sábado, 5 de novembro de 2016

Baixa do preço do milho e soja nos mercados internacionais

03-11-2016 
 

 
O início da semana foi muito animado no mercado internacional dos cereais, que recebeu muita pressão pelas cotações dos Estados Unidos da América e com o dólar a debilitar-se perante o euro.

Esta situação favoreceu a ascensão da oferta comunitária. O final da colheita norte-americana, com 90 por cento de soja e 80 por cento de milho, confirmam-se as estimativas previstas para a produção, tendo também em conta a pressão dos fundos de venda antes das eleições dos Estados Unidos e a possível subida dos tipos de interesses em Dezembro por parte do FED, de acordo com a avaliação de Toño Catón, director das Culturas Arvenses das Cooperativas Agroalimentarias.

O preço da soja baixou perante a expectativa que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA) reviu em alta para os valores da produção. Um aspecto positivo é a procura seguir a um ritmo recorde, evitando que as existências disparem.

Em relação ao milho, os preços também caíram, apesar de uma activa procura e das boas exportações dos Estados Unidos da América (EUA). A descida é consequência da preocupação nos EUA para que se possa dar uma fácil saída à grande oferta e manter um bom ritmo exportador. Espera-se que a informação de previsões do USDA de Novembro, publicada na próxima semana, tenha um importante efeito nos mercados.

Quanto ao trigo, é um cereal que não manteve o retorno do preço, devido à pressão em baixa de milho e soja, para além da influência da meteorologia, assinala Toño Catón, já que as próximas chuvas beneficiam os trigos cultivados. Ou seja, o trigo necessita de uma maior procura para manter os preços a longo prazo.

No caso do trigo duro do Canadá, o excesso de chuvas tem vindo a prejudicar e afecta as perspectivas pra o grão de qualidade. Água e neve retardaram e, inclusive, parou a colheita, oque vai afectar a sanidade do grão.  

Fonte: Agrodigital

Área de agricultura biológica aumentou 14,4% desde 2010 em Portugal


Portugal chegou a 2015 com uma área dedicada a agricultura biológica de 241.375 hectares. Na União Europeia, só o Reino Unido e a Holanda registaram um decréscimo entre 2010 e 2015.
Área de agricultura biológica aumentou 14,4% desde 2010 em Portugal
Correio da Manhã

Isabel  Aveiro Isabel Aveiro ia@negocios.pt

27 de Outubro de 2016 às 20:22~

O território português tinha, no final do ano passado, 214.375 hectares de área agrícola dedicada a culturas biológicas, segundo os últimos dados analisados pelo Eurostat, divulgados esta quarta-feira, 25 de Outubro.

Os números, segundo o gabinete de estatística da União Europeia, representam um aumento de 14,4% face à área de agricultura biológica que o país detinha em 2010. Em termos de peso sobre toda a á área agrícola cultivada, o peso aumento 0,7 pontos percentuais entre 2010 e 2015, para 6,5%.

A agricultura biológica ("orgânica" na definição inglesa e adoptada por alguns Estados-membros) "combina as melhores práticas ambientais, um nível elevado de biodiversidade, a preservação de recursos naturais e padrões elevados de produção baseados em substâncias e processos naturais", recorda o Eurostat. "Fornece uma resposta específica do mercado a uma procura específica do consumidor", ao mesmo tempo que cumpre os requisitos em termos de "protecção do ambiente, bem-estar animal e desenvolvimento rural", acrescenta.

Nos 28 Estados-membros que compõem a União Europeia, havia "mais de 11 milhões de hectares de área certificada ou em conversão em 2015" de agricultura biológica, representativa de 6,2% ta área agrícola utilizada na UE naquele ano.

No espaço europeu comunitário, a "Espanha, Itália, França e Alemanha registaram as mais extensas áreas agrícolas biológicas assim como o maior número de produtores biológicos em 2015, respondendo em conjunto por mais de 52%" quer do total da área dedicada como dos produtores dedicados.

A maior percentagem de área agrícola utilizada dedicada a culturas biológicas "foi registada na Áustria", com um quinto (20% ou 552 mil hectares). É seguida pela Suécia (17%, ou 510 mil hectares) e pela Estónia (16% ou 156 mil hectares).

Malta (com 0,3% ou 30 hectares), Irlanda (1,6% ou 73 mil hectares) e Roménia (1,8% ou 246 mil hectares) são os países em que a percentagem de agricultura biológica é a mais baixa sobre a área total agrícola utilizada.

Entre 2010 e 2015, 26 dos 28 Estados-membros, ainda assim, registaram aumentos das suas áreas agrícolas biológicas. Apenas o Reino Unido e os Países Baixos registaram um decréscimo da área dedicada a esta forma de fazer agricultura, de 29% e 4%, respectivamente.

Em sentido contrário, os maiores aumentos verificaram-se na Croácia (mais 377%), Bulgária (mais 362%) a França (mais 61%) e a Irlanda (mais 53%) foram os Estados-membros em que se verificaram maiores crescimentos da área agrícola biológica entre 2010 e 2015.

domingo, 30 de outubro de 2016

Governo dedica próximo Conselho de Ministros à Reforma da Floresta


25/10/2016, 23:30

O Conselho de Ministros de quinta-feira vai ser dedicado à Reforma da Floresta, com a reunião agendada para o Centro de Operações e Técnicos Florestais, na Lousã, anunciou esta terça-feira o Governo.

"Mais do que combater incêndios é necessário preveni-los e para os prevenir é preciso uma gestão ativa de uma floresta sustentável"

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou em setembro um conselho de ministros exclusivamente dedicado à política florestal.

A reunião deverá começar pelas 10h15, depois da habitual "fotografia de família" e apresentação de cumprimentos ao primeiro-ministro pelo grupo de sapadores florestais em formação naquele centro.

Vamos ter um Conselho de Ministros extraordinário dedicado exclusivamente à política florestal, porque a valorização do nosso território significa valorizar um dos maiores ativos, que é a floresta", explicou António Costa, ao discursar em Braga, a 11 de setembro, numa iniciativa da Juventude Socialista.
Costa frisou, na altura, que o país não pode conformar-se em ver, todos os anos, a floresta a arder.

Temos de fazer agora da floresta uma reforma com a dimensão da de há 10 anos. […] Mais do que combater incêndios é necessário preveni-los e para os prevenir é preciso uma gestão ativa de uma floresta sustentável, de uma floresta sofisticada, de uma floresta que seja fonte de riqueza e não uma ameaça à segurança das populações e dos seus bens", salientou então o primeiro-ministro.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Terrenos florestais e agrícolas não registados vão passar para o Estado

27/10/2016, 8:00572

Medida será aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros, e prevê isenção de taxas para o registo de terrenos até ao fim de 2018. Depois, os terrenos não reclamados passam para o Estado.


A partir de 2019, os terrenos que não tiverem sido registados passam para o chamado Banco de Terras, gerido durante 15 anos pelo Estado
PAULO NOVAIS/LUSA

Há novas regras para os terrenos agrícolas e florestais que não estejam registados. O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, leva esta quinta-feira ao Conselho de Ministros dedicado à reforma florestal, na Lousã, uma medida que prevê a integração dos terrenos sem proprietário num banco de terrenos gerido pelo Estado, que depois as entregará a sociedades gestoras. O objetivo é promover a criação de postos de trabalho nas regiões rurais, no entender do Ministério.

Para já, os proprietários de terrenos não registados têm dois anos anos — até 31 de dezembro de 2018 — para efetuar esse registo. Se o fizerem antes desse prazo, ficam isentos de taxas e emolumentos. Ouvido pelo Jornal de Notícias, Capoulas Santos sublinha que, "por vezes, diz-se que custa mais registar um terreno do que o valor que o prédio tem". A solução encontrada foi a criação de um Balcão Único Predial, onde poderá ser feito este registo sem custos até ao final de 2018.

A partir de 2019, os terrenos que não tiverem sido registados passam para o chamado Banco de Terras, gerido durante 15 anos pelo Estado. Ainda será possível, durante esses 15 anos, reclamar o terreno e registá-lo, mas, agora, sem isenção de custos. No final desse período, os terrenos passam definitivamente para o Estado, e serão geridas por sociedades de Gestão Florestal, que terão incentivos à exploração dos terrenos para promoverem o emprego rural. Um dos principais deveres destas sociedades, que poderão ser compostas por qualquer grupo de cidadãos, é a de manter os terrenos limpos e prevenir os incêndios.

O Governo vai promover um "generoso regime de incentivos financeiros e fiscais", nas palavras de Capoulas Santos ao JN. O dinheiro para este programa, segundo a TSF, deverá vir do Fundo Florestal Permanente e dos fundos comunitários (até 2020, serão cerca de 500 milhões para as florestas).

O Conselho de Ministros desta quinta-feira vai ser dedicado à Reforma da Floresta, com a reunião agendada para o Centro de Operações e Técnicos Florestais, na Lousã, no distrito de Coimbra. O primeiro-ministro, António Costa, anunciou em setembro um conselho de ministros exclusivamente dedicado à política florestal. Costa frisou, na ocasião, que o país não pode conformar-se em ver, todos os anos, a floresta a arder.

"Temos de fazer agora da floresta uma reforma com a dimensão da de há 10 anos. […] Mais do que combater incêndios é necessário preveni-los e para os prevenir é preciso uma gestão ativa de uma floresta sustentável, de uma floresta sofisticada, de uma floresta que seja fonte de riqueza e não uma ameaça à segurança das populações e dos seus bens", salientou então o primeiro-ministro.


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

AICEP: “Alqueva tem sido um íman para atrair investidores a Portugal”

O sector agrícola nacional tem vindo a atrair novos investidores nos últimos anos, tendo o regadio do Alqueva como catalisador, explicou esta terça-feira Luís Castro Henriques, da AICEP.

Isabel  Aveiro Isabel Aveiro ia@negocios.pt
25 de Outubro de 2016 às 17:57

Há duas novas tendências no Investimento Directo Estrangeiro (IDE) no sector agrícola nacional, explicou esta terça-feira, 25 de Outubro, Luís Castro Henriques (na foto), administrador da AICEP – Portugal durante a segunda edição da McDonald's Business Iniciative for Agriculture (MBIA) Talk, que decorreu em Lisboa.

Uma é local. "O desenvolvimento do Alqueva tem atraído cada vez mais investidores estrangeiros a Portugal", afirmou, que vêem na "área de regadio" permitida pela barragem a possibilidade de expansão.

Sem nunca mencionar os nomes das empresas e entidades que contactaram a agência de captação de investimento estrangeiro para o país, Castro Henriques assegurou que à AICEP tanto chegam pedidos de investidores para a localização de "100 mil hectares" de terreno arável, como em "procura de parceiros específicos" em troca de "acesso a mercados" internacionais.

