhas e foram tomadas medidas drásticas de curto prazo: Taxação diferencial da seca e proibição de irrigação por outros meios que não a água residual reciclada. Israel adotou uma política coordenada para superar os desafios da escassez de água. Isto incluiu um enquadramento jurídico claro, uma gestão integrada da água, uma sociedade de poupança de água, Economia de água, Tecnologia e Inovação.

A irrigação gota a gota está dentro da Tecnologia & Inovação. Bem como a reutilização de águas residuais e a dessalinização.

Israel é líder em dessalinização da água do mar através da Osmose Inversa (OI). 80% da nossa água potável vem da dessalinização. O processo de dessalinização com utilização intensiva de energia usa bombas de pressão para empurrar a água do mar filtrada através de membranas delicadas, produzindo água doce e salmoura grossa. Para evitar o impacto ambiental negativo grave sobre a vida marinha, são construídas fábricas de dessalinização ao lado de centrais elétricas onde se adiciona lentamente a salmoura às águas de refrigeração da central, diluindo o efluente antes de o devolver à água do oceano. A dessalinização também tem um impacto económico: o consumo de energia para a dessalinização da água do mar, normalmente, opera de 3 a 4 kWh/m3. A maior fábrica de dessalinização do mundo, em Sorek, Israel, produz 150 Mm3/a a um custo de 0,52 dólares/m3.

RECICLAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS
60% da água de irrigação vem de águas residuais. Israel reutiliza 90% dos seus efluentes. As razões para a reciclagem são óbvias: Novos recursos hídricos limitados, alívio na procura de água potável, reduzir a poluição de rios e estuários e oferecer o fornecimento fiável de água à prova de seca. Existem obstáculos à reutilização de águas residuais, tais como o custo, a perceção do público, a falta de orientações regulamentares, mas não há aqui nenhum problema técnico, e as cidades precisam de fornecer uma solução para os seus efluentes.

A água é essencial para as smart cities, em diversos aspetos: parques e jardins, segurança alimentar e agricultura urbana, edifícios verdes, uso de água urbana. Em parques e jardins, utilizamos a irrigação. Acompanhamos e controlamos a humidade do solo e plantas, utilizando dados cloud-based. Em edifícios verdes recolhemos a água da chuva, tratamos a água, gerimos lagoas, telhados verdes e jardins de chuva. Monitorizamos e controlamos a nossa água potável, águas pluviais e águas residuais.

A agricultura urbana é uma resposta à crescente urbanização e responde à urgente questão da segurança alimentar. Quintais e hortas comunitárias, estufas - residenciais, comerciais ou comunitárias, jardins nos terraços, paredes verdes e quintas verticais.

Existe uma relação clara - comida - água - energia. As cidades inteligentes precisam seguir os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). É nosso dever fazer andar a economia circular. A tecnologia e a inovação são necessárias. A oferta de tecnologias climáticas inteligentes e disruptivas podem ser disseminadas para outras cidades.

Os ODS devem ser a nossa bússola. Eles ajudam-nos a construir a nossa estratégia e alcançar o nosso objetivo.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

O mundo precisa de cem milhões de campos de futebol para a agricultura

16/5/2019, 16:20

Novo estudo avalia o que é preciso fazer para que a população mundial satisfaça necessidades de água e alimentos até 2050 de forma sustentável.

Como é que o mundo pode aliviar a pressão sobre a necessidade de água no futuro, se cerca de 70% da água doce a nível global é usada para culturas agrícolas irrigadas e se, segundo as Nações Unidas, a população mundial avança para os 9 mil milhões de habitantes até 2050? Um estudo publicado na revista Nature Sustainability avança com a solução.

"Para produzir a nossa alimentação de forma sustentável e respeitando as necessidades ambientais, será necessário expandir a área de terra utilizada para agricultura em 100 milhões de hectares – aproximadamente 100 milhões de estádios de futebol – até 2050", explica Amandine Pastor, autora do estudo e colaboradora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Em comunicado, o centro da Faculdade de Ciências diz que o estudo tem em conta as necessidades globais de alimentos e água até 2050, e a forma como estes recursos se relacionam entre si, e quantifica o efeito da proteção dos ecossistemas aquáticos nas captações de água, na produção global de alimentos e nos fluxos comerciais.

Os investigadores usaram "cenários de mudanças climáticas e cenários de mudanças socio-económicas desenvolvidos pela comunidade científica para o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas".

