terça-feira, 27 de maio de 2014

Exploração da Guarda exporta bovinos vivos da raça Aberdeen-Angus para Espanha


O proprietário de uma exploração pecuária do concelho da Guarda dedica-se, com sucesso, à criação de animais da raça bovina Aberdeen-Angus, que depois vende para melhoramento genético de explorações nacionais e de Espanha.

Nuno Tormenta Marques, de 39 anos, licenciado em Relações Internacionais, é criador de bovinos da raça Aberdeen-Angus desde 2008.

Da sua exploração, localizada em Panoias de Cima, Guarda, já saíram 23 crias para Espanha e três para criadores nacionais (Covilhã, Pinhel e Crato).

"Devido ao interesse que há na raça, só faço genética. Neste momento, estou a utilizar touros de sangue antigo, para ir buscar as antigas características dos animais, como a robustez, a facilidade de parto, a fertilidade e as taxas de conversão em pasto", explicou o criador à agência Lusa.

Nuno Tormenta Marques iniciou a actividade com quatro vacas Aberdeen-Angus provenientes de Inglaterra e actualmente tem cerca de 40 animais adultos e vitelos, de três linhas genealógicas: uma de animais de grande porte, outra de linha média e uma terceira de linha pequena.

"Como tenho poucos animais e pouca área, tenho poucos e bons. Só utilizo inseminação artificial, já tenho terceiras gerações dos animais e estou sempre em melhoramento consecutivo", disse.

A qualidade dos animais da sua exploração foi recentemente evidenciada por Nigel Hammill, um especialista inglês e antigo presidente da Aberdeen-Angus Cattle Society, que a visitou e afirmou que "se os levasse a um leilão, a Inglaterra, não envergonhavam ninguém".

Nuno Tormenta Marques vende os animais entre os seis e os sete meses de vida, a partir de 1.500 euros cada.

"O volume de negócios é baixo, porque tenho poucos animais", disse o produtor, que afirma ser "o único criador puro" de Aberdeen-Angus na Beira Interior.

No futuro, tenciona continuar a "vender genética", admitindo somente enveredar pela venda de animais para abate "se aumentar o número de efectivos ou se utilizar cruzados".

"Poderei vir a vender para o mercado de hotel e de restaurante de qualidade, mas isso é um passo que poderei dar muito mais tarde, porque neste momento não quero ultrapassar o número de 40 vacas, para poder manter a qualidade do efectivo", justificou.

Apesar da "carga negativa" associada à agricultura, Nuno Tormenta Marques acredita que o sector "tem futuro", apontando que já é actualmente "um dos mais pujantes" a nível nacional.

Fonte:  Lusa

Área de cerejal tem aumentado na Cova da Beira



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A área de cerejal na Cova da Beira tem aumentado e há cada vez mais investidores de diferentes sectores a apostar na produção de cereja, comprovam os projectos que estão a ser concretizados na região.

O cadastro de terras só apresenta elementos até 2009, mas demonstra que, em 20 anos, na Cova da Beira, a área plantada com cerejeiras quase duplicou: passou-se de 1.079 hectares, em 1989, para 1.868 hectares, em 2009, de acordo com os dados facultados à agência Lusa pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro.

Daí para a frente, o levantamento ainda não foi realizado, mas os investimentos continuam a ser realizados e a bom ritmo.

Paulo Ribeiro, empresário natural de Felgueiras e a residir na região há vários anos, concluiu em 2012 a plantação de 56 hectares de cerejeiras.

O pomar, que atravessa as freguesias de Peraboa e Ferro (Covilhã), é um dos maiores pomares contínuos de cerejas do país e é apenas uma parte do projecto delineado por Paulo Ribeiro.

Até 2017, este empresário pretende ter 100 hectares de cerejeiras plantados e nesse ano conta colher 500 toneladas de cereja, número que deverá duplicar quando a produção estiver em pleno.

Nessa altura, Paulo Ribeiro terá investido um total de dois milhões e meio de euros, um milhão e quatrocentos mil dos quais já concretizados.

"Só fazia sentido investir se tivesse dimensão. Ou fazia uma plantação com dimensão, massa crítica e escala ou não fazia nada", refere este empresário, que também tem uma empresa de comercialização de tomate e derivados de fruta.

A aposta na cereja surge de forma natural e porque Paulo Ribeiro quis sedimentar as raízes que já tem na região.

Raízes que no caso de Sara Martins, 30 anos, formada em agronomia, já estavam profundamente ligadas à cereja.

No fim do curso, esta jovem filha de produtores ainda tentou trabalhar na área de formação, mas só encontrou empregos noutros sectores, pelo que acabou por seguir os passos da família.

Comprou um terreno, candidatou um projecto e, depois de o ver aprovado, deu início à plantação de sete hectares. O investimento de cerca de 80 mil euros está concretizado e, agora, a mais recente empresária aguarda que o pomar (também da nova geração) comece a dar frutos. As expectativas são as melhores, até porque Sara Martins sabe a "mais-valia" que a marca "Cereja do Fundão" tem na hora de vender o produto.

Já Aldo Costa, 35 anos, natural de Vila do Conde, não tinha, até há pouco tempo, mais contacto com as cerejas do que o de típico consumidor, realidade que se alterou quando este professor universitário na área de desporto e a mulher, uma investigadora de ciências farmacêuticas, resolveram plantar seis hectares de cerejeiras.

O projecto surge depois de o casal ter optado por fixar residência na freguesia de Peraboa, Covilhã, numa propriedade com vários hectares, que permitia outro aproveitamento, além do residencial.

O aconselhamento técnico e o facto de existirem na região produtores com conhecimento do sector e estruturas "de apoio à produção e escoamento" ditaram que o casal resolvesse apostar na produção de cerejas, com a respetiva candidatura aprovada.

As cerejeiras acabaram de ser plantadas em Abril.

Eduardo Melf, 48 anos, natural do Ferro, concelho da Covilhã é outro dos exemplos que demonstram que a cereja tem conquistado cada vez mais pessoas e dos mais diferentes sectores de actividade.

Advogado de profissão, Eduardo Melf, que já tinha um pequeno pomar familiar, acabou recentemente de plantar o número exacto de 4.350 cerejeiras, ou seja, um pomar de nove hectares.

Neste caso, o projecto também é levado a cabo em família e o factor "fundos comunitários" também pesou na hora de concretizar o projecto, que, "se correr bem", poderá ser alargado.

Fonte:  Lusa

DAI equaciona investir 75 milhões no Alqueva


26 Maio 2014, 12:05 por Isabel Aveiro | ia@negocios.pt, João Carlos Malta | joaomalta@negocios.pt

O grupo italiano DAI poderá voltar a produzir açúcar de beterraba em Portugal. Em causa está uma nova unidade nas terras irrigadas do Alqueva.

"Está a ser equacionada" a volta à produção de beterraba sacarina em Portugal, avançou esta segunda-feira, 26 de Maio, José Salema, presidente da EDIA. O responsável da empresa pública avançou, durante o seminário "Investir no potencial agrícola do Alqueva", que o que está em causa é uma fábrica, da DAI - Sociedade de Desenvolvimento Agro-Industrial, de produção de açúcar a partir de beterraba, que a concretizar-se, implica um investimento de 75 milhões de euros, contabilizou. 
 
A DAI, recorde-se, tem uma unidade fabril em Coruche, concebida inicialmente para a produção de açúcar a partir de beterraba. O que aconteceu até 2008, quando a empresa de origem italiana chegou à conclusão que a cota atribuída por Bruxelas a Portugal não era economicamente rentável. Decidiu, desde então, fazer a extracção de açúcar através de cana sacarina, reconvertendo a unidade industrial, e por isso pondo fim à única fábrica de beterraba então existente no País. 
 
No evento que decorre esta segunda-feira no Museu do Oriente, José Salema mencionou ainda outro investimento potencial, desta feita de um grupo árabe, para a produção de luzerna, leguminosa utilizada na alimentação animal. Segundo o gestor, o grupo, cujo nome não identificou, tem "uma intenção concreta" de analisar um investimento na zona do Alqueva, até porque esteve "duas semanas a fazer análise de solos" na zona. 
 
