quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Agricultores e produtores florestais protestam em Lisboa na sexta-feira

Os agricultores e produtores florestais afetados pelos incêndios de 2017 na região Centro vão manifestar-se em Lisboa, na sexta-feira, reclamando do Governo apoios financeiros para todos os lesados do setor primário.

 
Entre outras exigências, os manifestantes querem que o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, assegure "a reabertura das candidaturas aos apoios" na área agrícola e "preços justos para a madeira queimada" nos fogos de 2017, disse hoje à agência Lusa Isménio Oliveira, da Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO).

Na concentração, junto ao Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural (MAFDR), com início às 14:30, exigirão que as ajudas do Estado "cheguem a todos sem exceção", refere em comunicado a ADACO, uma das associadas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Promovida pela Comissão de Agricultores e Produtores Florestais Afetados pelos Incêndios de 2017, a iniciativa é apoiada pela CNA, ADACO e Movimento de Apoios às Vítimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), em Tábua, distrito de Coimbra, um dos municípios atingidos pelos fogos de 15 e 16 de outubro daquele ano.

Estas organizações consideram "insuficientes e mesmo desadequadas as medidas de apoio, umas avançadas e outras anunciadas pelo Governo, tendo em conta os avultados prejuízos sofridos pelas populações e pelos agricultores em especial".

"Não há ajudas nenhumas para os produtores florestais", afirmou Isménio Oliveira, frisando que "não pode ficar ninguém de fora por causa de burocracias" que se deparam aos lesados.

Segundo a nota, "muitos agricultores tiveram dezenas de milhar de euros de prejuízos, mas, dadas as exigências tecnoburocráticas e financeiras para apresentar um projeto no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), com um total de investimento superior a 5.000 euros -- e sem sequer terem a certeza de que esse projeto seria aprovado -- várias centenas de agricultores aceitaram a única alternativa, que, de facto, o Governo lhes deu e que foi fazerem um pedido simplificado" de apoio até 5.000 euros.

"Dos cerca de 62 milhões de euros em candidaturas submetidas, foram cortados mais de 10 milhões de euros. Portanto, houve cortes superiores a 16% do total apresentado em candidaturas deste tipo", adianta.

Nuno Pereira, dirigente da MAAVIM, confirmou à Lusa que "muita gente não recebeu nada", por dificuldades diversas no acesso à informação e no preenchimento dos formulários.

"A maioria destas pessoas nem sequer tem dinheiro" para manter as explorações em funcionamento, sublinhou o empresário de Midões, presidente da Cooperativa Capital dos Frutos Silvestres, com sede em Oliveira do Hospital, que reúne sobretudo jovens agricultores de 22 municípios dos distritos da Guarda, Viseu e Coimbra.

"Muitos dos agricultores que mais cedo submeteram os primeiros registos através da plataforma informática criada para o efeito pelo MAFDR e pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), face à pouca informação então dada pelo Ministério da Agricultura, pensaram que isso bastava e agora correm o risco de nada receberem, o que é inadmissível", refere a nota da ADACO.

No distrito de Coimbra, em 2017, "arderam cerca de 20 mil hectares de floresta em áreas comunitárias (baldios), sem que haja qualquer medida de apoio".

"Há um pedido de audiência ao senhor ministro da Agricultura", para as 14:30 de sexta-feira, para "se saber das diligências efetuadas (...) em relação ao caderno de reclamações", enviado há duas semanas e ainda sem resposta de Capoulas Santos, criticam os organizadores do protesto, que chegou a estar previsto para quarta-feira.

Sem comentários:

Enviar um comentário