quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Cortiça volta a conquistar quota no mercado global

Onze anos depois do funeral encenado em Nova Iorque, vendas de rolhas crescem


Procura renovada das rolhas de cortiça
D.R.
24/12/2012 | 12:01 | Dinheiro Vivo
A guerra é antiga e está longe do fim. Se é que alguma vez cortiça e
vedantes alternativos deixarão de esgrimir argumentos um contra o
outro, na tentativa de conquistar clientes. Uma batalha que fez mossa
na indústria portuguesa, líder mundial do setor, levando à perda de
vendas, ao desaparecimento de empresas e de postos de trabalho.
Mas muitos dos que anunciaram o recurso aos vedantes alternativos
estão de volta à rolha de cortiça, designadamente grandes produtores
do Novo Mundo vitivinícola, o território mais "amigável" dos
alternativos.
"Já começamos a ver sinais de inversão em países e mercados que
lideraram a promoção às 'screwcaps' (as tampas metálicas de rosca),
com o regresso anunciado por nomes como as caves Rusden Barossa e
Haselgrove, na Austrália, Klein Constantia, na África do Sul e
Rutherford, nos EUA", diz o responsável de marketing da Corticeira
Amorim. Carlos de Jesus lembra que a cortiça "nunca deixou de ser o
produto de eleição dos grandes vinhos", e aponta este posicionamento
"premium" como uma das questões que tem alavancado a recuperação de
vendas.
"Entre as 100 marcas de vinhos mais vendidas nos EUA, o valor médio de
uma garrafa com cortiça é 1,10 euros mais caro do que as que têm
vedantes artificiais, o que mostra que o consumidor está disposto a
pagar mais por uma rolha de cortiça", diz, citando um estudo da
Nielsen.
Portugal é responsável por metade da produção mundial de cortiça e por
mais de 60% das exportações totais do setor. Desde 2009 a 2011, as
exportações de cortiça cresceram mais de 15%, para 806,1 milhões de
euros. Este ano, de janeiro a outubro, as exportações cresceram 4,6%,
totalizando 717 milhões de euros. Recorde-se que o ano de ouro das
exportações de cortiça foi 2000, com 917 milhões de euros. As rolhas
representam cerca de 70% das vendas totais do setor para o exterior.
E como sabem que a cortiça está a recuperar terreno? "A indústria do
vinho cresceu cerca de 1,5%, nós estamos com crescimentos superiores
nas exportações de rolhas, obviamente estamos a ganhar quota. Isso
aconteceu em 2010, repetiu-se em 2011 e tudo indica que volte a
acontecer este ano", diz Carlos de Jesus.
A Corticeira Amorim é a líder mundial na transformação de cortiça,
sendo o maior produtor e fornecedor de rolhas de cortiça, com uma
produção anual de 3,6 mil milhões de unidades. A empresa exporta 95%
da sua produção, contando com uma carteira de 15 mil clientes e mais
de 100 países. A unidade de negócios de rolhas assegura 59% das vendas
totais da Amorim para o exterior.
A melhoria da performance técnica das rolhas é outro dos fatores que
sustentam a inversão de tendência, a par da sustentabilidade do setor,
assegurada pelo uso de um material 100% natural, reutilizável e
reciclável.

A investigação e desenvolvimento tem sido "determinante" para resolver
questões técnicas como o famoso TCA, vulgarmente designado por "gosto
a rolha". Só a Corticeira Amorim afeta, anualmente, cinco milhões de
euros a I&D, "parte significativa" dos quais se destinam ao negócio de
rolhas. "Temos um 'gas chromatograph', um aparelho muito citado na
série americana CSI, e fazemos 14 mil análises por mês. O valor
comercial de uma análise dessas num laboratório ronda os cem euros",
diz.

http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO082998.html?page=0

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