segunda-feira, 12 de outubro de 2015

FAO: Preços mundiais dos alimentos baixam graças aos cereais e óleos vegetais

09-10-2015 
 

 
Os produtos básicos agrícolas passam por um período de preços mais baixos e menos voláteis, segundo o documento "Perspectivas Alimentares" da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

Após de diversas subidas bruscas de preços entre 2007 e princípios de 2011, a maioria dos preços dos cereais e de óleos vegetais seguem uma tendência de constante descida, indica o documento em uma edição especial.

Entre as várias razões, encontram-se os altos níveis de stocks, os preços do petróleo muito mais baixos e a força renovada do dólar norte-americano, factores que é pouco provável reverterem a curto prazo, embora não se possa excluir vaivéns inesperados, como o impacto da meteorologia sobre as colheitas.

O Índice de Preºos dos Alimentos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) caiu para o seu mínimo de seis anos em Agosto. Os novos números, também publicados esta sexta-feira, mostram que subiu cerca de dois terços de um ponto percentual desde esse mínimo de Agosto, até os 165,3 pontos, o que supõe menos 18,9 por cento em relação ao ano anterior

«A leitura derivada é que, estatisticamente, as mudanças de comportamento mais recentes preveem um impulso para a baixa de preços com menor volatilidade», assinalam Adam Prakash e Frederike Greb, especialistas em produtos básicos da FAO, nas conclusões da informação.

A trajectória dos preços dos últimos anos, e que pode ser prevista no futuro, não são iguais para todos os grupos de alimentos. Os preços do arroz tendem a movimentar-se de forma independente de outros cereais, enquanto os do açúcar permanecem instáveis, tendo perdido e ganho mais de metade do seu valor em mais de 12 ocasiões desde 1990. Os produtos de carne e lacticínios ajustam-se à actual tendência mas, por tratar-se de bens mais perecíveis, fazem-no com um tempo de atraso.

Os cereais básicos são a base da tendência para a queda dos preços, como resultado de vários de colheitas abundantes em todo o mundo, assim como o armazenamento, que levou as reservas a atingirem níveis recorde. Estas estão a ser liberadas lentamente e é provável que as existências mundiais de cereais terminem a temporada de 2016 em 638 milhões de toneladas, menos quatro milhões em relação aos seus níveis de início, de acordo com as previsões na última Nota Informativa da FAO sobre oferta e a procura de cereais.

Entretanto, a projecção da produção mundial de cereais para este ano baixou 2.534 milhões de toneladas, menos seis milhões que o previsto no mês passado e 0,9 por cento abaixo do recorde de 2014, sobretudo devido à queda de produção de milho nos Estados Unidos da América (EUA), onde os preços caíram para metade desde Julho de 2012

Os preços baixos dos alimentos «parecem ser uma bênção para a segurança alimentar» e são para as famílias que destinam grande parte dos seus rendimentos na compra de alimentos, assinalam os autores.

De facto, espera-se que a factura mundial de importações de alimentos passe por uma queda em 2015, situando-se no seu nível mínimo dos últimos cinco anos, com uma descida de quase 20 por cento desde o máximo histórico em 2014.Esta queda, para a qual contribuíram substancialmente os cereais, lacticínios, carne e açúcar, foi também encorajada por uma descida nos custos dos fretes.

Assim, os autores da informação alertam que na hora de calcular as vantagens há também que ter em conta que os preços mais baixos reduzem os rendimentos dos agricultores. Margens reduzidas para os agricultores tendem a diminuir os investimentos nas explorações, cujas deficiências foram culpadas no passado em grande parte pelos bruscos aumentos de preços da última década. Os rendimentos baixos podem também criar incentivos para aumentar os investimentos na agricultura e serviços económicos rurais, que vão desde o crédito, passando pelas estradas até as instalações de armazenamento.

Enquanto a produção mundial é solida e os stocks permanecem altos, o volume de cereais comercializados a nível internacional estão a diminuir e as previsões situam-se em torno dos 364 milhões de toneladas para o período 2015/2016, de Julho a Junho, menos 2,9 por cento frente ao período anterior.

A tendência para uma queda vê-se impulsionada pelo trigo, sobretudo pelas menores importações da ásia, em especial da República Islâmica do Irão e do Norte de África e também devido aos cereais secundários, com uma menor procura por parte da Ásia, apesar de aguardar-se um aumento das importações, tanto de África como da Europa.

O comércio de mandioca, por seu lado, prevê-se um crescimento de 19 por cento e que alcance um máximo histórico devido, principalmente, à procura da China de uma matéria-prima mais barata para os sectores da alimentação, energia e indústria.

Fonte: Agrodigital

Sem comentários:

Enviar um comentário