"Com projectos destes", explicou José Salema, referindo-se aos dois casos avançados esta manhã, "não é muito difícil chegar a 300 ou 400 milhões de euros de investimento" nos "próximos anos" na região irrigada do Alqueva. 

Negócio da venda de cereja à beira da estrada está fraco

O negócio da venda de cereja à beira da estrada, no Fundão, tem estado fraco, disseram à Lusa os vendedores e vendedoras que por estes dias comercializam o fruto numa das principais entradas da cidade.

Colhida nos pomares de cada um dos vendedores/produtores, as cerejas têm estado a ser comercializadas a valores que variam entre os 2,5 euros e os 3,5 euros o quilograma (depende do calibre), preços que os produtores consideram baratos, mas que não estão ao alcance de todas as carteiras.

"As pessoas queixam-se. Até percebem que é um fruto que dá muito trabalho, mas na hora de comprar retraem-se e levam menos", explica Fátima Gonçalves.

A poucas bancas de distância, Pedro Simões também aproveita para vender parte da cereja que colheu pela manhã no pomar que tem no Alcaide, mas os clientes surgem a "conta-gotas" e não deixam de regatear, apesar de os preços estarem longe dos que foram praticados na primeira semana da campanha, quando um dos vendedores conseguiu vender uma caixa de dois quilos a 15 euros (7,50 euros o quilo).

"Isso são só mesmo as primeiras, depois o preço começa logo a cair e vai muito rapidamente para preços mesmo baixos. Por exemplo, a cereja que esta semana temos estado a vender a três euros, há cinco ou dez anos, na mesma altura da campanha, vendia-se à vontade a cinco euros ou mais", afiança Pedro Simões, enquanto aproveita a chegada de dois clientes para vender mais algumas caixas de cereja.

Ricardo Dias e Luís Brites, residentes em Coimbra, estão a trabalho no Fundão e não quiseram regressar a casa sem as típicas cerejas. Levam para eles e também para oferecer.

"Caro nós achamos sempre, mas o ano passado comprei-as mais caras, portanto vou levar mais algumas", aponta Luís Brites.

Noutra banca, José Oliveira, de Viseu, também aproveita a passagem pela Beira Baixa para levar uma caixa da "melhor cereja do país", que, no entender deste director comercial, "consegue ser melhor" do que as rivais de Resende.

Elogios ao fruto são recorrentes, mas quem vende diz que nem isso tem potenciado as vendas.

A falta de dinheiro será o principal fator para que o negócio esteja "fraco", mas a chuva que caiu nos últimos dias também ajuda a afastar potenciais clientes, bem como o local no qual a venda é feita.

Em 2012, a Câmara Municipal do Fundão transferiu os vendedores que costumavam ficar na entrada norte para um espaço que fica a poucos metros e que foi criado para o efeito com o objectivo dar uma melhorar a imagem e ordenar a venda, mas quem comercializa critica a opção.

Os vendedores garantem que o sítio é mau porque "não facilita o estacionamento para quem está de passagem", porque "está mal sinalizado" e porque a distribuição dos vendedores (em forma de U e tirada por sorteio) "só beneficia os que ficam nas pontas". Também criticam as próprias bancadas por não terem toldos suficientemente largos para protegerem a fruta do sol ou as pessoas quer do sol quer da chuva.

Os vendedores não deixam de assumir que o espaço atual é "mais bonito e aprazível", mas, mesmo assim, preferiam regressar ao antigo posto de venda para receberem os compradores que, esperam, deverão começar a chegar em maior número.

A grande enchente é esperada de 06 a 10 de Junho, data em que se realiza a Festa da Cereja de Alcongosta, considerada um dos maiores festivais populares do país.

Fonte:  Lusa

Cereja do Fundão 'a bordo' dos aviões portugueses


     
26/05/2014 14:47:22 957 Visitas   
 Cereja do Fundão 'a bordo' dos aviões portugueses
A cereja do Fundão vai ser distribuída a passageiros da TAP durante o mês de Junho, anunciou hoje o presidente da Câmara do Fundão na conferência de imprensa de apresentação da campanha anual de promoção daquele fruto.

Paulo Fernandes explicou que, ao longo do mês de Junho, a cereja será distribuída aos passageiros de classe executiva daquela companhia aérea, bem como nos "lounges" dos aeroportos de Lisboa e Porto.

Para o dia 10 de Junho, dia de Portugal, está preparada uma acção que incluirá todos os voos e todos os passageiros da empresa.

"No nosso esforço anual de ir mais longe com a cereja, escolhemos a TAP como parceiro fundamental do ponto de vista da internacionalização e acreditamos que esta estratégia contribuirá muito para aumentar a notoriedade da cereja do Fundão, nomeadamente na óptica de criação de valor e de venda em mercados diferenciados", referiu o autarca.

Paulo Fernandes esclareceu que a estimativa relativamente ao número de pessoas que serão abrangidas com esta acção ainda não está encerrada, mas ressalvou que serão "seguramente umas largas dezenas de milhares".

"A distribuição global mensal prevista é a de 10 toneladas de cereja, pelo que, tendo em conta que cada cuvete tem 125 gramas, estamos a falar, em termos de público, de um número muito elevado", afirmou.

Além desta, a autarquia estabeleceu ainda outras parcerias com várias marcas em Portugal, como a Padaria Portuguesa, os gelados Santini, a Gin Lovers e a Compal, entre outros que levarão a cereja até um mercado tipicamente de excelência.

Uma aposta que volta a incluir personalidades que já conhecem a cereja do Fundão, designadamente o Presidente da República, já que o fruto estará numa iniciativa oficial das Comemorações de Portugal da Guarda, ou os jogadores da Selecção Nacional, a quem a cereja será enviada durante o estágio em Óbidos.

Nesta campanha de promoção está prevista a reedição do festival gastronómica "Rota da Cereja do Fundão em Lisboa", que se realiza entre 16 Junho e 6 de Julho, período durante o qual 10 dos mais conceituados restaurantes da capital incluirão nas respectivas ementas pratos que são confeccionados com cereja.

O município também manterá a aposta nos três quiosque com formato de cereja que vão distribuir cereja, derivados de cereja e outros produtos regionais, sendo que um fica no Fundão, outro está em Macau e outro estará entre a baixa de Lisboa e Belém. Este último será auxiliado por um veículo "tuck tuck", devidamente identificado.

A estratégia de promoção da cereja contará pela primeira vez com os camiões produtores e distribuidores que vão ser identificados com a imagem de marca da cereja do Fundão.

A nível local, volta a realizar-se-á a já conhecida Festa da Cereja, que este ano se prolonga por cinco dias (de 6 a 10 de Junho), durante os quais são esperados milhares de visitantes no concelho do Fundão.

O presidente da autarquia informou ainda que, em termos globais, a acção de promoção deste ano terá um custo de cerca de 50 mil euros, valor que em parte será comparticipado e que garante ainda forte retorno, já que contribui para a "aumentar notoriedade da cereja e assim criar valor e dinamizar um dos sectores de actividade com mais representatividade económica no concelho".

Lusa/SOL

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Quercus: Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo ameaçada por novas áreas turísticas

22-05-2014 às 11:55

Quercus: Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo ameaçada por novas áreas turísticas

A revisão do Plano Director Municipal de Benavente apresenta uma proposta de criação de duas áreas de vocação turística com mais de 9 mil hectares abrangendo terrenos da Companhia das Lezírias, empresa pública tutelada pelo Ministério da Agricultura, esquecendo os objectivos de conservação do montado de sobro e da Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo, alerta esta quinta a Quercus, em comunicado.

A Câmara Municipal de Benavente, em sede de revisão do PDM, apresentou uma proposta final em Dezembro de 2013, onde surgem propostas de alteração de uso do solo incompatíveis com os objectivos de conservação do património florestal e os compromissos europeus em matéria de conservação da biodiversidade, nomeadamente duas novas áreas de vocação turística sobrepostas a zonas condicionadas, criando conflitos que deveriam ser evitados.

Na proposta de Plano de Abril de 2010 da revisão do PDM de Benavente, o ordenamento geral apresentava uma classificação dos solos ambientalmente mais responsável. Contudo, na versão de 13 de Dezembro de 2013, surgem dois novos zonamentos: a Área de Vocação Turística – Samora Correia I e a Área de Vocação Turística – Samora Correia II, situadas em terrenos da Companhia das Lezírias pertencentes ao Estado, abrangendo mais de 9000 hectares, nos quais a maioria é ocupada por povoamentos de sobreiros protegidos, integrando também a Reserva Ecológica Nacional e, parcialmente, a Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo (Rede Natural 2000).

