segunda-feira, 30 de outubro de 2017

António Costa. "Houve uma subestimação dos riscos da primeira quinzena de outubro"



29 out, 2017 - 20:46 • Carlos Calaveiras

Já sobre a relação com Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro reafirmou que há uma "relação de excelente cooperação institucional com o Presidente da República" e que, da sua parte, "não há crispação" e "há uma relação franca e leal".

O primeiro-ministro António Costa admite que "houve uma subestimação dos riscos da primeira quinzena de Outubro" e que "houve, seguramente, carência de meios".

Em entrevista à TVI, em Pampilhosa da Serra, António Costa referiu que "temos a noção da excepcionalidade do que aconteceu de 15 para 16 de Outubro. Houve avisos do IPMA, da Protecção Civil na sexta-feira. Mas houve subestimação dos efeitos do furacão Ophelia. Houve muitos avisos nos Açores, mas houve subestimação. A força dos ventos foi devastadora, os meios aéreos chegaram a estar impedidos de actuar."

No entanto, "nalguns casos, na primeira intervenção, [os meios aéreos] podiam ter feito diferença", admite Costa

O governante referiu que, agora, "aquilo que é prioritário é o esforço que temos de fazer para reconstruir e reparar".

Costa diz que as "pessoas exigem respostas concretas, mais do que palavras" e, por isso, "temos de fazer reforma da floresta". "Senti muita determinação por parte das pessoas, em fazer face à situação e resolvê-la para melhor".

Na primeira entrevista depois da tragédia de 15 de Outubro, o primeiro-ministro não respondeu à pergunta sobre se Constança Urbano de Sousa ainda seria ministra se não fosse o discurso do Presidente da República. "Não lhe vou responder a essa pergunta", disse Costa ao jornalista Pedro Pinto.

"A ministra da Administração Interna fez o trabalho que tinha combinado fazer e entendeu que não tinha mais condições de exercer as suas funções e assim foi", acrescentou.

Já sobre a relação com Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro não quis dizer se tinha ficado chocado com as declarações do Chefe de Estado, reafirmou que há uma "relação de excelente cooperação institucional com o Presidente da República" e que, da sua parte, "não há crispação" e "há uma relação franca e leal".

"Um dos contributos que um primeiro-ministro deve dar é não comentar a actividade do Presidente. Seria uma enorme perda para o país que fosse prejudicada essa boa relação", referiu.
No entanto, sempre foi dizendo que "o primeiro-ministro não faz análise política e que as conversas com o Presidente da República não são para ser tornadas públicas, nem agora, nem num futuro livro", num "toque" ao Presidente Cavaco Silva.

Quanto à situação no terreno, o chefe do Governo lembra que em Pedrógão já "cerca de 70 casas estão reconstruídas, 90 estão em obra".

"Aquilo que temos de fazer [após incêndios de Outubro] é o mesmo: pôr mãos à obra".

Questionado sobre o impacto dos fogos nos empregos dos habitantes das zonas afectadas, Costa lembrou que "temos um conjunto de mecanismos para a manutenção dos postos de trabalho" de empresas afectadas e que "estão abertas linhas de apoio ao emprego até 25 milhões de euro até Janeiro".

"Estamos convictos [que os apoios aos incêndios] não vão afectar o défice", mas "a última das preocupações é essa", referiu. "Não podemos, em nome do défice, deixar de apoiar as populações e as famílias", reforçou.

Já sobre a rede SIRESP, Costa não deu novidades mas lembrou que é um sistema que já tem 10 anos e pode ser modernizado. "Nos próximos dois anos vamos enterrar mil quilómetros de cabos".

A última pergunta da TVI foi sobre se o primeiro-ministro poderia garantir que tragédias destas não se iriam repetir. Costa respondeu: "Vamos tudo fazer para que nada se repita e para que nada fique como antes".

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