quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A «planta milagrosa» que terá curado Fidel Castro


A «planta milagrosa» que terá curado Fidel Castro


Fidel Castro colocou-a em moda em Cuba e assegurou tratar-se do segredo na luta contra a desnutrição e a razão para a sua própria cura. O ex-presidente cubano, de 88 anos, cuja saúde tem vindo a ser apontada como frágil há muitos anos, chamou-a de «árvore milagrosa».
Chegou, inclusive, a anunciar à imprensa nacional cubana que o país iria produzir à grande escala a moringa, conhecida por cá como acácia-branca, «que tem também fontes inesgotáveis de carne, ovo e leite», fazendo uma referência irónica às «dezenas de propriedades medicinais» e nutritivas da planta.
Mas a acácia-branca tem, de facto, muitas outras propriedades.
Veja, abaixo, o que se sabe desta «erva mágica»:
Onde cresce?
É originária do norte da Índia, Etiópia, Filipinas e Sudão, embora esteja presente em vários países tropicais e subtropicais. A planta cultiva-se em África, Ásia tropical, América Latina e Caraíbas, Florida e ilhas do pacífico. A Moringa oleifera, entre as moringas a espécie com maior valor económico, cresce na região dos Himalaias, mas se cultiva extensamente nos trópicos, explica a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, em inglês).
«À medida que se sabe mais sobre os seus múltiplos usos, maior é a importância que teve no desenvolvimento de muitas áreas pobres de países em desenvolvimento», explica John Sutherland, da Universidade de Leicester, Reino Unido.
Em alguns lugares a planta é conhecida como moringueiro e quiabo-de-quina. Em África, também é chamada de «melhor amiga da mãe».
Na América Latina é conhecida principalmente em Cuba, República Dominicana, Paraguai e Argentina.
Usos medicinais
Segundo o Centro de Internacional de Pesquisa Agroflorestal (Icraf, na sigla em inglês), a moringa pode medir até 8 m de altura. Abre-se, em geral, em forma de guarda-chuva e produz flores durante todo o ano. O seu fruto é grande e distinto. Quase todas as partes da planta podem ser utilizadas na medicina.
«O interesse pelas suas propriedades medicinais cresceu, há um grande número de estudos científicos sendo feito (sobre ela)», explica Sutherland.
A FAO diz que as folhas da planta «são ricas em proteínas, vitaminas A, B e C, e minerais, muito recomendados para mulheres grávidas ou em período de amamentação, e ainda para crianças pequenas».
As folhas, com elevado conteúdo de cálcio e ferro, podem substituir os espinafres, acrescenta o Icraf.
Também contêm altas doses de cistina e metionina, aminoácidos que funcionam como antioxidantes naturais para o corpo humano, e são encontrados em alimentos como ovos, carnes, produtos lácteos e cereais integrais.
As vagens jovens da moringa são comestíveis e o seu sabor assemelha-se aos dos aspargos.
As ervilhas verdes podem ser cozidas e, as flores, consumidas em forma de chá, também usado como remédio para gripes.
De acordo com a FAO, os produtos derivados da moringa têm propriedades antibióticas, contra os parasitas tripanossomas e hipotensão.
A planta também cura espasmos, úlceras e inflamações, e tem propriedades para reduzir o colesterol e os açúcares no sangue. As sementes e cascas são utilizadas para tratar problemas circulatórios.
«É uma espécie incrível e tem propriedades multifuncionais», declarou Fernando Arancibia, da Fundação chilena para a Inovação Agrária (FIA).
O saber popular diz que a planta cura e previne até 300 enfermidades, incluindo diabetes, dores de cabeça ou acne, ainda que não existam estudos científicos que demonstrem tais propriedades. Talvez por isso muitos se refiram a ela como «a árvore da vida».
Riscos
No entanto, os especialistas advertem que é preciso ter moderação no consumo da planta, pois entre os seus efeitos secundários estão a perda de sono, excesso de glóbulos vermelhos e acidez.
O médico naturalista Reinaldo Reyes assegurou em entrevista à televisão dominicana que a moringa pode ser perigosa.
«Tem sido utilizada há anos para combater a desnutrição em países pobres. O problema é que agora as pessoas querem usá-la de forma indiscriminada, porque pensam que é inofensiva», diz Reyes.
Já o médico naturalista Arcenio Estévez Medina afirma não ter nada contra o consumo de moringa, mas advertiu que não se deve usá-la indiscriminadamente, assim como nenhuma outra planta.

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