quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Ministério da Agricultura define castas aptas para os vinhos "Porto" e "Douro"



O Ministério da Agricultura publicou, esta quarta-feira, em Diário da República, uma lista de 115 castas que define como aptas para a produção de vinho e produtos vínicos com direito às denominações de origem da Região Demarcada do Douro.

Na portaria n.º 383/2017, o ministério de Capoulas Santos explica que "as castas aptas à produção do vinho e produtos vínicos com direito às denominações de origem 'Porto' e 'Douro' constituem um elemento determinante das características qualitativas, em especial as aromáticas, de tais vinhos e produtos vínicos e uma expressão do 'terroir' da Região Demarcada do Douro (RDD)".

Pretende-se, assim, "manter a diversidade de castas existentes na RDD uma vez que esta tem contribuído de forma significativa para a distinção dos vinhos desta região demarcada".

O documento inclui uma listagem de 115 castas. No entanto, relativamente a castas como o Pinot Noir, Pinot Blanc e Chardonnay, a portaria refere que apenas podem ser usadas para espumante DOC Douro.

Simultaneamente, reconhecem-se os nomes utilizados para a mesma casta e que são expressão da tradição regional, como é o caso, em especial, da Tinta Roriz (Aragonez, Tempranillo), da Tinta Amarela (Trincadeira, Trincadeira Preta), da Sousão (Vinhão) e da Códega (Roupeiro, Síria).

De acordo com a portaria, no que se refere aos vinhos com indicação geográfica "Duriense", e de "modo a criar condições de inovação e apresentação de novos produtos, passa a ser permitida a sua produção com as castas reconhecidas como aptas à produção de vinho em Portugal, nos termos do disposto na portaria n.º 380/2012, de 22 de novembro".

A portaria foi assinada pelo ministro Capoulas Santos. Antes, a lista foi aprovada pelo conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto.

Usaram fezes humanas numa produção hortícola em Luanda



Legumes produzidos considerados "impróprios para o consumo humano"
Foto: Paulo Alexandrino / Arquivo Global Imagens

O Ministério da Agricultura e Florestas angolano confirmou, após análises laboratoriais, a utilização de "dejetos humanos em estado natural" numa quinta de produção agrícola nos arredores de Luanda, tendo ordenado a interdição dos produtos.

A informação surge numa nota enviada à Lusa por aquele ministério, que anunciou a 13 de dezembro que estava a investigar denúncias sobre o recurso a fezes humanas como adubo na quinta de produção de hortaliças Eclebri, sita no Bairro Benfica, Município de Belas, província de Luanda.

Produtos considerados como "impróprios para o consumo humano"
De acordo com aquele ministério, foram analisados no laboratório central, entre outros produtos, e além do próprio estrume, tomate miúdo verde, tomate miúdo vermelho, cebola chinesa, pepino e couve chinesa, produzidos naquela quinta, com recurso a exames de parasitologia.

"Pelo exame direto e cheiro das amostras, conclui-se que as amostras são excrementos de origem humana e não foram devidamente curtidas [adubadas] para ser aplicados na produção de hortícolas conforme recomendado tecnicamente", informou o Ministério da Agricultura e Florestas.

Face aos "parâmetros encontrados nesses alimentos", o certificado de qualidade do laboratório considerou os referidos produtos como "impróprios para o consumo humano", acrescentou.

Suspeitas da utilização de "dejetos humanos" por uma empresa chinesa começaram a circular nas redes sociais

Como "medidas a adotar", o Ministério da Agricultura e Florestas, através da Direção Provincial da Agricultura e Floresta de Luanda, garante que vai "trabalhar com os outros órgãos" do governo provincial para "interditar a produção e comercialização dos produtos".

As suspeitas resultaram de relatos difundidos desde 10 de dezembro, nomeadamente nas redes sociais, sobre a utilização de "dejetos humanos" na produção de hortícolas por uma empresa chinesa.

O caso tem vindo a ser comentado nas redes sociais, perante as preocupações dos consumidores com a eventual entrada destes produtos na cadeia alimentar.

"O uso de dejetos humanos na agricultura, sem a necessária e recomendável compostagem, pode colocar em risco a saúde, não apenas dos trabalhadores, mas também dos possíveis consumidores desses hortícolas, sendo que as bactérias coliformes e parasitas presentes nas fezes humanas podem provocar doenças diversas", recordou anteriormente o ministério.

Parlamento faz recomendações sobre apoios contra a seca, leis só mais tarde


PCP quer saber porque Portugal ainda não pediu ajuda a Bruxelas para a situação de seca extrema.

Maria LopesMaria Lopes
19 de Dezembro de 2017, 7:30

Os comunistas questionaram os ministérios dos Negócios Estrangeiros, do Ambiente e da Agricultura e Mar sobre a razão por que ainda não foi pedido o apoio de Bruxelas para fazer face à seca extrema e severa que assola o território continental nos últimos meses. As perguntas ao Governo surgem depois de a Comissão Europeia ter respondido aos eurodeputados do PCP, a 8 de Dezembro, que as autoridades portuguesas não tinham solicitado "qualquer apoio em relação às secas". O grupo parlamentar do PCP quer saber a razão para essa demora e quando pretende o Governo fazê-lo.
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O assunto da seca vai à Assembleia da República esta terça-feira à tarde, para a discussão de meia dúzia de projectos em que CDS-PP, PSD, PCP, BE e PAN recomendam ao Governo medidas de apoio aos agricultores e produtores pecuários para fazerem face às consequências da seca severa e extrema que assola o país há vários meses. Apesar de a chuva ter voltado há algumas semanas, o território ainda sofre os efeitos de um Verão muito seco e da chegada tardia da precipitação. Porém, para já, os partidos ficam-se por recomendações de medidas excepcionais ao Governo, deixando para mais tarde uma intervenção legislativa formal da Assembleia da República.

O agendamento foi feito pelo CDS, que propõe dez medidas de apoio aos agricultores – desde uma linha de crédito com um ano de carência para a agricultura, pecuária e apicultura, uma subvenção a fundo perdido para a alimentação da pecuária (como propõe também o BE), a isenção da taxa de recursos hídricos, a apoios na electricidade (40%) ou isenções na Segurança Social e no Pagamento Especial por Conta para explorações com perdas com perdas comprovadas – e medidas para reduzir os custos da água no sector agrícola, em especial na região do Alqueva, por exemplo o não aumento do preço da água para o perímetro de rega.

O PCP apresenta um plano mais detalhado de apoios em que se incluem medidas para as actividades agrícola e pecuária mas também de "adequação de procedimentos nos serviços públicos" e ainda para reforçar o armazenamento de água – em contradição com o PEV até propõe a construção de barragens, tal como o Bloco também propõe (e também quer que seja criado um sistema de aconselhamento ao sector agrícola para se adaptar às mudanças climáticas).

Os comunistas entregaram na sexta-feira um projecto de lei para a criação do Plano Nacional para a Prevenção Estrutural dos Efeitos da Seca, mas não está agendado para discussão. A deputada Paula Santos afirmou ao PÚBLICO que para além das "medidas de mitigação imediata" dos efeitos da seca e dos diversos "planos de contingência", é preciso preparar estruturalmente o país para futuras condições climáticas como as deste ano. Pressupõe que sejam "assumidos compromissos claros para a realização de investimentos prioritários fundamentais para garantir o abastecimento público de água, mas também à agricultura, pecuária e à actividade industrial", descreve a deputada comunista. O plano pressupõe a definição dos investimentos e a sua calendarização, sendo a monitorização delegada numa comissão criada para o efeito. 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

O ouro líquido alentejano. De Serpa para o mundo

19 de dezembro 2017

Há dez anos, na Herdade Maria da Guarda, em Serpa, não se produziam mais do que 500 kg de azeite. Uma década volvida e a herdade, que já produzia azeite durante a época romana, tem o maior olival do país. Uma história de sucesso que implicou uma reviravolta na vida do proprietário, João Cortez de Lobão.

 
Mariana Madrinha

Beja desenhava-se no horizonte quando, na viagem de carro até à Herdade Maria da Guarda, em Serpa, o telefone toca mais uma vez. João Cortez de Lobão atende, troca umas palavras em inglês e fecha negócio com o trader do outro lado da linha. Acabara de vender 54 toneladas de azeite extra-virgem a um comprador espanhol por 3.55 euros o quilo. E ainda nessa manhã, o mesmo trader comprou-lhe igual quantidade de azeite. «Foi o preço mais baixo que vendi este ano», comenta. «Começámos nos quatro euros o quilo, ainda vai cair até aos 3,40 euros, porque a Grécia, a Tunísia e a Espanha também já começaram a produzir».

Estamos a entrar na reta final da campanha de apanha da azeitona, para os grandes e pequenos produtores. A centro e sul decorre há umas semanas, a norte é que começa sempre um pouco mais tarde.  «Não se sabe muito bem porquê, mas Portugal começa sempre a campanha cerca de duas semanas antes de outros países do hemisfério norte», conta João, ainda a caminho do olival que, há dez anos, o fez mudar radicalmente de vida. 

Nessa altura, dali saíam por ano uns simbólicos 500 kg de azeite. Depois de muito trabalho e de um investimento total de cerca de 15 milhões de euros, a reviravolta ficou completa. Hoje a produção está nos 2 milhões de quilos, sendo que 95% é exportada a granel, sobretudo para França e Itália.

Neste outono invulgar, o Alentejo recebe-nos ameno. E a mancha de verde carregado da qual nos vamos aproximando é, de facto, impressionante. Situada a cerca de 30 km de Espanha, a Herdade tem o maior número de oliveiras numa só propriedade. São 700 hectares em que, alinhadas, se espalham 1,1 milhões de oliveiras.  Em pouco mais de dez anos, a Herdade Maria da Guarda - uma propriedade agrícola centenária, na mesma família há mais de 300 anos - dá trabalho a 35 pessoas e tornou-se na segunda maior produtora de azeite do país. Mas esteve para ser vendida.

As voltas da vida

Antes de chegarmos ao pódio da produção nacional de azeite e à apanha propriamente dita - e ainda antes de pormos os pés na Maria da Guarda - voltemos à estrada, onde João nos vai desfiando a sua história que, há dez anos, coseu nos destinos da propriedade.

A herdade, que tinha sido nacionalizada, foi entregue aos proprietários «em muito mau estado», descreve. Em 2005, o pai chamou os herdeiros para discutir a hipotética venda. Nessa altura, João Cortez de Lobão já tinha sido muitas coisas. Começou pelo jornalismo, primeiro no Tempo e depois no Expresso. Seguiu pelo setor financeiro em Nova Iorque - trabalhou, inclusivamente, nas Torres Gémeas até 2000, um ano antes do 11 de setembro. Quando recebeu a 'convocatória' para a reunião familiar sobre os destinos da Maria da Guarda pertencia à alta direção do BCP, tinha carro, prémios anuais, boas perspetivas para a reforma. «Zanguei-me com o meu pai porque achava mal vender. Ele respondeu-me que lhe doía muito mais a ele ser o autor da venda do que a mim, mas disse que não venderia se houvesse uma solução».