Devido à gravidade da situação, a Quercus alertou a CCDR-LVT sobre a referida Proposta de Plano actualmente em fase de concertação, a qual contraria o actual ordenamento do território criando incompatibilidades nos usos do solo apresentados. Contudo, a CCDR-LVT refere não ter ainda emitido um parecer formal, quando é do conhecimento da Quercus existir um parecer prévio da mesma Entidade que não salvaguarda as zonas de protecção existentes.

A Quercus estranha este retrocesso, dado que a proposta de revisão do PDM de Benavente, de Setembro de 2007, propunha o alargamento da Reserva Natural do Estuário do Tejo e da Zona de Protecção Especial em terrenos da Companhia das Lezírias, com vista à criação do Parque Natural do Estuário e Vale do Tejo.

Por outro lado, o Documento de Estratégia Orçamental 2014-2018 do Ministério das Finanças, assume para «2015, (…) o lançamento da concessão do Oceanário de Lisboa e as concessões turísticas relativas à Companhia da Lezírias e Coudelaria de Alter.» Isto para encaixar um valor de 41 milhões de euros.

A Quercus considera preocupante a abertura da Companhia das Lezírias – a maior exploração agro-pecuária e florestal do país – a concessões turísticas a grupos económicos privados, considerando que esta e os terrenos sob sua gestão, devem permanecer na esfera do Estado, em termos que lhe permitam assegurar e garantir a prossecução do interesse público e a defesa dos valores naturais e patrimoniais que alberga.

Publicada portaria que estabelece o período crítico do Sistema de Defesa da Floresta contra incêndios


Foi hoje publicada, no Diário da República, a Portaria nº 110/2014, de 22 de maio, que estabece o período crítico, no âmbito do Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios. De acordo com a referida Portaria esse período vigora de 1 de julho a 30 de setembro de 2014.

Consulte aqui a Portaria nº 110/2014, de 22 de maio

Publicada: 22-05-2014 08:00

Publicada a lista dos prédios do Estado disponíveis na bolsa nacional de terras


Foi ontem publicada no Diário da República a lista dos prédios do Estado disponibilizados na bolsa nacional de terras, identificados como aptos para utilização agrícola, florestal ou silvopastoril.

Consulte aqui o Despacho n.º 6559/2014, de 20 de maio

Publicada: 21-05-2014 08:00

domingo, 25 de maio de 2014

31% do investimento do programa de desenvolvimento rural está na zona Centro


A região Centro cativou 31% do total de investimento do Programa de Desenvolvimento Rural (Proder), disse hoje, em Castelo Branco, a Gestora Adjunta do programa.

"O Proder tem tido algum impacto no combate à desertificação. O investimento [do Proder] na região Centro atingiu os 31%, ocupando o segundo lugar a nível nacional. A Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro tem tido um papel muito significativo no investimento aprovado", disse Rita Barradas.

A Gestora Adjunta do Proder, que falava em Castelo Branco durante a sessão de abertura de um seminário sobre "As boas práticas de cooperação e de desenvolvimento rural", adiantou que, globalmente, o programa apresenta 34 mil projetos e representa um investimento de sete mil milhões de euros de investimento.

"A região Centro segue com a maior percentagem de investimento agrícola e agroindustrial e também ao nível dos jovens agricultores, com uma média superior à média nacional", sublinhou.

Rita Barradas explicou ainda que, no âmbito do programa, a agricultura e a agroindústria representam 42%; os jovens agricultores, 19%; a floresta, 10% e o regadio 09%.

Fonte: Diário Digital de Castelo Branco
Publicada: 22-05-2014 08:00

Empresa de Ílhavo produz algas que dão superalimentos, bioplásticos e filtram a água

NICOLAU FERREIRA 18/05/2014 - 08:42
Uma nova expressão designa o que está a acontecer por todo o mundo e em que a Algaplus é pioneira cá: agronomia do mar. O que se produz? Macroalgas, na ria de Aveiro. Elas parecem dar para tudo: desde alimentos até bioplásticos. De passagem, tornam a aquacultura de peixes mais verde.


Uma das algas que a empresa produzADRIANO MIRANDA

Junto à ria de Aveiro, crescem macroalgas associadas à aquacultura de peixes. Nuns tanques, há robalos e douradas, nomes bem conhecidos da pirâmide alimentar, e noutros, alface-do-mar, cabelo-de-velha, musgo-irlandês, botelho-comprido, erva-patinha e chorão-do-mar. Estas seis espécies de macroalgas (não são microscópicas) também podem vir a fazer parte da cozinha portuguesa ou, então, ser matéria-prima para plásticos. Povoam a costa e, desde 2013, são produzidas pela empresa nacional Algaplus.

Instalado em Ílhavo, perto de Aveiro, o sistema das algas serve para filtrar a água que fica suja depois de ser utilizada pelos peixes da aquacultura. "Produzimos macroalgas que biofiltram, ou seja, fazem a biorremediação da água que vem da produção de peixes", explica Helena Abreu, directora de investigação e desenvolvimento da Algaplus. "Um organismo recicla os resíduos produzidos por outro e transforma-os em produto de valor." Neste caso, o produto de valor são as macroalgas.

Só em 2010 foram produzidas 20 milhões de toneladas de algas secas em todo o mundo: 99% teve como destino a indústria alimentar. Usamo-las como legumes, em batatas fritas, para gelificantes, caramelizantes, texturantes ou espessantes. O sudeste asiático é a região onde mais se produz algas e 90% desta produção é em regime de aquacultura.

Os peixes, nos seus dejectos, produzem naturalmente amónia, nitratos e fosfatos. Na aquacultura, a concentração destas substâncias pode ser muito grande, o que as torna poluentes. Mas, para as algas, estas mesmas substâncias são alimento e, se a água usada pelos peixes for posta à disposição destas espécies, elas podem crescer mais rapidamente do que o normal, devido à abundância destes nutrientes, ao mesmo tempo que limpam a água. Este sistema – chamado aquacultura multitrófica integrada – tenta imitar os ecossistemas naturais na produção de peixes.

Da investigação ao negócio
Tanto Helena Abreu como Rui Pereira, director da Algaplus, são biólogos e passaram anos a investigar as macroalgas. Em 2006, quando Helena Abreu estava a fazer o doutoramento e Rui Pereira um pós-doutoramento, ambos no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (Ciimar) da Universidade do Porto, tiveram a ideia de formar uma empresa de produção de macroalgas.

"Fazíamos a produção de macroalgas integrada num sistema de cultura na Póvoa de Varzim", lembra Helena Abreu. "O trabalho no dia-a-dia podia ser transformado num negócio comercial." Mas a ideia só ganhou forma quando um privado investiu dinheiro. A empresa nasceu em Ílhavo, em 2012, e estabelece um acordo com a empresa Máteraqua, dedicada à aquacultura semi-intensiva de robalos e douradas.

"Este sistema de produção é amigo do ambiente. Os peixes alimentam-se quase só com as águas vindas da ria", diz Helena Abreu. A água é utilizada primeiro pelos peixes, depois segue para os tanques das algas. Do ponto de vista comercial, a Algaplus defende um tipo de associação entre empresas em que cada uma se especializa numa parte de um sistema maior, em vez de uma única empresa explorar tudo: a produção de peixes, de algas…

"Estamos no mesmo espaço e beneficiamos das mesmas infra-estruturas", diz a bióloga, acrescentando que a Máteraqua também beneficia do marketing da Algaplus. "Ajudamos a empresa a vender o seu peixe como amigo do ambiente." Este aspecto ecológico da produção de peixe coaduna-se com as directivas da União Europeia (EU), que prevêem a necessidade do crescimento da aquacultura para alimentar a população, mas de forma sustentável.

"Portugal tem grande diversidade de espécies de algas com aplicação comercial, tem um clima ameno e um desígnio na aposta do mar", aponta a empresária como vantagens desta actividade no país. No entanto, a Algaplus é a única empresa portuguesa a produzir macroalgas.

