sexta-feira, 25 de março de 2011

Portugal corre o risco de voltar a aumentar a dependência dos cereais importados

Área semeada cai abaixo dos 150 mil hectares pela primeira vez em 25 anos
25.03.2011 - 07:54 Por José Manuel Rocha
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Portugal deverá aumentar este ano a dependência da importação de
cereais. Segundo o mais recente Boletim Mensal de Agricultura e
Pescas, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a área
semeada com cereais de Inverno caiu abaixo dos 150 mil hectares, algo
que não sucedia há 25 anos.
Sementeiras foram afectadas pelo mau tempo
(Pedro Cunha (arquivo))

Este facto irá traduzir-se, inevitavelmente, num recuo da produção
nacional e obrigará o país a aumentar as compras ao estrangeiro - num
quadro de escalada dos preços dos cereais nos mercados internacionais.
O índice do preço dos alimentos que todos os meses é calculado pela
FAO (organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação)
evidenciou um aumento anual de 92 por cento no preço do milho e de 62
por cento no do trigo.
O próprio INE estranha a situação, ao afirmar, no boletim, que a
subida do preço dos cereais e, em especial, do trigo, "não teve os
reflexos esperados junto os produtores nacionais". A razão para este
decréscimo da superfície semeada é atribuída às más condições
climatéricas do início do ano, "com o encharcamento dos terrenos a não
permitir a realização das sementeiras."
Entre os diversos tipos de cereais de Inverno, é o trigo mole que
apresenta o maior recuo - cerca de 15 por cento face ao ano anterior.
Seguem-se o trigo duro, o triticale, o centeio e a cevada (menos 10
por cento do que em 2010) e a aveia (menos cinco por cento). As áreas
semeadas este ano equivalem a cerca de metade do que tinha sido
registado em 2006, para os casos do trigo mole e da cevada. O cenário
não se afigura "auspicioso", após um ano de 2010 que foi "altamente
des- favorável", alerta o instituto.
No boletim de Março, as boas notícias chegam da área do azeite. A
produção total em 2010, de elevada qualidade, manteve o recorde que já
tinha sido alcançado no ano precedente - 682 mil hectolitros. A
produção de azeite em Portugal mais do que duplicou nos últimos cinco
anos, dando assim resposta a um aumento substancial do consumo.
O azeite produzido apresenta acidez baixa e elevada qualidade, segundo
o INE, embora o peso de azeitona necessária para produzir um litro de
azeite (funda) tenha sido superior.
No ano passado, o índice de preços dos produtos agrícolas fechou em
baixa, depois de ter atingido picos má- ximos no primeiro semestre. Os
dados do INE evidenciam um recuo para os níveis alcançados no segundo
trimestre de 2009. Apesar dos aumentos nos custos de produção
(especialmente nas rações para animais), há muitas classes de produtos
cujo preço se mantém praticamente idêntico ao registado há cinco anos.
http://economia.publico.pt/Noticia/portugal-corre-o-risco-de-voltar-a-aumentar-a-dependencia-dos-cereais-importados_1486714

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