Amandine Pastor, que também integra o Instituto de Investigação para o Desenvolvimento, em França, entende que "será necessário reduzir as culturas intensivas em áreas secas, redistribuir a produção agrícola de alimentos em regiões abundantes em água" e aumentar o comércio internacional de alimentos.

"Os resultados do estudo indicam que será necessário um fluxo adicional de 10% a 20% de comércio desde regiões abundantes em água para regiões com escassez de água a fim de respeitar as regulações ambientais que asseguram a saúde dos ecossistemas", adianta. Os principais fluxos vão da América Latina para o Médio Oriente e China.

Apesar da crescente poluição e dos impactos das mudanças climáticas, Amandine Pastor acredita que será possível manter a segurança alimentar e os requisitos de conservação dos ecossistemas de água doce até 2050. Mas apenas se forem adotadas "práticas sustentáveis e inovadoras, como cultivar em zonas agro-climáticas apropriadas". Por exemplo, "plantar culturas menos intensivas em água em áreas secas -, desenvolver a agricultura urbana e vertical e reduzir o consumo de carne na dieta humana", conclui a investigadora.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

“Quando temos um Nabeiro não precisamos de nenhum Clooney.” Palavra de António Costa

15.05.2019 às 14h56

O primeiro-ministro esteve na apresentação da estratégia global de sustentabilidade do Grupo Nabeiro, onde foi apresentada a primeira cápsula de café sem plástico, concebida à base de milho, cana de açúcar e mandioca

O primeiro-ministro afirmou esta quarta-feira que quem tem um empresário como Rui Nabeiro, fundador da Delta, não precisa de ter "nenhum [George] Clooney", no dia em que o grupo apresentou a primeira cápsula de café 100% biodegradável.

António Costa falava na apresentação da estratégia global de sustentabilidade do Grupo Nabeiro - Delta Cafés, na Estufa Fria, em Lisboa, onde a Delta Q apresentou a primeira cápsula de café sem plástico, concebida à base de milho, cana de açúcar e mandioca.

"Há uma coisa que é muito clara hoje para todos nós: quando temos um Nabeiro não precisamos de nenhum Clooney", afirmou o primeiro-ministro, aludindo a uma comparação com o ator norte-americano protagonista das campanhas de publicidade da concorrente da Delta, arrancando palmas e risos da plateia.

"É muito importante que uma empresa olhe para o seu futuro, como vemos pela longevidade do fundador do grupo Delta, a Delta tem muitíssimo futuro", afirmou António Costa, destacando o "compromisso da Delta com a sustentabilidade social".

A Delta, prosseguiu, "foi a primeira empresa portuguesa a ser certificada com base no programa de conciliação familiar, profissional e pessoal".

O primeiro-ministro apontou ainda o compromisso do grupo de café de Campo Maior na área da sustentabilidade ambiental, que classificou de "vital", e destacou a necessidade de se "cuidar do futuro da Terra (...) hoje".

"Mesmo para os mais otimistas, à cautela, convém pensarmos que muito provavelmente não há outro planeta onde possamos viver", prosseguiu o governante.

"E, portanto, mais vale prevenir e conservar este [planeta] antes de nos arriscarmos a perder este. Mais vale um planeta na mão do que nove a voar", rematou.

António Costa destacou ainda que a Delta tem feito compromisso "em todo o sítio" e "não é só na terra onde os Nabeiros nasceram", e lembrou que após a declaração de independência de Timor, o grupo foi o primeiro a ir comprar café àquele mercado.

"Sabemos agora que Açores é também o único sítio da Europa que tem café" afirmou António Costa, aludindo ao anúncio feito pelo administrador grupo Nabeiro, Rui Miguel Nabeiro, que a empresa vai apoiar até 500 produtores de café naquele arquipélago nos próximos 15 anos.

"É com esta parceria [entre os cafeeiros açorianos e a Delta] que nós vamos passar a poder beber aqui café dos Açores", salientou António Costa, apontando que este "vai ser seguramente um grande compromisso para a sustentabilidade" da região.

Relativamente a uma parceria entre a Delta e a 'startup' de um belga Natan Jacquemin, que através da NÃM produz cogumelos através de um processo inovador de transformação de borras de café, localizado no Intendente, em Lisboa, o primeiro-ministro afirmou que tal demonstra que as 'startups' não são só "apps" [aplicações].

Este projeto vem de "uma semente que estava na terra e a Delta está a ajudar a semente a nascer", salientou.

