quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O nome das coisas: o Decreto-Lei nº 96/2013 é a "Lei do Eucalipto Livre"

JOÃO CAMARGO



Esta lei simplifica plantações de eucaliptos, mas complica a plantação
de espécies florestais autóctones como o sobreiro, o castanheiro, o
carvalho ou a azinheira

15:18 Quarta, 27 de Novembro de 2013 |

Produção de Eucaliptos no viveiro de Espirra, o maior viveiro de
plantas florestais da Europa. Esta unidade dos Viveiro Aliança, do
grupo Portucel Soporcel, tem capacidade para criar 6 milhões de
plantas de eucalipto
Divulgação

A onomástica é o estudo explicativo dos nomes. Nos dias em que vemos o
significado das palavras perder-se, em que os nomes se vão desligando
do que significam, é importante realizar exercícios de onomástica para
chamar as coisas pelos seus nomes.

Por estes dias discutiu-se no Parlamento, na Comissão de Agricultura e
Mar, o Decreto-Lei nº 96/2013 , de 19 de Julho. Para aumentar a
confusão que este número de série produz na cabeça das pessoas, não
tem sequer um subtítulo. Discutido anteriormente como Regime das
Acções de Arborização e Rearborização, seria difícil explicar o que
ele faz através deste subtítulo. Mais difícil ainda é explicar que a
única importância decisiva e histórica deste decreto é liberalizar a
plantação de eucaliptos, pelo que o seu nome verdadeiro não poderia
ser outro que não "Lei do Eucalipto Livre".

Nesta Comissão Parlamentar estiveram várias organizações: de
produtores, de académicos, ambientalistas, de cooperativas, e até
empresas como a Portucel e a Altri. Algumas das entidades presentes
afirmaram que esta lei não era sobre o eucalipto, como defendeu o
próprio Secretário de Estado das Florestas, mais que uma vez, dizendo
que o decreto visava apenas acabar com a burocracia na floresta.

Mas a "Lei do Eucalipto Livre" tem exclusivamente que ver com
eucaliptos e com a liberalização da sua plantação. Senão vejamos: esta
lei simplifica plantações de eucaliptos, mas complica a plantação de
espécies florestais autóctones como o sobreiro, o castanheiro, o
carvalho ou a azinheira, que passa a ter que ser comunicada. Que
simplificação da burocracia é esta, quando passa a ter que ser
comunicada, por exemplo, a plantação de sobreiros no meio do montado
alentejano ou de carvalhos no Douro?

Os autores e os defensores desta lei afirmam que ela deixa de
discriminar o eucalipto em relação às outras árvores. Discriminar? A
espécie predominante da floresta portuguesa é uma espécie
discriminada? Alguém pode defender que uma espécie plantada em 812 mil
hectares, 8,9% da área do país, é uma espécie atacada? Afirmam ainda
que esta lei não liberaliza a plantação de eucaliptos, uma vez que a
comunicação prévia, que é um deferimento tácito à plantação de
eucaliptos, apenas se aplica a áreas arborizadas abaixo dos 2
hectares. Mas se observarmos objetivamente que mais de 80% das
propriedades florestais do país têm menos de 2 hectares de área ou que
o prédio rústico tem em média de 0,5 a 1,2 hectares, podemos concluir
que há um deferimento tácito para plantação de mais de 80% das
propriedades florestais do país com eucalipto.

É nas áreas de plantação de eucalipto e pinheiro desordenadas, como
aquelas que esta lei criará em grandes e contínuas extensões, que o
país mais arde, ano após ano. São estas áreas que a "Lei do Eucalipto
Livre" pretende continuar a expandir, entregando a floresta portuguesa
nas mãos da fileira da celulose, que não quer ter nenhuma
responsabilidade pela floresta e pela sua manutenção, ordenamento ou
equilíbrio, mas apenas a possibilidade de extração máxima de madeira
produzida pelos milhares de pequenos proprietários que arcarão com
todo o risco.

O relatório mais recente do Painel Intergovernamental para as
Alterações Climáticas aponta uma subida de temperatura global em cerca
de 4,8ºC. Para a Península Ibérica, este valor chega a uma previsão
máxima de aumento de 10ºC, sendo a previsão mínima de 1,5ºC no Verão.
Com uma área de eucaliptal desordenado em expansão, uma das maiores do
mundo, as consequências são claras, e por isso a "Lei do Eucalipto
Livre" é também a "Lei do Incêndio Livre".

A "Lei do Eucalipto Livre" está neste momento em apreciação
parlamentar na Assembleia da República. Esta é a altura de
participarmos e de nos manifestarmos acerca da mesma. É altura de
contactarmos os representantes eleitos e em particular a Comissão de
Agricultura e Mar , que é a primeira responsável pelo parecer que será
transmitido ao Plenário do Parlamento sobre esta lei. É altura de
contactarmos os deputados e deputadas dos vários grupos parlamentares:
Vasco Cunha, Jorge Fão, Abel Baptista, Mário Simões, Isabel Santos,
Manuel Isaac, João Ramos, Helena Pinto, José Luís Ferreira, Cristóvão
Norte, Fernando Marques, Luís Pedro Pimentel, Maria José Moreno, Nuno
Serra, Pedro Alves, Pedro do Ó Ramos, Pedro Lynce, Ulisses Pereira,
Fernando Jesus, Glória Araújo, Miguel Freitas, Renato Sampaio e Rosa
Maria Bastos Albernaz . Porque é importante que nos lembremos não
apenas do nome das coisas, mas também do nome das pessoas. Perante uma
lei que tem um impacte histórico desta dimensão, é importante darmos
os nomes certos às pessoas e às leis. Contactem os deputados da
Comissão através do site da Assembleia da República, neste link:
http://www.parlamento.pt/sites/COM/XIILEG/7CAM/Paginas/Composicao.aspx
.

Se esta lei for revogada, não será a garantia de que no futuro tudo
correrá melhor. Se esta lei não for revogada, temos a garantia de que
no futuro, na nossa floresta e no nosso território as coisas correrão
bastante pior. Se ela seguir avante, poderemos prever para o ano de
2113 importantes alterações onomásticas, e provavelmente os nomes
Silva, Pinheiro ou Carvalho terão perdido todo o significado. Talvez
na aldeia de Eucaliptal de Cima, o Sr. Eucalipto se venha a casar com
a Dona Fogo para tentar emigrar para o grande Deserto do Sul. Não
temos tempo a perder com confusões linguísticas.

Revogar é a única palavra que temos de associar a este decreto-lei.

http://visao.sapo.pt/o-nome-das-coisas-o-decreto-lei-n-962013-e-a-lei-do-eucalipto-livre=f759210

Assunção Cristas quer abrir mercados para produtos agrícolas na Argélia

26.11.2013 20:06

A ministra da Agricultura e Mar, Assunção Cristas, inicia hoje uma
visita à Argélia acompanhada de uma comitiva de 13 empresários
portugueses à procura de novos mercados para os produtos agrícolas e
pecuários nacionais.

O pretexto para a missão empresarial é a reunião dos 5+5, que junta
os países do Mediterrâneo Ocidental (França, Itália, Portugal, Espanha
e Malta), aos da margem sul (Argélia, Líbia, Mauritânia, Marrocos e
Tunísia), explicou à Lusa.

Assunção Cristas vai reunir-se com o seu homólogo argelino e pretende
assinar quatro protocolos para promover as relações comerciais com o
país magrebino: um, de âmbito agrícola geral, e outros três
direcionados para a veterinária e segurança alimentar, plantas e
quarentena vegetal e recursos florestais.

"É um trabalho muito relevante do ponto de vista político que depois
abre caminho ao trabalho técnico" que visa facilitar as exportações,
assinalou a ministra, acrescentando que atualmente a balança
comercial é favorável a Portugal.

Entre os setores que poderão ter maior recetividade junto do mercado
argelino apontou o da pasta de papel e outros produtos florestais, bem
como o dos animais e derivados, sublinhando que Portugal "tem cada
vez mais operadores que cumprem as regras 'halal'" (alimento
permitido para consumo dos muçulmanos).

http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2013/11/26/assuncao-cristas-quer-abrir-mercados-para-produtos-agricolas-na-argelia

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Deputado do PS questiona Governo sobre imigrantes na agricultura

07h41 - terça-feira, 26/11/2013


O deputado do PS eleito por Beja questionou os ministérios do Emprego,
da Agricultura e da Economia sobre os problemas dos trabalhadores
imigrantes na agricultura local.
Depois das autoridades competentes terem detectado alguns casos de
trabalhadores em situação ilegal e até mesmo alvo de "escravatura" no
Alentejo, Luís Pita Ameixa apresentou na passada semana, na Assembleia
da República, um requerimento onde pretende saber se os três
ministérios têm conhecimento, "em toda a sua extensão", da
"problemática laboral, social e cultural que os grandes contingentes
de mão-de-obra agrícola estrangeira que aportam, designadamente, ao
Baixo Alentejo, está a criar".
Pita Ameixa espera ainda que os ministros Pedro Mota Soares, Assunção
Cristas e António Pires de Lima lhe forneçam "os relatórios e estudos
que existam no Governo sobre esta matéria" e lhe revelem que "medidas
de política, de recepção e integração civilizada destes imigrantes o
Governo já promoveu ou projecta promover".
A posição do deputado socialista surge após os mais recentes casos de
imigrantes ilegais a trabalhar na agricultura alentejana, sobretudo na
apanha da azeitona, e já depois de Pita Ameixa, em Maio deste ano, ter
chamado a atenção do Governo "para as condições sub-humanas em que,
muitas vezes, são recebidos em Portugal" estes trabalhadores.
"Já em Maio deste ano eu tinha referenciado ao Governo que o
desenvolvimento agrícola do Baixo Alentejo estava a atrair
trabalhadores e suas famílias que não eram recebidos condignamente",
lembra Ameixa, defendendo que "o desenvolvimento económico só é
valioso se for instrumento de desenvolvimento social e cultural, e de
criação de condições de vida, e se estiver ao serviço das pessoas".
Nesse sentido, o deputado do PS reconhece que o Governo, através dos
serviços competentes, tem feito alguma fiscalização, que, contudo, se
tem revelado "insuficiente".
"O que se suscita como necessário é uma intervenção proactiva, no
âmbito das condições de trabalho e no âmbito das condições de estadia
e alojamento, tal como não se deve deixar de ter em atenção a família
dos trabalhadores, como é o caso, muitas vezes dos filhos desviados da
escola", conclui Luís Pita Ameixa.

http://www.correioalentejo.com/?diaria=10432&page_id=36

SISAB Portugal 2014 - A maior convenção mundial de produtos alimentares de Portugal

Estamos a três meses da 19ª edição do SISAB PORTUGAL que é já a maior
Convenção Mundial de Negócios do Sector Alimentar e Bebidas para
Exportação, mas que este ano vai superar todos os recordes das edições
anteriores.

Mais de 20 por cento de empresas expositoras portuguesas, mais de 30
por cento de compradores internacionais e mais de 25 por cento de
novos países e mercados compradores de produtos portugueses, são os
números que a organização garante desde já a três meses do evento.

No decurso da Convenção Internacional de Negócios de F&B, haverá ainda
a Feira com uma mega exposição onde estarão presentes as 500 maiores
empresas portuguesas de 28 sectores e representando mais de 5.000
produtos diferentes, com os seus decisores para que ao longo de três
dias todos os agentes económicos e compradores internacionais vindos
de mais de 100 países possam estabelecer contacto directo com esses
mesmos decisores de toda a indústria alimentar e bebidas de
reconhecida qualidade, diversidade e inovação.

Em paralelo com todo o evento haverá inúmeras acções de degustação,
complementadas com almoços e jantares confeccionados exclusivamente
com os produtos das empresas expositoras.

E porque no SISAB PORTUGAL tudo é pensado no sentido de facilitar os
encontros de negócios nos momentos de lazer e de maior descontracção,
serão ainda organizados dois grandes espectáculos exclusivos para os
participantes do evento, sendo o primeiro uma novidade absoluta que
reunirá pela primeira vez em palco, três grandes intérpretes
internacionais do Fado e da música portuguesa.

Desta forma o SISAB PORTUGAL transformou Portugal no centro do mundo
na área dos negócios do sector alimentar e bebidas fazendo com que
Portugal esteja na agenda dos grandes decisores de compras
internacionais.

Fonte: AICEP

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/11/26g.htm

"Insuficiências no quadro de execução do apoio específico à agricultura", afirmam os auditores da UE

TRIBUNAL DE CONTAS EUROPEU


Um relatório publicado hoje pelo Tribunal de Contas Europeu (TCE)
revela que não existem provas suficientes nos Estados-Membros da
necessidade ou pertinência das medidas instauradas ao abrigo do artigo
68º

Com a instituição do Regime de Pagamento Único em 2003, os
Estados-Membros passaram a poder manter até 10% dos seus limites
máximos nacionais da Política Agrícola Comum (PAC) para apoio
específico e, nomeadamente, continuar a aplicar determinadas medidas
de apoio aos agricultores associadas à produção. O âmbito deste apoio
específico foi alargado pelo artigo 68º do Regulamento (CE) nº
73/2009, que aumentou o número de objectivos ou actividades aos quais
pode ser concedida ajuda.

Vinte e quatro Estados-Membros decidiram utilizar o artigo 68º através
de uma série de 113 medidas substancialmente diversas. O orçamento
total relativo ao período de 2010-2013 ascende a 6,4 mil milhões de
euros. A auditoria foi realizada nos serviços da Comissão e em quatro
Estados-Membros que representam cerca de 70% da dotação orçamental
para as medidas em causa. Foram afectados 2 686 milhões de euros a
essas medidas para o período de 2010-2013, o que representa um pouco
mais de 40% do orçamento total relativo ao artigo 68º.