Farinhas, legumes e sal gourmet
Finalmente, em 2013, a Algaplus começou a obter a sua matéria-prima. Hoje, já retira 300 a 400 quilos de algas desidratadas por mês, que crescem nos cerca de 200 metros quadrados de tanques usados pela empresa. Há três condições para escolher as macroalgas que vão produzir-se, diz Helena Abreu: "Têm de ser espécies que existem no local, ter crescimento rápido e um potencial valor comercial."

Tal como as plantas, as algas fazem fotossíntese. Por isso, utilizam a luz solar para produzir matéria orgânica e crescerem. Este factor pode colocar limitações na cultura. "O nível de produção de algas baixou neste Inverno de muita chuva", exemplifica a bióloga. A produção varia também consoante a espécie de alga ou o tipo de aquacultura associada. Uma produção de peixe mais intensiva vai disponibilizar mais nutrientes para as algas.

Trabalhadores da Soporcel anunciam quatro dias de greve e querem parar fábrica


 

Os trabalhadores da papeleira Soporcel vão cumprir quatro dias de greve pela primeira vez na história da empresa, contra decisões da administração relativas ao fundo de pensões, e querem parar a laboração da fábrica, disse hoje fonte sindical.

«Há uma certeza, a fábrica vai parar, as máquinas vão ser desligadas. É uma greve para parar a laboração», disse à agência Lusa António Moreira, coordenador da União de Sindicatos de Coimbra.
O sindicalista justificou o recurso à greve - cujo pré-aviso determina uma paralisação de mais de quatro dias, entre as 20:00 de terça-feira e as 24:00 de 31 de maio - por parte dos trabalhadores da unidade industrial situada em Lavos, Figueira da Foz, contra as decisões da empresa relativas ao fundo de pensões, discussão que se arrasta há quase seis meses.
Dinheiro Digital / Lusa

Presidente da EDIA defende plantação de eucaliptos nos blocos de rega de Alqueva

CARLOS DIAS 20/05/2014 - 07:56
A ocupação de parte do novo regadio alentejano com árvores de crescimento rápido é a solução proposta para atenuar a falta de matéria-prima na indústria papeleira.

 
A ideia seria envolver nesta solução os pequenos produtores que estão no regadio social DANIEL ROCHA

O presidente o conselho de administração da EDIA, José Pedro da Costa Salema, é favorável à plantação de eucaliptos em Alqueva, alegando que desta forma será possível garantir a sustentabilidade das pequenas explorações agrícolas, o chamado "regadio social".

A opção que preconiza seria acrescida de uma outra vantagem: ao concentrar em Alqueva um modelo de "produção intensiva, seriam libertados territórios onde teria lugar a recuperação do ambiente". José Pedro Salema diz "não fazer qualquer sentido distribuir o mal pelas aldeias", ou seja, disseminar pelo território nacional a plantação de eucaliptos, espécie que já cobre uma área de 812 mil hectares, superando o sobreiro, com 737 mil hectares, e do pinheiro-bravo, com 714 mil hectares.

O sector florestal "é muito dinâmico e, se utilizarmos as pequenas parcelas de terreno em Alqueva, podemos atenuar a falta de matéria-prima e reduzir a vinda de barcos carregados de madeira da América do Sul". O presidente da EDIA não receia a polémica que a sua posição possa suscitar junto das organizações ambientalistas, encarando como "natural regar eucaliptos", embora saiba que a legislação em vigor não o prevê, uma decisão que considera "um erro".

Nos relatórios de actividade da EDIA, publicados em 2012, a empresa assume a sua "participação" num grupo de trabalho, que incluiu a Autoridade Florestal Nacional, a Associação de Indústria Papeleira e a Soporcel, para estudar "a viabilidade de espécies florestais de crescimento rápido nos perímetros de rega em Portugal".

Num esclarecimento solicitado pelo PÚBLICO no início de 2013 sobre os resultados das experiências realizadas pelo grupo de trabalho, a EDIA adiantou que "não tinha conhecimento" de "quaisquer ensaios" nos blocos de rega de Alqueva. No entanto, confirmou "o interesse das indústrias do sector florestal nas áreas de regadio, no sentido de obter maiores produtividades e consequentemente uma maior capacidade produtiva em Portugal".

Comentando a possibilidade de poderem vir a ser plantados eucaliptos em Alqueva, a EDIA disse na altura "estar receptiva a todas as alternativas produtivas que promovam a competitividade das explorações dos agricultores, desde que técnica, económica e ambientalmente sustentáveis".

Subsiste, porém, uma dificuldade que até agora não foi superada: motivar os pequenos agricultores que não regam para vender ou arrendar as suas explorações ou, em alternativa, aceitar parcerias.

A área ocupada pelo regadio social em Alqueva, cerca de 20 mil hectares, é a que oferece melhores condições para receber plantações de eucaliptos, já que a grande maioria dos pequenos agricultores está relutante em aceder às culturas regadas. A taxa de adesão ao regadio é "muito baixa", reconhece o presidente da EDIA, admitindo que "está preocupado" com a situação.

Durante o 1.º semestre de 2013, foram efectuados 818 inquéritos a pequenos agricultores com explorações no regadio social que somam uma área de 8267 hectares. O resultado esteve longe de ser promissor: só 14% dos inquiridos aceitam arrendar as suas terras, 20% optam por parcerias e 57% não disponibilizam as suas explorações para as culturas regadas.

Para superar esta dificuldade, a alternativa passa agora por "fomentar a agregação de parcelas que poderão ser aproveitadas por um terceiro" proprietário ou rendeiro, refere José Pedro Salema. Neste sentido, a EDIA mantém no seu plano de actividades para 2014 a campanha de sensibilização dos pequenos proprietários de terras, para que boa parte da área afecta ao regadio social abandone o sequeiro e opte pelo regadio, nomeadamente cultura de milho. Isto, enquanto a legislação não permitir a plantação de eucaliptos nos perímetros de rega.

Verbas da PAC permitiram atenuar efeitos da crise em Portugal


As verbas canalizadas pela Política Agrícola Comum (PAC) permitiram atenuar os efeitos da crise económica no setor em Portugal, que representa 11% do emprego, segundo dados hoje divulgados pela Comissão Europeia.

"A injeção de recursos públicos nos setores agrícola e florestal teve efeitos multiplicadores importantes e desempenhou um papel importante na atenuação dos efeitos da crise económica em Portugal", segundo Bruxelas.
 
Entre 2007 e 2013, a PAC investiu "mais de 8,3 mil milhões de euros nos setores agrícola e rural em Portugal", segundo os dados de Bruxelas, e de 2014 a 2020 as verbas destinadas ao país são de cerca de 8 mil milhões.
 
As áreas prioritárias nos próximos sete anos são o emprego, sustentabilidade, modernização, inovação e qualidade, sublinhando a Comissão Europeia que, no quadro anterior, se investiu na estabilização do rendimento dos agricultores e também na modernização da produção.
 
O setor primário português representa 2,4% da economia nacional e 11% do emprego, números que estão acima da média europeia (1,7% e 5,2%, respetivamente).
 
Considera Bruxelas que a indústria agroalimentar teve uma evolução positiva, especialmente nas exportações.
 
As frutas são a principal produção agrícola em Portugal (21,3%), seguindo-se os legumes (19,1%), leite (12,8%), porcos (9,9%) e aves de capoeira (8,2%).
 
Fonte: RTP
Publicada: 13-05-2014 08:00

Nova legislação sobre a produção bio preocupa o sector agrícola

Maio 20
12:18
2014

A proposta da Comissão para suspender a derrogação que permite a incorporação de 5% de produtos não bio na alimentação dos animais bio, a partir de 1 de Janeiro de 2015, está a causar forte preocupação no sector, tendo o COPA-COGECA enviado uma carta à Comissão, em que pede um período transitório para a aplicação dessa medida.

Esta discussão pode provocar uma necessidade de importação de rações de países terceiros, devido, sobretudo, à impossibilidade de encontrar bagaços de soja e de girassol no mercado europeu, podendo os produtores ficar dependentes de regimes de traçabilidade e de controlo duvidosos.

O COPA-COGECA defende que neste período de transição seja desenvolvida investigação, no sentido de encontrar alternativas proteicas com base em insectos, batatas biológicas, glúten de milho bio ou bagaços de outras oleaginosas, como o linho.