E João arranjou-a, optando pela decisão que, «economicamente», não era a que fazia mais sentido: despediu-se. «No banco perguntaram se estava com alguma crise de identidade», recorda. No último dia de trabalho, no final de novembro de 2006, meteu-se no comboio para se ir despedir da equipa do Porto. «Cheguei lá e disse que ia ser azeiteiro, que no Alentejo é uma expressão usada para designar alguém que faz azeite, mas que no Porto tem uma conotação negativa e desataram a rir-se». 

Dez anos depois, os resultados falam por si. Nesta altura do ano, o lagar processa cerca de 50 toneladas de azeitona por dia, tanto a proveniente dos olivais da herdade como a de outros produtores. «Quanto mais houvesse mais vendíamos». Os tempos na Maria da Guarda são de prosperidade: mas os três primeiros anos foram muito difíceis. Quando João se lançou à terra, explodiu a crise do subprime e o financiamento complicou-se. 

«No ano em que começámos cometemos muitos erros», lembra João. Mas também usaram as derrotas para melhorar os resultados. Por exemplo, passaram três anos a experimentar lagares da zona até que construíram o próprio lagar da herdade, em que foram investidos cerca de cinco milhões de euros.

E a apanha também está otimizada ao máximo: quatro máquinas cavalgantes fazem o trabalho de muitas mãos. Por hora, cada máquina apanha a azeitona de 800 oliveiras, que, sem rasar o chão, chega já limpa aos caixotes. Dali a azeitona segue para o lagar e, em menos de seis horas, o processo de transformar a azeitona em ouro líquido está completo. 

Prevê-se que a produção de 2017  supere a do ano anterior. Problemas com a seca? «Haveria se a produção fosse de sequeiro. Mas grande parte do olival é regado», explica o produtor, contando que a água chega do Alqueva. Do Alentejo, o azeite da Maria da Guarda segue para todo o mundo, mas principalmente para Itália. «Os italianos têm canais de distribuição imbatíveis», comenta. De Itália, o azeite segue para o resto do mundo com o rótulo da União Europeia. Um negócio que Portugal está a dar cada vez mais cartas. Mas o azeite português é reconhecidamente bom há milénios. «Já no tempo dos romanos o azeite da Lusitânia era tido como de primeira qualidade e estava reservado às elites». E os vestígios romanos pela herdade mostram que já nessa altura ali se produzia azeite, que, possivelmente, terá chegado a Roma. A história a repetir-se - desta vez, com uma tónica positiva. 

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Dimensão das explorações agrícolas portuguesas já vai em 14,1 hectares

por Ana Rita Costa- 12 Dezembro, 2017

Dimensão das explorações agrícolas portuguesas já vai em 14,1 hectares

A dimensão das explorações agrícolas portuguesas aumentou em 2016, assim como a produtividade. A conclusão consta do mais recente 'Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas' do INE relativo ao ano de 2016 e que indica, ainda, que os produtores agrícolas nacionais são os mais velhos da União Europeia, com uma média de idades de 65 anos.

Segundo os dados do INE, os produtores agrícolas portugueses são sobretudo homens (66,2%), com mais de metade das explorações a serem geridas por pessoas com mais de 65 anos. Para além disso, o mais recente inquérito indica que a grande maioria dos produtores agrícolas nacionais tem apenas o ensino básico (71,4%) e apenas 5,8% possui habilitações ao nível do ensino superior. A nível regional, os produtores algarvios destacam-se como os mais velhos (com uma média de idades de 69 anos) e os açorianos como os mais novos (57 anos), revelam ainda os dados do INE.

Relativamente à estrutura das explorações agrícolas, o inquérito de 2016 refere que a dimensão média das explorações agrícolas aumentou 0,3 hectares de Superfície Agrícola Utilizada (SAU) para 14,1 hectares (2,1%) e a Dimensão Económica por exploração (DE) cresceu 2,8 mil euros de Valor de Produção Padrão Total (VPPT) para 19,9 mil euros (16,5%).

O número de sociedades agrícolas aumentou 1,4 mil para 11,4 mil (14,3%) e os indicadores laborais relacionados com a produtividade e a eficiência do trabalho melhoraram, segundo o INE. No entanto, e apesar da evolução positiva da agricultura nacional, a produtividade média da mão-de-obra agrícola foi de 16,2 mil euros de VPPT por Unidade de Trabalho Ano (UTA) em 2016, menos de metade do valor médio da União Europeia em 2013.

Costa diz que reforma da floresta tem de avançar já


Primeiro-ministro defende que o tempo político se esgotou.
Lusa
18 de Dezembro de 2017, 13:21


António Costa discursou no Terreiro do Paço, em Lisboa, depois de condecorar o GIPS da GNR


O primeiro-ministro advertiu nesta segunda-feira que o país continuará exposto a fenómenos climáticos extremos e que o tempo político se esgotou. Os investimentos em curso no combate aos incêndios têm de ser acompanhados pela reforma estrutural da floresta, acrescentou.

António Costa deixou estas mensagens no discurso que proferiu, durante uma cerimónia que decorreu na Praça do Comércio, em Lisboa, depois de condecorar o Grupo de Intervenção e Protecção de Socorro (GIPS) da GNR, que criou em 2006, quando era ministro da Administração Interna.
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O primeiro-ministro referiu-se com algum detalhe aos investimentos em curso na reforma do sistema de Protecção Civil, sobretudo em termos de prevenção, fiscalização e combate aos incêndios, mas deixou o aviso de que o tempo para a reforma estrutural da florestal "se esgotou" e que as condições naturais que o país enfrenta "agravam a ameaça" dos fogos.

"A floresta portuguesa está mais desordenada do que há 11 anos, os dois anos de seca severa que temos enfrentado tornaram os combustíveis mais perigosos e o processo de alterações climáticas exporá o país, necessariamente, a fenómenos meteorológicos extremos, tal como se registaram a 17 de Junho e 15 de Outubro passados", observou.

Face a estes factores adversos, o líder do executivo sustentou que o país tem de "intervir em todas as componentes do sistema". "Reafirmei já o compromisso do Governo no sentido de aumentar o número de efectivos dos sapadores florestais e assegurei o empenho em reforçar a capacitação dos bombeiros voluntários, a par do aumento dos efectivos profissionais no seio dos corpos dos bombeiros voluntários. Do mesmo modo, estamos a contar ver reforçada a capacidade de intervenção das Forças Armadas na assistência militar de emergência", apontou.

No entanto, neste ponto, o primeiro-ministro transmitiu um sério aviso, alegando que não se pode cair novamente "no erro de investir nos meios de combate e descurar a reforma da floresta".

"Não podemos voltar a fazer o mesmo, não podemos voltar a andar com uma perna a um ritmo superior à outra. Ambas as pernas têm de andar ao mesmo ritmo para que o passo seja um passo consolidado. Por isso, já se arrancou com o projecto-piloto do cadastro, dispomos de um quadro legislativo que permite reforçar a actuação das autarquias nas zonas de intervenção florestal e criaram-se as entidades de gestão florestal para poderem existir áreas economicamente viáveis na floresta", defendeu.

Portugal entra no novo ano desfalcado em recursos hídricos

18.12.2017 12:55 por Lusa 0

"Deixa de haver água nas torneiras ou passamos a ter água uma hora por dia", aponta antigo ministro do Ambiente.

A situação de seca registada este ano em Portugal vai continuar a afectar o país em 2018, anteciparam à Lusa especialistas em recursos hídricos, defendendo um reforço da capacidade de armazenamento em albufeiras e restrições ao uso da água.

"Vamos entrar em 2018, seguramente, desfalcados, ainda em situação de seca muito grave. No ano hidrológico 2018/2019, se não chove, a situação pode ser realmente de uma gravidade extraordinária", perspectivou Francisco Nunes Correia, professor de Recursos Hídricos do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e antigo ministro do Ambiente.

O início do ano hidrológico acontece a 1 de Outubro, por um período de 12 meses compreendido entre o início de duas estações de chuva consecutivas - outono e inverno.

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Seca: PCP exige medidas, Costa admite construção de novas barragens
Reportagem: o país em modo de emergência com a seca Relativamente ao prolongamento da situação de seca em Portugal, Francisco Nunes Correia apontou como consequência directa a aplicação de restrições ao uso dos recursos hídricos, referindo que a medida "vai variar muito de local para local".

"Deixa de haver água nas torneiras ou passamos a ter água uma hora por dia. [...] Muitas colheitas ou muita agricultura têm de se deixar de fazer - culturas regadas, se não houver água", indicou.

Em termos de consequências ambientais e ecológicas, "se os rios não têm água, a capacidade de auto-depuração é muito menor", o que pode provocar a morte de peixes.

Neste sentido, o antigo ministro do Ambiente disse que a seca tem consequências "muito graves", o que obriga a "um racionamento draconiano relativamente à pouca água existente".

"Teria que chover muito este ano [hidrológico 2017/2018] para que a situação recuperasse, até agora isso não aconteceu", declarou o docente em Recursos Hídricos, classificando a actual situação de seca de "muito crítica".

Com uma posição semelhante, o especialista em Recursos Hídricos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) António Gonçalves Henriques disse que é fundamental uma previsão antecipada de uma situação de seca hidrológica para que sejam preparadas medidas de restrição dos consumos, visando uma melhor gestão e uma utilização mais eficiente da água.

De acordo com o especialista do LNEC, a seca meteorológica registada este ano em Portugal "não resultou numa situação de seca generalizada para todo o país, do ponto de vista de seca hidrológica".

A situação mais crítica de seca hidrológica em Portugal verificou-se na barragem de Fagilde (na fotogaleria acima), "que já se sabia que era insuficiente para o abastecimento de concelhos de Viseu, Mangualde, Nelas e Penalva do Castelo", relatou António Gonçalves Henriques, considerando que as medidas de mitigação do problema chegaram "muito tarde".

Na perspectiva de Nunes Correia, o país hoje sofre menos com o problema da seca do que há 20 ou 30 anos, porque foram construídos sistemas de armazenamento de água que, "apesar de tudo, ajudaram a mitigar os problemas até agora".

Apesar de Portugal estar "bastante adiantado" em termos de infraestruturas para armazenamento de água, a actual situação de seca prova que "ainda é preciso reforçar a capacidade de armazenamento", defendeu o antigo governante.

