quinta-feira, 5 de abril de 2012

Respeitem os Produtores!

A forma como a situação tem evoluído na produção pecuária e,
particularmente, no sector leiteiro, leva-nos a pensar e a desconfiar
que passamos por um momento em que existe uma estratégia montada para
prejudicar a produção nacional.
Os produtores têm sido constantemente confrontados com os aumentos dos
preços dos meios de produção. Só este ano, a energia eléctrica e o
gasóleo sofreram aumentos drásticos, sabendo que estes aumentos
potenciaram o agravamento do preço das rações, dos adubos, das
sementes, dos pesticidas, etc…
Não bastando o contínuo aumento dos custos de produção, o problema da
seca veio agravar a já instável situação financeira dos produtores
pecuários, pois despoletou custos acrescidos com a alimentação dos
animais.

Os preços pagos na produção continuam a ser injustos chegando ao ponto
de não cobrirem os custos de produção. Os agricultores acabam por ser
o elo mais fraco da cadeia pecuária, pois se estes são menos
remunerados pela sua produção, outros há que absorvem as grandes
margens.
Ironicamente, assiste-se diariamente a grandes campanhas publicitárias
das grandes superfícies que projectam uma "ideia de apoio à produção
nacional", mas a realidade mostra-se bem dispare da missão anunciada
pois, na verdade, utilizam produtos estrangeiros para esmagar os
preços dos produtos nacionais sem qualquer benefício para o
consumidor, a não ser garantir as suas quotas de mercado, sem receio
de esmagar a produção nacional.
O que se tem vindo a verificar com o preço do leite pago ao produtor,
começa a atingir níveis preocupantes e escandalosos. A título de
exemplo, no início do mês de Março, de forma incompreensível,
injustificável e inaceitável várias empresas (que adquirem o leite aos
produtores) baixaram arbitrariamente o preço em 0,01€/l (um cêntimo
por litro). Mas sabendo que não há como contrariar estas decisões,
pois não há alternativas ao escoamento, outra dessas empresas, a
Leicarcoop, já anunciou nova baixa de mais 0,015€ (cêntimo e meio por
litro).
Já para o Governo, em especial para a Senhora Ministra da Agricultura
tudo isto passa ao lado, não merecendo o mínimo de sinal de
preocupação! Depois de estar sentada todo o Inverno à espera da chuva
– pois só a Sra. Ministra acreditava que vinha – viu-se ameaçada pela
sua própria falta de iniciativa e embora manifestasse frequentemente a
sua apreensão pela situação de seca, é certo e sabido que preocupações
não resolvem problemas. Assim, o Governo continua a discursar a
aparente preocupação em "horário nobre" mas as medidas que publicita
nas "telejornais" são ineficazes, ou seja, parece recorrer ao mesmo
procedimento das grandes cadeias de hipermercados, invoca a
publicidade enganosa para vender uma ideia à sociedade portuguesa.
Acreditamos sim que o Governo deve deixar de se preocupar tanto com a
publicidade e centrar a sua atenção no futuro da produção nacional,
que corre o risco entrar em "extinção".
Os produtores reclamam o recebimento imediato das ajudas referentes à
campanha anterior e esperam ainda que a opinião pública seja
honestamente esclarecida sobre o enquadramento destes apoios que
afinal já constituem direitos dos produtores, pois são relativos a
campanhas passadas, e não foram criados para solucionar o problema
catastrófico da seca.
Perante tanta amargura, injustiça, abandono e desprezo que os
produtores têm padecido, apesar de tanto se esforçarem para serem uma
força para impulsionar o país, só nos resta a indignação e o protesto,
porque segundo o ditado popular: Parar é morrer!
Assim, a APLC apela aos seus associados e aos produtores e produtoras
em geral a participarem na Manifestação Nacional em defesa da
agricultura, organizada pela CNA, que se realiza no próximo dia 4 de
Maio em Lisboa.
Braga, 04 de Abril de 2012.
A Direcção.
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/04/05m.htm

1 comentário:

Anónimo disse...

Todos merecem respeito e os productores também.
As quetões de preços do leite estão para além do respeito e do chorinho que se faz acerca do mesmo.Tanto os monopolistas que comercializam o leite quanto os fabricantes de rações e os estrangeiros que invadem a economia para dela tirarem vantagens, não exercem mais que o seu direito de liberdade, correndo o risco , como é óbvio, de darem tiro no próprio pé, quando usam esse direito e por ventura errem as medidas e tenham prejuizos em função dos seus arbitrios.
Dir-se-ia que esses que levam vantagens são mais sagazes, mais espertos na calada da noite negocial,mais inteligentes com seus cursos MBA, mais capacitados e menos usuários de moralidades que o comercio de leite não tem em absoluto, que levam vantagens exactamente contra aqueles que choram as que vêem perdendo.
Não seria possivel usar as mesmas qualidades desses intermediários em favor dos productores, pelos próprios productores, organizando-se para eles próprios montarem as fabricas de rações que certamente as fariam mais baratas, criar sistemas de produção animal com maior capacidade productiva e com um poder de competividade maior sem as manhas que os intermediários legalmente exploram?
Finalmente, porque os productores não se unem e industrializam o próprio leite sem alguns dos elos da cadeia productiva, embolsando as diferenças de preços que por direito terão, sem se apresentarem mendigando aquilo que lhes pertencee e ainda assim criarem uma politica de bem servir o consumidor final com preços mais baixos. É isso que os Paises mais organizados , mais desenvolvidos, mais inteligentes fazem. Algumas dessas medidas podem ser simplesmente copiadas .É tecnologia conhecida, divulgada.

Jjs

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