A auditoria permitiu constatar que o quadro instituído para garantir
que este apoio só é prestado em casos claramente definidos é
insuficiente. A Comissão tem um controlo limitado sobre a justificação
desses casos e os Estados-Membros dispunham de um amplo poder
discricionário relativamente à realização desses pagamentos. Na maior
parte dos casos, a Comissão não pode adoptar qualquer acção
juridicamente vinculativa e a única obrigação dos Estados-Membros
consiste em notificar a Comissão das decisões que tomam. Por
conseguinte, a execução das disposições previstas no artigo 68º nem
sempre esteve inteiramente em conformidade com a PAC e não existiam
provas suficientes da necessidade ou pertinência das medidas
instauradas ao abrigo desse artigo no que respeita à sua necessidade,
à eficácia e aos níveis de ajuda disponibilizada.

Notas aos directores das publicações:

O Tribunal de Contas Europeu (TCE) publica ao longo do ano relatórios
especiais apresentando os resultados de auditorias seleccionadas de
domínios orçamentais da UE ou de aspectos de gestão específicos.

Este Relatório Especial (RE nº 10/2013) intitula-se "Política Agrícola
Comum: O apoio específico prestado ao abrigo do artigo 68º do
Regulamento (CE) nº 73/2009 do Conselho é correctamente concebido e
executado?". O TCE examinou se a introdução do apoio previsto no
artigo 68º e a forma como foi executado em 2010 e 2011 (disposições de
gestão e de controlo) são coerentes com a Política Agrícola Comum
(PAC), se as medidas são necessárias, pertinentes e executadas em
conjunto com um sistema de controlo satisfatório.

A auditoria foi realizada nos serviços da Comissão e na Grécia, em
Espanha (Aragão, Galiza, Castela-Mancha), França e Itália (Emília
Romanha, Lácio), Estados-Membros que representam 68% da dotação
orçamental para o período de 2010-2013 e 73% da despesa orçamentada
para os dois primeiros anos. Os trabalhos incidiram sobre uma selecção
de 13 medidas: ajuda ao trigo duro (Grécia), ajuda às ovelhas/cabras
em zonas desfavorecidas (Grécia), novos direitos ao pagamento único em
zonas desfavorecidas ou montanhosas (Grécia), ajuda à rotação de
culturas em zonas não irrigadas (Espanha), ajuda ao sector leiteiro em
zonas desfavorecidas (Espanha), ajuda à carne de ovino/caprino
(Espanha), ajuda suplementar às proteaginosas (França), ajuda à
manutenção da agricultura biológica (França), ajuda às ovelhas/cabras
(França), seguro de colheitas (França), rotação de culturas (Itália),
melhoria da qualidade dos produtos agrícolas no sector bovino (Itália)
e seguros (Itália).

Além das insuficiências anteriormente salientadas, a auditoria revelou
que a execução das medidas de apoio ao abrigo do artigo 68º está
afectada por várias lacunas, como insuficiências nos sistemas
administrativos e de controlo criados com vista a garantir uma
execução correcta das medidas existentes. O mesmo se passa com os
sistemas de gestão, os controlos administrativos e os controlos no
local, nalguns casos apesar dos encargos, já significativos, ao nível
da gestão e do controlo. Estas lacunas, e outras delineadas no
relatório, deverão ser resolvidas no contexto da nova PAC, que
permitirá manter o apoio específico sob a forma de pagamentos
associados.

Com base nas suas constatações, o Tribunal recomenda que:

o apoio específico a determinadas actividades agrícolas deve assentar
numa interpretação rigorosa do disposto no artigo 68º e a concessão
desse apoio deve ser devidamente justificada à Comissão, que deverá
exercer a respectiva verificação;

a fim de poder ser responsável em última instância no âmbito do
sistema de gestão partilhada, a Comissão deve ter um papel mais activo
na definição dos critérios aplicáveis na execução das medidas;

deve exigir-se que os Estados-Membros demonstrem a necessidade de cada
medida de apoio específico que tencionem instaurar (em termos de
necessidade e de valor acrescentado de um método assente em
derrogações), a sua pertinência (em termos de disposições de execução,
critérios de atribuição e níveis de ajuda) e o facto de que cumpre os
critérios de boa gestão financeira.

Encontram-se outras recomendações no relatório e respectiva síntese,
disponíveis em www.eca.europa.eu.

Luxemburgo, 26 de Novembro de 2013

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/11/26d.htm

Rumo a uma nova polÍtica europeia de promoÇÃo dos produtos agrÍcolas e agroalimentares

NOV 21
LISBOA, PORTUGAL


LISBOA - A Comissão Europeia apresentou hoje um projeto de reforma da
política de informação e promoção dos produtos agrícolas e alimentares
europeus. Esta nova política de promoção, que beneficiará de um
orçamento reforçado e, a prazo, do apoio de uma agência executiva
europeia, pretende ser um verdadeiro instrumento de conquista dos
mercados. Sob o lema <<Enjoy, it's from Europe>>, a nova política tem
como objetivo ajudar os profissionais do setor a penetrarem no mercado
internacional e sensibilizar os consumidores para os esforços que têm
vindo a ser realizados em matéria de qualidade dos produtos, com base
numa verdadeira estratégia definida a nível europeu.

<<Num mundo em que os consumidores são cada vez mais sensíveis a
questões como a segurança, a qualidade e a sustentabilidade dos
métodos de produção alimentar, os agricultores e as pequenas e médias
empresas europeias têm aqui uma enorme oportunidade. O setor agrícola
e agroalimentar europeu é reconhecido pela qualidade dos seus produtos
e o respeito de normas que não têm equivalência no mundo. Com
exportações superiores a 110 mil milhões de euros, este setor tem
todas as potencialidades para se tornar um fator de dinamização do
crescimento e do emprego na União Europeia>>, afirmou Dacian Cioloş, o
Comissário europeu responsável pela Agricultura e o Desenvolvimento
Rural.

Esta proposta surge na sequência de um amplo debate iniciado em 2011
em torno de um Livro Verde (IP/11/885), a que se seguiu uma
Comunicação (IP/12/332). A proposta será agora transmitida ao
Parlamento Europeu e ao Conselho. Os principais elementos propostos
pela reforma são os seguintes:

· Aumento significativo das ajudas destinadas às medidas de informação
e promoção, a fim de reforçar a competitividade da agricultura
europeia. As ajudas europeias deverão passar gradualmente de 61
milhões de euros (orçamento de 2013) para 200 milhões de euros em
2020;

· Lançamento de uma estratégia europeia de promoção que permitirá
direcionar melhor as medidas de promoção. Os resultados esperados são
os seguintes:

· Aumento do número dos programas destinados a países terceiros e dos
programas multinacionais (programas apresentados por entidades de
vários Estados-Membros), graças a uma taxa de cofinanciamento mais
elevada para estas duas categorias: o cofinanciamento da UE passa a
ser de 60 % em vez de 50 %;

· No mercado interno, será colmatado o défice de conhecimento dos
consumidores sobre as qualidades dos produtos agrícolas europeus em
geral e dos produtos reconhecidos pelos sistemas europeus de qualidade
em particular;

· Alargamento do âmbito de aplicação das medidas:

· Possibilidade de menção da origem e das marcas dos produtos de forma
enquadrada

· Inclusão das organizações de produtores no grupo de beneficiários;

· Inclusão dos produtos agroalimentares transformados elegíveis para
os sistemas europeus de qualidade, como por exemplo as massas
alimentícias, no grupo de produtos elegíveis;

· Simplificação dos procedimentos administrativos através de uma
seleção a efetuar em apenas uma etapa pela Comissão Europeia, em vez
de duas etapas como acontece atualmente (Estado-Membro e, em seguida,
Comissão Europeia);

· Agilização da gestão dos programas elaborados conjuntamente por
entidades de vários Estados-Membros, através de um guichet único na
Comissão.

http://local.pt/rumo-a-uma-nova-politica-europeia-de-promocao-dos-produtos-agricolas-e-agroalimentares/

Governo dos aÇores abre concurso para eletrificaÇÃo de exploraÇÕes agrÍcolas no nordeste, em sÃo miguel

NOV 22
AÇORES, PORTUGAL


PONTA DELGADA – A Secretaria Regional dos Recursos Naturais, através
do IROA, autorizou a abertura do concurso para a execução da
empreitada que vai permitir a eletrificação de cinco explorações
agrícolas e uma área aproximada de 118 hectares de pastagem permanente
no Perímetro de Ordenamento Agrário de Nordeste, na ilha de São
Miguel.

A realização desta empreitada, inscrita na Carta Regional de Obras
Públicas, resulta da necessidade de promover a modernização das
explorações agrícolas beneficiadas.

A execução dos trabalhos, com um custo base estimado de 75 mil euros e
um prazo de execução de 180 dias, prevê a construção de um Posto de
Transformação de 160 kVA, nas Queimadas, dois ramais de baixa tensão,
numa extensão de 1.090 metros, e uma rede de média tensão, com 518
metros de comprimento.

No Perímetro de Ordenamento Agrário de Nordeste, em relação às
infraestruturas agrícolas, existem atualmente 27 quilómetros de
condutas de distribuição de água à lavoura, 18 reservatórios de
abastecimento, com uma capacidade de armazenamento de 1.525 m3, e 20
eletrificações agrícolas.

O reforço do investimento ao nível dos caminhos agrícolas, do
abastecimento de água à lavoura e de energia elétrica às explorações
agropecuárias da Região é uma das prioridades estabelecidas pelo
Governo dos Açores, no sentido de contribuir para a redução dos custos
de produção e melhorar as condições de trabalho e os rendimentos dos
profissionais do setor.

http://local.pt/governo-dos-acores-abre-concurso-para-eletrifica%E2%80%8Bcao-de-exploracoe%E2%80%8Bs-agricolas-no-nordeste-em-sao-miguel/

Incêndio florestal lavra com três frentes no concelho de S. Pedro do Sul

26 de Novembro, 2013
Perto de sete dezenas de bombeiros combatem no final da tarde de hoje
um incêndio florestal que lavra no concelho de São Pedro do Sul com
três frentes activas, avançou à Lusa fonte dos bombeiros.

De acordo com o comandante dos Bombeiros da Salvação Pública de São
Pedro do Sul, Eduardo Boloto, o incêndio teve início por voltas das
13:00, numa zona de floresta entre Nodar e Sequeiros, e chegou a
contar com sete frentes activas.

"A esta hora [18:15] temos três frentes activas, estando uma delas
praticamente dominada. O combate das chamas está a ocorrer no alto de
Covas do Rio, tendo uma das frentes mais de 800 metros", revelou.

No combate às chamas estão 65 homens, apoiados por 17 viaturas, que
encontram no vento o pior inimigo.

"Esperamos dominar o incêndio durante a noite. A nossa maior
dificuldade está a ser o vento que tem complicado o nosso trabalho no
terreno", acrescentou.

O comandante dos bombeiros de São Pedro do Sul informou ainda que não
há casas perto das chamas.

Lusa/SOL

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=93436

Sabugal Mulher morre em acidente com tractor agrícola

Uma mulher de 54 anos morreu hoje numa quinta do concelho do Sabugal,
devido a um acidente com um trator quando realizava trabalhos
agrícolas, disseram à agência Lusa fontes dos bombeiros.
PAÍS
Lusa
14:35 - 19 de Novembro de 2013 | Por Lusa


"A senhora estava no reboque do trator a espalhar estrume nos
terrenos, caiu e ficou entalada nos rodos elétricos [do equipamento
acoplado ao trator que procedia ao espalhamento do estrume]. Foi
preciso desencarcerá-la", contou Carlos Oliveira, adjunto do comando
dos Bombeiros Voluntários do Sabugal.

Segundo o responsável, quando os meios de socorro chegaram ao local do
acidente, que ocorreu pelas 11:00, na Quinta das Covas, a cerca de
cinco quilómetros de distância da cidade do Sabugal, já nada puderam
fazer para salvar a vida da vítima.

"Estivemos [os bombeiros], juntamente com a equipa da Viatura Médica
de Emergência e Reanimação (VMER), da Guarda, em manobras de
reanimação, mas não foi possível salvá-la", disse.

O trator agrícola envolvido no acidente era conduzido por um familiar
da mulher que faleceu, indicou Carlos Oliveira.

No local do acidente, para além dos Bombeiros Voluntários do Sabugal e
da VMER, estiveram elementos da GNR, indicou fonte do Comando
Distrital de Operações de Socorro da Guarda.

http://www.noticiasaominuto.com/pais/133240/mulher-morre-em-acidente-com-tractor-agricola

Ponte de Lima: Há cada vez mais procura de formação na área agrícola

23-10-2013




Há cada vez mais jovens interessados no regresso à agricultura. Muitos
deles vêm de outras áreas de formação e procuram uma especialização na
agricultura.

É isso mesmo que tem acontecido na Escola Superior Agrária do
Instituto Politécnico de Viana do Castelo, sedeada em Ponte de Lima,
que nos últimos três anos desenvolveu oferta formativa capaz de
responder às solicitações dos alunos que queriam aprender um pouco
mais sobre agronomia e sobre como gerir o negócio e de onde já saíram
empresários de sucesso no país e no estrangeiro.

José Carlos Santos, subdirector da ESA, garante que estas são boas
notícias que podem mudar o estado da agricultura do país, que no seu
entender, «caminhou para uma situação de abandono nas últimas
décadas».

