segunda-feira, 28 de março de 2016

Reformar a Agricultura rumo ao Desenvolvimento Sustentável


O 9º Fórum para o Futuro da Agricultura (FFA), realizado em Bruxelas, a 22 de Março, apelou
à fileira agroalimentar, aos decisores políticos mundiais e às ONGs para que se unam de
forma proactiva e urgente em torno dos desafios da segurança alimentar e ambiental
elencados pela ONU, no âmbito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

O Fórum para o Futuro da Agricultura (FFA) é uma iniciativa da ELO (European Landowners' Organization) e
da Syngenta, onde anualmente se reúnem entidades de vários quadrantes da Sociedade para discutir o rumo
que a Agricultura Europeia deve seguir para responder aos desafios da segurança alimentar e ambiental.
Nesta edição, onde participaram cerca de 1500 pessoas, os temas dominantes da Conferência foram a
necessidade de reformar o modelo agrícola dominante; de mudar comportamentos sociais, caminhando para
um consumo mais responsável e de repensar e transformar o modelo de inovação, com vista a cumprir os
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, fixados na cimeira da ONU, em Setembro de 2015 (Agenda
2030). Esta agenda é fruto do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo para criar um novo
modelo global para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o
ambiente e combater as alterações climáticas.

O FFA foi inaugurado com um vídeo do secretário-geral da ONU, onde este afirmou que «só
poderemos acabar com a fome no mundo se mudarmos a forma como produzimos, transformamos,
distribuímos e consumimos os alimentos». Ban Ki-moon apelou à «gestão mais cuidadosa dos
recursos naturais – solo e água – e à preservação da biodiversidade» e disse que «os novos sistemas
agroalimentares, devem estar focados na saúde, na proteção do ambiente, na promoção da justiça
social, no empoderamento das mulheres e devem dar mais oportunidades aos jovens e mais apoio aos
pequenos agricultores».

O sub-secretário geral da ONU reforçou a ideia de Ban Ki-moon, dizendo que «repensar a agricultura
é fulcral num mundo de 9 biliões de consumidores, onde as alterações climáticas e a escassez de
recursos são uma ameaça. A Agricultura deve ser uma parte integral das soluções para a Agenda
2030». Achim Steiner lembrou que 1/3 da terra arável a nível mundial está perdida ou comprometida, o
que condiciona a nossa capacidade de alimentar a população mundial. Por outro lado, 1/3 dos
alimentos que produzimos no mundo Ocidental acabam no lixo, o que não é aceitável, atendendo a
que milhões de pessoas ainda morrem de fome. «Todo o sistema está orientado para aumentar a
produtividade, no entanto, o futuro da agricultura terá de ser radicalmente diferente (…) é necessário
redefinir o caminho da Agricultura pela via da sustentabilidade e a Europa tem um papel fundamental,
o que ocorrer na Europa influenciará o resto do Mundo», concluiu.
Nota imprensa
O Comissário Europeu da Agricultura, Phil Hogan, sublinhou o papel de liderança da União Europeia
no que respeita ao desenvolvimento sustentável e disse que este é transversal a toda a PAC e está
presente no esforço de investigação e inovação agrícola da UE e na política comunitária de comércio
agroalimentar: «A PAC assume a liderança no que respeita à implementação da Agenda 2030 e esta
liderança deverá evoluir e ser aprofundada nos próximos anos, tanto internamente como em
colaboração como outras políticas internacionais».

Na opinião do diretor-geral da Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), José
Graziano da Silva, «a Agenda 2030 apresenta uma visão global e reformadora do Desenvolvimento
que reflete as mais profundas aspirações da Humanidade para um mundo mais justo, mais seguro,
mais inclusivo e mais pacífico».

Jeffrey Sachs, diretor do The Earth Institute, da Universidade de Colombia, nos EUA, deu algumas
sugestões do que deve ser feito para concretizar os objetivos da Agenda 2030: «os objetivos da
Agenda 2030 são difíceis, mas tecnicamente exequíveis, o desafio consiste na ligação entre os
técnicos e os decisores políticos. É preciso uma visão holística do problema, os Governos não podem
atuar de forma estanque». Na perspetiva deste investigador, «educação de qualidade generalizada a
nível mundial é a base para a resolução dos problemas» e é sobretudo através da educação das
mulheres africanas, com vista à diminuição da taxa de fertilidade, que poderemos evitar o aumento
exponencial da população: «não podemos deixar que a população mundial atinja os 11,2 biliões em
2100», exortou.

Os oradores da Conferência concordaram que é necessária uma colaboração mais estreita e efetiva
entre todas as partes – governos, investigação, empresas e ONGs – por forma a pôr em prática a
Agenda 2030, traduzindo-a em políticas e práticas ajustadas às diferentes realidades regionais.
A este propósito John Parr, Chief Operation Officer da Syngenta e co-fundador do FFA, disse que
«ninguém tem todas as respostas. Se os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são para ser de
facto atingidos, então o modelo atual não serve. Isto aplica-se à Syngenta e a toda a Fileira
agroalimentar, aos governos e às ONGs. Significa que temos de pôr de lado os preconceitos e as
velhas formas de trabalhar e de inovar – não só no que respeita à tecnologia, mas também às práticas
agrícolas e à partilha de conhecimento -, colaborando de forma intensa para atingir os objetivos».

fonte: Syngenta

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