À problemática da seca associa-se a erosão dos solos, particularmente relevante após os incêndios florestais deste ano. Diversos municípios de áreas atingidas estão a fazer intervenções para protegerem solos e linhas de água, enquanto lançam concursos públicos para operações de maior dimensão, com fundos nacionais e europeus.

Em Novembro, o Governo prometeu celeridade na aprovação de candidaturas, informando que o Ministério da Agricultura disponibilizou 49,5 milhões de euros para este tipo de ações.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Costa diz que ano tem de ficar marcado pela capacidade de ação

17.12.2017 às 13h56
 
PAULO CUNHA/GETTY

O primeiro-ministro disse este domingo, na Lousã, que este ano tem de ficar marcado pela capacidade de ação nos diferentes tempos em que o Governo foi chamado a responder às necessidades provocadas pelos incêndios florestais

Na cerimónia de entrega de novas viaturas a 44 equipas de sapadores florestais, o líder do Governo iniciou a sua intervenção dizendo que, primeiro, houve o "tempo de emergência, onde foi necessário acabar de combater as chamas, socorrer os feridos, reconstruir o que ficou destruído, recuperar o potencial agrícola, a capacidade da atividade económica, as habitações das populações e devolver vida a esses territórios".

Depois "há um outro tempo, que é o tempo de longo prazo, onde temos de investir naquilo que é estratégico para o país, na capacidade de revitalizar economicamente o interior, condição essencial para a criação de emprego, que fixe e atraia populações".

"Esse tempo de médio e longo prazo é o tempo de reforma da floresta, que é um tempo que iniciámos em outubro do ano passado, em que tivemos a trabalhar com a Assembleia da República para a sua aprovação e que está agora no terreno e permite concretizar uma ambiciosa reforma da floresta, que procura intervir nas suas diferentes vertentes e numa essencial: dotar a nossa floresta de uma capacidade de viabilidade económica que permita fazer uma gestão que seja uma fonte riqueza para as populações", sublinhou.

Segundo o primeiro-ministro, depois há um outro tempo: "A necessidade de não nos limitarmos a responder à emergência nem a preparar o futuro, mas é de prevenir o que temos de prevenir para que o próximo ano não repita as tragédias deste ano".

No sistema de proteção da floresta, António Costa disse que os sapadores florestais têm um papel "crescentemente importante" porque são elementos "essenciais" para aproximar a prevenção do combate e pelo trabalho "essencial" que desenvolvem ao longo do ano para a gestão do combustível, ordenamento da floresta, vigilância e primeira intervenção.

O primeiro-ministro e o ministro da Agricultura entregaram as chaves de novas viaturas com equipamento a 44 equipas de sapadores florestais mais antigas do país, de 41 concelhos, que representou um investimento de 2,5 milhões de euros.

António Costa deixou ainda a promessa de, nos próximos dois anos, o Governo criar mais 200 equipas, com 1.000 elementos.

Ao mesmo tempo: "Vamos todos os anos fazendo o reequipamento que aqui iniciámos das equipas mais antigas", com a entrega de 35 e 42 viaturas em 2018 e 2019, respetivamente.

"O ICNF não resolve os problemas da floresta"

15 DE DEZEMBRO DE 2017 - 20:17

Aquela que foi a primeira coordenadora da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, Helena Freitas, considera que o ICNF não tem capacidade para ajudar a floresta naquilo que ela precisa.

Na Emissão Especial da TSF sobre os incêndios de 15 outubro, em direto da Lousã, Helena Freitas, especialista em Ecologia, defendeu que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) é uma "entidade híbrida e inadequada", incapaz de resolver os problemas da floresta.

A professora da Universidade de Coimbra acusa a entidade de fazer "vigilância mínima" e "desajustada da realidade" e fala na necessidade de um serviço "orientado para as múltiplas funções da floresta", o que, garante, não acontece.

Helena Freitas, que é presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia e vice-presidente da Federação Europeia de Ecologia, já assumiu funções como presidente da Liga para a Proteção da Natureza e como provedora do Ambiente e Qualidade de Vida de Coimbra.

Em março do último ano foi convidada por António Costa para coordenar a Unidade de Missão para a Valorização do Interior, que deixou em julho deste ano, depois dos incêndios de Pedrógão Grande. Queixa-se de falta de apoio e vontade política para mudar a floresta.

"O Estado não está presente", afirmou Helena Freitas, na emissão da TSF.

"Só despertámos para os problemas da floresta porque os incêndios entraram pelas cidades"

Para a especialista, o primeiro problema do território interior prende-se com a conservação da natureza. A presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia garante que o estado do território tenderá a piorar, uma vez que a floresta regenerada, depois do fogo, é mais degradada e suscetível às chamas.

Para além disto, há que apoiar as comunidades rurais, que foram "abandonadas", defende Helena Freitas.

Dado que cerca de 97% explorações agrícolas portuguesas são de base familiar, para a especialista é preciso mais apoio e incentivos aos proprietários destes terrenos.

"O quadro geral é de perda de expectativa", assegurou. "Só despertámos para os problemas da floresta porque os incêndios entraram pelas cidades".

Seca: PEV critica plano nacional para uso eficiente de água "fechado na gaveta"

A líder parlamentar do PEV, Heloísa Apolónia, defendeu hoje a necessidade de pensar sobre a seca "a médio e longo prazo", criticando que o plano nacional para o uso eficiente de água esteja "fechado numa gaveta".

"Existe um plano nacional para o uso eficiente de água. Esse plano nacional está fechado numa gaveta, não está implementado e se esse plano já tivesse sido implementado há uns anos, hoje nós já estávamos a recolher frutos", defendeu a deputada de Os Verdes no final do Conselho Nacional do partido ecologista que decorreu hoje no Porto.

A líder parlamentar do PEV destacou ainda a "questão pela qual os Verdes também se têm batido" e que se prende com a necessidade de que os rios portugueses "tenham água", razão pela qual, disse, a "revisão da Convenção de Albufeira é fundamental".

"A Convenção de Albufeira está desenhada para os interesses das hidroelétricas, não está desenhada para os interesses dos territórios, nem de Espanha nem de Portugal, nem está para os interesses das populações, nem de Espanha nem de Portugal, e nós não podemos continuar sem medições diárias dos nossos rios internacionais, porque isso é fundamental para garantir os caudais ecológicos nos nossos rios", frisou.


Defendeu também "uma agricultura focada na capacidade climatérica do país e, portanto, de mais adequada à poupança" e que "ao nível industrial e doméstico haja ações de poupança de água".

Para Heloísa Apolónia, "além de todas as medidas imediatas que são fundamentais, designadamente no apoio aos pequenos agricultores (...), há algumas questões que demonstram a razão dos Verdes em todos estes anos (...), que é a necessidade de pensar a longo prazo".

"Não é quando o mal nos bate à porta que vamos dizer que temos que fazer", sublinhou a deputada, alertando que Portugal não se pode dar "ao luxo" de, nas suas redes de abastecimento de água, ter uma perda nacional "na ordem dos 30%".

Sobre o Conselho Nacional do partido, Heloísa Apolónia realçou a importância da aprovação, pela Assembleia da República (AR), do Projeto de Resolução que "recomenda ao Governo a contagem de todo o tempo de serviço para efeito de descongelamento das carreiras".

Assumiu ainda a preocupação de Os Verdes relativamente à "determinação do Governo de aumento do preço dos transportes públicos em 2%".

"Os Verdes têm estado a trabalhar na AR para que (...) as famílias possam deduzir a totalidade do IVA que gastam com o passe social em sede de IRS, conseguimos repor, sem condição de recurso, o passe sub23 com um desconto de 25%, repor este ano o passe 4_18, sem condição de recurso, com um desconto de 25%, e aquilo que nós dizemos é que não se pode estar a dar com uma mão e a tirar com a outra", criticou.

Questionada sobre a que subida do 'rating' português pela agência de notação financeira Fitch, respondeu que "Os Verdes nunca mediram a situação do país por aquilo que essas agências de 'rating' dizem".

"As boas novidades para o país decorrem daquilo que, de facto, interfere diretamente na vida dos cidadãos", assinalou.

2017: Seca fora do normal prejudica culturas e leva a medidas de poupança de água


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A seca que está a afetar Portugal este ano prejudicou pastos e várias culturas agrícolas, diminuiu a água armazenada nas barragens e levou os municípios a reduzirem as regas e lavagens de espaços públicos ao essencial.

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), novembro foi o oitavo mês consecutivo com valores de precipitação inferiores ao normal e o outono foi o mais seco dos últimos 46 anos, com o valor médio da temperatura máxima do ar mais alto dos últimos 86 anos.

O IPMA revelou ainda que, no final de novembro, 3% do território estava em seca moderada, 46% em seca severa e 51% em seca extrema, apesar de o índice meteorológico de seca (PDSI) indicar que houve "um ligeiro desagravamento da intensidade da seca nas regiões do Noroeste, Centro e Sudoeste do território", devido à chuva que caiu nas últimas semanas.

A quantidade de água armazenada em novembro desceu em dez bacias hidrográficas de Portugal continental e subiu em duas, sendo as bacias do Sado (21,6%) e do Lima (28%) as que apresentam menor capacidade de armazenamento.


A seca prejudicou culturas e a produção de pasto para animais, com produtores de diversos setores a falarem de "calamidade" e a reclamarem do Governo ajudas extraordinárias para fazer face aos prejuízos.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, a seca beneficiou de algumas culturas, como a do tomate, fruta e vinho, e prejudicou outras, como os cereais, plantas forrageiras e azeite.

No Douro, a seca conduziu à antecipação generalizada das vindimas para agosto, no Alentejo os produtores florestais estão preocupados com a qualidade e a quantidade de cortiça a tirar na campanha do próximo ano e os produtores de queijo da Serra da Estrela e de Azeitão preveem uma diminuição da quantidade produzida.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) solicitou que no Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) estejam consagradas medidas para fazer face ao período de "seca fora do vulgar".

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, defendeu, por diversas vezes, que os portugueses têm de fazer "uso parcimonioso" da água e as autarquias responderam com medidas como a redução da rega em espaços verdes, a reutilização de águas residuais, o encerramento de fontanários, repuxos e piscinas, a redução das lavagens de arruamentos e a racionalização do uso de água nos equipamentos municipais, além de campanhas de sensibilização.

A maioria dos municípios recorreu a origens alternativas de água, como poços e furos, para a agricultura e pecuária.

Em locais onde a água faltou nas torneiras, as autarquias enviaram camiões-cisterna para abastecimento, nomeadamente em várias aldeias de Vinhais (Bragança) e em diversas localidades dos distritos de Évora e de Beja.

Foram também enviados camiões-cisterna para a barragem de Fagilde, que abastece quatro concelhos do distrito de Viseu.

Em meados de agosto, o Governo mandou retirar mais de 150 toneladas de peixes de quatro albufeiras no Alentejo devido à seca e para não prejudicar a qualidade da água.