O certo é que o Programa de Desenvolvimento Regional (Proder) tem
atraído muitos jovens para a agricultura, apoiando os seus projectos
de investimento na área, mas com a condição de terem formação na área
agrícola. «Como se tornou uma necessidade a nível formativo, a ESA
procurou responder com ofertas a esse nível e decidiu apresentar uma
candidatura também ao Proder para apoiar essa formação».

A candidatura foi aprovada e em 2011 a escola começava a ministrar
cursos de formação profissional em agricultura, de gestão de empresas
agrícolas e de orientação específica para a instalação de uma unidade
de produção. No total foram 15 cursos ministrados faseadamente, sendo
finalizados no início de 2013.

Mais de 70 por cento dos 243 formandos que já frequentaram as
formações na área têm formação superior, muitos deles em áreas muito
diferentes das que estão associadas ao mundo agrícola.

José Carlos Santos explica que estes cursos formativos foram dados em
diversos locais do país para além da ESA, a partir do contacto e da
parceria com associações do sector, desde Barcelos, a Cabeceiras de
Basto, Vila Real, Vila Verde, Viseu, Valença, etc.

Muitas destas pessoas procuraram obter esta formação com vista a
investir na criação do seu próprio negócio em áreas como a
fruticultura, viticultura, floricultura, nos pequenos frutos,
explorações de pequenos e grandes ruminantes, apicultura, entre outros
projectos que poderão ser igualmente apoiados pelo Proder.

«Não correspondendo este tipo de formação à nossa vocação primeira,
que é o ensino superior conferente de grau através de licenciaturas e
mestrados, o certo é que identificámos a necessidade de mercado na
formação profissional para jovens agricultores, à qual tentamos
responder com estes cursos», sublinhou o subdirector da Escola
Agrágria de Ponte de Lima.

«Com esta formação pretendemos contribuir para o desenvolvimento de
uma nova geração de empresários agrícolas, mais jovens e melhor
formados, de que a região e o país tanto precisam. Com ela visamos
contribuir também para o aparecimento de empresas agro-pecuárias ou
outras empresas de base rural, que sejam mais sólidas e sustentáveis,
e sobretudo que sejam capazes, no curto, médio e longo prazo, de
assimilar os técnicos superiores formados através dos nossos cursos de
licenciatura e de mestrado».

Entretanto subiu o número de interessados nestes cursos e a ESA voltou
a concorrer aos apoios do Proder para ministrar formação na área a
mais outros 500 jovens, que aguardam ansiosamente poder frequentá-la o
quanto antes, mas que estão impossibilitados até agora porque o
financiamento ainda não chegou. «Estamos desde Março à espera de uma
resposta», disse José Carlos Santos, afirmando que «a agricultura pode
e deve, de facto, ser um factor de atractividade alternativo», disse.

«Consideramo-nos agentes fundamentais no desenvolvimento das regiões
onde nos inserimos, por sermos instituições indispensáveis à
necessária formação avançada dos seus recursos humanos, formação de
que o país tanto carece, e cujos níveis são bem inferiores aos dos
demais países europeus parceiros. Privilegiamos uma ligação estreita
com o tecido empresarial local e regional, que se consubstancia
através de inúmeras parcerias, protocolos e trocas de conhecimentos».

Fonte: Correio do Minho

http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia47621.aspx

Lucros do calçado impulsionam investimentos no kiwi e na vinha em Felgueiras

22-11-2013 18:03 | Norte
Fonte: Agência Lusa

Felgueiras, 22 nov (Lusa) - Os lucros da indústria de calçado de
Felgueiras estão a acelerar o investimento de vários industriais
daquele concelho no setor agrícola, sobretudo vinha e kiwis, declarou
hoje à Lusa um diretor da cooperativa agrícola local.

"O bom momento da indústria de calçado está a alavancar a nossa
agricultura", afirmou Rui Pinto.

O vice-presidente da Cooperativa Agrícola de Felgueiras explicou que
os lucros dos industriais, que decorrem do bom momento do setor do
calçado, são sinónimo de uma maior capacidade de investimento,
"condição essencial para se apostar em culturas como a vinha e os
kiwis".

Dizendo à Lusa não ter, em concreto, a dimensão do investimento dos
últimos anos realizado no concelho, avançou, porém, que a área de
produção de kiwi duplicou, o que se traduz num investimento de cerca
de 30.000 euros por hectare.

Este ano, a produção de kiwi entregue na cooperativa agrícola foi de
cerca de 600.000 quilos, o que corresponde a 200 hectares de área de
produção, repartidos por cerca de uma centena de agricultores
associados. Contudo, a cooperativa estima que, dentro de dois anos,
quando as mais recentes plantações começarem a dar fruto
comercializável, a produção possa chegar aos 1,5 milhões de quilos.

Rui Pinto ressalvou, por outro lado, que o kiwi entregue na
instituição é menos de metade do total da produção do concelho, o que
garante a Felgueiras, disse, a posição cimeira na produção nacional
daquele fruto.

O vice-presidente da cooperativa afirmou não ter dúvidas que em 2015 o
concelho possa estar a produzir cerca de cinco milhões de quilos por
ano de kiwi, satisfazendo a crescente procura dos mercados externos
que absorvem atualmente mais de 80% do kiwi com origem em Felgueiras.

"O investimento inicial nesta cultura é elevado, mas o retorno
também", anotou, explicando o interesse de tantos investidores.

Mas se no kiwi se verifica um aumento significativo da área de
produção, na vinha o cenário é diferente, com alguma estabilidade
nesse domínio, apesar de também estar a beneficiar da capacidade de
investimento dos industriais de calçado. O diretor da cooperativa
agrícola explicou que o investimento tem-se traduzido na aposta de
mais meios e melhores tecnologias, com evidentes vantagens no aumento
das capacidades de produção das explorações vitícolas.

Como exemplo, avançou que em 2013 a produção aumentou cerca de 20%,
atingindo os 4,8 milhões de litros de vinho verde, a partir das uvas
de 900 produtores.

Além do aumento quantitativo, os melhores meios postos à disposição
das explorações também se refletem numa melhor qualidade do produto
final, o vinho, fator que, segundo Rui Pinto, está a alavancar o
aumento das exportações da cooperativa agrícola.

Esse acréscimo, observou ainda, explicam os ganhos nos volumes de
faturação, que este ano devem atingir 8,5 milhões de euros.

APM // MSP

Lusa/fim

http://portocanal.sapo.pt/noticia/11580/

Novo método permite identificar castas de videiras através de uma imagem

Lusa22 Nov, 2013, 18:13

Investigadores da Universidade de Vila Real desenvolveram um novo
método "mais rápido, económico e fácil" que identifica castas das
videiras através da captura de imagens hiperespectrais da folha da
planta.

"O que nós fizemos foi simplificar todo o conjunto de metodologias que
já existiam e fazer a identificação através de uma simples imagem.
Ganhamos em rapidez e em custos", afirmou hoje à agência Lusa o
investigador Pedro Melo-Pinto.

O projeto foi desenvolvido pelo Centro de Investigação e de
Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), da Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em colaboração com a universidade
espanhola de La Rioja.

O novo método recorre à captação de imagens das folhas das videiras
através de uma câmara hiperespectral, que depois são analisadas
através de uma aplicação informática.

"É um processo simples e automático, através de uma câmara
hiperespectral, que mede comprimentos de onda, captamos o espetro da
planta e passamos essa informação para o software, que converte os
dados utilizando métodos matemáticos avançados e permite identificar
variedades de videira", explicou.

A imagem captada fornece mais informação do que uma fotografia normal.
"Em vez de vermos três frequências, (verde, azul e vermelho,) vemos
mil bandas de comprimentos de onda, o que nos oferece, além de mais
dados, mais precisão e rigor", acrescentou ainda.

Até agora, a identificação das castas era feita através da
ampelografia, que estuda as variedades base na descrição morfométrica
das características dos vários órgãos da planta, como a forma e
coloração das folhas, dos cachos e bagos de uva, ainda de processos
químicos baseados em isoenzimas e análises de ADN.

"Qualquer uma destas técnicas traz custos diretos através da própria
tecnologia, como seja o laboratorial e o problema dos recursos humanos
e especializados que estão envolvidos", referiu Pedro Melo-Pinto.

Para além disso, são ainda, segundo o responsável, "métodos mais
demorados e que não permitem uma identificação rápida de um grande
número exemplares".

Apesar do novo processo ainda estar em fase de desenvolvimento, o
investigador salientou que a "vantagem e a ideia é que possa chegar
mais próximo dos interessados", ou seja, que possa ser acessível a,
por exemplo, qualquer viticultor.

Pedro Melo-Pinto destacou ainda como vantagens a possibilidade de
detetar rapidamente castas proibidas em determinadas regiões
vinícolas, averiguar a autenticidade de plantas compradas, para
assegurar práticas de corte adequadas à variedade, para estimar os
exemplares existentes ou os preços.

Nesta primeira fase, o método está preparado para identificar três
castas, nomeadamente a Tempranillo (tinta Roriz) e a Grenache e a
Cabernet Sauvignon, cuja utilização é proibida para fazer vinhos na
região de La Rioja.

O objetivo é que depois se evolua lentamente para outras castas.

Este projeto insere-se numa estratégia mais geral do CITAB de
desenvolver tecnologias avançadas baseadas em imagens para os setores
agroflorestal e ambiental.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=697848&tm=6&layout=121&visual=49

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Produtos DOP Não há no mundo outros iguais

ALEXANDRA PRADO COELHO

São únicos. Só têm aquele sabor porque nasceram naquela paisagem. São
produtos DOP (Denominação de Origem Protegida) ou IGP (Indicação
Geográfica Protegida). Ajudam os territórios a que pertencem, criam
emprego, são trunfos para o turismo. Mas valorizamo-los pouco e
conhecemo-los mal. Fomos ao Nordeste Alentejano e a Trás-os-Montes,
duas das regiões com mais DOP e IGP, para perceber por que uns são um
sucesso e outros estão a desaparecer. E para conhecer pessoas que os
estão a tentar salvar

Foi em 1995 que Carla Alves se mudou para Vinhais, em Trás-os-Montes.
Chegou com uma missão: recuperar uma raça de porcos que estava
praticamente extinta, o porco bísaro. "Sabia que havia apenas duas
raças autóctones de porcos em Portugal, o bísaro e o alentejano, mas a
década de 90 foi a das grandes suiniculturas intensivas e essas raças
estavam a desaparecer", conta esta engenheira zootécnica cheia de
energia.

Pôs-se então à procura, tentando localizar alguns animais. "Não havia
produtores. Começo a correr o país à procura do porco bísaro que ainda
pudesse existir e encontro alguns exemplares nas aldeias mais
escondidas de Vinhais, de Bragança. Quando perguntava aos donos por
que é que ainda tinham aquele porco, diziam-me que o guardavam porque
era bom, e era o que eles comiam." E assim, a partir desses poucos
animais, começou um trabalho de recuperação da raça, que hoje já tem
mais de 3000 porcas reprodutoras e que foi certificada como DOP
(Denominação de Origem Protegida).

Enquanto Carla nos conta a sua história, ouvem-se atrás de nós os
grunhidos de uns enormes e rosados porcos de raça bísara, com as
características manchas negras e orelhas caídas por cima dos olhos.
Estamos no Parque Biológico de Vinhais, situado no Parque Natural de
Montesinho, onde existem exemplares das várias raças autóctones de
Portugal. Em frente ao local dos porcos bísaros, estão javalis, do
outro lado vacas, ao fundo veados.

A ideia de criar um parque biológico surgiu na sequência do sucesso do
trabalho com o porco bísaro. Mas para o entender é preciso saber outra
coisa sobre Vinhais: esta é a capital do fumeiro e aqui realiza-se uma
concorrida Feira do Fumeiro. Foi, aliás, a preocupação com a qualidade
dos produtos que se vendiam na feira que levou a câmara municipal a
apoiar o projecto do porco bísaro. Carla Alves explica: "A feira, que
existe desde 1981, tinha cada vez mais gente, vendia-se o salpicão a
dez contos o quilo, mas ninguém controlava a qualidade do produto e a
câmara estava preocupada."

PAULO PIMENTA

CHOURIÇA DE CARNE DE VINHAIS IGP

FOTO: MIGUEL MANSO

Também conhecida como linguiça de Vinhais, é um enchido de carne e
gordura de porco de raça bísara, ou cruzamento desta raça, cheia em
tripa delgada de porco ou de vaca. A carne e a gordura são
condimentadas com sal, vinho tinto ou branco da região, água, alho,
colorau e louro. Deve consumir-se crua, assada ou cozida, dependendo
do tempo de cura. É um dos enchidos do Fumeiro de Vinhais, que inclui
vários produtos IGP. Todos estes enchidos são feitos com porco da raça
autóctone bísaro, com uma alimentação natural, nomeadamente a
castanha, que existe em grande quantidade nesta região de
Trás-os-Montes. A cura é feita num fumeiro tradicional, em casas da
região, que certificaram os seus fumeiros, mantendo contudo os métodos
artesanais. Foi esta ligação com os enchidos certificados que permitiu
a recuperação da raça de porco bísaro, que estava praticamente extinta
em Portugal.

No tal ano de 1995, Carla instaurou um controlo de qualidade sobre os
produtos de fumeiro, com uma prova do melhor salpicão e uma análise
sensorial que permitia ter um retrato da qualidade do produto que
estava na feira. Conclusão? "Havia um problema claro, que era o uso de
matéria-prima de qualidade inferior. Não se pode fazer um produto de
qualidade, tradicional, que até pode ser fumado à lareira, temperado
como se fazia há 100 anos, se a matéria-prima de base não for de
qualidade. É estar a fazer omoletes sem ovos."