Neste momento, o Comissário está a negociar com países terceiros as regras para a importação de produtos bio, no sentido de evitar que se importe "gato por lebre".

Em resposta, a Comissão, através do chefe da unidade bio, o português João Honofre, já informou que estão a estudar o assunto, mas que a manutenção da confiança do consumidor no produto bio será a principal premissa a ter em conta na busca de uma solução.

O papel cada vez mais importante das cooperativas na aquisição dos factores de produção

Maio 19
12:56
2014

Numa intervenção em Berlim, no Business Forum, o Presidente do COGECA, Christian Pées, realçou o papel fundamental das cooperativas europeias, para que os agricultores possam ter acesso aos factores de produção aos melhores preços.

O apoio dado aos agricultores pelas cooperativas, tem contribuindo para aumentar a competitividade do sector e responder à crescente procura de produtos alimentares, respondendo aos desafios ambientais.

As cooperativas de venda de factores de produção têm conhecido, nos últimos anos, na Europa, um forte crescimento, aproveitando as oportunidades que o mercado mundial lhes proporciona ao comprar em bloco grandes quantidades. É previsto que, nos próximos anos, estas cooperativas entrem noutros ramos de negócio.

Em Portugal, ainda existe, por vezes, alguma retracção a este sistema, mas cada vez mais os agricultores tentam comprar em grupo, com casos de grande sucesso, como, por exemplo, de um grupo de suinicultores que passou a comprar os medicamentos em grupo, fazendo os preços descer mais de 50%.

Estudo de impacto dos OGM’s

Maio 15
13:46
2014

Um estudo de impacto do cultivo dos OGM's, realizado pela consultora inglesa PG Economics, apresentou uns dados surpreendentes sobre a cultura dos OGM's.

Pode ler-se que, em 2012, a produção de OGM's contribuiu para a redução de emissão de 27 mil toneladas de CO2, devido à diminuição do combustível necessário para a cultura e à fixação de carbono nos solos, enquanto a receita dos agricultores subiu 18,8 mil milhões de euros nesse ano.

O estudo também mostra que, entre 1996 e 2012, foram necessários menos 503 mil toneladas de pesticidas e 10,4% dos terrenos ficaram resistentes aos insectos do milho.

Se não existissem OGM's, para ter as mesmas produções de 2012, teriam de ser semeados mais 4.900 hectares de soja, 6.900 hectares de milho, 3.100 hectares de algodão e 200 hectares de canola.

Devido ao avanço tecnológico, o relatório afirma que as novas evoluções genéticas são cada vez mais amigas do ambiente e aumentaram a produtividade das explorações, aumentando assim o rendimento dos agricultores.

Os grupos ambientalistas já reagiram, considerando o relatório mais uma manobra de marketing das grandes multinacionais, defendendo as sementes tradicionais e uma rotação das culturas.

A fileira vitivinícola europeia em efervescência

Maio 14
14:10
2014

A fileira vitivinícola europeia está em efervescência, com especial destaque para o que se passa em França, que foi, durante muitos anos, o maior produtor europeu e mundial.

Em causa está a reforma da Política Agrícola Comum (PAC), uma vez que em 2008, uma reforma no sector da vinha e do vinho, votada por todos os ministros, definiu 2016 como o ano para o fim dos direitos de plantação da vinha.

Depois de grandes discussões em Bruxelas durante a elaboração da nova PAC, a Comissão aceitou substituir os direitos de plantação por autorizações de plantação, podendo os países aumentar cada ano 1% da sua área de vinha.

Os produtores franceses, pela voz do Presidente do grupo de trabalho do COPA-COGECA, mostraram grande preocupação que essas autorizações sejam dadas para plantações fora das zonas com denominação de origem, o que pode levar à produção de um vinho de marca, que pode provocar uma concorrência desleal.

Devido a esta situação, existe uma grande pressão junto da Comissão para a elaboração dos actos delegados para o sector, que permitirão pôr em prática as medidas, pois os produtores pensam que a vontade da Comissão é liberalizar a plantação de vinho na União Europeia.

Alemanha: Avicultores renunciam ao compromisso de usar ração livre de OGM's


23 DE MAIO DE 2014 AGROTEC PUBLICAR UM COMENTÁRIO

A Federação alemã de associações de produtores avícolas ZDG decidiu renunciar ao seu compromisso de não usar ração que contenha grãos modificados geneticamente.

O motivo de deixar cair este compromisso, que já durava há 14 anos, foi a insuficiente disponibilidade de soja não modificada geneticamente e o seu elevado preço, que pode chegar a mais 30%. Para além disso, a situação de abastecimento é provável que se torne ainda pior, porque o Brasil, que é o principal produtor mundial de soja, prevê reduzir a sua produção de soja não modificada geneticamente.

Outro motivo que provocou a renúncia do compromisso é a dificuldade de garantir que o grão não é OGM, devido à possibilidade de polinização cruzada entre variedades OGM e convencionais.

O setor produtor de grão dos EUA, Brasil e Argentina receberam a notícia com agrado, dada a possibilidade de aumentarem as exportações.

O setor avícola alemão consome 4 Mtn de ração por ano. A soja é o principal ingrediente, chegando às 800.000 tn por ano. A Alemanha importou em 2013 quase 7 Mtn de soja e produtos derivados de soja, o que o torna no maior importador da UE.

Azeite: Preço sobe na Grécia e em Itália, desce na Espanha e na Tunísia


22 DE MAIO DE 2014 AGROTEC PUBLICAR UM COMENTÁRIO

A campanha do azeite segue uma tendência de redução de preços com origem em Espanha, chegando aos níveis mais baixos na segunda semana de Janeiro de 2014, com 1,97 euros o quilo.

Na última semana de abril os preços rondaram os 2,02€/kg, o que supõe uma diminuição de -29% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com os dados do Conselho Oleícola Internacional (COI).

Pelo contrário, na Itália, os preços não deixam de subir desde dezembro, alcançando, em finais de abril deste ano, os valores mais altos do período, de 3,40 euros, o que representa um aumento de seis por cento frente ao período homólogo do ano anterior.

Também na Grécia, o passado mês de abril foi o período de preços mais altos, atingindo no final do mesmo 2,56€/kg, revelando uma subida de 4% em comparação ao mesmo período do ano passado, Entre dezembro e janeiro, os preços mantiveram-se nesses valores.

Na Tunísia, pelo contrário, os maiores preços registaram-se em finais de outubro, com valores de 2,53€, quando começaram a baixar, até os 2,42 em finais de abril, revelando uma diminuição de – 7%, relativamente ao mesmo período do ano transato.

Embaixador da China quer "aclarar" ligações aos negócios de madeira na Guiné-Bissau


O embaixador da China na Guiné-Bissau, Wang Hua, pretende "aclarar" o alegado envolvimento de chineses na comercialização de madeira guineense, ao mesmo tempo que condena o abate "indiscriminado" das florestas do país.

"Dizer que esse comércio de madeira está ligado só com a China, acho que é um engano", referiu à agência Lusa, a propósito dos relatos de residentes em aldeias guineenses e das queixas de instituições ambientais.

O diplomata pretende encetar contactos "rapidamente" com a comunidade chinesa na Guiné-Bissau e com as autoridades do novo governo (que deve tomar posse em Junho) para "aclarar o assunto".

"Se algum cidadão chinês faz essa destruição, tem que ser alvo de uma crítica, uma censura, porque isso vai contra a vontade da natureza guineense e contra o nosso povo", sublinhou.

A China assume "a mesma posição de protesto" que surge por todo o território contra esse corte "indiscriminado", que para Wang Hua não é "legal" nem "justo", porque implica "a destruição da mata".

O embaixador chinês em Bissau diz ter informações do Governo de transição de que há chineses envolvidos "no comércio" e não no abate.

"Se a coisa é assim, é outro problema e vamos ver se esse negócio é legal ou ilegal", referiu.

"Se é legal, sem comentários, se é ilegal, protestamos, criticamos também porque a nossa posição está bem clara: as nossas empresas e cidadãos têm que respeitar as leis e regulamentos em qualquer país africano", concluiu.