Os partidos da oposição insistiram que o Governo não tomou todas as medidas possíveis para minimizar a seca, mas o ministro do Ambiente rejeitou as críticas.

Foi este Governo que "aprovou - nunca antes nenhum o tinha feito - um plano de contingência contra a seca", com a definição de "prioridades claras", destacou Matos Fernandes.

O presidente do IPMA defendeu, no início de dezembro, que a forma de utilizar a água vai ser uma prioridade em Portugal e que os sistemas de recuperação deste recurso terão de melhorar o seu desempenho.

Governo analisou quase 22 mil candidaturas na agricultura. Apoio superior a 60 milhões


17/12/2017, 20:09

O Governo analisou quase 22 mil candidaturas de agricultores afetados pelos incêndios de 15 de outubro, a que corresponde um apoio total superior a 60 milhões de euros


O Governo tem analisadas quase 22 mil candidaturas de agricultores afetados pelos incêndios de 15 de outubro, a que corresponde um apoio total superior a 60 milhões de euros, informou este domingo o ministro da Agricultura, Capoulas Santos.

Até mil euros, o ministério recebeu 6.008 candidaturas, entre 1.053 e cinco mil euros cerca de 15 mil candidaturas e acima dos cinco mil euros foram registadas "20 e tal candidaturas", sendo que, nesse caso, o prazo de candidaturas só termina a 22 de dezembro, afirmou Capoulas Santos, que falava em Santa Comba Dão, distrito de Viseu.


Acima dos cinco mil euros, as candidaturas estão a registar, em média, um prejuízo na ordem dos 400 mil euros, sendo que o total dos pedidos acima dos cinco mil euros "superam os dez milhões de euros", explanou o membro do executivo, que acompanhou hoje António Costa numa visita aos territórios afetados pelos incêndios de 15 de outubro.

Questionado pela agência Lusa, Capoulas Santos sublinhou que a região afetada pelas chamas é caracterizada pela "muito pequena agricultura".

Como forma de exemplificar essa situação, o ministro da Agricultura contou que metade dos produtores "não têm conta bancária", o que se tem revelado "um problema burocrático complicado".

A tutela espera pagar até ao final do ano 100% do prejuízo aos agricultores que registaram perdas até mil euros e garantir um adiantamento "não inferior a 70%" para todos os outros produtores.

Em janeiro de 2018 será feita a verificação das candidaturas – há "algumas centenas de casos" com incongruências – e será pago o restante até ao final desse mês, disse Capoulas Santos.

O ministro da Agricultura sublinhou ainda que, no caso do ministério que lidera, os apoios ultrapassam "os 100 milhões de euros", quando incluídos os incêndios de 17 de junho.

Carne pode ser taxada para reduzir emissões poluentes


Com o gado a representar quase 15% das emissões de gases causadores do efeito de estufa e a previsão do aumento do consumo global de carne até meados do século, começam a procurar-se alternativas. Mas não só em termos fiscais.

17 de dezembro de 2017 às 13:00
Depois do carvão e do açúcar, o próximo alvo possível de um imposto global é a carne.

Alguns investidores apostam que governos em todo o mundo vão encontrar uma forma de começar a tributar a produção de carne para melhorar a saúde pública e cumprir as metas estabelecidas para as emissões no Acordo do Clima de Paris. Investidores com um foco social começam a pressionar para as empresas diversificarem para proteínas vegetais, ou até mesmo a sugerir que os produtores de gado usem "preços-sombra" para a carne - semelhante a um preço interno de carbono - para estimar os custos futuros.

A carne pode ter o mesmo destino do tabaco, do carvão e do açúcar, actualmente tributados em 180, 60 e 25 jurisdições em todo o mundo, respectivamente, segundo o relatório do grupo de investidores FAIRR (Farm Animal Investment Risk & Return) Initiative. Deputados da Dinamarca, da Alemanha, da China e da Suécia debateram nos últimos dois anos a criação de impostos relacionados com a pecuária, uma ideia que encontrou forte resistência.

As emissões de gases causadores do efeito de estufa provenientes do gado representam cerca de 14,5% do total mundial, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que projecta o aumento de 73% no consumo global de carne até meados deste século devido ao aumento da procura em economias como a Índia e a China. Isto pode resultar em custos de saúde e ambientais no valor de 1,6 biliões de dólares (1,36 biliões de euros à cotação actual), com impacto na economia global até 2050, segundo a FAIRR, sediada em Londres e criada pela Coller Capital.

"Os investidores começam a ponderar esta questão à semelhança do que fazem com a avaliação do risco climático", afirmou Rosie Wardle, que gere os compromissos de investidores na FAIRR. "Está agora mais assente que precisamos de enfrentar a questão da produção e do consumo de gado para atingir o limite de aquecimento global de dois graus."

Bebidas açucaradas

O possível impacto de um imposto sobre a carne pode ser semelhante aos impostos aplicados ao açúcar. Embora os impostos sobre o açúcar, destinados a combater a obesidade nos EUA, tenham enfrentado alguma resistência, foram aplicadas taxas semelhantes em 18 países e em seis cidades dos EUA, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence. Quando o México criou um imposto especial sobre as bebidas açucaradas, em 2014, o consumo per capita dessas bebidas no país caiu 6% em 2014, 8% em 2015 e 11% no primeiro semestre de 2016, segundo o Instituto Nacional de Saúde Pública do México.

A ideia de taxar a carne tem sido limitada pelo receio de criar uma reacção política ao tributar os agricultores, afirmou a FAIRR no relatório.

Um fundo de capital de risco detido pela Tyson Foods fez na semana passada o segundo investimento na Beyond Meat. Esta empresa produz um hamburguer de base vegetal, um projecto que tem também o apoio do bilionário Bill Gates e de Leonardo DiCaprio e é vendido em milhares de supermercados e restaurantes dos EUA. 

A Tyson comprou uma participação inicial de 5% na criadora deste hamburguer no ano passado, seguindo a proposta da accionista Green Century Capital Management, que pediu que esta empresa do sector aviário analisasse mais oportunidades na área das proteínas vegetais.

sábado, 16 de dezembro de 2017

A insustentável leveza das uvas


José Luís Reis
Opinião


Basta ter uma conversa com alguns produtores sobre a vindima da colheita 2017, para se perceber que as uvas pesam menos do que em anos anteriores. Em situações normais a água tem um peso que ronda os 85% na composição das uvas, mas a desidratação provocada pela seca provoca percas de água substanciais, daí as uvas pesarem menos em anos de seca. Esta é uma das consequências das alterações climáticas, que provocou na vindima de 2017 decréscimos de produção acentuados em algumas regiões de Portugal e em outros países produtores alvo dos efeitos do mesmo fenómeno.

12 de Dezembro de 2017, 6:31

As alterações climáticas, sabemos, é uma procissão que ainda vai no adro, pois os estudos previsionais baseados em vários modelos climáticos, provenientes de várias entidades credíveis a nível mundial, estimam um aumento dos períodos de seca até 2100, podendo ser mais ou menos prolongadas as secas em termos de tempo e com maior ou menor frequência. O certo é que vai sempre haver sempre mais secas em todos os cenários possíveis, com aumentos de subidas de temperatura médias, no melhor dos cenários de 2,5 graus até 2100. Na precipitação tudo é mais complexo, em Portugal já tivemos uma diminuição da precipitação média nas últimas décadas superior a 40 milímetros, mas segundo os especialistas vamos continuar a ter uma diminuição da precipitação em Portugal, pois estamos mais expostos ao anticiclone dos Açores, que tem um impacto nos factores associados aos valores da precipitação na Europa. É bom lembrar que os últimos anos de seca extrema em Portugal foram em 2005 e em 2012, e que o período de Abril a Novembro de 2017 foi o mais seco desde os anos 30, com valores de precipitação muito baixos, e a gravidade das secas extremas têm sido sempre maiores do que as anteriores.
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As alterações climáticas têm um impacto negativo no sector agrícola, e é indiscutível que tem impacto na produção das uvas e consequentemente na vinificação, pois como se costuma dizer: - é possível fazer maus vinhos de boas uvas, mas não se podem fazer bons vinhos de más uvas. Se analisarmos um mapa das regiões vitivinícolas a nível mundial, verificamos que as regiões vitivinícolas se localizam em locais onde as temperaturas médias, na estação de crescimento do ciclo vegetativo da videira, se situam entre os 12 e os 22 graus. Alguns especialistas consideram o clima como o principal elemento diferenciador dos vinhos produzidos nas várias regiões vitivinícolas, para o bom e para o mau, equivalendo o impacto do clima na produção, em termos de peso, à soma dos outros elementos como o solo, práticas culturais e as castas. Assim, o clima tem um forte impacto no estado hídrico das videiras, pois a temperatura, a humidade e as radiações têm um papel determinante na fisiologia e na produção da videira, o que por sua vez tem impacto na composição das uvas.

Segundo os últimos dados a colheita de 2017, a nível mundial em volume é equivalente à produção de 1961, ou seja, nunca se produziu tão pouco vinho em 56 anos no planeta, e como seria expectável são os maiores países produtores os mais afectados com quebras de produção em relação à colheita de 2016; a Espanha 15%, a França 19% e a Itália 23%. A nível mundial a produção de 2017 será menos de cerca de 3 biliões de garrafas do que em 2016, é uma quebra que rondará os 8%. Portugal teve uma quebra de produção de cerca de 20% em 2016 relativamente a 2015, por isso a base de comparação é baixa, daí que o aumento de produção de 2017 relativamente a 2016 ronde os 10%. Mas para além do verão seco e sobretudo quente, convém lembrar que as geadas de Abril e Março de 2017 na Europa afectaram milhares de hectares de vinha, só na Vidigueira no Alentejo foram afetados 550 hectares de vinha na geada de 23 de março, e alguns produtores de vinho da Europa colocaram entre as videiras milhares de velas acesas para evitar a formação de geadas.

Se temos menos produção, temos um menor retorno do investimento, o que acarreta mais problemas para as empresas do sector. Claro que existem soluções para minorar os efeitos das quebras de produção, tal como existem soluções para os problemas criados pelas alterações climáticas no sector vitivinícola, quer na viticultura, quer na enologia, quer no marketing do produto, mas todas essas soluções envolvem investimentos. Sabendo que não há, para tudo solução, sabemos que existem algumas soluções que podem ser aplicadas para reduzir o impacto das alterações climáticas, nomeadamente plantar as vinhas em zonas de maior altitude (onde as temperaturas são mais baixas, com uma selecção adequada das castas e das variedades clonais e dos porta-enxertos mais resistentes a maiores temperaturas e ao tempo mais seco). Assim como é possível apostar na selecção dos porta-enxertos mais resistentes, ou um reforço do investimento em sistemas de rega, reaproveitamento de águas nas adegas, construção de barragens para acumulação de água das chuvas, plantação de árvores ao redor das vinhas cuja copa compense o excesso de exposição solar, pulverização das vinhas com protector solar tal como já acontece em algumas regiões da Austrália. Bem como pode apostar-se em projectar vinhas em locais outrora com temperaturas impróprias para a viticultura (como Inglaterra), mas que agora se apresentam mais temperadas, entre outras medidas que têm vindo a ser amadurecidas pela comunidade.