"O Alqueva tem sido um íman para atrair investidores a Portugal", garantiu o administrador da AICEP, enfrentando uma vantagem – "muitos produtores de nicho com muita qualidade" e uma desvantagem – "um problema de escala" quando toca a abastecer mercados maiores. No entanto, para Castro Henriques, "a vantagem da qualidade sobrepõe-se" normalmente sobre potenciais ameaças.

Na análise feita pelo gestor da agência de investimento, há ainda que salientar uma "alteração gradual da proveniência dos investidores". Ou seja, se antes o IDE na agricultura nacional estava indexado aos nossos principais parceiros de comércio internacional – "Espanha, França, Alemanha e Reino Unido" – actualmente "cada vez vêem mais de outros países".
A diversificação faz-se sobretudo pela Ásia. "Do Japão", de onde vem uma "taxa de interesse crescente", e "da China" – cujos investidores "ou querem fazer parcerias ou comprar empresas" no sector agro-alimentar em Portugal.

"São pedidos de esclarecimento e projectos tangíveis" vindos do continente asiático, mas também americano, garantiu, que estão a acontecer neste momento no sector agrícola português. E que, em alguns casos de interesse chinês, têm trazido já cadeias de distribuição ao território, à procura de fornecedores alimentares.

A procura é, sobretudo, pela qualidade. E é nesta que o gestor da AICEP defende que produtores portugueses têm que assentar a sua estratégia e marketing nos contactos comerciais internacionais.

Castro Henriques salientou ainda que, nos últimos anos, as empresas agro-alimentares registaram um crescimento de 30% nas exportações. Frisou que "a exportação média" de uma empresa do sector primário é de "um milhão de euros". Ganhar escala pela cooperação com vários produtores é crucial no acesso ao mercado, concluiu.

Governo já contratou investimento de 760 milhões na agricultura

Nos últimos 11 meses, foi aprovada a contratação pelo Estado de 7.100 projectos com investimentos de 760 milhões de euros em explorações e na transformação e comercialização de produtos agrícolas, segundo o secretário de Estado da Agricultura.

Governo já contratou investimento de 760 milhões na agricultura

Isabel  Aveiro Isabel Aveiro ia@negocios.pt
25 de Outubro de 2016 às 15:54

Quando tomaram posse das funções executivas, há pouco menos de um ano, os actuais titulares da pasta da Agricultura encontraram "29 mil candidaturas a apoios" no investimento no sector, dos quais "70% já foram analisadas" desde então, defendeu esta terça-feira, 25 de Outubro, Luís Medeiros Vieira.

O actual secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, que falava durante a segunda edição da Mcdonald's Business Iniciative for Agriculture (MBIA) Talk, garantiu ainda que, nos últimos 11 meses, foram "contratados 7.100" projectos para investimento no sector – nomeadamente em explorações agrícolas e na transformação e comercialização de produtos agrícolas.

Tal contratação – entre os Estado e as entidades responsáveis pelas candidaturas, onde se contam agricultores, empresas, associações e organizações de produtores – representa, contabilizou Medeiros Vieira na manhã desta terça-feira, 25 de Outubro, 760 milhões de euros de investimento no global. Com "400 milhões de euros de apoios a fundo perdido", financiados pelo Plano de Desenvolvimento Rural 2020 (PDR 2020), sublinhou.

"No final do primeiro trimestre de 2017", estimou, o Ministério espera "ter todas as candidaturas decididas" deste lote. Paralelamente, no próximo mês de Novembro, garantiu ainda o governante, "vão abrir em Novembro novas candidaturas" para as mesmas medidas – investimento em explorações agrícolas (3.2.1) e na transformação e comercializações de produtos agrícolas (3.3.1) – conforme, aliás, está previsto no calendário do PDR 2020.

Investigação com 30 milhões
No caso específico de projectos de inovação na agricultura em parceria – agricultores, organizações de produtores, empresas e academia – foram recebidos 360 candidaturas, das quais "foram já seleccionadas 250", adiantou o secretário de Estado. Neste processo, que estará terminado até 30 de Novembro, os candidatos concorrem a financiamento (também do PDR 2020) de 30 milhões de euros – dos quais 75% do valor elegível é apoiado a fundo perdido.

À plateia de empreendedores em projectos agrícolas, Medeiros Vieira relembrou ainda que, além do financiamento ao investimento viabilizado pela Política Agrícola Comum (PAC) e materializado no actual PDR 2020, existe um protocolo, em vigor, subscrito entre o Estado e nove bancos, que totaliza 900 milhões de euros de apoios.

Quatro tornados registados no Alentejo e Algarve


 25.10.2016 22h43

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) admitiu existirem "registos compatíveis" com a ocorrência de quatro tornados no Algarve e no Alentejo, na segunda-feira e terça de madrugada.

"De acordo com os relatos existentes e com as declarações da Autoridade Nacional de Proteção Civil e das corporações locais dos Bombeiros, há registos compatíveis com a ocorrência de quatro tornados", refere, em comunicado, o IPMA.

O primeiro tornado ocorreu na cidade de Olhão às 19:45 de segunda-feira e pouco antes das 21:30 um outro ocorreu no concelho de Serpa, no distrito de Faro e Beja, respetivamente.

"Cerca das 23:00 foi atingida uma zona rural em Pedrogão do Alentejo, no concelho da Vidigueira [distrito de Beja], e pouco depois da meia-noite (inicio da madrugada de hoje), novamente no concelho de Serpa, a quarta ocorrência afetou uma exploração agrícola", explica o IPMA.

Os quatro casos estão a "ser documentado em detalhe pelo IPMA e vão ser analisados com base na observação meteorológica existente, devendo a informação ser disponibilizada assim que possível", acrescenta no comunicado o Instituto.

O mau tempo registado durante segunda-feira e início da madrugada provocou inundações e queda de árvores nos distritos Beja, Évora, Faro.

Lusa

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Projeto “Melhor Eucalipto” promove boas práticas na gestão florestal



 23 outubro 2016, domingo  AgroflorestalNegócios

Desenvolvido pela CELPA – Associação da Indústria Papeleira, o projeto "Melhor Eucalipto" tem como objetivo contribuir para a melhoria da produtividade do eucaliptal nacional, através da partilha do conhecimento sobre as melhores práticas de silvicultura com técnicos e produtores florestais.
O eucaliptal nacional está, na sua maioria, localizado em áreas de boa produtividade, mas apresenta de forma geral níveis de gestão insuficientes, encontrando-se com densidades desajustadas, envelhecido e pouco saudável.
Como consequência, é vítima de incêndios, pragas e doenças.
Torna-se, por isso, fundamental «promover as boas práticas na gestão da floresta em geral e do eucaliptal em particular», avançam os promotores do projeto.
O "Melhor Eucalipto", iniciativa da CELPA, pretende divulgar o enorme manancial de conhecimento técnico da indústria papeleira nas boas práticas silvícolas do eucalipto.

domingo, 23 de outubro de 2016

Governo aprova adjudicação de regadio para 900 agricultores de Óbidos e Bombarral

19-10-2016 
 

 
O Governo autorizou a adjudicação da rede de rega de Óbidos e Amoreia por 11 milhões de euros, no âmbito de um projecto que irá irrigar mais de mil hectares de terrenos agrícolas e servir 900 agricultores.

A autorização da adjudicação do primeiro troço, a empreitada de construção da Rede de Rega do Bloco de Óbidos, no distrito de Leiria, foi publicada em Diário da República (DR), na sequência da Resolução do Conselho de Ministros.

O troço vai ser adjudicado à empresa Construções Pragosa por 7.099.187,33 euros, acrescidos de Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), devendo ser executados ainda este ano investimentos de 100 mil euros. A restante verba será repartida pelos anos de 2017 (5.327.558,64 euros) e 2018 (1.671.628,69 euros).

O Conselho de Ministros aprovou igualmente o lançamento do concurso limitado por prévia qualificação para a construção do segundo troço, na Amoreira, também no concelho de Óbidos, e que terá o valor de 4,2 milhões de euros, a que acrescerá o IVA. Neste troço o Governo estabelece uma execução de 300.000 euros em 2017 e de 3.900.000,00 euros em 2018.

A obra é considerada de «importância vital para o desenvolvimento económico do sector da agricultura na região, tornando a actividade agrícola mais competitiva, de forma sustentada, particularmente no que respeita às culturas hortícolas e frutícolas», refere a deliberação publicada no DR.

A rede de regadio das baixas de Óbidos, terrenos agrícolas que se estendem entre a vila e o concelho do Bombarral, representa um investimento de 28 milhões de euros, dos quais 22,2 milhões comparticipados pelo Programa de Desenvolvimento Regional (Proder).

O projecto servirá cerca de mil agricultores das freguesias da Amoreira e do Olho Marinho, no concelho de Óbidos, e do Pó e da Roliça, no concelho do Bombarral.

A obra desenvolve-se em duas fases, a primeira das quais a construção de uma estação elevatória que filtrará a água para a rega, e que se encontra já em construção.

Na segunda fase, a que respeitam as decisões do Conselho de Ministros, serão construídos 50 quilómetros de tubagem com uma capacidade de transporte de 5,5 milhões de metros cúbicos de água por hora, que irrigarão 750 hectares de parcelas agrícolas do concelho de Óbidos e 450 hectares do concelho do Bombarral.

A rede de rega vem juntar-se à construção da Barragem do Arnóia, uma obra de 6,5 milhões de euros, concluída desde 2005 e parada desde então devido aos sucessivos adiamentos na conclusão da estação de tratamento e da rede de tubagens.

Fonte: Lusa

Estudo: O tomate não gosta de frigorífico

18-10-2016 
  
Colocar o tomate no frigorífico retira-lhe o sabor, pelo que todos os chefes de cozinha recomendam que esta fruta-legume seja mantida cá fora.

Os cientistas investigaram as raízes genéticas do problema e descobriram porquê: mantido abaixo de uma determinada temperatura, o tomate deixa de produzir algumas das substâncias que contribuem para o seu sabor.

O frio retira o sabor, quer seja no frigorífico ou noutro local a baixa temperatura. O frio prolongado, explicam os cientistas das universidades da Florida, da China e de Cornell, reduzem a actividade de determinados genes que fabricam os componentes do aroma e sabor.

Com a investigação, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os cientistas esperam vir a conseguir criar tomates que não tenham este comportamento quando sujeitos a baixas temperaturas. Até lá, aconselham, mantenha o tomate fora do frigorífico.

Fonte: sicnotícias

Agricultura e energia com maior peso no ambiente do que na economia


18/10/2016, 15:22

A agricultura, silvicultura, pesca, assim como a energia, água e saneamento apresentam um peso maior no total dos indicadores ambientais, como o potencial de aquecimento global, do que no conjunto da economia, segundo o INE.