A solução era voltar a fazer o fumeiro tradicional com porco bísaro,
como no passado. Mas com meia dúzia de porcos espalhados por aldeias
longínquas era difícil. Começou então o esforço de convencer os
produtores a deixarem outras raças — as estrangeiras — mais rentáveis
e a voltar ao bísaro. "Não foi fácil. Pensei que a única maneira de
dar uma mais-valia às pessoas para criarem o bísaro era pedir a
protecção comunitária para os produtos de fumeiro." Com a luz verde da
União Europeia, nasceram assim o Fumeiro de Vinhais IGP (Indicação
Geográfica Protegida) e o Porco Bísaro DOP.

A partir daí, um produtor que queira vender os seus produtos sob a
designação Fumeiro de Vinhais fica obrigado a cumprir uma série de
regras, entre as quais a da utilização de porco da raça bísara. Uma
recente boa notícia para os produtores que arriscaram apostar nestes
animais é a de que um dos produtos mais conhecidos de Trás-os-Montes,
a alheira de Mirandela, que tinha apenas protegida uma receita, sem
área geográfica delimitada, vai passar a ser uma IGP e para isso tem
de usar produtos locais, desde o azeite transmontano ao porco bísaro.
Mais uma opção de escoamento para uma carne que nos últimos anos fez
duas conquistas importantes: a classificação DOP e a ligação a
produtos com sucesso comercial.

Esta é uma história de sucesso de um DOP. Mas nem sempre é assim. Os
produtos DOP ou IGP têm um discreto selo azul e amarelo que os
identifica como tal. Não é fácil reparar no selo e há muitos
consumidores que nem sequer conhecem a palavra DOP ou não sabem o que
significa. E, no entanto, estes produtos são especiais, pertencem a um
território que lhes dá características únicas, são portugueses e, mais
do que isso, são alentejanos, transmontanos, minhotos, açorianos,
ajudam a manter gente a trabalhar nessas regiões, transformam um
território num sabor.

Não há outros iguais, portanto — mas não os valorizamos o suficiente.
Em muitos casos, estamos a perdê-los. Quando desaparecem, é muito
difícil recuperá-los novamente. Tal como existem línguas que se perdem
para sempre, quando se perde um produto destes perde-se um sabor, uma
ligação a um território, um pedaço de cultura. Pode fazer-se alguma
coisa para evitar isso? Pode — é o que dizem as pessoas que conhecem
bem esta realidade.

A ideia de fazer uma reportagem sobre produtos DOP começou com um
convite da empresa Terrius para uma iniciativa chamada Sabores do Alto
Alentejo na sua Cozinha. Rita Beltrão Martins, da Terrius, explicou
que não se tratava de promover apenas os produtos com maior
visibilidade que esta empresa produz: os cogumelos. A operação
envolvia vários produtos do Alto Alentejo, tanto DOP como IGP, que
resolveram juntar forças.

Chegámos a Évora para ver que receitas é que António Nobre, o chef do
Hotel M'AR De AR, criou juntamente com outros chefs convidados. As
mesas encheram-se de pratos nos quais os cozinheiros usavam os
cogumelos desidratados ou a farinha de boletos da Terrius, mas também
a Carnealentejana DOP, o Queijo de Nisa DOP, o Mestiço de Tolosa IGP,
a Castanha de Marvão DOP, a Maçã de Portalegre Bravo de Esmolfe IGP, o
Borrego do Nordeste Alentejano IGP ou os Enchidos de Portalegre IGP.

A esta acção no Alentejo juntaram-se outras, no Algarve, em Lisboa e
no Porto, que, no final, darão origem a um livro de receitas que
ensinam a usar, de forma criativa, estes produtos. É um esforço, mas
um esforço que os produtores acham que vale a pena fazer porque ajuda
à promoção, algo que, queixam-se todos, o Estado português não faz.

TIAGO MACHADO

CASTANHA DE MARVÃO-PORTALEGRE DOP

FOTO: MIGUEL MANSO

É proveniente da área geográfica que abrange os concelhos de Marvão,
Castelo de Vide e Portalegre. São castanhas obtidas a partir do
castanheiro, das variedades Bárea (cor castanho-escuro), Clarinha
(castanho-claro brilhante) ou Enxerta e Bravo (castanho avermelhado
brilhante). O caderno de especificações da certificação determina
regras para as condições de produção, colheita e acondicionamento do
produto. As três variedades têm um sabor característico, sendo a Bárea
um pouco acre, a Clarinha considerada a mais saborosa e a Bravo a quem
tem maior percentagem de humidade. A castanha DOP estava a perder-se
porque, devido ao seu calibre mais pequeno, não é comprada pelas
grandes superfícies e os produtores estavam a abandonar a produção.
Até que a empresa Terrius decidiu apostar nela e valorizá-la, tendo
como base precisamente a certificação.

A história da Terrius é muito mais recente que a do porco bísaro, mas
representa também uma esperança para os produtos protegidos. Criada há
dois anos, a empresa de Rita Beltrão Martins e António Martelo decidiu
apostar numa zona que, dizem, tem características únicas e representa
"uma das maiores reservas de biodiversidade da Península Ibérica", a
serra de São Mamede. Para além de se dedicar à produção de cogumelos
saprófitas em troncos de madeira, a Terrius quer recuperar dois frutos
da região, que foram classificados como IGP e que estavam em risco de
se perder por falta de produção: a Castanha de Marvão e a Maçã Bravo
de Esmolfe.

Mas não é fácil, explica António Martelo. "As grandes superfícies não
querem a castanha DOP, que é melhor, mais saborosa e chega ao ponto de
ser mais barata, mas é mais pequena. Estamos a colocá-la mais barata
que a francesa, que é uma híbrida, mas é maior, mais vistosa e que não
tem nada que ver com a nossa tradição de castanha. O problema é que as
pessoas pagam não pela qualidade mas pelo calibre, pelo que é mais
bonito na prateleira."

Lançaram-se neste projecto por convicção e teimosia. Saímos de
Portalegre para subir à serra onde se vêem grandes castanheiros,
carregados de castanhas. "A castanha de Marvão sempre foi muito
descurada, nunca ninguém ligou muito a este microclima da serra. O
processo esteve praticamente abandonado, quase em vias de desaparecer
por falta de produção." E, no entanto, garante António, "a castanha
pode vir a ser muito importante para a região. Nós compramo-la aos
produtores, assumimos e custo da certificação e valorizamo-la [a
Terrius também vende a castanha desidratada ou em farinha, tal como a
maçã, o que permite diversos tipos de utilizações durante todo o ano e
não apenas na época destes frutos]. Somos persistentes, vamos aos
sítios, a feiras nacionais e internacionais, pressionamos, tentamos
vender um produto que é diferente".

Rita acredita que esta valorização lhes permitirá chegar a outros
mercados. "A castanha tem uma área de produção mundial muito reduzida
face à procura que existe e nós vemos a certificação como uma vantagem
para chegar a mercados que valorizam o produto, desde o Norte da
Europa ao Brasil, passando pelo Médio Oriente. Os chineses não tiveram
sorte na produção de castanha e, quando o mundo prova a castanha dos
produtores tradicionais e a chinesa, não há qualquer comparação."

A maçã exige ainda mais trabalho. "Só existe Maçã Bravo de Esmolfe em
Penalva do Castelo e na serra de São Mamede, mas a daqui é pouca e tem
um preço menos competitivo." Mas se em relação a estes dois produtos
há sinais que permitem algum optimismo, existe um outro produto da
serra de São Mamede que a empresa tentou trabalhar mas que parece não
ter futuro: a Cereja de São Julião IGP.

A Cereja de São Julião é o exemplo de um produto que, apesar de
protegido, parece condenado. António é taxativo: "A cereja vai acabar.
É óptima para transformação, doces ou licores por exemplo, mas é muito
pequena e não há ninguém que a compre. Em termos de intensidade de
sabor, é excelente, mas vai desaparecer." Maria João Valentim, da
Agricert, empresa que faz a certificação de produtos na região,
reforça a ideia: "As pessoas preferem a cereja carnuda e os
agricultores vão substituindo a de São Julião por outras variedades
exóticas, que têm maior produtividade e rendimento. Estes produtos
deviam estar a ser vendidos a nível local, mas as pessoas não têm
outros sítios para os colocar a não ser as grandes superfícies. Mesmo
as lojas gourmet têm uma absorção limitada deste tipo de produtos."

TIAGO MACHADO

MAÇÃ DE PORTALEGRE IGP

FOTO: MIGUEL MANSO

Fruto da macieira, variedade Bravo de Esmolfe, e proveniente da área
geográfica que abrange os concelhos de Marvão, Castelo de Vide e
Portalegre. Tem um sabor e aroma característicos que resultam das
condições endafo-climáticas da região de produção, neste caso a serra
de São Mamede. Tal como a castanha da mesma região, a produção da maçã
estava em queda, porque os produtores tinham dificuldade em colocá-la
no mercado e em valorizá-la. A empresa Terrius decidiu agarrar neste
produto IGP e comercializá-lo. A variedade Bravo de Esmolfe só existe
em Portugal em Penalva do Castelo e na serra de São Mamede, mas nesta
última a produção é muito inferior e por isso a fruta chega ao mercado
com um preço menos competitivo. Geralmente, os supermercados valorizam
a Bravo de Esmolfe, colocando-a num espaço separado, precisamente
porque é valorizada pelos consumidores e atinge preços mais altos do
que as outras variedades.

Em risco (embora muito menor) está o Borrego do Nordeste Alentejano.
Maria Vacas de Carvalho, da Natur-al Carnes, Agrupamento de Produtores
Pecuários do Norte-Alentejo (que tem também a marca Carnealentejana)
explica porquê. "Tem a concorrência dos borregos importados dos países
da Commonwealth a preços de saldo e não tem hipóteses. Os produtores
começam a produzir cada vez menos." Até porque há uma distorção.
"Quando vemos a indicação 'borrego nacional', quer dizer que os
animais foram abatidos em Portugal. Basta ser abatido cá para se dizer
que é nacional. É uma concorrência desleal."

A isto soma-se (ainda) mais um obstáculo: "Podíamos pensar na
exportação, mas o caderno de especificações diz que a carne não pode
ser congelada, tem de ser fresca, portanto tem um prazo de consumo
muito pequeno", explica.

É assim com muitos produtos que ao longo dos últimos anos foram sendo
certificados em Portugal. "Há dez, quinze anos houve o grande boom das
DOP, ligado a uma vontade de proteger, de fazer melhor, de aumentar o
número de produtores", explica Rita Beltrão Martins. "Quinze anos
depois temos DOP abandonadas porque não são exequíveis [deixaram de se
produzir, por exemplo, produtos como a Azeitona Negrinha de Freixo ou
o Melão da Vilariça], outras que têm muito sucesso e algumas que estão
no meio."

Esta conversa acontece durante um almoço no restaurante
Carnealentejana, em Lisboa, marca que é precisamente um dos exemplos
de uma DOP de sucesso. Para além de o restaurante servir como montra
desta carne de bovinos que se alimentam no campo, movimentando-se à
vontade e que estão inscritos no livro genealógico da raça bovina
alentejana, funciona também como loja onde se pode comprar tanto a
carne como vinhos, azeites e outros produtos dos associados. Aqui se
percebe que ter o símbolo DOP não é suficiente e que é preciso uma
estratégia (e alguma capacidade económica) para posicionar estes
produtos no mercado — outro exemplo é o do Presunto de Barrancos, da
Casa do Porco Preto, que tem um espaço destacado no supermercado do El
Corte Inglês, onde funcionários dão a provar o produto e explicam por
que se trata de uma DOP.

Outra possibilidade seria o próprio Estado assumir que a defesa dos
DOP e IGP é do interesse nacional, porque não se trata apenas de
garantir a manutenção de um determinado processo de fabrico (que, se
não gerasse riqueza poderia simplesmente ser preservado num museu) mas
sim de manter actividades que criem emprego e permitam às pessoas
continuar no território. Esta é, afinal, uma das principais funções
das DOP.

Subimos novamente até Trás-os-Montes para ouvir outra história, a do
Cabrito e Queijo de Cabra Transmontano. "Antigamente não havia
queijarias, eram os produtores que fabricavam o queijo nas suas casas.
Quando nos anos 90 se criaram as DOP, a cooperativa Leicras formou uma
queijaria própria, que recolhe leite de cerca de 70 cooperantes",
conta Inácio Neto, técnico de queijo. "A grande vantagem é que esta
organização faz chegar o dinheiro aos produtores. Se não fosse assim,
não havia queijarias."

A certificação destes dois produtos fez travar o processo que poderia
levar à decadência do cabrito e do queijo. "Há 12 anos tínhamos em
Trás-os-Montes 13 mil animais de raça serrana no livro genealógico.
Neste momento, continuamos a ter 13 mil. Não houve diminuição." Mas
também não há um rejuvenescimento dos produtores. "A nova vaga dos
agricultores ainda não chegou aqui", lamenta Inácio Neto.

PAULO PIMENTA

QUEIJO DE CABRA TRANSMONTANO DOP

FOTO: MIGUEL MANSO

É um produto ligado ao cabrito de raça serrana, que é um cabrito de
leite abatido entre os dois e os três meses. As cabras têm uma
alimentação de percurso (ou seja, comem o que a natureza lhes dá). O
queijo é exclusivamente feito com o leite cru desta cabra serrana e
tem de ter no mínimo 60 dias de cura. A partir daí pode ter uma cura
mais longa, conforme o gosto (quanto mais cura tem, mais se acentua o
travo ligeiramente picante). É um queijo relativamente pequeno, com um
peso aproximado de 800 gramas. Tem uma massa semidura a extradura
(dependendo também do tempo de cura). O leite é recolhido por uma
cooperativa, a Leicras, que tem uma queijaria própria e trabalha com
perto de 70 produtores. A época do leite é sobretudo entre Março e
Agosto, e durante o resto do ano a produção cai. Metade da produção é
consumida na região, 48% é distribuída em Lisboa, Porto, Algarve, e 2%
é para exportação.