A OIV (Organização Internacional do Vinho) já adotou várias resoluções ambientais, incluindo os princípios gerais de vitivinicultura Sustentável (Resolução OIV-CST 518-2016), com o objetivo de definir o alcance e aplicação da produção sustentável e fornecer princípios gerais de sustentabilidade aplicáveis a todos os produtos vitivinícolas. Nesta resolução, entre outros aspetos, são claras as recomendações que dizem respeito ao uso da água, como são exemplo a optimização do uso da água considerando a disponibilidade local, o impacto na qualidade da água e os níveis das águas subterrâneas, a irrigação da videira de uma forma razoável.  Devendo ser preferidos os sistemas de irrigação com baixo consumo de água para superar o stress fisiológico das videiras, a prioridade dada aos sistemas que favoreçam o uso eficiente e efetivo, e a reutilização da água (sem excesso ou abuso) em todos os estágios da produção e a monitorização dos níveis de consumo de água. A rega deve ter sempre um suplemento ao fornecimento hídrico com o objectivo de evitar problemas na maturação e paragens na actividade fotossintética, e segundo as regras comunitárias, a rega da vinha em regiões com Denominação de Origem só pode ser efectuada em condições de excepção, apenas em situações extremas de défice hídrico, que têm de ser reconhecidas pelos organismos reguladores competentes.

A vinha é um dos principais motores da economia agrícola, mas também é uma cultura que se faz por paixão, e é preciso saber gerir as paixões com a razão. Se aumentamos os custos inerentes à implantação e manutenção da vinha, temos de aumentar o preço da uva e do vinho para manter a rentabilidade, se tudo aumentou de preço (os rótulos, as garrafas, as rolhas, etc.), e se só não aumentou o preço da uva, então alguma coisa está errada.  Apesar de a vinha ser uma cultura de sequeiro, com os períodos de seca provocados pelas alterações climáticas, para se ser profissional com paixão a rega tem de ser feita de uma forma racional, sendo a rega gota-a-gota indicada para a cultura da vinha, tendo também em consideração os nutrientes. As outras culturas que não são de sequeiro precisam de água, e se os recursos hídricos são escassos e não chegam para todas as necessidades, é fundamental que água seja gerida de uma forma equilibrada, até porque é necessário ter em consideração as questões ambientais, nomeadamente as que se relacionam com a pegada hídrica, isto é, o consumo que cada cultura deve ter do recurso água, que é cada mais escasso, tendo em consideração que para se produzir um litro de vinho numa vinha de regadio, são precisos 900 litros de água, três vezes mais água do que a necessária para se produzirem legumes, batatas ou cerveja. 

Se há mais leveza na uva, os preços não podem ser tão leves (é insustentável termos uvas no mercado a serem pagas a menos de 40 cêntimos por kg), especialistas acham recomendável subir o preço da uva para valores próximos de 1 euro por kg, no entanto alguns produtores defendem que o ideal seria vender na ordem dos 1,5 euros por kg (em algumas regiões de alguns países é esse o preço médio), se assim fosse garantiam a rentabilidade e teriam uma vitivinicultura sempre sustentável.

Há que estudar o mercado com rigor para se chegar a um equilíbrio que permita a sustentabilidade, e para que se chegue a um valor em que a leveza da uva seja sustentável, até porque o peso da uva é menor nos períodos de seca extrema, mas a falta da água pode ser compensada noutros componentes, como nos açúcares, nos minerais ou nas vitaminas, e a qualidade do vinho pode ser de excelência, como é caso dos vinhos da colheita de 2017 em todas as regiões vitivinícolas de Portugal, néctares, verdadeiros frutos de uma paixão.

INE estima aumento de quase 30% no preço do azeite



Produtores de batata registaram quebra de 27,3% no preço pago em 2017. Amêndoas vão ter ano "único" e produção de kiwis é a maior "de sempre", de acordo com as contas económicas da agricultura, hoje divulgadas


13 de Dezembro de 2017, 12:52


Na campanha actual, os olivais regados atingiram a maturação da maioria dos frutos, perspectivando-se uma produção elevada (aumento de 15%)

Na campanha actual, os olivais regados atingiram a maturação da maioria dos frutos, perspectivando-se uma produção elevada (aumento de 15%) Rui Gaudencio

O Instituto Nacional de Estatística (INE) perspectiva que o azeite tenha, em 2017 um "aumento dos preços base" de 29,6% e acrescenta que é "expectável um decréscimo de produção em volume" de 9,3%.

Os dados, avançados esta quarta-feira, 13 de Dezembro, nas Contas Económicas da Agricultura, incluem, neste caso, informação de duas campanhas oleícolas (a anterior, de 2016/2017 e a actual, de 2017/2018).

O gabinete estatístico explica, que, nesta categoria de produção vegetal, "na campanha actual, os olivais regados atingiram a maturação da maioria dos frutos, perspectivando-se uma produção elevada (aumento de 15%)".

"Pelo contrário", acrescenta no comunicado hoje disponibilizado publicamente, "nos olivais de sequeiro, que abrangem uma área maior, a escassa precipitação de Setembro e Outubro, aliada às elevadas temperaturas, conduziu a uma produtividade inferior", com queda precoce ou menor desenvolvimento dos frutos , e "afectou negativamente o teor em gordura das azeitonas", erodindo o seu valor comercial.

Conclui ainda o INE que "a redução de oferta interna, aliada ao aumento de procura internacional (em consequência da redução da oferta dos países produtores e aumento de consumo a nível mundial) geraram um aumento de preços deste produto no ano de 2017".

Nas Contas Económicas da Agricultura, hoje divulgadas e que representam a primeira estimativa para o corrente ano das contas do sector, o INE prevê ainda que o "rendimento da actividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano (UTA), deverá registar um decréscimo de 2,4%". Crescera 17,5% em 2016.

"Esta diminuição" face ao ano anterior, "foi determinada pela expressiva redução dos outros subsídios à produção", que sofreram uma quebra homóloga de 25,4%, "tendo o valor acrescentado bruto (VAB) aumentado 4,5%", face a uma diminuição de 1,5% em 2016.
Preço pago ao produtor de batata leva corte de 27,3%

No total, o INE antecipa que a produção vegetal, globalmente, registe uma diminuição dos preços base, pagos no produtor, de 2,7%. Este desempenho do preço acompanha um acréscimo esperado de 7,2% do volume da produção agrícola em 2017.

Se para o azeite o INE estima um crescimento do preço pago na produção de quase 30%, o inverso é também verdade para a batata. Em rigor, o INE estima que a produção de batata tenha um aumento de volume de 13,7% em 2017 "em resultado da área plantada" em 5%, e da produtividade da batata de regadio, em 10%. E acrescenta que "a qualidade da batata colhida foi, de um modo geral, boa".

Contudo, "os preços praticados [à produção de batata] registaram uma redução significativa" este ano – de 27,3%  - o que o INE ajuda a contextualizar: a quebra deste ano verifica-se "após um grande aumento em 2016", de 58%.
Amêndoas com produção "única"

No que toca aos frutos, o INE destaca as amêndoas. As amendoeiras, diz a entidade estatística "apresentaram uma quantidade substancial de frutos e as previsões apontam para uma produção superior a 20 mil toneladas".

O que, comparado com 2016, representa um crescimento de 255% - "situação única neste século", garante a entidade estatística.

Recorde-se que, nos terrenos privados em torno da barragem do Alqueva – cuja irrigação tem sido financiada por fundos comunitários – a amêndoa tem sido uma das produções que maior investimento (sobretudo estrangeiro) tem captado no Alentejo nos últimos anos.
Kiwi com maior produção "de sempre"

No global das culturas frutícolas, a perspectiva agora divulgada das contas económicas da agricultura para 2017 (que serão revistas em Janeiro próximo), é de um acréscimo de 17,2% em volume, "em consequência de uma maior produção de maçã, pêra, pêssego, kiwi, frutos de baga e amêndoa".

O aumento do volume terá "uma redução dos preços [ao produtor] em relação ao ano anterior", de 1,4%, "em resultado de uma descida generalizada para todos os frutos, com excepção da maçã".

"A produção de kiwi foi a maior de sempre", salienta o INE, "tendo-se atingido as 31 mil toneladas, como resultado do acréscimo de produtividade por hectare e, sobretudo, da entrada em plena produção das plantações recentes".
Vinho "de qualidade superior"

No caso do vinho, as contas agrícolas apontam para um aumento de 10% em volume e igual acréscimo, nominal, em valor. Não é dada referência para a evolução do preço pago à produção.

"A vindima foi feita com tempo seco, pelo que são esperados vinhos de qualidade superior", adianta o INE, acrescentando que as uvas entregues à produção vinícola "encontravam-se, em geral, em boas condições sanitárias, bem amadurecidas e com elevados teores de açúcar".  

GNR detém seis pessoas por furto de uma tonelada de azeitona no Alentejo


A GNR anunciou hoje ter detido seis pessoas, em flagrante delito, por furto de uma tonelada de azeitona, numa propriedade agrícola do concelho de Alvito, no distrito de Beja.

Os detidos, quatro homens e duas mulheres, com idades entre os 16 e os 38 anos, foram constituídos arguidos e libertados sujeitos à medida de coação de termo de identidade e residência, refere a GNR, num comunicado enviado à agência Lusa.

As seis pessoas foram detidas no domingo por militares do Posto Territorial de Alvito da GNR e após uma denúncia por parte de populares de que estaria a decorrer um furto de azeitona.

Após a denúncia, os militares da GNR realizaram uma operação policial, que levou à interceção e à detenção em flagrante delito das pessoas e à apreensão de uma tonelada de azeitona já apanhada e ensacada e a material utilizado na colheita do fruto.

A azeitona foi entregue ao seu legítimo proprietário.