A agricultura, silvicultura, pesca, energia, água e saneamento apresentam um peso maior no total dos indicadores ambientais, como o potencial de aquecimento global, do que no conjunto da economia, segundo o INE.

Em 2014, a área da agricultura, silvicultura e pesca "continuou a apresentar um peso relativo muito superior nos indicadores ambientais comparativamente à importância relativa do respetivo Valor Acrescentado Bruto (VAB) na economia", segundo as Contas das Emissões Atmosféricas hoje divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Estes indicadores económicos ambientais do INE permitem analisar as implicações ambientais do padrão de produção, conjugando os dados sobre o ambiente, nomeadamente os efeitos das emissões de poluentes, e as contas nacionais.

A área da agricultura, silvicultura e pesca representa 15,9% do potencial de aquecimento global, 40,9% no potencial de acidificação e 9,9% no potencial de formação de ozono troposférico, os indicadores ambientais listados pelo INE, enquanto a importância relativa do respetivo VAB na economia é de 2,2%.

A indústria também registou, em 2014, como nos anos anteriores, um peso relativo superior nos indicadores ambientais – com 28,4% no potencial de aquecimento global, 22,7% no potencial de acidificação e 37,0% no potencial de formação de ozono troposférico, e no conjunto da economia foi 13,8% no VAB.

A mesma situação apresenta o ramo energia, água e saneamento, com 26,9% do potencial de aquecimento global, 11,0% do potencial de acidificação e 7,4% do potencial de formação de ozono troposférico, o que é "muito superior ao peso relativo desta atividade no VAB (3,1%)".

Em 2014, último ano com dados disponíveis no INE, por cada euro de VAB gerado, foram emitidos pelo total da economia portuguesa 0,439 quilogramas equivalentes de dióxido de carbono (CO2), uma ligeira redução face a 2013 (0,443 quilogramas).

O Acordo de Paris, que junta mais de 190 países contra as alterações climáticas, pretende reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, como o CO2, apostando na descarbonização da economia, o que implica manter a atividade económica (ou aumentá-la), diminuindo a produção de poluentes.

O ramo energia, água e saneamento continuou a ser o que emitiu maior quantidade equivalente de CO2 por unidade de VAB, com 3,763 quilogramas, seguindo-se a agricultura, silvicultura e pesca, com 3,224 quilogramas.

Este indicador aumentou principalmente no ramo agricultura, ao passar de 3,124 para 3,224 quilogramas, e diminuiu mais na energia, de 3,923 para 3,763 quilogramas.

A indústria também registou uma descida na emissão de CO2 por unidade de VAB, de 0,936 para 0,905 quilogramas.

A queima de combustíveis fósseis é a principal fonte de emissões e o gasóleo foi o mais utilizado (27,5%), seguido do gás natural (17,4%) e do carvão (15,6%), representando 60% do total de energia consumida associada a emissões.

O carvão foi exclusivamente usado pelo ramo energia, que usou também o fuelóleo (como fez a indústria), o gás natural principalmente pela indústria, e o gasóleo pelos transportes, enquanto as famílias continuam a ser os principais utilizadores de biomassa (63%).

Para comparar o desempenho dos setores portugueses com os restantes países da União Europeia (UE), a informação disponível é de 2013 e revela que o indicador potencial de aquecimento global 'per capita' de Portugal tem vindo a apresentar valores mais baixos do que a maioria dos países da UE28, surgindo em quinto lugar, como já sucedera em 2008.

Portugal quer mais 2 mil jovens na agricultura



 23 outubro 2016, domingo  AgriculturaAgroflorestalIndústria alimentar

O Governo quer mais dois mil jovens a trabalhar na agricultura em 2017. Para isso, o Ministério da Agricultura vai aumentar o prémio-base de apoio à primeira instalação.
Até agora, um jovem agricultor podia contar com um apoio de 15 mil euros mas, no concurso que abre já em novembro, o valor vai aumentar para os 20 mil euros.
No total, o ministério de Capoulas Santos vai disponibilizar mais de 52 milhões de euros, entre fundos comunitários e apoios do Estado, que podem ser usados por agricultores com menos de 40 anos.

Mas o Orçamento do Estado para 2017 prepara um balão de oxigénio para as explorações privadas.

O Governo vai dar «ajudas a fundo perdido que podem ir até 50% do valor investido» pelos empresários, adiantou o gabinete de Capoulas Santos.
Ao todo, o Governo espera gastar 200 milhões de euros a apoiar projetos do setor agroalimentar, cujo investimento total ultrapassa os 400 milhões.
Até 2020, o Executivo vai injetar 600 milhões no setor. Desses, apenas 90 milhões são contrapartida nacional e o restante provém de fundos comunitários.
A prevenção dos incêndios é «uma prioridade» para o ministério.
O orçamento da Agricultura destinou 70 milhões de euros para comparticipar investimentos na floresta, entre 95 a 90 por cento.
No próximo Conselho de Ministros extraordinário será já aprovado um pacote de medidas de reforma da floresta. O Governo quer mudar a forma como a floresta é gerida em Portugal.
O primeiro passo é concretizar o cadastro para conhecer os donos da floresta.
Fonte: Correio da Manhã

China lança vinhas para o espaço para testar mutações genéticas

22/9/2016, 11:58

Cientistas chineses enviaram vinhas para o espaço, dentro do laboratório espacial Tiangong-2. A ideia é estudar as possíveis mutações genéticas que ajudem as plantas a resistir ao clima do país.

Com mais consumo de vinho do que qualquer outro país do mundo, e mais vinhas do que França, a China vê na vinicultura um potencial de crescimento económico para o futuro
AFP/Getty Images


O mais recente laboratório espacial chinês, o Tiangong-2, foi lançado para o espaço na semana passada e leva uma carga muito particular: vinhas. Segue a bordo do veículo espacial uma seleção das castas Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir. A ideia é avaliar qual o impacto das radiações cósmicas no material genético do vinho, no sentido de tornar as plantas mais resistente ao frio, à seca e aos vírus.

"Os cientistas chineses esperam que cultivar vinhas no espaço possa causar mutações que as podem tornar mais adequadas ao clima rigoroso das regiões vinícolas da China", escreve o Decanter, um site chinês dedicado à produção de vinho no país.

Em Ningxia, a região chinesa mais popular para o cultivo de vinhas, e que é conhecida pelas temperaturas geladas e pelo solo pouco fértil, os agricultores têm muitas vezes de enterrar as vinhas durante o inverno, para evitar que as plantas morram com as temperaturas, que podem chegar aos 25ºC negativos.

tiangong-2
O lançamento do laboratório espacial Tiangong-2, a bordo do foguetão Long March FT2 (Imagem: China Manned Space Program/Decanter)

De acordo com o mesmo site, as vinhas serão cultivadas durante o tempo de órbita da estação e, no regresso à Terra, serão analisadas e comparadas com um grupo de controlo, de vinhas que foram cultivadas durante o mesmo tempo na China. Os cientistas vão tentar descobrir quais as mutações que serão mais adequadas para o cultivo no território chinês.

Em outubro, dois astronautas chineses seguem para o laboratório, para, durante um mês, fazerem uma série de experiências com as vinhas. Além disso, o laboratório será usado para "levar a cabo experiências relacionadas com reparação de equipamentos em órbita, medicina aeroespacial, física e biologia, Distribuição Quântica de Chaves, relógios atómicos e ventos solares", esclarece o jornal britânico.

Com mais consumo de vinho do que qualquer outro país do mundo, e mais vinhas do que França, a China vê na vinicultura um potencial de crescimento económico para o futuro. Mas ainda há desafios que é preciso ultrapassar, considera Fongyee Walker, uma especialista chinesa citada pelo The Guardian. "Há muitos mitos: Temos de estar bem vestidos, usar um saca-rolhas, fazer isto e aquilo", explica a especialista, considerando que é possível "beber vinho num copo de cerveja, a acompanhar noodles numa esquina".

Barca Velha. Ou a história de como nascem os grandes vinhos


21 Outubro 20161.477

Ana Cristina Marques
O homem sonha e o vinho nasce. O Barca Velha, cuja colheita de 2008 chega agora ao mercado, continua longe da reforma e está mais perto da imortalidade. Em 64 anos apenas 18 foram selecionados.

Três homens e um vinho, o mais emblemático do país

De todos os vinhos por ele criado, aquele era o predileto. Um sonho tornado realidade numa altura em que Portugal, e a região do Douro, era quase exclusivamente sinónimo de vinho do Porto. O Casa Ferreirinha Barca Velha, que nasceu para ser bebido no auge de uma velhice que poucos vinhos de mesa conseguem alcançar, tornou-se imortal e, com ele, Fernando Nicolau de Almeida.

É este o homem que, em plena década de 1950, teceu uma filosofia de vinho ainda hoje replicada. Diz quem o conheceu que o sonhador oficial da Ferreirinha, Fernandinho para uns, era um desses senhores do Porto com pouco gosto em subir até ao Douro, tal como conta a jornalista Ana Sofia Fonseca no livro Barca Velha — Histórias de um vinho.

O Meão é terra de milagres. Por entre fragas, num chão seco como ventre de velha, as videiras agitam-se, bonitas e fartas, quais moças em idade casadoira. Já se adivinha a festa da vindima. Da Régua a Barca de Alva, na miragem de uns tostões para o pé-de-meia, de toda a aldeia vê ouro nos cachos. E é como formigas a amealhar para o Inverno que homens, mulheres e crianças acorrem às quintas do Douro. Será um mosto singular, este de 1952." Barca Velha — Histórias de um vinho, pág. 19
O calor e a incessibilidade da região vinhateira faziam-lhe torcer o nariz e repetir uma expressão que à data se popularizou: "É mais difícil ir ao Meão do que a Luanda." Tão poucas letras para tamanha fama: foi no Meão que nasceu o primeiro Barca Velha, vindo diretamente da histórica colheita de 1952.

As videiras na Quinta do Vale do Meão — a última propriedade comprada pela mítica D. Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida por Ferreirinha — deram vida à primeira edição daquele que ficaria conhecido como um dos mais emblemáticos vinhos portugueses até à data. Este e outros elogios que se seguem têm razão de ser e não apelam ao exagero. O Barca Velha leva 64 anos de vida mas está longe da reforma, passou por três enólogos que chegaram a trabalhar todos juntos e duas quintas e, agora, promete voltar com novo fôlego ao mercado — a 18º edição, que diz respeito à colheita de 2008, é finalmente lançada em novembro. 2016 é ano de Barca Velha, o terceiro rótulo de tanta estima que o século XXI teve a ousadia de proporcionar.

