terça-feira, 3 de abril de 2012

Língua eletrónica desenvolvida na Universidade de Aveiro

Escrito por Sandro Fernandes
03-APR-2012
Análises rápidas e eficazes aos alimentos líquidos e sólidos

É uma língua eletrónica, foi desenvolvida na Universidade de Aveiro
(UA) e serve para analisar a qualidade dos alimentos. O mecanismo de
funcionamento da invenção de Alisa Rudnitskaya, investigadora do
Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA, permite que, no espaço
de cinco a dez minutos, compostos orgânicos e inorgânicos, como os
metais de transição, possam, a baixo custo, ser detetados nos
alimentos sem recurso a laboratórios e técnicos especializados. A
análise serve para, rapidamente, detetar se estes compostos
ultrapassam ou não os níveis tolerados pelo organismo humano.

A invenção da docente da UA em tudo é análoga a uma língua humana. Os
vários sensores, feitos por membranas de diferentes composições
(vidro, cristais, policristais ou polímeros orgânicos), fazem a vez
das papilas gustativas.

Dependendo da composição da membrana assim o sensor, quando mergulhado
no alimento previamente liquefeito, responde à presença ou não das
substâncias que se querem detetar, enviando um sinal eletrónico para
um voltímetro digital. Desta estrutura é encaminhada uma mensagem
digital para um normal computador que descodifica, mede, trata e
guarda os dados recebidos dos sensores.

«Claro que este aparelho não pode ser utilizado em vez de outras
técnicas que existem, tal como variantes diferentes de cromatografia
ou de espectrometria de massa que podem produzir uma informação
pormenorizada da amostra alimentar», explica a investigadora Alisa
Rudnitskaya. Mas a informação detalhada sobre a composição do
alimento, clarifica a docente, nem sempre é necessária. «Às vezes só é
necessário saber a concentração de alguns dos constituintes de
alimentos ou de contaminantes para controlar se eles não excedem o
permitido, função que a língua faz em pleno e em poucos minutos»,
explica. Para além disso, «é um aparelho mais compacto, mais fácil de
usar e menos caro do que os usados por outras técnicas».

A língua foi primeiramente pensada para ser utilizada em alimentos
líquidos. Perceber se a fermentação no vinho está a decorrer dentro da
normalidade, se as suas propriedades, origem e idade estão de acordo
com o pretendido pelo produtor, indagar sobre o grau de contaminação
microbial e presença de metais no leite, sumos, água, café, cerveja,
chá e vinhos são apenas algumas das possíveis aplicações entre os
líquidos alimentares. Uma característica única da língua eletrónica,
acrescenta a inventora, é ter capacidade de avaliar os sabores dos
alimentos, como já foi testado para o caso dos vinhos, cerveja e café.

O aparelho também já foi utilizado com sucesso na análise de alimentos
sólidos. «Nesses casos é feito um puré com adição de água», aponta a
investigadora Alisa Rudnitskaya. Queijo, carne, peixe, vegetais e
fruta, já todos estes alimentos sólidos passaram também com êxito pelo
paladar da língua eletrónica da UA.

A língua pode ser ainda ser aplicada na análise de águas residuais e
naturais, como a dos lençóis freáticos, e de soluções industriais.

http://www.cienciapt.net/pt/index.php?option=com_content&task=view&id=106102&Itemid=364

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