sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Governo dos Açores suspende transformação de beterraba em açúcar na Sinaga


Imagem de Arquivo  |  DR
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"Mesmo nos anos em que houve boas condições para a produção de beterraba, os resultados de exploração foram negativos", disse o responsável pela pasta da Agricultura nos Açores

O Governo dos Açores vai suspender a transformação de beterraba em açúcar na Sinaga, que possui um passivo de 26 milhões de euros, segundo declarou hoje o responsável pela pasta da Agricultura do executivo açoriano.

"A solução de suspensão da atividade, como a própria palavra indica, é transitória, havendo que aguardar e perceber o que vai acontecer no futuro, em termos de preços do açúcar, não sendo possível fazer previsões a médio e a longo prazo", declarou João Ponte aos jornalistas, no final de um encontro com os trabalhadores da Sinaga.

De acordo com o governante, a produção de açúcar a partir de beterraba representa apenas oito por cento, uma vez que "neste momento a Sinaga já compra muito açúcar a granel que depois é empacotado e embalado nos Açores, tirando rentabilidade deste negócio".


A unidade industrial mantém a componente da comercialização e de refinação.

O Governo Regional dos Açores anunciou em fevereiro de 2010 a aquisição, por 800 mil euros, de 51 por cento do capital da açucareira Sinaga, que é a única empresa transformadora de beterraba existente em Portugal.

O secretário regional da Agricultura e Florestas considerou que a administração da indústria açucareira "tem agora que se concentrar" na negociação do seu passivo com banca, fornecedores e Estado, que considerou ser preocupante.

João Ponte acrescentou que a Sinaga deve ainda apostar na rentabilização dos seus ativos, bem como das suas instalações, fábrica do álcool, no concelho da Lagoa, e terrenos que possui, visando gerar liquidez para que "seja possível, no futuro, garantir a sua sustentabilidade".

"Mesmo nos anos em que houve boas condições para a produção de beterraba, os resultados de exploração foram negativos, não fazendo sentido manter e prolongar esta situação de atividade de transformação. Seria caminhar para o abismo", sustentou.

João Ponte afirmou ser importante a unidade industrial concentrar-se, agora, na comercialização do açúcar, sendo a refinação "vista em função das condições do mercado".

O governante referiu que 26 trabalhadores vão manter-se na Sinaga nesta nova fase da sua existência e os 48 restantes transitam, com os seus direitos salvaguardados, para a administração pública regional.

João Ponte admitiu a possibilidade dos operários que o desejarem, pela idade avançada, avaliarem com a administração da empresa situações como o recurso a reformas antecipadas.

Isaura Amaral, do Sindicato das Indústrias Transformadoras, declarou, por seu turno, temer que esta "seja uma suspensão definitiva", destacando que "os sindicatos lutaram durante imensos anos para que isso não acontecesse".

A sindicalista acredita que há condições para viabilizar a Sinaga, como atestado por um estudo desenvolvido pelo Governo Regional, em 2009, tendo acrescentando que "houve má gestão da empresa para chegar ao ponto a que chegou".

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