Foram várias as experiências até se descobrir que era ali, numa sub-região específica, que estava plantado o segredo do vinho. Fernando Nicolau calcorreou o Baixo Corgo e o Cima Corgo em busca da melhor matéria-prima, mas foi no Douro Superior que encontrou as vinhas perfeitas, o motivo de tantos sorrisos. Esta era tarefa para causar suor, cansaço e alguma frustração. A região era temperamental e não dava as boas-vindas a qualquer um: "O Douro Superior era todo inacessível. Quando comecei a trabalhar na Sogrape nos anos 1980 demorava cinco horas a chegar à Quinta da Leda. Hoje demoro duas horas e um quarto", conta Luís Sottomayor, o terceiro enólogo a trabalhar o Barca Velha, não sem antes falar das curvas e contracurvas que seriam mais estreitas, perigosas e menos definidas há 60 anos.


A Quinta da Leda é o atual berço do Barca Velha.

Se em tempos a Quinta do Vale do Meão foi o berço do Barca Velha — uma das cerca de 30 grandes propriedades do império da famosa Ferreirinha, hoje entregue à sabedoria do seu trineto, Francisco Javier de Olazabal –, as edições mais recentes têm lugar cativo na Quinta da Leda, entre 160 hectares de vinha (as uvas que dão estrutura e aroma ao mítico vinho são selecionadas a dedo e nascem em diferentes altitudes).

O vinho especial teve um pai especial: Fernando Nicolau de Almeida vestia-se que nem um gentleman e portava-se quem nem um gentleman. Foi pai de poucos afetos — tratava os filhos por "senhores" e as filhas por "meninas". Mas até a rigidez que o caracterizava era de uma peculiaridade tal que chegou a inventar um irmão gémeo, de nome Eduardo, bem mais divertido para os miúdos do que o pai que "só vestia clássicos e cores sóbrias", tal como se conta no livro já referido. Eduardo, com morada fictícia em Angola, roubou o coração da miudagem sem deixar rasto de ciúmes fraternais.

Nicolau de Almeida tem no currículo os Porto Ferreira. Assegurou também a produção de vinhos verdes, de vinhos do Dão e de aguardentes velhas. Mas foi o seu "vinhinho", o Barca Velha, que o levou a voos mais altos. 
Os filhos cedo tomaram gosto ao vinho, com Nicolau de Almeida a proporcionar-lhes inúmeras provas. E até aí havia regras: se não cheirasse bem, nem à boca chegava. O olfato era estrela maior num universo de tantas outras constelações e consta até que a mulher de Fernandinho, vinda também ela de boas famílias do Porto (Ramos Pinto) tinha um papel determinante quando a declarar um Barca Velha, apenas produzido em anos de colheitas excecionais.

Luís Sottomayor gaba-lhe o humor fino, de estilo britânico, mas também o olfato afinado. Uma personagem como nenhuma outra que, pousado o copo de vinho depois de o cheirar ao fim de duas horas de provas, era capaz de suspirar um inesperado: "este vinho lembra-me um chapéu de palha". O senhor era um "cheirista" de profissão, que teimou em criar um vinho de mesa que pusesse os olhos do mundo em Portugal. E conseguiu.

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Fernando Nicolau de Almeida, o homem que sonhou o Barca Velha. DR

Nicolau de Almeida tem no currículo os Porto Ferreira. Assegurou também a produção de vinhos verdes, de vinhos do Dão e de aguardentes velhas. Mas foi o seu "vinhinho", o Barca Velha, que o levou a voos mais altos. "Este vinho, produzido de lotes de uvas estudadas no Douro Superior, vinificado em condições que na época não eram fáceis de obter, e cuidadosamente controlado com a 'sua' prova durante o estágio em pequenos cascos de madeira de carvalho, revolucionava, desde então, os vinhos em Portugal. Desde logo atingiu este vinho grande notoriedade em Portugal e no estrangeiro, tendo sido considerado (…) como o mais emblemático dos vinhos portugueses", chegou a escrever José Maria Soares Franco.

Soares Franco — Zé Maria para os amigos — foi o segundo enólogo a trabalhar o Barca Velha, depois de Fernando Nicolau de Almeida se ter reformado em 1987. Foi também o primeiro licenciado em enologia a trabalhar para a casa Ferreira, tal como contou o jornal Público por altura dos 60º aniversário do mítico vinho. Ali ficou a ocupar um dos cargos mais apetecidos no mundo vinícola, até chegar o ano de 2007, quando Soares Franco une esforços com o também reputado enólogo João Portugal Ramos para começar um projeto de raiz, já batizado de Duorum. A missão de criar o "vinhinho" passaria agora para Luís Sottomayor, na Ferreira desde 1989.


Luís Sottomayor é o terceiro enólogo a trabalhar o Barca Velha.

"Hoje em dia é muito mais fácil fazer vinhos do que era há 60 anos. Temos um conhecimento técnico que na altura não existia e também uvas de uma maior qualidade", afirma Sottomayor. "O que sucede é que também somos mais exigentes quando fazemos o vinho. Hoje não há mais Barca Velha do que havia no passado", continua. Na verdade, as principais questões técnicas à época de Fernando Nicolau prendiam-se sobretudo com o controlo da fermentação — foram vários os estudos e façanhas, incluindo uma viagem a França, que ajudaram a solucionar tais problemas.

Fernando Nicolau de Almeida foi pioneiro. O primeiro a fazer vinho de consumo no Alto Douro, o primeiro a antecipar a moda de fazer a fermentação maloláctica em cascos, mesmo sem saber que química é essa que faz o vinho agitar-se uma segunda vez e que confere aos tintos uma suavidade até então desconhecida. Muito mais empírico do que cientista, tinha compêndios de alquimia no nariz. A intuição era a sua enxada." Barca Velha — Histórias de Um Vinho, pág. 39
A exigência na ponta do nariz e da língua é a personagem principal numa história que ainda hoje se repete, competência agora a cargo de Sottomayor: à menor dúvida de que um determinado vinho não esteja apto a receber o rótulo Barca Velha, este passa automaticamente para a gama inferior para aí ser batizado de Reserva Especial, cujo valor final será metade daquele pedido por um Barca Velha (que anda à volta de 400€). "A diferença às vezes pode ser impercetível. Basta numa prova haver uma dúvida. Claro que pode haver enganos, tal como declarar um vinho como Reserva Especial, mas nunca o contrário", assegura o "cheirista" dos tempos modernos.

Recriemos ditados populares: quando a natureza é amiga o enólogo desconfia, no bom sentido. Ainda o vinho se está a habituar às paredes de uma barrica onde é posto a estagiar e já o enólogo que dele cuidou desde o berço suspeita da sua qualidade que, na verdade, só será revelada com o tempo. O mesmo vinho é depois provado sucessivamente ao longo dos anos, tarefa que só finda quando se acredita ter atingido o apogeu — até lá, quem o leva à boca e ao nariz fá-lo sempre na expetativa de que boas notícias advenham daí.

Foi o que aconteceu com a colheita de 2008, cujo valor foi (re)confirmado quando há um ano Luís Sottomayor caçava na Ilha Terceira. "Pediram-me para organizar um jantar vínico. Foi provado um Quinta da Leda 2008 e a evolução evidenciada por este vinho durante essa prova veio solidificar a minha convicção de que viríamos a ter um Barca Velha do mesmo ano."

"Hoje em dia é muito mais fácil fazer vinhos do que era há 60 anos. Temos um conhecimento técnico que na altura não existia e também uvas de uma maior qualidade. O que sucede é que também somos mais exigentes quando fazemos o vinho. Hoje não há mais Barca Velha do que havia no passado."
Luís Sottomayor, enólogo
O Barca Velha, ainda hoje criado à imagem e semelhança de Fernando Nicolau, pode demorar uns sete anos a ser declarado como tal. É fazer as contas, até porque em 64 anos apenas foram reconhecidas 18 colheitas: 1952, 1953, 1954, 1957, 1964, 1965, 1966 e 1978 por Fernando Nicolau de Almeida; 1981, 1982, 1983, 1985, 1991, 1995 e 1999 por José Maria Soares Franco e 2000, 2004 e 2008 por Sottomayor. Apesar da filosofia ter resistido à vontade dos tempos em inovar e mudar vontades, a alquimia nunca é a mesma. "Não há receita para o Barca Velha, há antes uma personalidade que tentamos manter ano após ano", atira Luís Sottomayor.

Um vinho com honras de jantar de gala

Fernando Nicolau de Almeida já não está cá para ver, mas o lançamento de um novo Barca Velha continua a ser um acontecimento. Na passada terça-feira, dia 18, teve mesmo honras de um jantar de gala com a assinatura do chef Miguel Rocha Vieira, o primeiro português a chefiar o prestigiado Fortaleza do Guincho. Talvez o "cheirista" assim não o imaginasse, mas na ementa há "pintada assada com topinambour e aveia" (leia-se, galinha acompanhada de um tubérculo) e veado a baixa temperatura com marmelo e romã para harmonizar com a estrela da companhia: Casa Ferreirinha Barca Velha 2008, cujas garrafas foram abertas nas primeiras horas do dia para chegar à mesa no ponto.


A nova edição do vinho foi apresentada no Palácio de Monserrate no passado dia 18 de outubro. © André Ribeirinho

A nova edição do emblemático vinho é servida no Palácio de Monserrate, em Sintra. Críticos e jornalistas dedicados ao tema, mas também figuras fortes da Sogrape (que detém a Casa Ferreira desde 1987), estão cá, depois de quatro anos à espera. A expetativa paira no ar e, volta e meia, vem à baila o encontro que serviu para apresentar o último Barca Velha (colheita de 2004, lançada em 2012), que ocupou as Casas do Côro em Marialva. E há perguntas na ponta da língua: como será que se vai portar a colheita de 2008 que agora é servida com o tão estimado rótulo?

2008, esse ano bom. Mal as uvas foram colhidas e largadas na adega já a suspeita de que aquele vinho trazia muitas alegrias era uma realidade. "Este é um vinho que precisa de tempo. Com um caráter muito próprio", diz o enólogo Luís Sottomayor de pé, colado ao microfone, diante de uma sala onde já todos se sentaram à mesa e estão de copo em riste. Sottomayor está nervoso ou, então, prefere a sala inócua de provas àquele salão festivo. Repete a palavra "tempo" vezes sem conta e confessa que antes de se decidir sobre se aquele seria ou não o 18º Barca Velha da casa chegou a perguntar-lhe, ao vinho, "o que é que tu queres?". O que o néctar respondeu só ele sabe.