Uma das grandes preocupações de António Branco, presidente da Câmara
de Mirandela e presidente da Associação de Olivicultores de
Trás-os-Montes, é precisamente a desertificação do interior, mas, diz,
"a agricultura é o único sector em que há alguma regeneração
geracional, com jovens que pegam nas explorações numa perspectiva
diferente, de multidiversidade". Dá como exemplo o caso de três jovens
que se lançaram na agricultura a produzir vinho, azeite, azeitona de
mesa, amêndoa, fumeiro, "uma produção diversificada que lhes dá alguma
sustentabilidade".

Isto é importante, sublinha, porque a estabilidade produtiva é uma das
dificuldades em Trás-os-Montes, onde, para além da castanha, que é um
"produto emergente" e em crescimento, os sectores mais prósperos são o
vinho e o azeite. O vinho é, aliás, por todo o país, o produto com
denominação de origem com maior sucesso — a uma distância muito
considerável de todos os outros.

"Isso deve-se a um conjunto de factores, o primeiro dos quais é a
maturidade. Portugal tem uma Denominação de Origem (DO) que data de
1756 [a do Vinho do Porto, no Douro] e várias restantes (Vinhos
Verdes, Dão, Colares) que datam de 1908. É um modelo de organização
cuja implantação está bem definida", afirma Manuel Pinheiro,
presidente da Andovi. Além disso, "a produção de uva, vinho e a
respectiva exportação tem e sempre teve um grande relevo económico" e
só no caso dos Vinhos Verdes, por exemplo, "há 22 mil viticultores a
produzir com DO".

Ninguém é obrigado a produzir vinho com denominação de origem, claro,
mas "a maior parte opta por isso, sobretudo nas regiões em que as DO
são mais fortes, uma vez que essa classificação agrega valor ao
produto, valor esse que o consumidor reconhece no preço final". O
resultado é que um vinho com DO atinge um preço mais elevado tanto em
Portugal como no mercado externo.

Mas o que significa exactamente ter uma DO (sendo que, no caso dos
vinhos, a denominação não obriga a que se usem exclusivamente castas
nacionais, sobretudo nas regiões mais jovens, que admitem castas
vindas de França, como a Cabernet Sauvignon)? Significa que nenhum
vinho pode ser vendido como sendo "do Alentejo", "do Douro" ou "do
Dão", por exemplo, se não for certificado (e esta regra aplica-se
também às divisões nas prateleiras dos supermercados).

Manuel Pinheiro não tem dúvidas de que no caso do vinho as DO são uma
enorme vantagem. "No mercado nacional, os vinhos certificados
representam mais de 50%", embora "o cenário de crise económica tenha
feito aumentar a quota de mercado dos vinhos de mesa simples, sem DO".

É, contudo, no mercado internacional que o valor DO é maior. "Portugal
não tem marcas mundiais. E, porém, tem DO que são marcas mundiais",
diz o responsável da Andovi. "O Vinho do Porto e o Vinho Verde são
marcas reconhecidas mundialmente. Outros vinhos, como os do Alentejo,
Dão e Tejo começam a sê-lo. Por exemplo, o valor da marca Alentejo no
Brasil é impressionante. Estão, pois, as DO a funcionar como
cartão-de-visita dos vinhos nacionais cujas marcas seriam demasiado
pequenas para poderem ganhar o reconhecimento do mercado."

PAULO PIMENTA

AZEITE DE TRÁS-OS-MONTES DOP

FOTO: MIGUEL MANSO

São azeites frutados, com aromas de fruta fresca, baixa acidez, e que
se distinguem dos outros azeites portugueses por serem mais amargos e
picantes. São indicados para tempero em cru, sobretudo para grelhados,
mas funcionam bem também para fazer sobremesas, por exemplo. As
variedades autorizadas para o azeite DOP nesta região são a Verdeal
Transmontana, a Madural, a Cobrançosa e a Cordovil. A área geográfica
de produção está circunscrita aos concelhos de Mirandela, Vila Flor,
Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Vila Nova de Foz Côa, Carrazeda
de Ansiães. Nos últimos anos, tem sido desenvolvido um grande trabalho
para profissionalizar a produção de azeite em Trás-os-Montes, criar
melhores condições nos lagares e antecipar a campanha de colheita, o
que permite obter azeitonas com maior qualidade. Com isso, o azeite de
Trás-os-Montes, que tem entre as marcas mais conhecidas o azeite
Quinta do Romeu, já conquistou vários prémios em concursos
internacionais.

O azeite quer agora fazer o mesmo caminho que os vinhos fizeram. "O
azeite vem ganhando cada vez mais notoriedade, em geral associado às
diferentes regiões, mas os vinhos vão muito à frente, porque foram os
primeiros que começar a apelar à identidade de uma região. Nos
azeites, essa identidade está a crescer, mas devíamos andar muito mais
rápido", diz Francisco Pavão, da Comissão Vitivinícola e da Associação
de Olivicultores de Trás-os-Montes.

Se, defende Pavão, o trabalho a fazer com os vinhos hoje em
Trás-os-Montes passa por potenciar as castas tradicionais; com o
azeite, é o próprio caderno de especificações para a certificação que
estabelece que só podem ser usadas as variedades autóctones de
azeitona. "O papel das regiões é esse: não só valorizar o vinho em si,
ou o azeite, mas todo o património genético e a diversidade que temos
aqui. Numa região como Trás-os-Montes, em que as parcelas de terreno
são muito pequenas, temos de entrar no mercado pela diferença."

Em poucos anos, já se vêem resultados do trabalho feito com os
azeites, afirma por seu lado António Branco, o autarca de Mirandela.
"Primeiro, tivemos de pôr os lagares a funcionar em condições.
Antigamente, as pessoas deixavam as azeitonas oxidar e todos esses
defeitos passavam para o azeite. Mas o mais importante, e difícil, foi
termos conseguido antecipar a campanha da apanha. A tradição aqui era
apanhar a azeitona depois da primeira geada, mas isso prejudicava a
qualidade. Agora, começa-se a apanhar logo no início de Novembro e se
eu entregar a azeitona mais cedo o lagar ou a cooperativa paga-me
mais."

O grande problema continua a ser o desconhecimento dos consumidores.
"Os portugueses não têm conhecimento para comprar o azeite pela
qualidade. Não sabem a diferença entre azeite, azeite virgem ou azeite
virgem extra. Não sabem, por exemplo, que se um produto é apresentado
como 'azeite' ele é apenas óleo refinado de azeite com um bocadinho de
azeite." Por isso, a aposta que Trás-os-Montes está a fazer é no
aumento de qualidade, mas a pensar sobretudo na exportação — concursos
internacionais, prémios, reconhecimento, posicionamento em nichos de
mercado que valorizam o produto.

E em Portugal? Em Portugal, é tudo mais difícil. "Estivemos 15 anos à
frente de outros países quando começámos a proteger imensos produtos
como DOP e IGP", declara Maria Vacas de Carvalho da Natur-al Carnes.
"Mas as pessoas não sabiam o que era. Não fomos capazes de as educar,
de lhes explicar que com a marca da certificação conseguimos dizer
quais são exactamente as ovelhas que deram o leite para fazer aquele
queijo. Quando apareceu a agricultura biológica, as pessoas ficaram
logo a saber o que era, mas o símbolo DOP ninguém reconhecia."

Rita Beltrão Martins tem a experiência de estar nas feiras ou em
acções de promoção dos produtos da Terrius e ver as reacções dos
compradores. "'É biológico, é natural, é certificado?' — as pessoas
fazem perguntas tão genéricas que vemos que não percebem nada. Há
falta de massa crítica por parte do consumidor." É preciso explicar,
dar a provar, informar.

PAULO PIMENTA

BORREGO DO NORDESTE ALENTEJANO IGP

FOTO: MIGUEL MANSO

Carne de borrego de animais da raça merino e cruzados com merino.
Devido à alimentação que têm nas pastagens (onde consomem bolota e
restolhos das searas), a carne destes borregos tem um sabor diferente
da dos outros, não muito intenso, uma textura suave e alguma gordura
intramuscular. No Alentejo, é usado sobretudo para pratos como o
ensopado de borrego, o sarapatel, o cozido de grão ou o ratatau
(borrego guisado com batatas) e é geralmente cozinhado nos barros de
Nisa e de Flor da Rosa, que conferem características organolépticas
especiais. Os borregos são abatidos entre os três e os quatro meses de
idade, pesando entre 8 e 14 quilos. Está com dificuldades em manter-se
competitivo no mercado nacional devido à concorrência de borrego vindo
de fora (e que em muitos casos é apresentado como "nacional" apenas
por ter sido abatido em território português). A Natur-al Carnes, que
comercializa este borrego, já chegou a vender 14 animais por ano, e
neste momento está a vender perto de três mil.

"No nosso país, há um grande desconhecimento do que é uma DOP ou IGP",
concorda Carla Alves, em Vinhais. "Aí, acho que tem falhado o papel do
Estado. Fazem-se campanhas de sensibilização para isto e para aquilo e
nunca se fez uma campanha para explicar o que são os DOP. É uma pena
que não se faça o trabalho de valorizar estes produtos, que devia
começar logo pela formação de quem os vende nos super e nos
hipermercados."

António Martelo vai ainda mais longe: "Devia legislar-se para que as
grandes superfícies tivessem de vender uma percentagem de produtos
DOP." Mas o que se passa, acrescenta Maria Vacas de Carvalho, é que
"mesmo nas campanhas para promover a produção nacional que os
hipermercados fazem quem paga são os produtores. O elo mais fraco é
sempre a produção. Até para entrar com os produtos nas lojas nós temos
de pagar".

O melhor exemplo, sublinha António, é o do Intermarché que, com uma
política de autonomia de cada loja e de compras descentralizadas, tem
uma relação mais próxima com os produtores locais e vende os produtos
de cada região aos consumidores dessa região.

Se, dizem os envolvidos, outras cadeias de distribuição seguissem a
mesma política, se os restaurantes locais usassem produtos DOP e se o
Estado se empenhasse na promoção de alimentos que ajudam a desenvolver
territórios, a combater o desemprego e a desertificação do interior,
contribuem para a auto-estima regional, e podem até ser um trunfo para
o turismo, talvez fosse possível ainda salvar produtos como o Borrego
do Nordeste Alentejano ou até a Cereja de São Julião. É que, se um dia
estes desaparecerem, podem surgir outros, mas nunca serão iguais. E o
mundo terá perdido mais um sabor.

http://www.publico.pt/portugal/noticia/produtos-dop-nao-ha-no-mundo-outros-iguais-1613527

Produção de embriões in vivo e in vitro: INIAV - Pólo de Santarém apoia técnico-cientificamente projecto da Associação dos Criadores de Bovinos da Raça Alentejana

No âmbito das diversas iniciativas da Associação dos Criadores de
Bovinos da Raça Alentejana (ACBRA) em promover a internacionalização
da raça Alentejana, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e
Veterinária, I.P. (INIAV) do Ministério da Agricultura e do Mar tem
acompanhado técnico-cientificamente este processo.

Em Junho deste ano, a ACBRA viria a exportar 1500 doses de sémen da
raça bovina Alentejana para o Brasil e, actualmente, pretende dar
resposta a uma nova encomenda de material genético também para o
Brasil. Desta vez, para além de 10000 doses de sémen, ainda foi
solicitada uma encomenda de embriões.

Neste sentido, a ACBRA em colaboração com o INIAV - Pólo da Fonte Boa
e com a Escola Superior Agrária de Castelo Branco, numa acção
concertada, encontra-se a avaliar a possibilidade de implementar a
produção de embriões desta raça.

Ainda que a produção de embriões in vivo ou in vitro já tenha sido
estudada e experimentada há vários anos e a actual Unidade Estratégica
de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos do
INIAV - Pólo da Fonte Boa tenha um grande know-how sobre matéria,
fruto de largos anos de pesquisa, muito projectos de investigação
aprovados e envolvimento na constituição do Banco Português de
Germoplasma Animal, cada raça apresenta diversas particulares, de que
poderá resultar o sucesso económico de todo este processo e respectiva
viabilidade prática.

Neste sentido, o INIAV - Pólo da Fonte Boa tem vindo a apoiar
técnico-cientificamente este ambicioso projecto que envolve a raça
bovina Alentejana, na tentativa de avaliar diversas técnicas de
produção de embriões actualmente disponíveis, bem como estimar a
resposta da raça às respectivas técnicas.

A 1ª técnica, já em avaliação, consiste na recolha do gâmeta feminino
- oócito ou ovulo - de ovários de vacas Alentejanas para posterior
fertilização in vitro (FIV) e produção do embrião, seguida do processo
de congelação. Todo este delicado processo depende de diversos
factores, entre os quais, o numero de oócitos recolhidos por fêmea e a
qualidade do sémen dos touros. A recolha de oócitos poderá
efectuar-se, por aspiração, a partir dos ovários de vacas abatidas ou
directamente da vaca viva, por punção ovárica (OPU). Este último
método é inovador, mas já foi utilizado por uma equipa da Escola
Superior Agrária de Castelo Branco, no âmbito de um projecto
desenvolvido no Brasil, em colaboração com uma empresa especializada
neste serviço. Após a recolha dos oócitos em fêmeas da raça
Alentejana, efectuar-se-á de imediato ao seu transporte para o
laboratório de Embriologia do INIAV para que se proceda à FIV. O
processo passa por várias etapas, (maturação do gâmeta feminino,
fertilização com os espermatozóides e cultura) e, ao final de 7 ou 8
dias, é possível avaliar quais e quantos os embriões que poderão ser
congelados em condições de, após transferência para uma vaca
receptora, darem origem a um vitelo.