O primeiro-ministro sublinhou ainda o "exemplo extraordinário de economia circular que é transformar o Largo do Intendente, que era outra coisa bastante diferente" há alguns anos "num local" onde são produzidos cogumelos, num comentário que animou a audiência.

domingo, 12 de maio de 2019

Governo prepara medidas para prevenir peste suína africana


08 DE MAIO DE 2019 - 22:25

Controlo de viajantes é uma das medidas preventivas que está em cima da mesa.

O ministro da Agricultura disse hoje, em Rio Maior, que o Governo está a preparar medidas, como a redução de javalis e controlos de viajantes, para evitar que o vírus da peste suína africana (PSA) afete a suinicultura nacional.

Luís Capoulas Santos, que hoje abriu o 9.º Congresso Nacional de Suinicultura, a decorrer até quinta-feira no Cineteatro de Rio Maior (distrito de Santarém), salientou o "bom momento" que o setor está a viver e pediu uma "atenção redobrada" para que não seja posto em causa por uma peste que afetou o país durante 30 anos e que se encontra erradicada desde 1996.

"O país está indemne, não estou a lançar alarmismo, mas a chamar a atenção da população para uma conduta consciente", pois "toda a atenção e todo o cuidado é pouco", disse, referindo que, além de um plano para a redução da população de javalis, estão a ser preparadas medidas de controlo de viajantes provenientes de países afetados.

Capoulas Santos afirmou que se trata de um vírus "muito resiliente" que tem vindo a alastrar na Ásia e no leste europeu, tendo já atingido países como a Bélgica e a Itália, o que é facilitado pela "enorme movimentação de pessoas de todo mundo".

"Muitas trazem alimentos contaminados, o vírus pode vir com a roupa, nos sapatos", disse, sublinhando que, apesar de as explorações estarem confinadas e terem adotado todas as prevenções possíveis, há "sempre um risco enorme".

Tendo alastrado a partir das populações de javalis, este será um dos alvos das medidas em curso, estando a Direção Geral de Alimentação e Veterinária e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) a trabalhar com as organizações de caçadores para reduzir os efetivos destes animais, afirmou.

"Por outro lado, vamos ver nos aeroportos e nos controlos de pessoas até onde poderemos ir para introduzir algumas medidas preventivas adicionais e alertando a população de que se abstenha de consumir todos os produtos que sejam trazidos", como enchidos ou alimentos frescos que venham das origens afetadas, e tenha "todo o cuidado com a forma como são destruídos", pois, muitas vezes, são dados aos animais ou lançados nos campos, onde estes os consomem, declarou.

Capoulas Santos lembrou que, há três anos e meio, quando iniciou funções, o setor atravessava, há um ano, uma "enorme crise", tendo revelado uma "enorme resiliência", a ponto de estar agora a viver um momento de "grandes oportunidades", nomeadamente com a possibilidade de exportar para a China, um dos países afetados pela PSA.

Segundo disse, o ministro chinês das Alfândegas, respondendo a um convite feito há seis meses, estará em Portugal nos próximos dias 26 e 27, altura em que espera assinar protocolos relativos a este setor, mas também ao dos frutícolas (uva de mesa, pera, maçã).

Capoulas Santos afirmou que a internacionalização tem sido uma "prioridade" para o seu Ministério, exemplificando com a abertura de 55 mercados para 208 produtos (159 de origem animal e 49 de origem vegetal), a que se juntou hoje a possibilidade de exportação de pombos-correio para o México.

Disse ainda que está a ser trabalhada a abertura de outros 59 mercados, para viabilização da exportação de 273 produtos (221 da área animal e 52 da área vegetal).

O 9.º Congresso Nacional de Suinicultura tem como temas centrais as potencialidades do mercado chinês para o setor e os desafios que se abrem com a produção de carne sintética, atualmente em fase de investigação.

Alterado regime de desenvolvimento local do PDR 2020 - diploma


Lisboa, 09 mai 2019 (Lusa) - O Governo alterou hoje o regime de desenvolvimento local do Programa de Desenvolvimento Rural, acrescentando critérios de seleção como o estatuto de agricultor familiar ou de jovem empresário rural e explorações com certificação em modo de produção biológico.

A portaria hoje publicada em Diário da República introduz a sexta alteração no diploma que em 2016 estabeleceu o regime de aplicação da implementação das estratégias da medida da área de desenvolvimento local (LEADER), assegurando a sua conformidade com orientações estratégicas de âmbito nacional.