"O 2004 era mais direto. Este [Barca Velha 2008] tem mais austeridade, é preciso falar com ele. Mas vai longe."
Luís Sottomayor, enólogo
Se este Barca Velha fosse uma pessoa, seria daquelas que fala pouco e diz muito. Que não é de confianças fáceis mas que vale a pena o investimento. Um amigo para guardar no tempo.

Ei-la, a prova. Os copos enchem-se num diálogo silencioso entre o cuidado de quem serve o vinho e o entusiasmo de quem o vai beber. Cheiram-se e agitam-se os recipientes XL de cristal, assinados pela marca Riedel, e levam-se os primeiros tragos à boca. Ao contrário do que seria de esperar, tudo acontece numa questão de segundos e o suspense termina ali, nos lábios rasgados da maioria dos presentes. Acenos de cabeça vigorosos e considerações positivas: "O 2004 era mais direto. Este tem mais austeridade, é preciso falar com ele. Mas vai longe", continua Luís Sottomayor, já sentado na mesa.


O Barca Velha 2008 chega ao mercado na primeira semana de outubro. © André Ribeirinho

Cor rubi. Aroma intenso, a puxar os frutos vermelhos vivos e especiarias como a pimenta e o cravinho — não somos nós que o dizemos, por mais que cheiremos o vinho, antes a ficha técnica entretanto cedida. As considerações pessoais são de que este é um vinho para guardar, com uma pujança tal que, apesar do equilíbrio, não parece ter os anos que o Bilhete de Identidade teima em evidenciar. A receita difícil de recriar faz-se de diferentes castas: 50% Touriga Franca, 30% Touriga Nacional, 10% Tinta Roriz e 10% Tinto Cão. 18.000 é o número de garrafas que já a partir da primeira semana de novembro chegam ao mercado, mesmo a tempo do Natal. Cada garrafa tem o preço base de 265 euros, embora o valor esteja sujeito às exigências do mercado. E se agora, a poucos meses do fim de 2016, o vinho tem peso e fama, imagine-se daqui a uns anos.

"O Barca Velha tem de ser guardado nas condições ideais para viver muitos anos. O vinho mais velho que bebi foi há sete ou oito anos e era de 1957. Estava extraordinário", conta Sottomayor. Há quem diga que este é um vinho que desafia o tempo. Se sim, se não, a Sogrape ainda guarda exemplares dos primeiros Barca Velha alguma vez criados — alguns dos quais regateados em leilões –, mas Luís Sottomayor conta, de sorriso posto, que esse lugar mágico onde repousam as garrafas é, naturalmente, do desconhecimento geral. O que seria se assim não fosse.

Governo adota medidas de apoio aos produtores pecuários afetados pela seca


O Ministro da Agricultura tem acompanhado ao longo dos últimos meses, com preocupação, a evolução da situação, caracterizada por uma escassez crescente de água para o abeberamento do gado em muitas explorações do Baixo Alentejo, situação que coloca em causa a sua sobrevivência. Em causa está uma situação climatérica adversa que se acentuou nos meses de junho a agosto, em que se registaram anomalias relevantes ao nível dos valores médios mensais de temperatura máxima, que registaram desvios superiores a 4ºC face aos valores normais, provocando uma evaporação anormalmente elevada para a época. Estes fatores favoreceram o aumento do consumo de água e provocaram o seu esgotamento precoce em pequenos reservatórios (charcas) e em aquíferos que constituem o recurso para o abeberamento do efetivo pecuário em regime extensivo.

Nestes termos, o Ministro da Agricultura decidiu adotar, com caráter de urgência um conjunto de medidas para apoiar os produtores pecuários das zonas mais afetadas (concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura e Serpa).

As medidas de apoio foram hoje publicadas em diário da República e consistem num apoio global de 3 milhões de euros que se destinam a financiar a abertura de novos furos para captação de água, a aquisição de equipamentos de bombagem e de equipamentos de transporte de água. Cada beneficiário pode apresentar uma única candidatura e poderá receber até um montante máximo de 10 mil euros. O apoio é concedido sob a forma de subvenção não reembolsável, até ao limite de 80% ou 50% da despesa elegível, consoante o beneficiário tenha ou não tenha seguro agrícola.

As declarações de prejuízo podem ser apresentadas até ao próximo dia 10 de novembro e os pedidos de apoio deverão ser submetidos através de formulário eletrónico até dia 21 do mesmo mês. A Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo dispõe de um prazo até 15 de dezembro para fazer a verificação dos prejuízos declarados e o investimento terá de ser concretizado até final do ano, dia 31 de dezembro.
Capoulas Santos lembra que "aquela é uma região bastante castigada pela seca ao longo dos anos, razão pela qual os produtores são sistematicamente obrigados a esforços redobrados para manterem a sua atividade, que é de grande importância para a região e para o país".

Lisboa, 20 de outubro de 2016

Start-up’s do setor agrícola e agroindustrial nacional apresentam projetos inovadores na segunda edição da MBIA Talk



Realiza-se, no próximo dia 25 de outubro, a partir das 9h30, no Hotel Palácio do Governador, em Lisboa, a 2ª MBIA Talk dedicada à "Estratégia e gestão no setor agroindustrial português". Esta 2ª edição pretende dar espaço à discussão de ideias sobre o setor agrícola, o apoio à inovação e ao empreendedorismo agrícola e agroalimentar. 
A 2ª MBIA Talk, estará assente em três momentos:
Elevator pitch direcionado a star-tup's do setor agrícola e agroindustrial;
Apresentação de um caso de sucesso de uma empresa de fora do setor agrícola e agroindustrial, mas que pode ser inspiradora e um bom ponto de partida para novos projetos;
Debate com intervenientes oriundos do setor governamental, empresarial, associativo e bancário.

Além da apresentação dos projetos por parte de quatro start-up's portuguesas do setor agrícola e agroindustrial o evento irá contar com a apresentação de um caso de sucesso fora do setor pelo CEO da Science4you e um debate que contará com a presença do Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, o coordenador Técnico-Científico da Agro.Ges, o Diretor da Sociedade Agrícola Herdade Maria da Guarda e o Presidente da INOVISA.
A MBIA – McDonald's Business Initiative for Agriculture é uma iniciativa da McDonald's. 
PROGRAMA:
09H30 | Receção
09H45 | Boas-vindas, por Estélio Sequeira, Diretor de Operações McDonald's
09H50 | Testemunho "Fora da Caixa"
Por Miguel Pina Martins, ‎CEO Science4you
10H15 | Elevator Pitch
10H50 | Investimento Direto Estrangeiro no primeiro setor
Por Luís Castro Henriques, administrador AICEP – Portugal Global 
11H10 | Pausa para café| networking
11H25 | MBIA TALKS
Luis Medeiros Vieira, Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação
Francisco Gomes da Silva, Docente do ISA e Coordenador Técnico-Científico da Agro.Ges
João Cortez de Lobão, Diretor da Sociedade Agrícola Herdade Maria da Guarda
Luís Mira, Presidente da INOVISA
Moderador: Jorge Portugal, Diretor geral da COTEC 
12H15 | Encerramento

FAO diz que é preciso adaptar a agricultura às alterações climáticas


LUSA 17/10/2016 - 12:52

Se nada for feito, a população a viver em pobreza pode aumentar em 122 milhões de pessoas até 2030.

A organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO) alertou esta segunda-feira que é urgente ajudar o sector agrícola a adaptar-se às alterações climáticas, que poderão lançar até mais 122 milhões de pessoas na pobreza.

"A menos que sejam tomadas medidas agora para tornar a agricultura mais sustentável, produtiva e resiliente, os impactes das alterações climáticas irão comprometer gravemente a produção alimentar em países e regiões que já enfrentam uma alta insegurança alimentar", escreve o director-geral da organização, José Graziano da Silva, no prefácio de um relatório agora publicado.


Intitulado "O estado da alimentação e da agricultura", o relatório sublinha que, se não houvesse alterações climáticas, a maioria das regiões deveria ver reduzir o número de pessoas em risco de pobreza até 2050.

Com as mudanças no clima, e se nada for feito, estima-se que a população a viver em pobreza registe um aumento de entre 35 e 122 milhões até 2030. Isto deve-se sobretudo aos impactos negativos do aquecimento global no sector agrícola.

Os mais afectados seriam as populações nas zonas mais pobres da África subsariana, e do Sul e Sudeste Asiático, especialmente os que dependem da agricultura para viver.

Graziano da Silva diz que a fome, a pobreza e as alterações climáticas têm de ser abordadas em conjunto, quanto mais não seja "por um imperativo moral, porque aqueles que hoje mais sofrem são os que menos contribuíram para as alterações climáticas".

O relatório da FAO diz que para manter o aumento da temperatura global abaixo do tecto de 2°C, as emissões de gases com efeitos de estufa terão de diminuir 70% até 2050, o que só será possível com o contributo dos sectores agrícolas.

Estes sectores são responsáveis por, pelo menos, um quinto de todas as emissões, sobretudo devido à conversão das florestas em terra cultivada, mas também devido à pecuária e à produção agrícola.

No entanto, escrevem os autores, os sectores agrícolas enfrentam um duplo desafio: reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa ao mesmo tempo que produzem mais alimentos para saciar uma população crescente e cada vez mais rica.

Estima-se que a procura global por alimentos em 2050 seja pelo menos 60% maior do que em 2006, mas o crescimento populacional será concentrado nas regiões que já hoje têm maior prevalência de subnutrição e maior vulnerabilidade às alterações climáticas.

O relatório reconhece que reformular a agricultura e os sistemas alimentares será um processo complexo, devido ao vasto número de partes envolvidas, à multiplicidade dos sistemas agrícolas e de produção alimentar e às diferenças nos ecossistemas.

No entanto, alerta, os esforços têm de começar agora, porque os impactos das alterações climáticas só piorarão com o tempo e, se nada for feito, os países mais pobres terão no futuro de enfrentar simultaneamente a fome, a pobreza e as mudanças climáticas.

Nas palavras de Graziano da Silva, "os benefícios da adaptação ultrapassam os custos da inacção com margens muito grandes".

Nas vésperas da 22.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que começa a 7 de Novembro em Marrocos, o relatório sublinha que o sucesso da transformação da agricultura depende em grande medida da ajuda aos pequenos proprietários na adaptação às mudanças climáticas.

Estima-se que haja nos países em desenvolvimento cerca de 475 milhões de famílias de pequenos proprietários que produzem em contextos socio-económicos e condições agroecológicas muito distintas, pelo que não existe uma só resposta.

No entanto, a FAO descreve, no relatório, algumas formas "alternativas e economicamente viáveis" de ajudar os agricultores a adaptar-se e a tornar as suas formas de vida mais resilientes, nomeadamente a adopção de práticas inteligentes, como o uso de variedades de culturas nitrogénio-eficientes e tolerantes ao calor.