Dependendo da frequência de punções aos folículos, que pode ser
semanal a mensal, será possível obter um número elevado de oócitos por
vaca (2 a 40 por recolha) e depois produzir embriões, durante vários
meses. Através das técnicas OPU+FIV é possível obter-se entre 20 a 100
embriões/fêmea/ano. Contudo, existem grandes diferenças entre raças e,
dentro da mesma raça, entre fêmeas dadoras de gâmetas femininos. Esta
técnica será utilizada pela primeira vez na raça Alentejana para fins
de investigação e, posteriormente, comercialização.

A 2ª técnica possível consiste na superovulação da vaca, seguida da
inseminação artificial (IA), posterior lavagem e recolha de embriões e
respectiva congelação. Após a selecção da fêmea de que se pretende
obter descendentes (fêmeas dadora), esta é submetida a um tratamento
hormonal específico para produzir mais oócitos que numa situação
normal. Após esta superovulação, a fêmea é inseminada, permitindo
assim que também se seleccione o macho reprodutor e, desta forma, seja
predefinido o emparelhamento consoante o interesse do criador. Seis a
7 dias após a IA, efectua-se a lavagem uterina de forma a recolher os
embriões. Posteriormente, os embriões são classificados e
seleccionados para serem congelados. Em condições normais, uma vaca
poderá produzir um descendente por ano, mas através da superovulação
de fêmeas e posterior transferência dos embriões poder-se-á atingir
mais de 20 descendentes/ano/fêmea sem que para isso tenha que passar
por uma gestação completa e parto.

Este trabalho que está a decorrer tem como objectivo avaliar a
viabilidade da produção de embriões de bovinos para exportação e é um
exemplo concreto da investigação ao serviço da produção. O optimismo
sobre os resultados e as perspectivas de se poder vir a alargar esta
actividade são grandes.

Fonte: INIAV - Pólo de Santarém

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/11/25f.htm

Intervenção e propostas do PCP para a agricultura na discussão do Orçamento do Estado 2014

PCP

No âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para
2014, o Grupo Parlamentar do PCP, confrontou o Ministério da
Agricultura e Mar com as opções para a agricultura.

O PCP apresentou grande preocupação com a redução na estrutura de
funcionamento do ministério, através da redução de pessoal, extensiva
às direções regionais, que têm uma redução da ordem dos 16%. Foram
medidas desta natureza que paralisaram o PRODER no seu arranque.

O PCP relembrou o corte de 300 milhões de euros que este governo
retirou à agricultura através na restruturação do PRODER, quando
reduziu a comparticipação nacional, dos quais 90 milhões poderiam ser
utilizados em 2014. Com um PRODER amputado de verbas, atualmente este
programa tem 25 milhões de euros validados e por pagar e 113 milhões
de euros que aguardam validação.

Foram também apontados os problemas na sanidade animal, nos atrasos
nos pagamentos às OPP e na definição do modelo de financiamento que o
governo quer alterar. A sanidade animal e a taxa de financiamento
aplicada à distribuição são bem o exemplo de que o governo é forte com
os fracos e fraco com os fortes: se os produtores não pagarem a sua
parte da sanidade animal não podem vender a sua carne, mas a grande
distribuição não paga a taxa e continua a vender carne.

Outra característica do orçamento é a inexistência de medidas
específicas para os pequenos agricultores e agricultura familiar.
Obcecado com o objetivo de desenvolver a vocação exportadora da
agricultura, O Ministério, deliberadamente ignora e prejudica a
pequena agricultura que está, principalmente, vocacionada para o
mercado interno.

Foram ainda abordados os problemas como: o desinvestimento nos
laboratórios de Estado que está a conduzir à sua destruição; o Douro,
a destruição da Casa do Douro e a eventual privatização das funções do
IVDP, alterações que vão acompanhando o aumento das dificuldades dos
pequenos produtores; Alqueva em que se destaca um modelo económico em
que poderá haverá aumento de produção, mas onde floresce a exploração
laboral e o trabalho clandestino; o Fundo Florestal Permanente onde se
prevê um saldo de 3,5 milhões de euros num país com tantos problemas
no combate e na prevenção dos fogos florestais, saldo esse que daria
para instalar as 250 equipas de sapadores florestais que falta
instalar e ainda sobrava dinheiro para se avançar no cadastro
florestal; o ICNF que terá redução de 83% do investimento e 10% na
despesa, quando governo assume que pretende avançar com um programa de
sanidade vegetal.

Os problemas que atingem a agricultura são escondidos com pretensos
sucessos, como o frágil argumento do aumento dos ativos na agricultura
(onde fica por explicar a brutal quebra do último trimestre) ou a
Bolsa de Terras que se revelou um grande fiasco. É caso para dizer que
tem mais sucesso a propaganda do governo do que as suas políticas para
agricultura.

Ainda no decorrer do processo de discussão do Orçamento o PCP
apresentou um conjunto de propostas no sentido de dar resposta a
alguns problemas importantes do setor agrícola.

O PCP propôs a reposição das anteriores normas de fiscalidade
aplicadas à pequena agricultura e à agricultura familiar, eliminando
medidas que agridem estes agricultores e ignoram as especificidades do
setor a tal ponto que o governo tem tido dificuldade em aplicar as
alterações (obrigatoriedade de todos os agricultores se coletarem,
ainda que tenham um volume de negócios de poucas centenas ou milhares
de euros).

Este grupo parlamentar apresentou também uma proposta de reforço
financeiro para os laboratórios de estado na dependência do ministério
da agricultura. O subfinanciamento destes laboratórios é uma grave
ameaça à sua sobrevivência e estas estruturas são fundamentais, na
investigação, na sanidade e no apoio ao setor.

Reapresentou-se a proposta de revogação da Taxa de Segurança Alimentar
Mais, porque, como o PCP sempre denunciou, a grande distribuição irá
transferir os custos para os consumidores. A renitência da
distribuição em pagar a taxa mostra-nos que esses custos serão
transferidos também para os produtores. Estas razões e as implicações
de saúde pública e económicas reafirmam a importância estratégica da
sanidade animal. Ao mesmo tempo que propõe a revogação da taxa, o PCP
propõe a inscrição de 15 milhões de euros para pagamento desta
atividade.

O PCP propõe ainda o reforço das verbas para o gasóleo agrícola para
fazer face ao aumento de custos com a introdução da taxa para o Fundo
Florestal Permanente.

Propôs também o reforço das transferências para o Instituto do Vinho
do Douro e do Porto para que este instituto possa proceder ao
pagamento das dívidas que tem à Casa do Douro, de modo a que esta
importante instituição que representa os interesses dos 40 mil
pequenos produtores, possa resolver as suas dificuldades, nomeadamente
o pagamento dos salários em atraso.

Com esta intervenção o PCP denuncia as implicações das políticas do
governo num setor estratégico para o país e propõe um conjunto de
alterações que visam minorar o efeito do próximo orçamento e das
políticas do governo, principalmente, junto dos pequenos agricultores
e da agricultura familiar.

Fonte: Gabinete do GP / PCP

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/11/25e.htm

IVA na restauração a 23% teve impacto positivo de 180 milhões

Publicado às 12.57


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O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, afirmou,
esta segunda-feira, no parlamento, que a taxa de 23% no IVA da
restauração teve um impacto financeiro positivo de cerca de 180
milhões de euros.


foto DIANA QUINTELA / GLOBAL IMAGENS
Paulo Núncio


Paulo Núncio, que falava no último dia do debate na especialidade do
Orçamento do Estado para 2014 (OE2014) na Assembleia da República,
acusou o PS de se basear em "números errados" e de estar em "completo
confronto com a realidade" quando afirma que a taxa de IVA (Imposto
sobre o Valor Acrescentado) de 23% sobre o setor da restauração custou
850 milhões ao Estado.

"Ao contrário do que o PS continua a dizer, em completo confronto com
a realidade, o impacto financeiro desta medida [IVA a 23%] não foi
negativo para o Estado, mas foi positivo. O PS diz, baseado nas
estimativas erradas veiculadas nos últimos dois anos, que o impacto
financeiro para o Estado seria negativo - imagine-se - em 850 milhões
de euros", afirmou o governante.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais afirmou que "os dados
oficiais desmentem esta realidade" e que "o impacto financeiro para o
Estado no seu todo foi um impacto positivo de cerca de 180 milhões de
euros".

Por isso, defendeu Paulo Núncio, "os objetivos de consolidação
orçamental foram atingidos, por mais que os partidos de esquerda
continuem a apregoar dados que não são verdadeiros".

O IVA no setor da restauração aumentou de 13% para 23% no Orçamento do
Estado para 2012.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=3552119

Portugal autorizado a exportar produtos cárneos de bovinos e aves de origem nacional, concluindo o procedimento de habilitação que estava a ser negociado entre Portugal e os Emirados Árabes Unidos

MAM

Da reunião entre o Secretário de Estado da Alimentação e da
Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito, e o seu homólogo,
Saif Mohammed Al Shara, Subsecretário dos Recursos Aquáticos e dos
Assuntos de Conservação em Natureza, resultou a autorização de
exportação de produtos cárneos de bovinos e aves de origem portuguesa,
concluindo assim da melhor maneira o procedimento de habilitação que
estava a ser negociado entre Portugal e os Emirados Árabes Unidos.

Esta abertura de mercado será certamente mais uma oportunidade de
crescimento e inovação para as empresas nacionais, atendendo às
especificidades do mercado e do tipo de certificação em causa.
Destaca-se igualmente o enorme potencial que os Emirados Árabes Unidos
representam pela situação estratégica deste mercado como plataforma
regional.

Ficou ainda a promessa de uma visita, em breve, do Subsecretário dos
Recursos Aquáticos e dos Assuntos de Conservação em Natureza ao nosso
País e procurando assim novas oportunidades para as nossas
exportações.

Este entendimento entre os dois países resulta da deslocação do
Secretário de Estado da Alimentação a Abu Dhabi com o objectivo de
apoiar e promover as 15 empresas nacionais do setor Agroalimentar que
participam na SIAL Middle East. Para além do registo de mais empresas
presentes neste certame, destaca-se a seleção de 7 produtos nacionais
considerados inovadores e propostos para o prémio da categoria de
inovação.

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/11/25c.htm

Temperaturas baixas vão manter-se nos próximos dias mas com céu pouco nublado

LUSA

24/11/2013 - 18:19

Nas zonas do interior norte e do centro, os termómetros poderão descer
até aos três graus negativos.

Temperaturas são normais para esta altura do ano NUNO FERREIRA SANTOS

Meteorologia

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) adiantou neste
domingo que os próximos dias serão de céu pouco nublado, mas com as
temperaturas baixas a manterem-se, pelo menos, até quinta-feira.

"Nos próximos dias prevê-se céu geralmente limpo, vento de nordeste
fraco a moderado, soprando com mais intensidade nas terras altas, com
rajadas que podem atingir os 70 quilómetros por hora", disse à Lusa a
meteorologista Madalena Rodrigues.

Por outro lado, adiantou que "prevê-se acentuado arrefecimento
nocturno com formação de geada em especial nas zonas do interior".
Segundo Madalena Rodrigues, esse arrefecimento poderá provocar nas
zonas do interior norte e centro temperaturas mínimas entre os dois
graus negativos e os três graus negativos.

"Aqui, para Lisboa está previsto nos próximos dias mínimas a oscilar
entre os cinco e os seis graus e a máxima entre os 13 e 14", disse a
meteorologista, acrescentando que são temperaturas normais para esta
altura do ano.

Quanto à possibilidade de aguaceiros, Madalena Rodrigues adiantou que
as previsões apontam para a possibilidade de chuva no Algarve no dia
28 de Novembro, mas acrescentou que ainda falta algum tempo e que esse
será um dado para acompanhar.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/temperaturas-baixas-vao-manterse-nos-proximos-dias-mas-com-ceu-pouco-nublado-1613780

O mundo também se descobre a cavalo

Por Andreia Marques Pereira

31.10.2013

É pouco comum entre nós, mas lá fora há muito que se galopa entre os
amantes da natureza. O turismo equestre move paixões e Portugal espera
mover-se com elas. Afinal, diz quem sabe, tem argumentos de peso:
cultura equestre, raças autóctones, enquadramento natural. Fomos ao
Gerês, ao Ribatejo e Alentejo descobrir os trilhos dos cavalos
nacionais.

Quando chegamos, somos os únicos que não sabemos o que fazer. Elas
saem do carro e os passos levam-nas seguras: umas entram no estábulo,
outras dirigem-se ao campo onde pastam garranos. Carmen Nagel, sorriso
largo, faz festas ao Trovão, castanho-escuro, bem delineado. Em pouco
vai começar o ritual: a atribuição de cavalos, o aparelhamento — só
Susan Metz, mãe de Carmen, monta sempre o mesmo cavalo, o lusitano
Jojó, Joy chama-lhe ela, porque é a única que lhe tem despertado
simpatia. "Tem andado cansado e rezingão", explicam-nos. Parece não
haver pressas por aqui, ainda que a manhã tenha começado atrasada.
Está relaxado, o grupo — o milagre deste cantinho do Norte português,
"longe do turismo de massas e em paisagens deslumbrantes", dizem-nos.
Foi por eles que vieram: pelo prazer de o usufruir a cavalo.