Entre essas orientações contam-se a estratégia para a agricultura familiar, a estratégia para a agricultura biológica e a estratégia para o jovem empresário rural, "de forma a adequar as operações desta ação à realidade e necessidades da sua implementação", lê-se na portaria.

O objetivo, acrescenta o executivo no diploma sobre o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), é promover e valorizar estas novas realidades, em consonância com os objetivos de política nacional, entretanto definidos.

Em algumas operações, como a promoção de produtos de qualidade locais, a portaria inclui novas tipologias de despesas e taxas de apoio, um incentivo à adesão dos produtores à comercialização por circuitos curtos e um estímulo a um papel ativo na divulgação de produtos.

Relativamente à operação "Renovação de aldeias", o diploma pretende alargar o leque de tipologias de investimento, possibilitando o apoio a projetos relacionados com a preservação, conservação e valorização do património imaterial de natureza cultural e social dos territórios e não apenas do património edificado ou natural.

É ainda aumentada a taxa de cofinanciamento, incentivando a participação de entidades associativas locais com menores capacidades de investimento.


Quinta da Aveleda ganha o prémio de ‘Melhor Vinho do Ano’

Nuno Miguel Silva 11 Maio 2019, 19:35

O vinho tinto 'Quinta Vale D. Maria Quinta da Francisca', de 2016, produzido no Douro, foi o grande vencedor do 'Concurso Vinhos de Portugal' deste ano, como sempre organizado pela ViniPortugal.

A Quinta da Aveleda, com o 'Quinta Vale D. Maria Vinha da Francisca 2016' recebeu o galardão para o 'Melhor Vinho do Ano', um concurso da ViniPortugal, cujos resultados foram conhecidos ontem, dia 10 de maio, à noite, numa sessão realizada nas instalações do Terminal de Cruzeiros de Leixões.

Este vinho foi eleito no âmbito do 'Concurso Vinhos de Portugal', tendo os prémios deste ano distinguido vinhos das regiões da Bairrada, Douro, Dão, Alentejo e Península de Setúbal.

No entanto, foi no Douro que foi produzido 'O Melhor do Ano, o mencionado
'Quinta Vale D. Maria Vinha da Francisca (2016).

"Ano após ano temos sido capazes de fazer crescer o 'Concurso Vinhos de Portugal' nas suas diferentes dimensões, nomeadamente no número de vinhos inscritos, bem como a presença de mais especialistas internacionais, que acederam ao convite para vir conhecer a nossa realidade vitivinícola", sublinha Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, fazendo um balanço positivo da edição 2019 do 'Concurso Vinhos de Portugal'.

Segundo este responsável, "mais do que uma competição, o 'Concurso Vinhos de Portugal' é uma semana dedicada à celebração da qualidade dos vinhos portugueses", além de ser "um momento importante para os agentes económicos envolvidos na fileira do vinho e um óptimo veículo de promoção dos vinhos de Portugal junto de especialistas internacionais, que vão regressar aos seus países de origem com muito mais conhecimento da qualidade dos nossos vinhos graças ao programa paralelo da iniciativa, que inclui jantares vínicos, visitas a produtores e 'masterclasses'".

Além deste vinho da Aveleda, foram também premiados o 'Alambre Moscatel de Setúbal 20 anos' como 'O Melhor do Ano Licoroso', produzido pela Península de Setúbal pela José Maria da Fonseca.

Já o prémio de 'O Melhor do Ano Varietal Tinto' foi atribuído ao 'Grande Rocim 2015', produzido no Alentejo, pela Rocim Agroindústria, Lda.

'O Melhor do Ano Varietal Branco' foi o 'Villa Oliveira Encruzado, de 2016, produzido no Dão pela empresa O Abrigo da Passarela, Lda.

Por sua vez, o prémio de 'O Melhor do Ano Vinho Tinto' foi para o referido 'Quinta Vale D. Maria Vinha da Francisca, de 2016, produzido pela Aveleda, no Douro.

'O Melhor do Ano Vinho Branco" foi entregue ao 'Quinta Pedra Escrita Reserva Bio', de 2017, produzido no Douro pela empresa Rui Roboredo Madeira, Vinhos, S.A..

Por fim, o 'O Melhor do Ano Espumante' foi ganho pelo 'Luiz Costa Pinot Noir & Chardonnay', de 2015, oriundo da Bairrada, da responsabilidade das Caves São João, Lda.