ICNF E DGAV reforçam controlo sanitário das populações de javalis e cervídeos

COMUNICADO

O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) vão reforçar a vigilância epidemiológica das populações de javalis e cervídeos a nível nacional, no âmbito de um plano hoje apresentado, no Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, às organizações do setor da caça, Ordem dos Médicos Veterinários e universidades.
Ao longo dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, está prevista a colheita de cerca de mil amostras de tecidos de javalis e veados capturados em pelo menos 100 zonas de caça distribuídas por todo o país, para avaliação e vigilância de diversas doenças, como a tuberculose (em javalis e cervídeos), as pestes suínas Africana e Clássica e a Doença de Aujeszky (em javalis). Este plano de colheitas será executado com a colaboração de outros parceiros, nomeadamente das organizações do setor da caça e do Instituto Nacional de Investigação e Agrária e Veterinária (INIAV).
Na perspetiva do ICNF, é "fundamental melhorar o conhecimento sobre a prevalência de algumas doenças que afetam os espécimes de caça maior", tendo em conta "o
impacto que os problemas sanitários têm na saúde destes animais, na saúde dos animais domésticos de produção, e ainda aos eventuais potenciais efeitos na saúde humana, quando estão em causa agentes zoonóticos".
A colaboração entre o ICNF e a DGAV reveste-se, assim, de grande importância, na medida em que algumas das espécies cinegéticas de caça maior são um recurso natural renovável e desempenham um importante papel nos ecossistemas. A gestão cinegética destas espécies em particular, inclui a monitorização do seu estado sanitário, nomeadamente no que respeita a identificação de causas de morbilidade e mortalidade relacionadas com agentes patogénicos.

Lisboa, 13 de dezembro de 2017

Governo prolonga prazo de candidatura dos agricultores afetados pelos incêndios aos apoios no âmbito do PDR2020

COMUNICADO

Atendendo a que se verificaram anomalias no acesso aos sistemas informáticos da Autoridade de Gestão do PDR2020 e do IFAP - Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, que impediram a submissão dos formulários do pedido de apoio e geraram outras dificuldades, e tendo em conta que os referidos problemas técnicos se prolongaram por 5 dias, o Governo decidiu prorrogar, por igual período de tempo, o prazo limite para apresentação dos pedidos de apoio. A decisão consta da Portaria já assinada pelo Ministro da Agricultura.
Em causa está o acesso à medida 6.2.2. do PDR2020, a medida do Programa de Desenvolvimento Rural para apoiar o Restabelecimento do Potencial Produtivo na atividade agrícola. Esta medida aplica-se a todos os agricultores afetados pelos incêndios que ocorreram em julho, agosto, setembro e outubro, que tenham registado prejuízos em instalações de apoio à exploração agrícola, equipamentos,
culturas permanentes ou animais.
Os níveis de apoio correspondem a 100% dos prejuízos para valores até 5 mil euros; 85% para valores até 50 mil euros; e 50% para valores até 400 mil euros. As condições de acesso estão definidas na Portaria 342-A/2017, de 09 de novembro, que disponibiliza um montante global de 15 milhões de euros para dar resposta aos pedidos de apoio. As despesas decorrentes da elaboração das candidaturas são
elegíveis. O prazo, que inicialmente estava previsto que terminasse amanhã, termina só no próximo dia 22 de dezembro.
Fora do âmbito do PDR2020, através de um regime simplificado, estiveram abertas candidaturas para prejuízos até 5 mil euros, destinadas a apoiar os agricultores afetados pelos incêndios de julho, agosto, setembro e outubro.
Com prejuízos até 1.053 euros, candidataram-se 5.690 agricultores, cujos pedidos atingiram o montante global de 3.564.463 euros. Com prejuízos entre 1.054 e 5.000 euros, candidataram-se 15.675 agricultores, cujos pedidos atingiram o montante global de 58.026.413 euros. Os pedidos de apoio, no total, somam 21.685 candidaturas para 61.811.499 euros de apoio público.
As candidaturas estão agora em processo de análise e validação, tendo o Governo como objetivo pagar até ao final do mês.

Lisboa, 14 de dezembro de 2017

Na floresta ardida, os eucaliptos estão a renascer das cinzas


15 DE DEZEMBRO DE 2017 - 15:20

A TSF percorre esta sexta-feira, das oito da manhã à meia-noite, um país devastado pelos fogos. A reconstrução contra o esquecimento, numa Emissão Especial na antena e no site da 

Na paisagem ardida de Góis, Castanheira de Pera, Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra há tufos verdes entre a terra negra e os troncos queimados.

Os eucaliptos estão a renascer das cinzas, sozinhos, graças a séculos de evolução. Estas árvores adaptaram-se aos incêndios habituais nas suas zonas autóctones - a Austrália e a Tasmânia - e são por isso capazes de se regenerar.

Apesar de os troncos terem ardido nos grandes incêndios deste verão, a raiz dos eucaliptos não morreu, por isso novos rebentos estão a surgir na base do tronco. Dá-se o chamado rebentamento por toiça.

Também as pequenas 'cápsulas', semelhantes a guizos na forma, abrem-se após a passagem das chamas e libertam milhares de sementes, capazes de germinar mesmo em terreno queimado.

Enquanto os pinheiros mortos estão já a ser cortados, empilhados nas bermas da estrada, ao longo dos próximos meses os eucaliptos vão repovoar a floresta sem qualquer ordenamento.

Na floresta ardida, os eucaliptos estão a renascer das cinzas

15 DE DEZEMBRO DE 2017 - 15:20

A TSF percorre esta sexta-feira, das oito da manhã à meia-noite, um país devastado pelos fogos. A reconstrução contra o esquecimento, numa Emissão Especial na antena e no site da TSF.


Na paisagem ardida de Góis, Castanheira de Pera, Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra há tufos verdes entre a terra negra e os troncos queimados.

Os eucaliptos estão a renascer das cinzas, sozinhos, graças a séculos de evolução. Estas árvores adaptaram-se aos incêndios habituais nas suas zonas autóctones - a Austrália e a Tasmânia - e são por isso capazes de se regenerar.

Apesar de os troncos terem ardido nos grandes incêndios deste verão, a raiz dos eucaliptos não morreu, por isso novos rebentos estão a surgir na base do tronco. Dá-se o chamado rebentamento por toiça.

Também as pequenas 'cápsulas', semelhantes a guizos na forma, abrem-se após a passagem das chamas e libertam milhares de sementes, capazes de germinar mesmo em terreno queimado.

Enquanto os pinheiros mortos estão já a ser cortados, empilhados nas bermas da estrada, ao longo dos próximos meses os eucaliptos vão repovoar a floresta sem qualquer ordenamento.

Rendimento da atividade agrícola deve cair 2,4% em 2017


13/12/2017, 13:29
O rendimento da atividade agrícola deverá cair este ano, mas até 31 de janeiro de 2018 o INE vai efetuar uma segunda estimativa das contas económicas da agricultura.

O rendimento gerado pela atividade agrícola em Portugal deverá cair 2,4% em 2017 face a 2016, após ter aumentado 17,5% no ano passado, segundo a primeira estimativa das contas económicas da agricultura divulgadas esta quarta-feira pelo INE.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), esta diminuição "foi determinada pela expressiva redução" dos 'outros subsídios à produção' (-25,4%) face ao "significativo montante" atribuído em 2016, já que o Valor Acrescentado Bruto (VAB) aumentou 4,5% (diminuição de 1,5% em 2016) e o volume de mão-de-obra agrícola terá diminuído 4,4%.

Para o aumento nominal de 4,5% do VAB contribuiu a variação positiva da produção do ramo agrícola (+4,0%), conjugada com uma variação positiva "menos acentuada" do consumo intermédio (+3,7%), perspetivando-se, em termos reais, um aumento de 5,8% do VAB.

O acréscimo nominal de 4,0% da produção do ramo agrícola resultou de um aumento do volume (+3,9%) e de uma estabilização dos preços base (+0,1%), devendo a evolução dos preços no produtor (+0,6%) ser atenuada por uma diminuição dos subsídios aos produtos (-16,0%).

Já a evolução nominal de 4,4% prevista para a produção vegetal em 2017 resulta de um acréscimo em volume (+7,2%) e de uma redução dos preços de base (-2,7%), com a produção de vegetais e produtos hortícolas e de frutos a ser "determinante" no crescimento deste segmento.

As estimativas para a produção de cereais apontam para um volume inferior a 2016 já que, à exceção do milho (+4,2%), todos os cereais apresentam menor volume de produção devido à escassez de precipitação e às altas temperaturas registadas. O preço no produtor para os cereais deverá registar um decréscimo (-0,8%).

Quanto aos vegetais e produtos hortícolas, prevê-se um aumento em volume (+5,1%), enquanto a produção de batata terá aumentado 13,75 e a dos frutos 17,2%, "consequência de uma maior produção de maçã, pera, pêssego, kiwi (cuja produção de 31 mil toneladas foi "a maior de sempre), frutos de baga e amêndoa".

Em relação à produção de vinho, as estimativas apontam para um acréscimo nominal (+10,0%), e na produção de azeite é expectável um decréscimo de produção em volume (-9,3%) e um aumento dos preços de base (+29,6%).

Este ano, a produção animal deverá registar um acréscimo em valor de 3,2% face a 2016, em resultado de um aumento dos preços de base (+4,2%), já que o volume diminuiu 1,0%. Os produtos que mais contribuíram para esta evolução foram os suínos, as aves, o leite e os ovos.

O INE estima que, este ano, o consumo intermédio (CI) aumente 3,7% em termos nominais, na sequência de acréscimos em volume (+2,8%) e preço (+0,8%).

"A variação nominal positiva é o resultado de um aumento generalizado dos produtos para CI, particularmente da energia (+14,9%) e dos fertilizantes (11,9%)", refere, antecipando que "a conjugação de um acréscimo dos preços mais acentuado no CI do que na produção (+0,8% e +0,1%, respetivamente) deverá gerar condições menos favoráveis ao produtor agrícola do que as observadas 2016".

Em relação ao peso do VAB do ramo agrícola na economia nacional, a importância relativa da agricultura deverá manter-se idêntico a 2016, nos 1,6%. Até 31 de janeiro de 2018 o INE irá efetuar uma segunda estimativa das contas económicas da agricultura.

EDP acusada de limpar sinais do início do incêndio em Pedrógão Grande


15 DE DEZEMBRO DE 2017 - 07:00

Autor do estudo pedido pelo governo diz que Ministério Público tentou, mas não travou a limpeza debaixo das linhas elétricas nos dois locais onde se suspeita que nasceram as chamas.
Imagem no relatório pedido pelo MAI num dos pontos onde começou o fogo em Escalos Fundeiros
Foto Direitos Reservados

O Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, que fez o relatório para o Ministério da Administração Interna sobre o fogo de Pedrógão Grande, pediu ao Ministério Público para travar qualquer ação de limpeza da floresta nas duas zonas, debaixo de linhas elétricas, onde suspeita que nasceram as chamas a 17 de junho, um pedido comum em outras investigações a fogos.

O coordenador do Centro, Xavier Viegas, adianta à TSF, no entanto, que a ação das autoridades não chegou a tempo: já depois da divulgação do relatório, que apontava para fortes indícios de que as chamas surgiram devido ao contacto das linhas com ramos numa zona mal limpa pela elétrica, a EDP foi aos dois locais fazer uma limpeza das árvores.