A adopção generalizada de práticas nitrogénio-eficientes, por exemplo, permitiria reduzir em mais de 100 milhões o número de pessoas em risco de subnutrição, estima o relatório.

Concelho de Ourique integra lista de concelhos afetados pela seca a apoiar pelo Ministério da Agricultura


Relativamente ao despacho do Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural sobre medidas de apoio aos produtores pecuários afetados pela seca ontem publicado em Diário da República, abrangendo os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura e Serpa, o Gabinete do Ministro esclarece que, por lapso, o concelho de Ourique não foi incluído na lista. Por esse motivo, o Gabinete desencadeou de imediato o processo de alteração ao despacho, determinando a inclusão de Ourique.

Através do despacho em causa, o Governo disponibiliza verbas num montante global de 3 milhões de euros, destinadas a apoiar os produtores pecuários afetados pela seca que atingiu a região do Baixo Alentejo ao longo dos últimos meses.

As declarações de prejuízo deverão ser entregues até dia 10 de novembro e os pedidos de apoio deverão ser submetidos eletronicamente até dia 21 do mesmo mês. O investimento deverá ser realizado até 31 de dezembro, podendo cada produtor receber até 10 mil euros de apoio.

Lisboa, 21 de outubro de 2016

Produção mundial de vinho vai ser das piores dos últimos 20 anos

NEGÓCIOS COM BLOOMBERG | 20 Outubro 2016, 17:48

Produção mundial de vinho vai ser das piores dos últimos 20 anosDR

Um estudo realizado por um grupo intergovernamental estima que a produção mundial de vinho caia 5,3% em 2016 devido às condições climatéricas adversas verificadas em França e na América do Sul.
De acordo com o estudo da Organização Internacional de Vinhas & Vinho, sediada em Paris e conhecida pelo acrónimo francês OIV, a produção mundial de vinho deverá recuar para um dos piores totais registados nos últimos 20 anos, devendo ficar em torno dos valores mínimos registados nas últimas duas décadas, nos anos de 2012 e 2002, o que se ficará a dever a condições climatéricas adversas.
 
O estudo da OIV, citado pela agência Bloomberg, estima que a produção vinícola mundial caia 5,3% devido às chuvas que estão a estragar as colheitas na América do Sul e às condições adversas em França. A OIV realça as chuvadas relacionadas com o El Niño que prejudicaram as produções vinícolas no Chile e na Argentina.
 
A produção de 2016 deverá cair 259,5 milhões de hectolitros, valor que compara com os 273,9 milhões de hectolitros de vinho produzidos em 2015, antecipa a OIV. A produção estimada para este ano é equivalente a 35 mil milhões de garrafas. Itália continuará a ser o maior produtor mundial de vinho, à frente da França, embora a produção total deva cair 2% para 48,8 milhões de hectolitros.
 
Já a produção vinícola francesa deverá cair 12% para 41,9 milhões de hectolitros, prejudicada por uma pouco habitual conjugação de geadas na Primavera com tempestades, o que deverá assim atirar a produção gaulesa para o menor volume em quatro anos.
 
"A produção foi enormemente afectada pelas condições climatéricas excepcionais", justifica o director-geral da OIV, Jean-Marie Aurand, que recorda que "se há um produto que é vulnerável aos eventos climatéricos é o vinho".

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Este sobreiro, em regadio, deu a primeira cortiça aos oito anos

16.10.2016 às 10h332
 
Francisco Almeida Garrett plantou dois hectares de montado em regadio, em Avis

Joana Madeira Pereira

Sem rega gota a gota, levaria 25 anos até à primeira extração. Corticeira Amorim patrocina a experiência

Francisco Nunes tem 45 anos e desde 1990 que descortiça sobreiros. Mais de 800 árvores por ano. Conhece-lhes bem as manhas e, por isso, é aplaudido pelos observadores quando, com uma facilidade notável, retira a casca a um dos sobreiros da Herdade do Conqueiro, mesmo ao lado da barragem do Maranhão, em Avis, com dois ou três golpes. A carcaça sai inteira. "É macia, é mais macia", diz, quando lhe perguntamos se faz assim tanta diferença entre descortiçar um sobreiro tradicional, de sequeiro, ou um sobreiro como este, de regadio, em dois hectares únicos no país — e no mundo, acreditam os mentores deste projeto. Na verdade, este montado irrigado não podia ser mais diferente da paisagem de sequeiro, onde as árvores crescem espontaneamente, sem planeamento e organização aparente, a não ser aquela que a natureza dita. Ali, com a água do Maranhão à vista, a paisagem faz lembrar a dos novos olivais, como aquele que está mesmo ao lado: as árvores perfilam-se a régua e esquadro, em linha reta, acompanhadas por metros e metros de tubos, pelos quais é feita a rega gota a gota.

Foi Francisco Almeida Garrett, à frente da empresa familiar Rovisco Garcia, que produz vinho e azeite alentejanos, que se lembrou de fazer a experiência: em 2002, preparava-se para plantar oliveiras, em regime superintensivo, em 70 hectares e tendo uma pequena porção de terra mais marginal, decidiu plantar sobreiros de acordo com o mesmo sistema. Foi monitorizando o crescimento das árvores e, para seu espanto, ao fim de oito anos as cascas dos sobreiros já tinham a dimensão certa para serem retiradas. Em 2015, quatro anos depois da primeira extração, já havia árvores com cortiça prontas a serem novamente descortiçadas, o que pode tornar esta cultura muito mais aliciante para os produtores. Em condições normais, só à terceira extração é que a cortiça tem qualidade suficiente para integrar produtos de valor acrescentado, como as rolhas (até lá, serve apenas para aglomerado destinado, por exemplo, ao fabrico de pavimentos). Em condições normais, só por volta do 43º ano de vida é que o sobreiro começa a rentabilizar verdadeiramente o seu valor.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Copa-Cogeca contra planos da CE de reduzir progressivamente os biocombustíveis convencionais

13-10-2016 
 


 
O Copa-Cogeca lançou um alerta contra os planos da Comissão Europeia de reduzir progressivamente os biocombustíveis convencionais depois de 2020, durante o debate organizado pela "Alianza Europea" das oleaginosas no Parlamento Europeu.

Durante a sua intervenção, o presidente do grupo de trabalho "Oleaginosas" do Copa-Cogeca, Arnaud Rousseau, declarou estar «muito preocupado pela proposta da Comissão de reduzir progressivamente os biocombustíveis convencionais sustentáveis incluídos na Estratégia da União Europeia (UE) sobre a mobilidade de baixas emissões».

Rousseau assinalou que os agricultores têm pela frente desafios excepcionais e retirar-lhes os rendimentos adicionais derivados da produção de biodiesel seria outro duro golpe para os agricultores e para a economia em geral. A saída de biodiesel contribui igualmente para reduzir a volatilidade dos preços das oleaginosas e ao mesmo tempo protege a biodiversidade.

Por seu lado, o secretário-geral do Copa-Cogeca, Pekka Pesonen, referiu que «os biocombustíveis não ajudam apenas a descarbonizar o sector dos transportes mas também apoiam os países a alcançar os objectivos do clima, para além de equilibrarem o mercado das matérias-primas e asseguram um bom fornecimento de rações, já que apenas uma parte da colza ou do trigo é usada para produzir biodiesel e bioetanol».

O resto é um subproduto rico em proteínas utilizado nas rações. Por cada litro de bioetanol produzido, resulta em 1 a 1,2 quilos de matéria proteaginosa e 60 por cento das sementes de colza são transformadas em farinha. Esta é uma forma eficaz de produtos proteínas vegetais para rações e para a economia. A União Europeia (UE) importa 70 por cento das suas necessidades de farinha de soja a um custo de 12 mil milhões de euros por ano. Para além de fazer parte da bioeconomia, mediante o uso dos biocombustíveis, suporta o crescimento económico e a criação de emprego nas zonas rurais da UE.  

A Comissão pretende suprimir progressivamente os biocombustíveis convencionais na UE, pelos supostos efeitos indirectos das emissões de dióxido de carbono (CO2) causadas pela desflorestação e a conversão das turfeiras dos países não membros da UE, o que é inaceitável. Os agricultores europeus não têm que enfrentar este problema, afirma Pesonen.

«A União Europeia deve promover a introdução de uma legislação ambiental efectiva que permita impedir estas mudanças no uso da terra», concluiu o secretário-geral do Copa-Cogeca.

Esta acção será celebrada, igualmente, no quadro da reforma da directiva relativa à energia renovável na União Europeia, que se aguarda para finais do ano.

Fonte: Agrodigital

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Cabra Preta de Montesinho é a mais recente raça protegida de Trás-os-Montes

 17-10-2016 
 

 
A região de Trás-os-Montes tem mais uma raça autóctone protegida e apoios aos produtores com o recente reconhecimento da Cabra Preta de Montesinho, responsável por um dos pratos mais apreciados na região, o Cabrito de Montesinho 

A raça praticamente em vias de extinção já tem livro genealógico, um programa de preservação e melhoramento e apoios aos produtores dentro do Plano de Desenvolvimento Regional, o PDR.

O solar da raça são os concelhos de Vinhais e Bragança e o Parque Biológico de Vinhais, onde se encontram diferentes espécies da região, é o primeiro criador com animais inscritos no livro genealógico, como afirmou hoje a diretora Carla Alves.

A novidade foi avançada na apresentação da 11ª Festa da Castanha, a Rural Castanea, que decorre no fim-de-semana de 21 a 23 de Outubro e que reserva um espaço e o primeiro concurso para a Cabra Preta de Montesinho, num pavilhão dedicado às 13 raças autóctones desta zona, desde bovinos, suínos a pequenos ruminantes.

Carla Alves foi há responsável há mais de duas décadas pela recuperação e protecção do quase extinto porco Bísaro, que dá fama ao conhecido Fumeiro de Vinhais.

A técnica, que é também directora da Festa da Castanha, explicou que a nova raça protegida «é uma cabrinha que esteve praticamente extinta sem sequer ter livro genealógico e era uma raça que existia muito nesta zona de Montesinho, com o solar em Bragança e Vinhais», a Terra Fria Transmontana.

A Associação Nacional da Cabra Serrana (ANCRAS), uma raça da Terra Quente Transmontana, tomou a iniciativa do processo de reconhecimento da Cabra Preta de Montesinho.

Os técnicos da associação realizaram alguns trabalhos científicos que permitiram que a Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) a considerasse como raça e abrisse o livro genealógico, a que se seguiu o apoio dentro das medidas agroambientais.

Carla Alves indicou que existe um secretário técnico que faz o registo destes animais nos criadores e que contabilizaram até agora «pouco mais de mil exemplares» e «à volta de 15,16 produtores», no concelho de Vinhais.