Após a avaliação de 1.382 vinhos por especialistas nacionais e internacionais, o júri atribuiu um total de 423 medalhas, das quais 29 na categoria 'Grande Ouro', 98 de 'Ouro' e 296 de 'Prata'.

"O Douro foi a região que recebeu mais medalhas 'Grande Ouro' do júri, recolhendo 11 medalhas, seguindo-se a região do Alentejo, com sete medalhas, e Dão, com quatro medalhas", revela um comunicado da ViniPortugal, acrescentando que a sessão contou com a presença do presidente do Conselho Directivo do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), Bernardo Gouvêa.

À semelhança das edições anteriores, o 'Concurso Vinhos de Portugal 2019' teve uma primeira fase, realizada no CNEMA, em Santarém, na qual cada vinho foi apreciado em prova cega por um júri composto por especialistas em vinhos, nacionais e internacionais, entre enólogos, jornalistas, 'sommeliers' e outras entidades ligadas ao vinho.

"Com base nas escolhas feitas na 1.ª fase do Concurso, o 'Grande Júri', composto por Dirceu Vianna Júnior (MW), do Reino Unido, Evan Goldstein (MS), dos EUA, Thomas Vartelaus, da Suíça, Bento Amaral e Luís Lopes, presidente do concurso, escolheu os grandes vencedores do 'Concurso Vinhos de Portugal', atribuindo as medalhas 'Grande Ouro' e os 'Melhores do Ano'", esclarece um comunicado da ViniPortugal.

De acordo com esse documento, "a participação no 'Concurso Vinhos de Portugal' constitui uma plataforma para a promoção internacional dos produtores portugueses", estando assegurado que "os vinhos distinguidos com as 'Medalhas Grande Ouro e Ouro' no 'Concurso Vinhos de Portugal' terão presença garantida em eventos internacionais de excelência a realizar em 2019".

O evento realizado ontem pela ViniPortugal serviu também reconhecer personalidades internacionais pelo contributo dado nas exportações dos vinhos portugueses.

Na 1.ª edição do prémio 'Personalidade do Ano', instituído em 2019 pela ViniPortugal, foram distinguidos Charles Metcalfe (Europa), Sebastião Vemba (África), Mark Squires (Américas) e Takenori Beppu (Ásia).

"A criação do Prémio 'Personalidade do Ano' resulta do reconhecimento do papel desempenhado por um conjunto alargado de profissionais, influenciadores e prescritores na promoção da marca 'Wines of Portugal' nos diferentes mercados internacionais onde atua", destaca o comunicado da ViniPortugal.

"O esforço de promoção dos 'Vinhos de Portugal' nos mercados internacionais é um trabalho coletivo que, para alcançar sucesso, necessita de ter continuidade do lado de quem nesses mercados fala, escreve, avalia, promove ou vende os nossos vinhos nos diferentes mercados. Felizmente que hoje são muito e bons aqueles que diariamente trabalham na promoção dos nossos vinhos e na valorização das nossas exportações. Reconhecendo a importância, a ViniPortugal decidiu, a partir de 2019, homenagear de forma simbólica uma figura em cada um dos quatro continentes/mercados onde a marca "Vinhos de Portugal" está presente: Américas, Africa, Ásia e Europa", afirma Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal.

Segundo o referido comunicado, este prémio contou com um conjunto de fases, "num processo colaborativo com os diferentes intervenientes na fileira do vinho nacional".

"Numa primeira fase, a ViniPortugal, em colaboração com as instituições sectoriais, como as CVR [Comissões Vitivinícolas Regionais] e as associações, desenvolveram o processo de selecção de personalidades elegíveis em cada um dos continentes abrangidos. A votação final esteve a cargo das empresas do sector vitivinícola através da plataforma digital da ViniPortugal", esclarece o referido comunicado.

A ViniPortugal é a associação interprofissional para a promoção internacional dos vinhos de Portugal e tem como missão promover a imagem de Portugal enquanto produtor de vinhos por excelência, valorizando a marca "Vinhos de Portugal/Wines of Portugal" e contribuindo para um crescimento sustentado do volume e do preço médio dos vinhos portugueses.

São associados-fundadores da ViniPortugal oito associações profissionais: ACIBEV, ANCEVE e AND (representação do comércio), CAP, FENADEGAS, FENAVI e FEVIPOR (em representação da produção) e ANDOVI (representação de regiões demarcadas).