Nelson Dias, delegado da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) na Guiné-Bissau, alertou em Março, num entrevista à agência Lusa, para o aumento do "número de motosserras nas florestas e do número de contentores" oriundos do interior "que fazem fila no porto de Bissau ou passam pela fronteira".

A madeira Pau de Sangue é a mais procurada e cada contentor "pode levar 95 a 100 troncos. A população ganha mil francos por árvore cortada, quem corta ganha quatro a cinco milhões por contentor e o exportador lucra um balúrdio", resumiu Nelson Dias, para ilustrar o desequilíbrio do negócio.

Ou seja, "o Estado passa licenças em que não ganha nada" e a população, maioritariamente dependente da agricultura, "fica com os ecossistemas destruídos".

A participação de cidadãos chineses com o apoio de militares durante as operações é relatada pela população das zonas afectadas, conforme os depoimentos registados pelas organizações ambientais e da sociedade civil.

No último relatório trimestral sobre o país, as Nações Unidas pediram ajuda à comunidade internacional para estancar a destruição das florestas e das reservas naturais na Guiné-Bissau por terem atingido "níveis sem precedentes" nos últimos "dois anos".

O relatório, discutido no Conselho de Segurança da ONU, defende que a gestão transparente dos recursos naturais tem de se tornar "uma prioridade" para as novas autoridades eleitas.

Fonte:  Lusa

Produção de cereja na Cova da Beira deve rondar as 6.000 toneladas


A produção de cereja na Cova da Beira deverá, este ano, rondar as 6.000 toneladas, apesar das quebras e se as condições meteorológicas não se agravarem até ao fim da campanha, disse Filipe Costa, produtor e engenheiro agrónomo.

"Actualmente, em anos normais, a produção já ultrapassará as 8.000 toneladas. Portanto, tendo em conta as quebras deste ano, podemos afirmar que a Cova da Beira deverá produzir entre 5.500 a 6.000 toneladas de cereja", apontou.

Em declarações à agência Lusa, este técnico com mestrado em fruticultura explicou que estimativa tem em conta uma quebra de cerca de 30% na produção de cereja, provocada pela chuva que caiu na região durante a fase de floração e que comprometeu o "vingamento", principalmente nas variedades intermédias.

As variedades intermédias foram as mais afectadas e para os produtores que têm essencialmente essas variedades as quebras até podem ser superiores. Há relatos de pomares que foram muito prejudicados", disse.

Prejuízos que, tal como ressalvou, poderão ainda crescer e levar a que a estimativa da produção caia devido às condições meteorológicas pouco favoráveis dos últimos dias.

"Já se sabe que a chuva e o frio prejudicam o fruto e aquelas que já estavam para colher fendilharam bastante e outras perderam-se irremediavelmente. Mas, por enquanto, não vamos pensar no pior, até porque as previsões também apontam para uma melhoria", afirmou.

Filipe Costa esclareceu ainda que a qualidade está garantida, quer no sabor quer nos calibres verificados.

Uma opinião partilhada por José Pinto Castello Branco, presidente da Cerfundão, empresa de comercialização e embalamento de cereja, que pretende duplicar o número de toneladas de cereja recebidas relativamente a 2013, ou seja quer trabalhar com 600 a 800 toneladas.

Para alcançar o objectivo, a empresa instituiu um novo modelo de pagamento, que deverá contribuir para levar um maior número de produtores a canalizar para ali a respetiva produção.

"Estamos a pagar à semana no valor fixo de um euro por quilo e o valor remanescente será pago até ao final da campanha", especificou, recordando que anteriormente os produtores chegaram a esperar quase um ano pelo pagamento.

José Pinto Castello Branco fez também um "balanço muito positivo" das duas primeiras semanas de actividade desta campanha, visto que, só na primeira semana, a Cerfundão recebeu cinco toneladas, quando a primeira semana de 2013 não atingiu sequer a tonelada.

Fonte:  Lusa

Alerta sanitário contra os tomates cherry importados de Marrocos

Maio 23
14:33
2014

Em 30 de Abril, as autoridades sanitárias francesas lançaram um alerta contra certos lotes de tomate cherry importados de Marrocos, na sequência de queixas apresentadas por 16 consumidores, que sofreram de indigestão, dores de estômago, vómitos e irritação da garganta, logo a seguir a terem ingerido esses tomates.

No dia 19 de Maio, foi a vez da República Checa lançar um alerta semelhante, juntando-se à França.

O Departamento Marroquino da Segurança Sanitária dos Produtos Alimentares (ONSSA) veio agora informar que recebeu o alerta através dos sistemas de alerta rápidos da União Europeia, mas que este não era preciso e exacto sobre a causa das intoxicações alimentares, referindo-se só a suspeitas sobre os tomates cherry marroquinos. Acrescenta, ainda, que não foram apresentadas quaisquer análises por parte das autoridades francesas que corroborem este alerta.

De toda a maneira, a ONSSA informa que, após o alerta, foi lançado um controlo rigoroso sobre os tomates cherrys para exportação nos locais de produção e de armazenamento e embalagem e todas as análises realizadas não mostraram qualquer não-conformidade com as regras sanitárias europeias, mas que, mesmo assim, iriam intensificar os controlos.

Setor vitivinÍcola contribuiu com 725 milhões de euros para as exportações nacionais


21 DE MAIO DE 2014 AGROTEC PUBLICAR UM COMENTÁRIO

.O Auditório Municipal da Quinta das Pratas, no Cartaxo, recebeu mais de uma centena de profissionais, nas II Jornadas Técnicas da Associação Portuguesa de Enologia (APE), que reuniu personalidades de referência no setor.
Presente naquele evento, o vice-presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, Fernando Amorim, referiu que o Cartaxo "quer ver a sua marca Cartaxo-Capital do Vinho reforçada e com reconhecimento na região e no país", admitindo que "este é um longo caminho, que temos de percorrer com esforço próprio, mas também com o apoio de organizações, empresários e profissionais do setor, a decisão da APE para que fosse o Cartaxo a acolher estas Jornadas, é para nós muito importante".

Fernando Amorim referiu que "o Cartaxo detém a presidência da Associação de Municípios Portugueses do Vinho. Também neste âmbito, as parcerias de trabalho são fundamentais para que os municípios associados, possam dar um contributo real, num setor que já é e pode vir a ser ainda mais, um pilar de desenvolvimento económico, de inovação e investimento, assim como de preservação cultural e ambiental, em cada uma das regiões".

João Silvestre, secretário-geral da CVR Tejo, afirmou congratular-se com "estas jornadas, puramente técnicas, por entendermos que a preparação e formação de profissionais é essencial ao setor", acrescentando que "o aparecimento de novos enólogos, alguns muitos jovens, que trouxeram para a região vontade de inovar, contribuiu para que hoje tenhamos um enorme leque de produtos certificados". Para João Silvestre "a região Tejo vai-se afirmar como uma região muito importante, no panorama vitivinícola nacional". Para CVR Tejo, que já exporta 45% do vinho produzido, a aposta de internacionalização centra-se "na Rússia, Estados Unidos da América, China e Brasil".

Pedro Magalhães Ribeiro, presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, juntou-se aos trabalhos durante a tarde, afirmando que "a importância crescente do vinho enquanto produto turístico âncora, de cada uma das regiões, é inquestionável", referindo-se aos resultados do inquérito promovido pelo IPDT, Instituto de Turismo, junto dos operadores turísticos estrangeiros, que indicam o vinho, como o maior potencial turístico de Portugal e o produto que deve ser divulgado a nível internacional para vender o país como destino, o autarca lembrou que "37% dos operadores estrangeiros questionados, afirmaram que este é o melhor argumento de promoção do país no estrangeiro, e 31% afirmam mesmo que associam o vinho ao turismo nacional, antes do sol e mar. Esta mudança prende-se, certamente, com o enorme investimento em tecnologia, mas também em conhecimento e formação dos profissionais do sector".

Setor vitivinícola contribuiu com 725 milhões de euros para as exportações nacionais

Frederico Falcão, presidente do IVV, explicou aos presentes que "no que diz respeito às exportações, que foram de 700 milhões de euros em 2012 e de 725 milhões de euros em 2013″, houve um crescimento em valor, mas uma regressão da quantidade exportada. O que atribuiu ao facto de as exportações terem crescido "no vinho engarrafado, mas regredido no vinho a granel, o que aumentou o preço médio em 13%".