«É pouquinho, quando se fala de caprinos e o Parque Biológico de Vinhais orgulha-se de ser o primeiro criador com animais inscritos no livro e tudo tem feito para incentivar os produtores», afirmou.

Carla Alves defendeu que a Câmara de Vinhais pode também através de concursos como o que está previsto para a Festa da Castanha, organizada pelo município, «incentivar os produtores a trabalharem com esta raça, premiando-os pelo esforço de preservação e conservação».

A técnica acredita que a raça «tem potencial comercial» até porque o típico prato gastronómico do Cabrito de Montesinho é originário desta raça.

Alguns restaurantes tinham fama pelo Cabrito de Montesinho, que ainda se encontra nas ementas da região, apesar de Carla Alves entender que «já deve haver» verdadeiramente originais, pelo que esta será uma oportunidade para os produtores da raça.

«O cabrito é sempre um produto de fácil escoamento e que os restaurantes facilmente compram e estou certa de que os produtores que trabalhem com a Cabra Preta de Montesinho não vão ter dificuldade nenhuma no escoamento do produto», declarou.

Fonte: Lusa

Um em cada três comunitários não consome frutas e hortícolas diariamente

17-10-2016 
 

 
Na União Europeia, apenas um terço, cerca de 34,4 por cento da população de 15 anos ou mais não come frutas e hortícolas diariamente e menos de 15 por cento consome, pelo menos, cinco porções, de acordo com os dados do Eurostat de 2014.

O consumo diário de frutas e hortícolas difere muito entre os Estados-membros da União Europeia. Na Roménia, 65 por cento da população, com mais de 15 anos não come frutas e hortícolas todos os dias. Noutro extremo está a Bélgica, onde esta percentagem é de 16,5 por cento. Em Espanha, uma quarta parte da população não consome frutas e hortícolas diariamente.

Por outro lado, a proporção de pessoas que consomem pelo menos cinco porções diárias varia de um terço no Reino Unido, 33,1 por cento para menos de cinco por cento, como na Roménia, 3,5 por cento e Bulgária, 4,4 por cento. Quanto maior o nível de educação, maior é a proporção de consumo de frutas e hortícolas.

Fonte: Agrodigital


Simplificação do greening: CE decide não alterar duração do pousio para manter proibição de pesticidas

13-10-2016 
 
No Conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia, celebrado esta semana, 18 países opuseram-se a certas modificações que a Comissão Europeia quer introduzir por uma questão de simplificação do greening.

A Comissão anunciou na mesma reunião onde decidiu fazer algumas alterações na sua proposta. Uma delas era a de manter a duração do pousio, em seis meses. Na sua proposta sugeriu ampliar para nove meses, o que mereceu a oposição dos 18 países.

Também decidiu reduzir o período mínimo para as culturas intermedias e para a cobertura verde das 10 semanas propostas inicialmente. Os 18 países também foram contra a sugestão inicial.

Outro dos pontos sobre o qual os países não concordaram era a proibição do uso de pesticidas para as proteaginosas em superfícies de interesse biológico, mas neste caso, a Comissão não retorceu e decidiu manter a proposta. O comissário europeu da Agricultura, Phil Hogan, assinalou que os controlos serão realizados através de inspecções no local e das declarações dos agricultores.

Outra mudança introduzida pela Comissão é a entrada em vigor das novas normas em 2018, apesar dos Estados-membros que assim o desejarem poderem fazê-lo a partir de 2017.

Os 18 Estados-membros em questão são Portugal; Croácia; República Checa; Dinamarca; Estónia; Finlândia; França; Grécia; Hungria; irlanda, Letónia, Lituânia; Luxemburgo; Polónia, Roménia, Eslovénia, Suécia e o Reino Unido.

Fonte: Agrodigital

Setembro de 2016 foi o terceiro mais quente desde 1931

 10-10-2016 
  
O valor médio da temperatura máxima em Setembro foi de 28,96 graus celsius, muito superior ao normal e o terceiro mais alto desde 1931, anunciou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

O dia 06 de Setembro, com uma temperatura média de 29,2 graus, foi o mais quente do ano em Portugal continental.

Neste dia, os valores médios da temperatura máxima (38,6 graus) e mínima (19,8 graus) correspondem também aos valores mais altos do ano, segundo o instituto.

Fonte: Diáriodigital; Lusa

Portugal mais do que duplica produção de leite em 36 anos

14-10-2016 
 

 
Portugal mais que duplicou a produção de leite entre 1980 e 2015, passando das 970 mil toneladas de 1980 para dois milhões de toneladas em 2015, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.

O nível mais elevado de auto-suficiência foi atingido em 2015, 112,5 por cento, sinaliza o instituto em estatísticas publicadas sobre produção e consumo de leite de 2015.

Para este resultado contribuiu não apenas o aumento da produção, mas ainda a redução de consumo de leite, que em 2015 foi de 71 quilos (kg) por habitante/ano, o valor mínimo obtido desde 1985 e inferior em 11,7 kg ao consumo médio verificado nos 36 anos em análise.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) sinaliza também uma «profunda restruturação do sector» que em 25 anos (1989-2013) aumentou em mais de oito vezes a dimensão média do efectivo por exploração, de quatro vacas leiteiras para 34, e promoveu a especialização a um nível capaz de competir com os parceiros europeus», destaca a publicação do INE.

Portugal tornou-se, a partir de 1985, também auto-suficiente em manteiga, mas, pelo contrário, aumentou o défice relativo a iogurtes e queijo, graus de auto-aprovisionamento em 2015 de 47,0 e 69,6 por cento, respectivamente.

«Estes dois produtos foram os principais responsáveis para que, no conjunto leite e produtos lácteos, o país apresentasse em 2015 um saldo negativo de 198 milhões de euros», refere o INE.

Com o fim do regime de quotas leiteiras em Abril de 2015, os resultados disponíveis para o primeiro semestre de 2016, revelam que a União Europeia produziu mais leite que no mesmo período dos anos precedentes, sinaliza o INE.

De acordo com o instituto, em 2016, os principais constrangimentos decorrem das variações negativas de maior amplitude do índice de preços à produção de leite quando comparadas com a evolução do índice de preços dos alimentos para animais.

«Esta menor variação relativa dos preços na produção pode refletir a pressão exercida pela grande distribuição, esta expressa pela menor volatilidade das variações do índice de preços ao consumidor, que afecta a distribuição do rendimento pela cadeia de valor», refere.

Segundo o INE, apesar do aumento global da produção de leite na União Europeia, no primeiro semestre de 2016, no caso dos pequenos países como Portugal, observou-se uma diminuição da recolha de leite de 3,7 por cento, segundo informação previsional.

«Esta redução poderá condicionar negativamente o nível de eficiência anteriormente alcançado na produção de leite e acentuar os constrangimentos associadas às bacias leiteiras nacionais que incluem, nomeadamente, o facto de se situarem em regiões de minifúndio e ultraperiféricas no contexto europeu», acrescenta o instituto.

Fonte: Lusa

CONFAGRI promove acções de formação de produção integrada e agricultura biológica em todo o país

14-10-2016 
  
Com o objectivo de possibilitar que os agricultores apoiados pelas ações 7.1- Agricultura Biológica e 7.2 – Produção Integrada do Programa de Desenvolvimento Rural – PDR2020, cumpram os compromissos a que estão obrigados ao nível da formação profissional, a CONFAGRI em parceria com as suas Organizações Agrícolas associadas, promove ações de formação em todo o país, designadamente:

•Formação em Agricultura biológica – 50 horas

•Formação em Produção Integrada - 50 horas (Ação é valida para qualquer produção, animal ou vegetal)

Alerta-se que, de acordo com a Portaria n.º 153/2015, que estabelece os termos e os critérios aplicáveis à avaliação dos incumprimentos de compromissos e outras obrigações, está estabelecida uma redução de 50% da ajuda (no ano em que se verifica) caso os beneficiários, com compromisso iniciado em 2015, não concluam, no prazo de 24 meses, uma acção de formação em "Produção Integrada" homologada pelo Ministério da Agricultura e do Mar.

Os interessados na frequência destas ações devem contactar a CONFAGRI:

Departamento de Formação Profissional

Tel: 21 811 80 91


Fonte: CONFAGRI

domingo, 9 de outubro de 2016

ANPOC divulga lista de variedades recomendadas para trigos de qualidade



 07 Outubro 2016, sexta-feira  Grandes Culturas

A ANPOC - Associação Nacional de Produtores de Cereais, Oleaginosas e Proteaginosas divulgou esta semana a LVR – Lista de Variedades Recomendadas para Trigos de Qualidade - 2016.

Em comunicado a associação salienta que «a produção de cereais, inserida no contexto de crescimento economicamente competitivo, ambientalmente sustentável e territorialmente equilibrado, apresenta-se atualmente como um desafio, a atuação necessária para responder a esse desafio implica o envolvimento alargado de todos os agentes setoriais».

Neste âmbito a ANPOC juntamente com o INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, a Escola Superior Agrária de Beja e a Indústria transformadora de trigo (Germen, Ceres e Cerealis), tem vindo a desenvolver um trabalho conjunto que visa promover e incentivar a divulgação de variedades bem adaptadas à realidade portuguesa (de trigos de qualidade) testadas nos diferentes campos de ensaios, com características e potencial conhecidos, susceptíveis de assegurar em simultâneo os interesses da indústria e da produção nacional.

O resultado deste trabalho é publicado anualmente através de uma Lista de Variedades Recomendadas para trigos de qualidade.

«A LVR constituir-se como um importante instrumento de reforço de conhecimento técnico, dirigido a todos os agentes da fileira dos cereais , na persecução de uma estratégia comum: a melhoria da produtividade e qualidade da produção de cereais em Portugal», salienta a ANPOC.

A LVR 2016 para Trigo Mole está acessível para consulta em Lista de Variedades Recomendadas 2016 - Trigo Mole em www.anpoc.pt.

Em breve será disponibilizada a LVR 2016 para Trigo Duro. 

Azeite alentejano vendido ainda na árvore



02.10.2016 às 12h3322
 
Portugal é o primeiro país produtor a colocar azeite no mercado mundial
Falta quase um mês para se iniciar a apanha da azeitona, mas já há operadores internacionais a visitar olivais no Alentejo e a comprar centenas de toneladas de azeite a preços convidativos

Vítor Andrade
VÍTOR ANDRADE
A um mês do início da apanha da azeitona na campanha 2016/17 já há traders (operadores de mercado) internacionais a negociar a compra do azeite no Alentejo, propondo preços que variam entre os €3,2 e os €3,5 por quilo — acima do preço médio praticado do ano passado no azeite virgem, onde se negociou nos €3,1/k (um quilo equivale a cerca de 1,1 litros de azeite).