É o quinto dia destas férias equestres. Para todas uma estreia em
Portugal. Karen Kristan explica a opção: "É Outubro e está quente.
Onde mais poderia montar nestas condições?" Em Portugal, Castro
Laboreiro conquistou-a "pelos cavalos, lobos e natureza". Este é o
triunvirato que todas apontam como motivo para a escolha de Portugal
para o turismo equestre, a "actividade turística oferecida
comercialmente em que o equino ou muar representa o meio de transporte
e um dos principais atractivos", lê-se no estudo elaborado pela
TURIHAB para o Turismo de Portugal (TP), que o colocou como um dos
objectivos para o Plano Estratégico Nacional de Turismo 2015 (PENT
2015) como "um segmento do turismo de natureza particularmente
relevante para a qualificação da oferta turística ao permitir
diversificar os serviços de animação disponíveis, assim como dinamizar
iniciativas regionais em territórios com recursos naturais e
patrimoniais relevantes". Aqui estamos no Parque Nacional da
Peneda-Gerês, que é o cartão-de-visita português para todo o grupo —
nunca nenhuma havia estado no país; para três uma estreia no turismo
equestre, para duas, uma paragem mais num hábito já enraizado. Para
Portugal, um pequeno passo neste nicho do mercado turístico que começa
a ganhar alguma visibilidade.

A curiosidade pelos garranos (raça autóctone) é assumida pelas alemãs
— notavelmente por Susan, que esteve para comprar um, acabando por
optar por um cavalo islandês, que "tem basicamente as mesmas
características" (não muito alto, forte). Louvam-lhes as qualidades (a
tranquilidade, a segurança, a força que escondem na baixa estatura) e
gostam de os ver "em estado selvagem", o que é proporcionado pela
região eleita para as férias; assim como os lobos (dois dias antes,
todos se aventuraram na noite para ouvi-los uivar), que constituem
ainda um interesse muito particular de Pedro Alarcão e Anabela Moedas,
o casal que fundou a Ecotura depois de sete anos a trabalhar sobre
(com) eles – primeiro para um livro, depois para documentários. Ele é
fotojornalista, ela jornalista. Quando o trabalho terminou já não
quiseram regressar a Lisboa: trouxeram as filhas e fixaram-se em
Castro Laboreiro, montando a Ecotura em 2006. "A Ecotura – Ecoturismo
e Turismo Equestre no Parque Nacional Peneda Gerês dedica-se à
organização/realização de passeios, equestres e pedestres, em
território do lobo", lê-se na declaração de actividade da empresa.

Se o turismo equestre implica, ainda de acordo com fonte do TP, "a
realização de percursos a cavalo [que] permite a fruição turística do
meio natural e dos atractivos culturais da região", este grupo da
Ecotura é toda uma síntese programática. Não estamos com iniciantes.
No grupo que esta semana calcorreia trilhos pelo Gerês, todas
(curiosamente todos os participantes são mulheres, o que vai, aliás,
ao encontro do perfil do público deste tipo de turismo) têm
experiência q.b. com cavalos: basta de dizer que apenas Karen não
possui cavalo; Cordola Schneider-Dücker trabalha na área e a filha
participa em competições — a filha não veio com ela, veio a amiga
Andrea Brück, cúmplice nestas andanças, de férias e de rotinas. "Ela
monta os meus cavalos, eu os dela." Não sendo iniciantes, os dias
passam-se mergulhados na paisagem, seja no planalto, seja nos vales de
carvalhais, em dias que alternam entre o que chamam "curtos" e
"longos".

Apanhamos um "curto" e isto significa que só se monta de manhã, a
tarde é reservada a outras actividades — hoje é um percurso pedestre.
"Temos um máximo de cinco horas de sela por dia", explica Anabela, "e
vamos adaptando os passeios aos grupos". Nunca há misturas entre
experientes e iniciantes — estes, nos dias curtos, por exemplo, têm
aulas: vão aprendendo o passo, o trote e o galope, sempre "em
situações controladas". Não que agora se organizem muitas férias de
iniciantes, habitualmente procuradas por portugueses. "Tivemos sorte,
quando a crise se começou a notar já estávamos a dar o salto para o
estrangeiro." E este é um mercado mais experiente. O grupo é todo
alemão, por coincidência, mas também por tendência. "O nosso público é
sobretudo da Alemanha e Reino Unido", aponta Pedro Alarcão — não só da
Ecotura, é um facto atestado por dados do estudo do TURIHAB. Na
verdade, actualmente, 90% dos clientes da Ecotura são estrangeiros; os
portugueses vêm menos e quando o fazem é para experiências breves. "Os
programas de um dia foram encurtados: uma manhã com a tarde opcional",
conta Pedro, para permitir apresentar preços mais baixos e tentar
contrariar a queda da procura. São quase sempre aulas.

Altar dos lusitanos

Um dos factores que o TP aponta como vantagem na atracção deste tipo
de turistas é o facto de Portugal ser um país "com cultura equestre
com projecção no estrangeiro graças ao cavalo lusitano". É, de entre
as três raças autóctones (com o garrano e o sorraia), o cavalo mais
reconhecido internacionalmente e exibe-se por cá em "destinos
tradicionais associados ao cavalo", como a Golegã, Ponte de Lima ou
Alter do Chão. E aqui permite-se fazer uma distinção dentro do turismo
equestre: por um lado, o turismo a cavalo, "quando se desenvolve a
prática da equitação ou as deslocações implicam o transporte a
cavalo"; por outro, o turismo do cavalo, que "engloba todas as
actividades ligadas ao mundo equestre sem que se desenvolva a prática
da equitação". As feiras do cavalo de Ponte de Lima e da Golegã (1 a
11 de Novembro: será a XVIII Feira Nacional do Cavalo e a XV Feira
Internacional do Cavalo Lusitano) oferecem provas equestres, exibição
e compra e venda de cavalos — para um público especializado, aquele
que percorre "rotas que permitem aumentar o conhecimento em relação ao
cavalo", explica o TP.

Este é o tipo de público que frequenta em maioria a Coudelaria de
Alter. "Procuram algo específico", aponta Francisco Beja, o
responsável, "aulas para melhorar determinados aspectos ou o know how
para desbastar e ensinar cavalos". É um segmento muito particular no
turismo equestre, que "não é", sublinha Francisco Beja, "a principal
vocação da coudelaria". "Pode vir a ser…". Neste momento de transição,
em que foi extinta a Fundação Alter Real e a gestão da coudelaria
passou para a Companhia das Lezírias, o futuro está em aberto. Porém,
o PENT faz-lhe referência na sua avaliação do turismo equestre no
Alentejo, constatando que se verifica "a necessidade de desenvolver
serviços e sua disponibilização ao turista, em particular no que diz
respeito à Coudelaria de Alter". Há passos a dar, admite Francisco
Beja, assumindo a limitação da oferta no turismo equestre, sobretudo
no que ao turismo a cavalo diz respeito: a equitação não faz parte das
visitas guiadas (sempre diferentes: a ideia é acompanhar o dia-a-dia
da coudelaria e aqui anda-se ao ritmo das estações do ano e suas
vicissitudes — tanto pode ver-se uma sonografia na época da reprodução
como desmame e os primeiros passos dos poldros), embora exista a opção
de montar a cavalo, apenas em picadeiro, com marcação prévia; não há,
por exemplo, o (cada vez mais) popular randonné que permite visitar a
paisagem a cavalo. "Não somos centro hípico", nota. São uma coudelaria
e isto significa que se dedica à criação, protecção e desenvolvimento
de cavalos — lusitanos, com ferro Alter Real. É essa a sua missão
desde a sua fundação, em 1748, no seguimento da política coudélica
idealizada por D. João V, que impôs a produção nacional de cavalos de
sela, de Alta Escola, lê-se no site.

Na Coudelaria de Alter parece respirar-se tradição, que se reflecte no
conjunto de edifícios, imponentes, brancos com lista amarela, que se
desvendam em pátios e se seguem em labirinto — "é uma espécie de
cidade dos cavalos", refere Francisco Beja. Chegamos a tempo de ver o
início de uma aula de equitação da Escola Profissional de
Desenvolvimento Rural de Alter do Chão — os alunos, com traje de
montar da escola, levam os cavalos pelas rédeas até ao picadeiro Gomes
da Silva, um dos muitos que aqui existem, cobertos e descobertos. Quem
vem não pode deixar de reparar nas Casas Altas, o edifício mais antigo
e mais emblemático da coudelaria (visto de lado tem algo de fortaleza,
parede branca altíssima com as janelas a espreitarem só em cima), que
era a cavalariça original e é agora a recepção e centro de
interpretação, espaço nevrálgico para perceber a organização e as
valências da coudelaria.

O grand carrier é a grande sala de festas da coudelaria, onde se
organizam provas diversas e onde Duarte Nogueira treina — compete em
dressage. Acabamos por não nos cruzar com ele, que orienta o trabalho
dos três monitores e dá aulas mais avançadas. Acabamos também por não
nos cruzar com nenhum turista — nem para as visitas guiadas, nem os
que vêm para os estágios com os tais objectivos muito específicos.
"Normalmente têm uma hora de aulas e o resto do tempo participam nos
trabalhos da coudelaria", explica Francisco Beja. São aulas altamente
especializadas, muitas vezes na vertente da competição — é aí que
entra Duarte Nogueira, que "mostra a tecnicidade, a arte".

Quase três séculos depois da fundação, o ferro Alter Real é famoso e
há vários campeões saídos daqui — outros na forja, como o Vieheste,
que está no Brasil a ser preparado para os jogos olímpicos de 2016,
onde vai ser montado pelo cavaleiro brasileiro Manuel Tavares Almeida.
Há cerca de 500 cavalos na coudelaria — "efectivos, não à manjedoura,
e da Coudelaria de Alter e Coudelaria Nacional" —, dos quais 20 a 25
são todos os anos colocados à venda em leilão; outros são
seleccionados para competição (reprodutores), para a Escola Portuguesa
de Arte Equestre e para as eguadas. Os animais podem ser vendidos a
partir de qualquer idade, mas o valor sobe quando têm performance
testada e confirmada — aqui, tenta-se assegurar isso.

Tudo começa pelo desbaste dos animais (um trabalho para suavizar os
movimentos do cavalo, habituá-los ao contacto com o homem, a aceitar o
seu peso nos andamentos), a partir dos três anos, altura em que são
recolhidos dos campos. No Pátio D. João VI encontra-se o maior centro
de desbaste da coudelaria, com 70 boxes e um picadeiro coberto. É aqui
que encontramos os três equitadores que, quando não têm aulas para
monitorar, se dedicam ao desbaste e ensino dos cavalos — há alguns
espelhos colocados estrategicamente nas paredes, para os cavaleiros
avaliarem a postura dos animais. Aos campos (são 800 hectares no
total), vamos em busca da eguada. Percorremos trilhos quase
invisíveis, passamos cancelas — o ritual é habitual: abrir e fechar a
cancela, sempre —, observamos a erva parda e a natureza vestida de
Outono. "Há veados, gamos, javalis, lebres", enumera Francisco Beja,
mas não vemos nenhum. Nesta manhã, até as éguas também parecem
esquivas, mas apenas nos trocaram as voltas e acabamos por
encontrá-las junto à entrada — junto às manjedouras, onde se acumulam
fardos de feno. "Ouviram o barulho do carro e vieram para aqui",
explica Francisco. São dezenas, todas castanhas, e ele conhece-as pelo
nome (atribuído pelo ano de nascimento e o nome do pai, a primeira
letra da primeira e segunda sílabas, respectivamente). "Sou eu que as
selecciono, vejo crescer, oriento a inseminação", justifica.
Enjeitada, Claque, Babilónia, Donjela, Beringela, "filha do Rubi, que
foi aos jogos olímpicos, um dos melhores lusitanos de sempre, ferro de
Alter"… — estão aqui as mães de todos os cavalos que saem de Alter.

Em terra de campinos

A Tapada de Braço de Prata está quase sonolenta nesta tarde soalheira
de Outono e a pequena alameda de altas palmeiras que nos conduz até às
cavalariças transporta-nos para outras geografias. Este é centro
nevrálgico do turismo equestre na Companhia das Lezírias (CL), uma
empresa quase mítica, com a sua evocação de milhares de hectares de
terrenos devotados à agricultura e natureza mais selvagem. À porta dos
estábulos brincam, irrequietos dois Jack Russel, a Tonicha e o Oscar.
"São os cães de cavalariça", explica André Machado Faria, o
responsável pela área do turismo equestre da CL (uma das prioridades
do PENT 2015), "estão sempre a apanhar ratos". Ruben Peniche (que para
o ano vai estrear-se no toureio a cavalo, depois de ter andado pelos
forcados) monta o Baiuco, que, perceberemos mais tarde, é a estrela
entre os 12 cavalos (no futuro terão todos ferro da CL) disponíveis
para os visitantes — primeiro no picadeiro, sob o olhar atento de
André; depois, pela propriedade. "Está redondo", ouviremos —
explicação: está harmonioso nos movimentos.