Ouça as declarações de Xavier Viegas ao jornalista Nuno Guedes.

O professor de Coimbra sublinha que o Ministério Público acabaria por informá-lo que avisou a empresa, já depois da limpeza, que não podia voltar a fazer qualquer intervenção na zona

EDP justifica-se

Contactada pela TSF, a EDP Comercial não confirma nem desmente esse aviso das autoridades, justificando as ações que fez dizendo que "os incêndios que ocorreram na região de Pedrógão afetaram significativamente as redes elétricas de distribuição e todas as intervenções posteriores tiveram o objetivo de repor as condições de segurança das redes e assegurar o abastecimento elétrico às populações".

A empresa acrescenta que "as intervenções foram de caráter pontual e delas foi dado conhecimento a todas as autoridades competentes", sendo que "a limpeza das faixas de proteção das linhas elétricas é uma atividade que a EDP Distribuição desenvolve a nível nacional com caráter regular nos períodos permitidos por lei".

Contactada há três dias, a Procuradoria-Geral da República ainda não respondeu às questões enviadas pela TSF.

Vítimas admitem pensar em ocultação de provas
Do lado das famílias, a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande "refere que os atos falam por si" e sublinha que existiram "duas situações de cosmética de cenários onde aconteceram mortes".

A presidente da associação, Nádia Piazza, refere-se não apenas à limpeza pela EDP mas também pela Ascendi que gere a trágica Estrada Nacional 236.

A representante das famílias diz que o facto do Ministério Público ter chegado tarde, já depois da limpeza da EDP, é "sintomático", sublinhando que as fotografias mostram "o antes que não estava limpo e o depois já limpo" demonstrando que "há sérias dúvidas sobre o toque de sobretudo um carvalho na linha elétrica".

Nádia Piazza não acredita que a limpeza tenha surgido por acaso.
A associação recorda que a ignição do incêndio tem de ser investigada e a ordem do Ministério Público para não limpar a zona "fala por si e é um sintoma da atitude da EDP", não sendo possível, admite, fugir da ideia que a empresa terá tentado esconder provas.

Nádia Piazza fala de "cosmética em cenários onde aconteceram mortes".
Xavier Viegas acredita, contudo, que a limpeza da floresta debaixo das linhas elétricas onde terão começado as chamas não é muito grave pois há fotografias do antes e do depois, apesar de admitir que "seria importante preservar a zona".

"Útil para encontrar sinais de descargas elétricas"

O especialista da Universidade de Coimbra não acredita que a limpeza "prejudique a investigação". No entanto, a limpeza feita debaixo das linhas, mas também na EN236, "é um mau princípio", sublinhando que podia ser necessário manter as áreas intactas "para uma análise com cuidados, detalhes e tempo que não existiu durante o período de realização do relatório".

Uma preservação dos locais que, como explica, seria por exemplo útil se for preciso encontrar sinais das descargas elétricas na vegetação.

Xavier Viegas admite ainda que é possível que a limpeza tenha acontecido por causa do relatório que fizeram sobre as causas do início do incêndio de Pedrógão Grande e acrescenta que a limpeza feita depois do fogo prova que a limpeza da floresta não estava bem feita debaixo das linhas elétricas e da berma das estradas onde morreram dezenas de pessoas.

EDP garante limpeza

Recorde-se que na semana passada a TSF noticiou que um parecer jurídico pedido pela Ascendi conclui que esta empresa não pode ser responsabilizada pela eventual falta de limpeza na EN236 devido à falta de aprovação do Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios. Uma desresponsabilização que também se pode estender à EDP pela mesma razão, numa interpretação da lei que não é unânime e pode acabar por ter de ser resolvida em tribunal.

A EDP tem dito que "independentemente da existência de Planos Municipais" aprovados tem sempre garantido a limpeza da floresta, nomeadamente em Pedrógão, numa faixa de 15 metros debaixo das linhas de média tensão como aquelas que segundo o relatório pedido pelo governo causaram o incêndio que matou mais de 60 pessoas.


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Associação para investimento florestal critica proposta “pouco séria” do Governo


23/10/2017, 12:37
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A Associação de Promoção ao Investimento Florestal, a Acréscimo, criticou a proposta "pouco séria e nada transparente" de aposta no uso da biomassa florestal para a produção de energia elétrica.

A Associação de Promoção ao Investimento Florestal, a Acréscimo, criticou esta segunda-feira a proposta "pouco séria e nada transparente" de aposta no uso da biomassa florestal para a produção de energia elétrica.

O Governo anunciou no sábado que vai avançar com a implementação de biorrefinarias e continuar com o desenvolvimento de centrais de biomassa por todo o país, de forma a valorizar a recolha de resíduos florestais.



Salientando que esta intenção "ainda não [está] quantificada", a Acréscimo salienta, em comunicado divulgado esta segunda-feira, que "a capacidade instalada, quer em centrais a biomassa florestal residual quer em unidades de produção de 'pellets' de madeira, há muito que ultrapassa a disponibilidade anual de biomassa florestal residual".

"Ou seja, já no presente, mas com maior impacto no futuro próximo, tais unidades só serão viáveis pela utilização de troncos de árvores ou pela instalação de monoculturas de espécies dedicadas à produção energética", acrescentam, frisando que "a ocorrência de incêndios florestais constitui uma importante fonte de garantia de matéria-prima a estas unidades".

Além disso, prossegue a associação, "importa ainda ter em conta que as unidades que o Governo anuncia estimular só têm viabilidade financeira se apoiadas duplamente pelo erário público", isto através de apoios à tarifa elétrica ou para a obtenção de matéria-prima.

Contudo, de acordo com a Acréscimo, "existem opções significativamente menos onerosas e até sem custos para o erário público" com vista à redução da carga combustível nas florestas, que também têm "maior impacto no emprego em meio rural".

"Importa assim que o Governo esclareça a sua opção pelo apoio público a centrais termoelétricas de transformação de biomassa de origem florestal, que afirmam ser residual, face a outras alternativas", frisa, falando em "opções de maior urgência".

A título de exemplo, destaca que, "para a proteção imediata à atividade económica associada à silvicultura, urge a tomada de medidas ao nível do controlo da oferta", como a criação de estufas de preservação da madeira ardida.

Para a Acréscimo, esta medida "é fundamental para assegurar uma gradual entrada nos mercados dessa madeira, impedindo a queda brusca do seu preço".

Outra das medidas elencadas é a do "reforço à proteção de encostas e cursos de água, prevendo futuras catástrofes associadas a deslizamentos de terras e cheias".

"Se a intenção do Governo é a de garantir a sustentação do apoio a grupos empresarias à custa do Orçamento, terá de a assumir politicamente, sem rodeios ou falsos anúncios de dar prioridade à segurança das populações, às florestas e à atividade silvoindustrial", adianta aquele organismo.

As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.

Agricultores vítimas dos fogos: falhas levam governo a prolongar prazos


14 DE DEZEMBRO DE 2017 - 16:42

Governo admite "anomalias" no sistema que impediram agricultores de se candidatarem à beira do fim do prazo.

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O governo confirma problemas nos últimos dias na submissão de candidaturas a apoios do Estado para os agricultores vítimas dos incêndios florestais e decidiu alargar o prazo de candidatura que acabava amanhã, sexta-feira.

A resposta do Ministério da Agricultura foi enviada à TSF depois de uma pergunta do PCP que denuncia vários problemas no sistema de candidaturas.

A situação, segundo os comunistas, afeta o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) e é preocupante porque o prazo de submissão de candidaturas acabaria a 15 de dezembro.

João Ramos, do PCP, defende que é preciso alargar os prazos de candidatura aos apoios do Estado.

Para o PCP os agricultores não têm culpa que o sistema tenha estado em baixo três dias perto do fim do prazo e não podem ser prejudicados, sublinhando que este processo tem sido bastante confuso desde o início.

O Ministério da Agricultura confirma que "a situação já foi detetada e está a ser corrigida", tendo sido decidido "prolongar o prazo das candidaturas por um período equivalente àquele durante o qual ocorreu a anomalia". A Portaria que muda o prazo por mais 5 dias já seguiu para publicação, mas o executivo sublinha que o problema já tinha sido detetado pelos serviços antes do alerta do PCP.

Ao todo, o Ministério já conta 21.685 candidaturas a estes apoios a agricultores vítimas dos fogos, num total de 62 milhões de euros de apoios públicos.

Burocracia leva agricultores a desistirem

Júlio Ventura trabalha na delegação de Tondela de uma cooperativa agrícola e explica que as últimas semanas têm sido muito agitadas. Só ali os agricultores afetados pelos fogos são cerca de uma centena, mas apenas um décimo já fecharam o processo de candidatura aos apoios do Estado.

Os casos são muitos, as dificuldades várias e a última é informática. No entanto, mesmo sem os problemas informáticos o tempo é pouco e a burocracia complica, com Júlio Ventura a explicar que muitas pessoas "vêm de longe, têm de pagar transportes ou perder um dia de trabalho", pelo que alguns acabam por dizer-lhe: "Se é para isto, para nos darem umas migalhas, esqueça".

O governo prolongou o prazo por mais 5 dias e quem trata das candidaturas admite que é uma ajuda, mas que mesmo assim vai ser muito difícil ter tudo pronto a tempo.

Inverno pode provocar calamidade no Pinhal de Leiria


14 DE DEZEMBRO DE 2017 - 15:21
A comissão popular "O Pinhal É Nosso" enviou uma carta ao ministro da Agricultura em que exige medidas imediatas e acusa as entidades oficiais de nada fazerem durante estes últimos dois meses.


Estas são as melhores fotos do Espaço de 2017


IUm movimento de cidadãos criado para defender o Pinhal de Leiria diz que as chuvas de inverno podem provocar uma calamidade na mata nacional e no concelho da Marinha Grande, com a contaminação dos solos e dos recursos hídricos pelas cinzas do incêndio de 15 de outubro.

Reportagem de Cláudio Garcia
A comissão popular "O Pinhal É Nosso" escreveu ao ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, a exigir uma intervenção de emergência.

Ricardo Vicente, porta-voz da comissão, garante que as ações no terreno já deviam ter começado e avisa que a fatura a pagar pela população é muito alta, se nada for feito.

O movimento de cidadãos "O Pinhal É Nosso" enviou ao ministro um documento técnico com propostas de reconstrução da floresta e disponibilizou 150 voluntários para apoiarem ações no terreno.

O incêndio de 15 de outubro consumiu mais de nove mil hectares do Pinhal de Leiria, o equivalente a 85% desta mata nacional com mais de 700 anos de história.