Quanto ao mercado interno, Frederico Falcão mostrou também alguma preocupação, "este mercado regrediu, 78% das vendas são feitas em grandes superfícies, mas houve uma grande quebra de vendas em restauração".

Outro assunto abordado pelo presidente do IVV, foi a distribuição de direitos de vinha na reserva, que se enquadra na estratégia de promover "o aumento da dimensão das nossas parcelas, que em 2000 eram em média de 2300 m2 e em 2013 eram de 2800 m2, quase não cresceram em 13 anos". Recentemente o IVV lançou 120 ha para jovens agricultores e prevê lançar mais 800 ha também para jovens agricultores – sendo 300 ha para primeiras instalações, 500 ha sem esta condição – e 850 para os restantes agricultores.

Frederico Falcão deu conta de algumas alterações que os próximos anos vão trazer à viticultura, "os direitos de vinha acabam em 2015 e, em 2016, começa o sistema de autorizações, que terão validade de 8 anos", acrescentando que "haverá alterações, que decorrem de regulamentação europeia e que vão ser muito importantes, como a impossibilidade de vender direitos de vinha, quando esta é arrancada, ou a imposição de uma quota anual disponível na europa e para cada país, para crescimento de área plantada".

A necessidade de os produtores usarem a marca Wines of Portugal, como modo de aumentar o reconhecimento nos mercados estrangeiros, o esforço a fazer para chegar ao consumidor final – como já se conseguiu em relação aos especialistas e críticos de vinho de renome internacional – assim como a necessidade de que os profissionais se registem como enólogos, agora que o IVV, em conjunto com a APE, conseguiram regular a profissão, foram outros assuntos tratados.

Perspectivas dos mercados agrícolas e do rendimento agrícola para 2013-2023


Maio 21
17:26
2014

A Comissão apresentou, recentemente, um relatório sobre as perspectivas dos mercados agrícolas para o período de 2013-2023, bem como a evolução dos rendimentos agrícolas.

Fazemos aqui um resumo do documento que pode ser lido na íntegra no site da Comissão Europeia.

Os pressupostos são baseados na assumpção de indicadores macroeconómicos e políticos plausíveis para o período. Outros factores que foram tidos em conta são a procura mundial de alimentos, o desenvolvimento do sector dos bio combustíveis e os aumentos de produtividade.

No que diz respeito à evolução dos rendimentos do sector, foram tidas em conta as reestruturações que o sector tem vindo a ser alvo. O efeito da reforma da Política Agrícola Comum, que deve entrar em pleno em Agosto de 2014, é um factor muito importante.

No que diz respeito à política comercial, tem como base os acordos do Uruguay Round, bem como os acordos comerciais bilaterais realizados com a Colômbia e a América Central, sendo que o acordo com o Canadá não foi tido em conta, uma vez que ainda não está formalmente assinado e ratificado.

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1 – Culturas aráveis

As previsões do sector, a curto espaço, baseiam-se numa sólida procura mundial, com preços firmes.

Na União Europeia (UE), a procura de cereais para rações e alimentação humana deve manter-se, registando-se uma ligeira subida na procura para os bio combustíveis. Do lada da oferta, prevê-se uma ligeira redução nas produções.

A procura interna de cereais, oleaginosas e açúcar está fortemente dependente da política dos bio combustíveis. A manter-se a directiva sobre as energias renováveis, que estabelece para 2020, 10% de energias alternativas nos transportes, leva a uma incorporação de 8,5% de bio combustíveis, sendo que os restantes 1,5% serão absorvidos pelos veículos eléctricos.

No que diz respeito aos cereais, o mercado deve caracterizar-se por baixos stocks e preços acima da média dos últimos aos.

As necessidades de cereais devem atingir as 316 milhões de toneladas em 2023, sobretudo, devido ao aumento da procura para etanol.

Prevê-se uma alteração das culturas, com o aumento da produção de milho e trigo, em detrimento dos outros cereais.

No que diz respeito ao arroz, prevê-se um aumento do consumo, sendo o abastecimento feito pelo recurso a mais importações, que devem levar à auto-suficiência europeia para os 64%.

A produção de oleaginosas deve seguir um percurso muito semelhante ao dos cereais.

No que diz respeito à produção de beterraba sacarina, prevê-se um aumento de produção na próxima década, devido à crescente procura de etanol. No entanto, com a abolição das quotas de importação em 2017, o açúcar proveniente da beterraba deve ficar pouco competitivo para a produção de etanol.

Um facto também importante é a corrente que existe ao nível europeu, no sentido da redução da incorporação de açúcar nos alimentos, substituindo por isoglucose, cujas quotas de importação terminarão também em 2017.

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e f

2 – Carne

O sector da carne deve ser suportado por uma forte procura internacional, devido à recuperação da economia.

Na Europa, a saída da crise de alguns países e a melhoria da economia noutros, deve aumentar o poder de compra e, consequentemente, o consumo da carne.

Em 2013, chegamos a um valor baixo de consumo europeu per capita de carne de 64,7 kg, enquanto as previsões para 2023 são de que este valor passe para 66,1 kg, ou seja, se situe ao nível de 2011.

O sector da carne de frango deve ser o mais dinâmico, mantendo-se a carne de porco como a favorita do consumidor europeu, enquanto a carne de bovino e de ovino devem ter uma ligeira redução.

A produção de porcos teve uma redução em 2013, devido à adaptação das explorações às novas normas de bem-estar animal, devendo ter um aumento de 2,8% em 2023, atingindo as 23,4 milhões de toneladas. Este aumento não será superior devido aos condicionalismos ambientais.

Para o sector da carne de frango, prevê-se um aumento de 0,8% ao ano até 2013, atingindo uma produção de 13,6 milhões de toneladas.

A diminuição da carne de bovino deve descer 7% até 2013, fixando-se nas 7,6 milhões de toneladas, devido, sobretudo aos desenvolvimentos do sector leiteiro, responsável por dois terços dos animais para a produção de carne.

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l

3 – Leite e produtos lácteos

As perspectivas de mercado para o leite e produtos lácteos são favoráveis para o período, tanto no mercado europeu, como mundial.

Esta situação deve-se a uma procura crescente destes produtos no mercado mundial, devido, sobretudo ao grande aumento de consumo das economias emergentes.

É previsto um aumento limitado da produção de leite na Europa, depois do fim das quotas leiteiras em 2015, devido a restrições de ordem ambiental.

A produção de leite pode atingir as 150 milhões de toneladas em 2023 e o aumento deve advir do aumento da produtividade média das vacas, cuja produção anual será para os 15 países mais antigos, de 8.500 kg por vaca por ano em 2023 e de 6.500 kg por vaca por ano nos 13 novos estados membros.

A produção de queijo deve ter uma boa expansão, devido à crescente procura mundial e irá absorver o aumento de produção de leite.

Em 2023, prevê-se uma produção de 10,7 milhões de toneladas e que 1 milhão de toneladas seja exportado. Em 2023 está previsto que a produção de produtos lácteos frescos, do dia, atinja as 48,3 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 3% em relação a 2012.

A produção de manteiga deve manter-se estável nas 2,3 milhões de toneladas, com os operadores a preferirem usar a gordura do leite para produzir queijo.

A produção de leite em pó pode atingir as 1,25 milhões de toneladas em 2023, devido à procura mundial do produto, sendo que o leite em pó gordo deve registar uma ligeira diminuição de produção.

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4 – Rendimento da actividade

As previsões do rendimento para a actividade agrícola são positivas, com um aumento de 1,8% por ano no rendimento de cada unidade de trabalho agrícola, com resultado da crescente mecanização do sector e consequente redução de mão-de-obra.

Na Europa dos 15, o rendimento real do sector agrícola em 2023 deve ser superior a 17,5%, superior à média de 2003-2007, enquanto para os 13 novos estados membros, esse valor pode ultrapassar os 50%, devido ao nível de desenvolvimento das suas agriculturas.

5 – Incertezas e ressalvas

Todas estas perspectivas foram feitas tendo em conta situações de clima e de produções normais, tendo só em conta as políticas ambientais e de bem-estar animal. Não foram tidos em consideração acidentes climatéricos, epidemias animais, acidentes na cadeia alimentar e outros factores excepcionais.