É necessário que assim estejam todos os cavalos para poderem servir a
todo o tipo de cavaleiros. Podem ser iniciantes ou experientes. Aqui,
na CL, a oferta é variada, ainda que recente — desde actividades de
aprendizagem a passeios em carro de cavalos ou a passeios a cavalo,
com guia, de algumas horas ou dias. Os portugueses, explica André, vêm
muito para passeios em carro e iniciação a cavalos, "normalmente
casais que querem ter a experiência"; os estrangeiros procuram
passeios de vários dias, já têm experiência de montar. Podem chegar a
ficar seis dias com a CL – não na CL: os programas mais longos
dividem-se habitualmente entre a CL e os parques de Sintra, com
possíveis "desvios" até à Tapada Nacional de Mafra e ao palácio de
Queluz, onde funciona a Escola Portuguesa de Arte Equestre. Tivéssemos
vindo duas semanas mais cedo e ter-nos-íamos cruzado com chineses, que
parecem ter descoberto a CL para as suas férias equestres: não só tem
direito a referências em revistas da China, como de lá chegam
regularmente turistas. "É o nosso melhor mercado, neste momento",
assume André.

Com milhares de hectares à disposição dos cavaleiros, os passeios que
se confinam à CL nunca são monótonos: aqui, na charneca (em oposição à
zona de lezíria), onde se localiza o centro de turismo equestre, as
paisagens variam entre os arrozais (por estes dias amarelados,
transformando a paisagem num quadro de Van Gogh), montado de sobro,
mato (pinheiros mansos e bravos, sobretudo), vinhas e uma das maiores
barragens privadas do país (Alcobrão). Quem fica um dia tem direito a
um "almoço de campo", com toalha de pano, garfo e faca, vinho e
especialidades locais — o "bacalhau à campino" é o mais requisitado. E
em terras de campinos, de enraizadas tradições equestres, quem fica
mais tempo tem sempre a oportunidade de se envolver na cultura da
lezíria: quando é possível, uma incursão a uma tourada; e, sempre que
se quer, uma "iniciação" às lides do toureio a cavalo ou um passeio
entre manadas de vacas.

Campo de desportos equestres, com sobreiros a salpicá-lo, o cercado de
poldros, a pista de obstáculos de atrelagem — vamos atrás dos cavalos.
No regresso, o pátio entre o picadeiro e o estábulo torna-se o
balneário dos cavalos. "Eles adoram." As mangueiras refrescam-nos, a
escova retira a água. Se os turistas querem, podem fazê-lo; "tudo
depende da sua vontade".

Sem cavalgadas

Em Castro Laboreiro essa é quase uma exigência dos turistas
estrangeiros — não tanto dos portugueses. "Eles querem limpar os
cavalos e os estábulos, querem ver o tractor…", refere Pedro Alarcão.
Antes de montar, querem aparelhar os cavalos. É um ritual importante,
afirmam as visitantes: "Para conhecer o cavalo e para ele nos
conhecer". Vão falando com os animais enquanto os escovam, limpam os
cascos, colocam a manta e a sela, os estribos e os arreios. Quando é
hora de partir, a comitiva vai rodeada pelos cães da casa que
acompanham o percurso — gatos e burros (para burricadas) completam a
família Ecotura. Vão lusitanos e garranos. Uma mistura desde sempre
assumida pelos proprietários, que procuram ter uma representatividade
boa das duas raças. As cavaleiras aprovam e ressalvam o carácter
especial dos cavalos daqui — "são muito diferentes", dizem, "na
Alemanha nunca poderíamos montar um garanhão, por exemplo".

Vegetação rasteira, pedras, montes rapados e, ao longe, cumes
multiplicando-se entre a luz diáfana — é o planalto que se abre. Vão a
passo com alguns momentos de trote e galope, quando se proporciona. "A
nossa filosofia é: os cavalos não passam o dia a galopar", explica
Pedro Alarcão, "tem de se ter em conta o bem-estar deles". Deixamos de
avistar o grupo quando este sobe para o Sítio do Cavalo Morto;
voltamos a encontrá-lo em Rodeiro, antiga branda, situada na margem do
rio Laboreiro — atravessam o casario tradicional de pedra, espreitam
um antigo forno comunitário e avistam os moinhos de água no vale.

De regresso, o ritual de tratamento de cavalo repete-se. Cada uma
trata do seu — como o passeio foi curto, o banho de mangueira é
substituído por banho de esponja; limpam-se os arreios; escovam-se
crinas e caudas; fazem-se mimos. Depois, é altura da liberdade:
Anabela abre e fecha cercas, os cavalos são distribuídos pelos campos
em redor. Vão sozinhos, saltam os muros de pedra e desaparecem na
paisagem. À noite voltam, sozinhos, também — sabem que é aqui que
jantam.



Ecotura
Portelinha - Castro Laboreiro
4960 Melgaço
Tel: 967442217
E-mail: ecotura@ecotura.com
www.ecotura.com

Na Ecotura, os programas de férias equestres incluem caminhadas
regulares de descoberta das paisagens e tradições da serra da Peneda
e, permita o tempo, mergulhos em piscinas naturais ou banhos em águas
termais. A observação de animais selvagens não é garantida, mas as
tentativas sim (inclusive à noite), e a gastronomia regional faz parte
da experiência — ao pequeno-almoço e almoço (este normalmente
piquenique com produtos regionais) incluída no pacote oferecido. Para
o ano está previsto o início da realização de trilhos contínuos.
"Ainda não os fazemos porque não há sítios para os cavalos dormirem",
lamenta Pedro Alarcão. "Em França, as casas de turismo rural têm boxes
ou campos vedados já a contar com cavalos", compara.

Preços: Férias equestres: 800€ (sem jantar, alojamento em casas de
turismo de habitação); manhã com cavalos: 35€.

Companhia das Lezírias
Monte de Braço de Prata, ?Porto Alto
2135-318 Samora Correia
Tel.: 263 650 600
926 729 180/ 961 523 119
E-mail: andre.mfaria@cl.pt; pequena.companhia@cl.pt
www.cl.pt

A cerca de 40 quilómetros de Lisboa, a CL é por vezes chamada de
"pulmão" da capital: são 18 mil hectares de terreno que se dividem em
duas áreas distintas. De um lado, a lezíria, terreno plano, sem
vegetação, à beira-Tejo e Sorraia, ocupada por arrozais e gado bovino
— e, desde recentemente, casa do EVOA – Espaço de Visitação e
Observação de Aves, que traz o birdwatching à zona húmida mais
importante do país. Do outro, a charneca, onde se encontram o centro
de turismo equestre, a coudelaria e os bungalows (com quarto, sala,
cozinha, WC e um apetecível alpendre), implantados entre sobreiros em
torno de uma piscina. As visitas à CL só estão abertas a grupos e com
marcação prévia, centrando-se nos seus locais mais emblemáticos —
quase todos na charneca, onde além de paisagens variadas se localizam
a coudelaria, as adegas (com provas) e o restaurante. É aqui que
decorrem os passeios a cavalo e em carro de cavalos — a iniciação fica
reservada ao picadeiro. Outra actividade possível na CL é a caça:
patos, javalis, coelhos são algumas das espécies que abundam.

Preços: Passeios a cavalo: 40€ (meio-dia), 75€ (um dia com
piquenique); 125€ (dois dias, sem estadia); 300€ (fim-de-semana, uma
noite incluída, para duas pessoas); 1450€, mais IVA ("Por Caminhos de
Reis", 7 dias/6 noites, refeições, dormidas, transporte incluído).
Aulas de Equitação (mínimo 4 aulas): 10€ (4x). Passeio em carro de
cavalos: a partir de 30€ (1/2h, máximo seis pessoas). Bungalows: 50€
para duas pessoas; 80€ para quatro pessoas (por noite).

Coudelaria de Alter
Tapada do Arneiro
Apartado 80
7441-909 Alter do Chão
Tel: 245 610 060
E-mail: geral@alterreal.pt
www.alterreal.com

Se a equitação fosse religião, Alter do Chão seria o altar português.
Aqui, respira-se a história e o presente da arte equestre e da raça
mais representativa do país, o cavalo lusitano, animal especialmente
dotado para estas. Se vivemos o presente nas visitas guiadas à
coudelaria (7,50€, com vários descontos), com a imersão possível no
seu quotidiano ao montar (em picadeiro: desde 25€, com ou sem
equitador) no Museu do Cavalo (com peças que testemunham a evolução da
arte equestre em vários contextos) e na Casa dos Trens (com vários
carros do século XIX) tem-se um relance ao passado.

Fazemos um parêntesis nos cavalos para falar de outra arte que na
coudelaria "voa" à solta, a da falcoaria, Património Imaterial da
Humanidade desde 2010. Em determinados dias está incluída na visita
guiada à coudelaria; nada de descabido sabendo que a falcoaria e os
cavalos sempre tiveram uma relação próxima — esta modalidade de caça,
das mais antigas, sempre foi acompanhada a cavalo e era uma das
predilectas da realeza. Em Portugal teve o seu auge na Idade Média e,
mais tarde, na segunda metade do século XVIII, altura em que a
coudelaria, criada para fornecer cavalos à picaria real, começava a
dar os primeiros passos. As exibições de falcoaria acontecem em dias
específicos e são da responsabilidade da Caçamonte, concessionária da
coudelaria. Nós assistimos ao voo livre de uma águia (JB) e um falcão
(Lua).

Preços: Montar em picadeiro (14h30-16h30): 25€ (30m), 50€ (1h), se
souber montar; 25€ (20m), 50€ (40m), aula de volteio com equitador;
atrelagem desde 2,50€; visitas guiadas: 7,50€ (com vários descontos).

Um nicho de mercado à procura do seu lugar
Há algo que parece querer mudar no turismo português e se calhar a
organização do workshop Turismo Equestre em Portugal - Oportunidades
de Desenvolvimento é disso sintomático. É mais um passo para
desenvolver o que o TP considera um "nicho de mercado", mas cujo
potencial em Portugal está avaliado em mais de 500 milhões de euros e
que tem nos 6,4 milhões de praticantes de passeios a cavalo na Europa
um mercado em potência, segundo dados de um estudo da THR citado pelo
TP. O próprio TP "desafiou" a TURIHAB (Associação do Turismo de
Habitação de Portugal) e o Turismo do Porto e do Norte a desenvolver o
projecto-piloto Itinerários de Turismo Equestre, desenvolvido pela
TURIHAB (Associação do Turismo de Habitação de Portugal), "que
pretendeu desenvolver uma metodologia e requisitos aplicáveis ao
desenvolvimento desta actividade e um guia de boas práticas para os
agentes turísticos", descreve Maria do Céu Sá Lima, da TURIHAB. Apesar
de o estudo se ter debruçado sobre a região Minho-Lima, "a
caracterização e os requisitos necessários para implementar um
circuito é aplicável a todo o país", sublinha.

O levantamento feito sobre o turismo equestre revelou o perfil europeu
do turista como sendo adulto, entre os 25 e os 50 anos, sem filhos,
que permanece entre quatro e sete noites no destino e tem um gasto
médio a rondar os 1500 euros — facto "marcante", assinala Maria do Céu
Sá Lima: 60 por cento são mulheres. É um turista que "procura férias
com esta motivação ao longo de todo o ano, embora com incidência entre
Maio e Agosto, escolhendo deslocar-se em modalidade pacote de férias
uma a duas vezes por ano. Escolhe o seu programa e destino através da
Internet, catálogos e revistas especializadas".

O turismo equestre enquadra-se no âmbito do turismo de natureza, um
segmento de mercado onde domina a procura da "tranquilidade, repouso e
autenticidade" e a realização de "múltiplas actividades no destino". O
"enquadramento natural, paisagístico e de recursos, muito atractivo e
variado, com um clima ameno, alojamento, restauração, serviços e
equipamentos de apoio com grande qualidade e de referência", enumera
fonte do TP, aliado à "cultura equestre, patente nos vários eventos e
competições internacionais que recebe todos os anos, e raças
autóctones" tornam Portugal num competidor credível frente aos
principais pólos europeus deste tipo de turismo, como a França,
Itália, Irlanda e Espanha. Se a isto somarmos "a maior consciência
ambiental dos turistas, a preferência por destinos não massificados e
por experiências diferentes e autênticas", constata-se que há em
Portugal "oportunidades de desenvolvimento deste produto", através de
"uma rede de centros hípicos e de rotas e itinerários adaptados, que
permitam, em conjunto com outras valências, apresentar e vender uma
oferta integrada".

Neste momento, e de acordo com os dados disponíveis, existem cerca de
40 empresas que se dedicam à actividade de animação equestre em
Portugal. "O grande objectivo [do projecto-piloto] é pôr todos os
empresários do turismo equestre em contacto para poderem lançar em
conjunto itinerários que serão depois comercializados, inclusive nos
circuitos internacionais", refere Maria do Céu Sá Lima. Este é um
mercado importante, uma vez que os "portugueses participam em eventos
e praticam em espaços fechados", nota, "ainda não há motivação para
fazer itinerários". Talvez pela pouca tradição de hipismo entre nós
(segundos dados da Federação Portuguesa Equestre, há 5597 cavaleiros
registados): "É uma prática cara". De qualquer forma, assinala, se os
programas podem ter um preço elevado (no mínimo 150€ por dia), os
"preços são muito mais acessíveis para a prática pontual, com várias
soluções, como ensinar a montar".

A cavalo ou de cavalo, este nicho turístico vai muito além do animal,
"movimentando muitos recursos" e "desenvolvendo localmente outras
dinâmicas", sublinha Maria do Céu Sá Lima. Ambientais, turísticas e
económicas: "ferradores, tratadores de cavalos, guias, limpeza de
caminhos, restaurantes, alojamento… Pode transformar economias
locais". Ao mesmo tempo, defende o TP, "este segmento tem potencial
para ser associado não só ao turismo de natureza, como a outros
produtos turísticos estratégicos, como os circuitos turísticos
religiosos e culturais, o golfe ou o turismo residencial".

http://fugas.publico.pt/Viagens/326620_turismo-equestre-o-mundo-tambem-se-descobre-a-cavalo?pagina=-1