Pão, vegetais e carne “carbonizados” também não fazem bem à saúde


O problema não está no carvão, mas nos compostos que se formam no processo de confeção a elevadas temperaturas


A gastronomia portuguesa conta com várias receitas confecionadas em carvão que são bastante apreciadas, mas a verdade é que são pouco saudáveis. Não só para quem as confeciona – e que está exposto ao fumo proveniente do carvão, conhecido pelos efeitos negativos na saúde –, mas também para quem a come, que acaba por consumir particulas de carvão. E quem nunca ouviu dizer que o queimado faz mal?

Nos últimos anos, vários têm sido os alertas e estudos de especialistas na área da saúde e da alimentação que advertem para os perigos que podem advir do consumo de alguns alimentos demasiado confecionados, ao ponto de ficarem esturricados. Em causa estão algumas substâncias químicas produzidas quando se cozinham produtos demasiado tempo. No caso dos alimentos com amido, pode formar-se a acrilamida, substância conhecida pelas suas propriedades cancerígenas. Não se forma em todos os alimentos, surgindo naqueles que têm concentrações altas de carboidratos e baixas de proteínas ao serem conzinhados a altas temperaturas. É o caso do pão e da batata, e daí a recomendação para não comer as partes queimadas das torradas. Já no caso da carne, também é preciso cuidado com os churrascos. Grelhar carne a temperaturas muito elevadas leva à formação de substâncias como os amino-heterocíclicos, que também são associados a efeitos cancerígenos. As evidências resultam sobretuo de estudos com animais, em que a exposição a este tipo de compostos foi associada a tumores da mama ou colon. O abuso de carnes fumadas também traz alguns riscos. Pensa-se que a região norte de Portugal tem tradicionalmente mais casos de morte por cancro do estômago devido à tradição dos enchidos e fumeiros.

Os alertas são habituais mas o Reino Unido lançou no início deste ano uma campanha para alertar os consumidores para a necessidade de reduzir o consumo de acrilamida. A campanha "Go for Gold", lançada pela Food Standards Agency, difundiu uma regra simples: na hora de ver se pão, batatas ou vegetais estão no ponto ou já cozinharam de mais, o tom dourado (o ideal) pode servir de orientação.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Coesão territorial de Portugal passa pela diferenciação


Nuno Miguel Silva
07:20
Esta é uma das principais conclusões do estudo da consultora EY, designado 'Mundo Rural - Porque Sim', e ontem apresentado na Casa de Idanha-a-Nova, em Lisboa.


O futuro da coesão territorial em Portugal tem de passara pela valorização da diferenciação dos territórios nacionais, o que deverá ser desenvolvido como um fator de sucesso do País na integração europeia e no processo da globalização.

Esta é uma das principais conclusões do estudo da consultora EY, designado 'Mundo Rural – Porque Sim', e ontem apresentado na Casa de Idanha-a-Nova, em Lisboa.

A consultora considera que este documento representa  "um novo olhar sobre a ruralidade em Portugal, positivo e otimista, que se sustenta, estratégica e operacionalmente, na convicção de que o mundo rural é um espaço de oportunidade, de desenvolvimento, de criação de riqueza e de emprego, cuja afirmação se enquadra nas ambições de desenvolvimento do País".

O objetivo do estudo da EY foi analisar o mundo rural português de forma crítica e propor uma metodologia coerente de classificação dos territórios, que valorize as potencialidades destas regiões.

"Para além disso, pretende-se que esta pesquisa contribua para a promoção da articulação destes territórios com o mundo urbano e que proponha mecanismos de valorização inovadora para o rural português e a identificação das alavancas da mudança para a valorização do mundo rural", sublinha um comunicado oficial da consultora.
O estudo foi desenvolvido foi desenvolvido pela EY-AM&A, por iniciativa da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e da Federação Portuguesa de Turismo Rural em colaboração com a Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Naturtejo.
"O roteiro do futuro terá de ser, em primeiro lugar, o da valorização do princípio da diferenciação territorial como fator de sucesso na integração europeia e na globalização. O futuro das regiões portuguesas depende cada vez mais da respetiva capacidade em alimentar processos cumulativos de povoamento humano, institucional e empresarial na valorização aberta dos seus recursos endógenos, materiais e imateriais, naturais e patrimoniais e na realização de funções económicas específicas e distintivas na produção para o mercado doméstico e para o mercado mundial.", esclarece o referido estudo.

De acordo com os responsáveis da EY, "tal como nos fatores de atratividade (turística, residencial, produtiva, etc.) se têm vindo progressivamente a consolidar segmentações que refletem a valorização atribuída à experimentação, ao 'habitat', ao padrão de qualidade e à diversidade da envolvente, também se alarga o mercado potencialmente captado por esses produtos segmentados".

"O roteiro do futuro terá de ser, em segundo lugar, o da colaboração supramunicipal para garantir uma descentralização regional liberta dos limites físicos dos concelhos, mas ancorada na legitimidade democrática do poder local", defende o estudo da EY.

Outra das conclusões deste documento é que "o futuro das regiões portuguesas depende em larga medida do abandono radical da fragmentação, implícita na reduzida escala concelhia, e da mimética de caminhos, combinando a procura da eficiência com a efetiva provisão, em qualidade e quantidade, dos serviços estratégicos de proximidade".

"Tal como são difusas as fronteiras para os recursos mundo rural, ou como ganham homogeneidade os traços culturais de regiões dos dois lados de uma fronteira entre países, deverão também ser equacionadas questões de atuação conjunta e de governação eficaz, nos casos aplicáveis", advoga o estudo da EY. •

O documento entende que "o roteiro do futuro terá de ser, em terceiro lugar, o de uma muito maior valorização do papel dos territórios na renovação dos paradigmas competitivos em Portugal", uma vez que "o futuro das regiões portuguesas depende da construção de sinergias territoriais combinando economias de aglomeração e de especialização suficientemente diferenciadas e descentralizadas, capazes de articular e valorizar os trunfos existentes ou em construção em termos de capital humano, natural e patrimonial".

Seca.Produção de frutos e vinho beneficiada, cereais e azeite prejudicados

 Seca beneficiou algumas culturas, como a do tomate, fruta e vinho, e prejudicou outras, como os cereais, plantas forrageiras e azeite 

O ano agrícola de 2016/2017 ficou marcado pela seca, o que beneficiou algumas culturas, como a do tomate, fruta e vinho, e prejudicou outras, como os cereais, plantas forrageiras e azeite, divulgou hoje o INE. "Em termos meteorológicos, o ano agrícola de 2016/2017 caracterizou-se pela ocorrência de baixos valores de precipitação e elevadas temperaturas (a primavera foi a terceira mais quente desde 1931 e o verão o sexto mais quente e o terceiro mais seco desde 2000), o que beneficiou o desenvolvimento de algumas culturas e prejudicou outras), refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua primeira estimativa das contas económicas da agricultura relativas a 2017.

 "Durante este período — acrescenta – foi frequente a completa secagem de charcas e uma grande diminuição do nível das águas subterrâneas, com a consequente redução da disponibilidade de água para as culturas e para os animais". Entre as culturas afetadas negativamente pela seca estão os cereais, cuja produção em 2017 deverá ficar 8,1% aquém, em volume, da do ano anterior, "dado que, à exceção do milho, todos os cereais apresentam menor volume de produção". "A escassez de precipitação, associada a altas temperaturas, interferiu negativamente no desenvolvimento destas culturas, afetando a qualidade", nota o INE, estimando um decréscimo de 0,8% no preço no produtor para os cereais. Ainda assim, refere, prevê-se um acréscimo em volume da produção de milho (+4,2%), já que "o tempo quente e seco não afetou o desenvolvimento desta cultura em regime de regadio". Também prejudicadas pelas condições meteorológicas foram as plantas forrageiras, relativamente às quais se estima um decréscimo em volume (-14,1%), já que a "combinação de altas temperaturas e escassez de precipitação conduziu à antecipação do fim do ciclo vegetativo, com uma redução de matéria verde". 

"Em consequência, os produtores foram obrigados a antecipar o uso de alimentos conservados (fenos e silagens) e a recorrer a alimentos compostos para alimentar os animais", refere o INE, prevendo uma descida dos preços base de 4,3%. Quanto aos vegetais e produtos hortícolas, prevê-se um aumento em volume (+5,1%) devido, em particular, aos hortícolas frescos, com "destaque" para o tomate, que apresenta um aumento em volume de 4,5%, em "consequência das condições climáticas que permitiram a sementeira e desenvolvimento da cultura". No que respeita aos frutos, o INE perspetiva um "acréscimo significativo" em volume (+17,2%), consequência de uma maior produção de maçã, pera, pêssego, kiwi, frutos de baga e amêndoa, mas uma redução dos preços em relação ao ano anterior (-1,4%), em resultado de uma descida generalizada para todos os frutos, com exceção da maçã. Este ano a produção de kiwi foi "a maior de sempre", tendo atingido as 31 mil toneladas "como resultado do acréscimo de produtividade por hectare e, sobretudo, da entrada em plena produção das plantações recentes". 


Já o calibre dos frutos foi "menor do que o habitual, dada a excessiva quantidade de frutos por árvore, as altas temperaturas e a escassez de precipitação". Quanto às amendoeiras, apresentaram "uma quantidade substancial de frutos" e as previsões apontam para uma produção superior a 20 mil toneladas, uma subida de 255,0% face a 2016 e uma "situação única neste século". Em relação à produção de vinho, as estimativas apontam para um acréscimo nominal de 10,0% e, tendo a vindima sido feita com tempo seco, com uvas em "boas condições sanitárias, bem amadurecidas e com elevados teores de açúcar", são esperados "vinhos de qualidade superior". Já na produção de azeite é expectável um decréscimo de 9,3% da produção em volume e um aumento dos preços de base de 29,6%. 

Segundo o INE, se na campanha atual os olivais regados "atingiram a maturação da maioria dos frutos, perspetivando-se uma produção elevada (aumento de 15,0%)", nos olivais de sequeiro, que abrangem uma área maior, "a escassa precipitação de setembro e outubro, aliada às elevadas temperaturas, conduziu a uma produtividade inferior (queda precoce ou engelhamento dos frutos) e afetou negativamente o teor em gordura das azeitonas". Esta redução de oferta interna, aliada ao aumento de procura internacional (em consequência da redução da oferta dos países produtores e aumento de consumo a nível mundial) geraram um aumento de preços deste produto no ano de 2017. Globalmente, as estimativas do INE apontam para que a produção do ramo agrícola aumente este ano 4,0%, em termos nominais, traduzindo um aumento do volume (+3,9%) e uma estabilização dos preços base (+0,1%). Já a evolução dos preços no produtor (+0,6%) deverá ser atenuada por uma diminuição dos subsídios aos produtos (-16,0%).