Produtores alentejanos contactados pelo Expresso confirmam que foram abordados por compradores de vários países, com destaque para Espanha e Itália, no sentido de venderem a sua produção (ou parte dela) com a azeitona ainda nas árvores.

Uma situação inédita em Portugal mas que, segundo vários agentes do sector e também algumas organizações, se fica a dever essencialmente a três fatores: a quebra previsível na produção mundial; o facto de Portugal ser o país mais precoce a colocar azeite no mercado e, por último mas não menos importante, a qualidade crescente dos azeites nacionais, o que tem vindo a ficar anualmente demonstrado na conquista de prémios de relevo internacional, cada vez em maior número e em mais mercados nos dois lados do Atlântico.


Suinicultores queixam-se de terem sido excluídos de fundos comunitários

LUSA 24/09/2016 - 17:31

Governo atribuiu situação ao anterior executivo e promete corrigir os problemas nos futuros concursos

Os suinicultores queixam-se de terem sido excluídos dos apoios comunitários do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR2020), uma situação que o Governo atribui ao anterior executivo e que promete tentar corrigir.

De acordo com João Correia, do Gabinete de Crise dos Suinicultores, o cancelamento dos financiamentos foi comunicado na semana passada aos empresários e afecta mesmo projectos que já tinham sido aprovados até Junho de 2015 e que já estão em andamento.

"Todo o sector da suinicultura foi excluído, há pessoas que têm projectos aprovados, que gastaram do seu próprio dinheiro e que pensaram que com resto do financiamento público conseguiam fazer a obra e que agora, com obras adjudicadas e empreiteiros contratados, foram excluídos", afirmou João Correia hoje à Lusa, à margem de uma acção de promoção da carne de porco, em Lisboa.

Segundo o porta-voz do Gabinete de Crise, isto é muito grave para o sector da suinicultura, que continua a passar por uma fase difícil, e que tem de fazer face a investimentos regulares uma vez que o material das explorações "é de desgaste rápido e exige constantes melhorias", considerando que os critérios usados para definir o acesso aos fundos comunitários não fazem sentido no caso da suinicultura.

Os produtores de carne de porco querem agora uma reacção rápida do Ministério da Agricultura: "Queremos rapidamente que o Ministro da Agricultura se decida, que resolva a situação do PDR 2020 e volte a incluir a suinicultura, tal como estava", pediu.

Contactada pela Lusa, fonte do gabinete do ministro Capoulas Santos adiantou que em causa estão concursos abertos durante o mandato da anterior ministra, Assunção Cristas, e acrescentou que "o Governo considera absurdos esses critérios que tratam com enorme injustiça o sector pecuário", em particular o sector da suinicultura. "Naturalmente que em futuros concursos os critérios serão alterados", afirmou a mesma fonte.

Segundo explicou, os projectos que foram apresentados vão ser analisados à luz dos critérios do aviso de abertura do concurso determinado pelo anterior Governo, mas "este governo tentará corrigir a situação em futuros concursos, sendo que o sector poderá candidatar-se a medidas de investimento cujas candidaturas abrirão já em Novembro".

Estas declarações foram dadas à margem de uma acção de promoção da carne de porco produzida em Portugal onde os suinicultores anunciaram a criação de um selo de qualidade para ser atribuída à carne que cumpra padrões de excelência. Segundo João Correia, já foi criado um caderno de encargos que tem de ser cumprido pelos produtores que queiram vir a aceder ao selo de qualidade Porco.PT e cujas medidas cobrem toda a fileira da carne de porco, incluindo fabricação da ração, transporte de animais, produção dos animais, unidades de abate, salas de desmanche até à distribuição e às unidades de venda.  

João Correia criticou ainda a suspensão, desde 26 de Agosto, da recolha de animais mortos em explorações agrícolas, considerando que se trata de um "crime ambiental" que pode ter consequências gravosas.

"Se isto se sabe na comunidade europeia podemos ficar proibidos de exportar o pouco que conseguimos", disse, questionando ainda que como pode o Estado obrigar suinicultores individuais a fazer incineração dos cadáveres se ele próprio não o faz e está a enterrar os animais.

O Sistema Integrado de Recolha de Cadáveres de Animais (SIRCA) foi criado durante a crise da doença das 'vacas loucas' para permitir a despistagem de eventuais encefalopatias espongiformes transmissíveis (BSE) e garantir a destruição do agente infeccioso, o prião, e alargou-se, entretanto, à destruição dos vários tipos de animais mortos.

Em Agosto, o serviço através do qual são retirados das explorações pecuárias cerca de mil cadáveres de animais por dia foi suspenso por se ter esgotado a verba disponível no contrato trienal celebrado com as duas empresas que fazem parte do consórcio responsável pelo SIRCA (ITS e Luís Leal & Filhos), no valor de 36 milhões de euros, remetendo a Direcção Geral de Alimentação e Veterinária para os produtores a responsabilidade da eliminação dos cadáveres.

O novo contrato para a recolha de cadáveres de animais já foi assinado a 19 de agosto para entrar em vigor em 09 de Setembro, mas está à espera do visto do Tribunal de Contas, obrigatório para contratos de entidades públicas superiores a 350 mil euros.

Suinicultores criam selo de qualidade Porco.PT para promover carne nacional

LUSA 24/09/2016 - 16:07

Selo de excelência deverá implicar toda a fileira e estar nas prateleiras no início do próximo ano

Os suinicultores vão criar a marca Porco.PT para atribuir à carne de porco feita em Portugal que cumpra padrões de excelência e que deverá chegar às prateleiras dos supermercados no início do próximo ano.

"A carne já tem qualidade, mas é preciso elevar a qualidade para a excelência. Queremos que o suinicultor pense que o caminho é a diferenciação, para que quando uma pessoa provar aquela carne de porco se sinta guloso, pela palatabilidade, para que amanhã lhe apeteça outra vez", disse  João Correia, porta-voz do Gabinete de Crise dos Suinicultores, que este sãbado está a assar oito porcos no espeto em Lisboa, junto à Gare do Oriente, e a distribuir gratuitamente a quem passa numa acção de promoção da carne de suíno portuguesa.

Segundo João Correia, já foi criado um caderno de encargos que tem de ser cumprido pelos produtores que queiram vir a aceder ao selo de qualidade Porco.PT e cujas medidas cobrem toda a fileira da carne de porco, incluindo fabricação da ração, transporte de animais, produção dos animais, unidades de abate, salas de desmanche até à distribuição e às unidades de venda.

Nos últimos meses, membros do Gabinete de Crise da suinicultura visitaram vários países europeus onde foram tomadas iniciativas para reforçar o sector da suinicultura, que também estava em dificuldades, sendo que a medida agora a ser tentada em Portugal do selo de qualidade é semelhante a uma que foi tomada na Suécia.

"Na Suécia, aderiu [a essa iniciativa] o maior retalhista, que tem 50% do mercado, e os outros andaram a assobiar para o lado nos últimos três anos e agora estão dispostos a pagar para ter aquele produto porque perderam vendas", disse, referindo que naquele país nórdico os consumidores passaram a valorizar a carne produzida nacionalmente.

No fim do ano passado, perante a difícil situação do sector, os suinicultores portugueses criaram o Gabinete de Crise e fizeram várias acções de protesto pelo país para pedir medidas que evitassem o colapso do sector.

Umas das principais reivindicações era o aumento do preço da carne de porco pago aos produtores, que no início de 2016 rondava os 1,05 euros por quilo, bem abaixo do custo de produção.

Actualmente, disse João Correia, o quilo da carne já é vendido em média a 1,65 a 1,70 euros, o que considera "aceitável", uma vez que "dá para libertar alguma margem - não para comprar casas ou carros -- para honrar compromissos que estavam atrasados".

Ainda assim, afirmou, apenas no primeiro semestre deste ano, desapareceram 20 mil postos de trabalho directos e indirectos, referindo que agora existem 180 mil pessoas a laborar no sector e que continuam muitos postos de trabalho "na corda bamba".

Quanto à questão da rotulagem da carne de porco nos supermercados, outra reivindicação do sector que acusava as principais cadeias de não referirem o país de origem, criação e abate do animal, levando os consumidores a pensar que era português produto que era importado, João Correia disse que a situação está bem melhor mas que o grupo Jerónimo Martins (dono do Pingo Doce) ainda não cumpre totalmente a legislação em vigor. Portugal produz cerca de 55% da carne de porco que consome.

Barragens em fim de vida dão origem a 20 hectares de terra para cultivo


O Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território deu início em Beja, na barragem da Misericórdia, ao processo de demolição de infraestruturas que atingiram o limite útil de vida.

Ao abrigo da Estratégia Global de Reposição do Continuum Fluvial, o Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território (MAOT) identificou oito barragens que vão ser destruídas.

A estratégia de demolir as barragens "já esgotadas", visa a "reposição de linhas de água" e das características dos "sistemas fluviais, dos habitats aquáticos e ribeirinhos", justificou Carlos Martins, secretário de Estado do Ambiente, que esteve presente em Beja e Pias (Serpa), nas operações de abertura de rasgos no corpo das barragens da Misericórdia e da Sardinha.

André Casadinho, o proprietário da barragem da Misericórdia e terras limítrofes, localizadas na freguesia e concelho de Beja, revelou que "a intervenção custa 50 mil euros", justificando esta vai permitir "rentabilizar dois hectares de terras de cultivo", revelando que inicialmente vai "colocar um pivot de rega e plantar cereais" e que posteriormente poderá reverter para colza, "uma cultura rentável", concluiu.

"A alteração da forma de rega só é possível face às infraestruturas de Alqueva", que permitir passar para o regadio em pressão", disse o secretário de Estado.

Carlos Martins justificou a presença nestas duas ações com o facto das obras de duas infraestruturas serem "suportados pelos empresários" e que ao mesmo tempo "devolvem à capacidade agrícola", vinte hectares de terra (dois em Beja e dezoito em Pias), que segundo o secretário de Estado, "mudam o paradigma e visão de uma importante atividade em Portugal e na região".

Foi criado no Conselho Nacional da Água (CNA) um grupo de trabalho que "vai identificar nas mais de seis mil barragens de Portugal outro conjunto que possa merecer prioridade de intervenção e deixar de perturbar o escoamento da rede hidrográfica", adiantou Carlos Martins.

O secretário de Estado revelou que o estudo do grupo de trabalho do CNA "deverá estar concluído até ao final do primeiro trimestre de 2017", identificando as infraestruturas a intervir, com verbas, "dos proprietários ou fundos públicos", segundo as iniciativas sejam "privadas ou públicas" concretizou.