Este trabalho é de perspectivas de mercado e não de previsões, pelo que tem de ser visto como uma tendência de evolução dos mesmos e não como uma realidade.

Nas análises foram previstas bandas entre as condições mais favoráveis e menos favoráveis, para as perspectivas dos mercados dos diferentes produtos.

O artigo que escrevemos teve por base o trabalho apresentado pela Comissão Europeia, em Dezembro de 2013, intitulado "Prospects for agricultural markets and income in the eu 2013-2023".

João Portugal Ramos lança colheita de 2013 do Azeite Oliveira Ramos


por Ana Rita Costa
20 de Maio - 2014
A João Portugal Ramos lançou a colheita de 2013 do Azeite Oliveira Ramos Premium Virgem Extra.

 
"Este azeite gourmet, numa oferta dedicada aos consumidores mais exigentes, surge com um sabor complexo que alia frescura e elegância, com um frutado intenso e equilibrado. Com notas marcadas de verde folha de oliveira, erva e casca de banana verde, é muito ligeiramente amargo e picante, proporcionando um final acentuado de frutos secos e alguma persistência na boca", refere a marca em comunicado.

Este novo azeite já disponível no mercado português a um PVP recomendado de 8,99 euros.

Cada vez mais investidores apostam na produção de cereja


     
24/05/2014 12:00:46 1306 Visitas   
Cada vez mais investidores apostam na produção de cereja
A área de cerejal na Cova da Beira tem aumentado e há cada vez mais investidores de diferentes sectores a apostar na produção de cereja, comprovam os projectos que estão a ser concretizados na região.

Em 20 anos, a área plantada com cerejeiras na Cova da Beira quase duplicou
O cadastro de terras só apresenta elementos até 2009, mas demonstra que, em 20 anos, na Cova da Beira, a área plantada com cerejeiras quase duplicou: passou-se de 1.079 hectares, em 1989, para 1.868 hectares, em 2009, de acordo com os dados facultados à agência Lusa pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro.

Daí para a frente, o levantamento ainda não foi realizado, mas os investimentos continuam a ser realizados e a bom ritmo.

Paulo Ribeiro, empresário natural de Felgueiras e a residir na região há vários anos, concluiu em 2012 a plantação de 56 hectares de cerejeiras.

O pomar, que atravessa as freguesias de Peraboa e Ferro (Covilhã), é um dos maiores pomares contínuos de cerejas do país e é apenas uma parte do projecto delineado por Paulo Ribeiro.

Até 2017, este empresário pretende ter 100 hectares de cerejeiras plantados e nesse ano conta colher 500 toneladas de cereja, número que deverá duplicar quando a produção estiver em pleno.

Nessa altura, Paulo Ribeiro terá investido um total de dois milhões e meio de euros, um milhão e quatrocentos mil dos quais já concretizados.

"Só fazia sentido investir se tivesse dimensão. Ou fazia uma plantação com dimensão, massa crítica e escala ou não fazia nada", refere este empresário, que também tem uma empresa de comercialização de tomate e derivados de fruta.

A aposta na cereja surge de forma natural e porque Paulo Ribeiro quis sedimentar as raízes que já tem na região.

Raízes que no caso de Sara Martins, 30 anos, formada em agronomia, já estavam profundamente ligadas à cereja.

No fim do curso, esta jovem filha de produtores ainda tentou trabalhar na área de formação, mas só encontrou empregos noutros sectores, pelo que acabou por seguir os passos da família.

Comprou um terreno, candidatou um projecto e, depois de o ver aprovado, deu início à plantação de sete hectares. O investimento de cerca de 80 mil euros está concretizado e, agora, a mais recente empresária aguarda que o pomar (também da nova geração) comece a dar frutos. As expectativas são as melhores, até porque Sara Martins sabe a "mais-valia" que a marca "Cereja do Fundão" tem na hora de vender o produto.

Já Aldo Costa, 35 anos, natural de Vila do Conde, não tinha, até há pouco tempo, mais contacto com as cerejas do que o de típico consumidor, realidade que se alterou quando este professor universitário na área de desporto e a mulher, uma investigadora de ciências farmacêuticas, resolveram plantar seis hectares de cerejeiras.

O projecto surge depois de o casal ter optado por fixar residência na freguesia de Peraboa, Covilhã, numa propriedade com vários hectares, que permitia outro aproveitamento, além do residencial.

O aconselhamento técnico e o facto de existirem na região produtores com conhecimento do sector e estruturas "de apoio à produção e escoamento" ditaram que o casal resolvesse apostar na produção de cerejas, com a respectiva candidatura aprovada.

As cerejeiras acabaram de ser plantadas em Abril.

Eduardo Melf, 48 anos, natural do Ferro, concelho da Covilhã é outro dos exemplos que demonstram que a cereja tem conquistado cada vez mais pessoas e dos mais diferentes sectores de actividade.

Advogado de profissão, Eduardo Melf, que já tinha um pequeno pomar familiar, acabou recentemente de plantar o número exacto de 4.350 cerejeiras, ou seja, um pomar de nove hectares.

Neste caso, o projecto também é levado a cabo em família e o factor "fundos comunitários" também pesou na hora de concretizar o projecto, que, "se correr bem", poderá ser alargado.

Lusa/SOL

Prémio por ovelha e por cabra

Maio 19
10:24
2014

As alterações do efetivo elegível para efeitos do prémio, por aquisição ou por morte de animais durante o período de retenção obrigatória, quer seja por causas circunstanciais ou por motivos de força maior, devem ser efetuadas através das notificações obrigatórias à base de dados SNIRA.

A participação da ocorrência passará a ser retirada da base de dados doSNIRA, bem como as datas da ocorrência e da correspondente comunicação à referida base de dados, para verificação do cumprimento do prazo regulamentar de 10 dias úteis, estipulados para o efeito.

Deverão apenas ser formalizadas através da Declaração de Redução de Efetivos Animais (DRE), disponível na Área Reservada do Portal do FAP, em O Meu Processo> Exploração, as reduções enquadráveis em causas de força maior, acompanhadas da cópia do comprovativo/justificativo.



«Sacrificar o carácter e estilo típico português para seguir o padrão mundial é perigoso e desaconselhável»


Por Manuel Carvalho

24.05.2014
Dirceu Vianna Júnior, um Master of Wine brasileiro que trabalha em Londres, é um profundo conhecedor e um vibrante adepto dos vinhos portugueses. Nesta entrevista explica por que razão gosta de exaltar o potencial dos vinhos nacionais. E por que acredita que "o melhor está ainda para vir".

Numa entrevista por e-mail, Dirceu Vianna Júnior assume o papel de adepto militante das castas portuguesas, mas não faz desse ponto de vista um fundamentalismo. Aplaude o cruzamento dos saberes antigos com o contributo de uma "geração de jovens talentosos". Admira-se com a possibilidade de se beberem bons vinhos de Norte a Sul do país. E coloca-se ao lado dos que contestam a exclusividade da rolha de cortiça nos vinhos portugueses. Com outros vedantes, diz, os consumidores de brancos aromáticos só teriam a ganhar.

O que distingue o vinho português no oceano mundial dos vinhos que se consolidou nos últimos anos (se é que há algo de verdadeiramente distintivo no vinho português)?

A habilidade de respeitar historia e tradição mas, ao mesmo tempo, não ter medo de adoptar padrões de tecnologia modernos. O grande diferencial que Portugal possui é, sem dúvida, a diversidade em termos de castas. Entretanto, existe também o aspecto humano. A indústria conta com enólogos da velha guarda que possuem experiência inigualável, mas também conta com uma geração de jovens talentosos, determinados e que levarão Portugal a um padrão de qualidade ainda mais alto no futuro. Factores históricos, tradição, aspecto humano e, principalmente, a riqueza em termos de diversidade das castas são alguns dos principais pontos que ajudam a distinguir Portugal no oceano mundial dos vinhos.

O que mais aprecia nos vinhos de Portugal?

A sua diversidade. Portugal oferece vinhos em todas faixas e preços, em vários estilos e com habilidade de harmonizar os mais variados pratos, sejam da cozinha portuguesa, brasileira, asiática ou qualquer outra. O vinhos são genuínos e de estilos tao distintos que jamais cansam o consumidor que gosta de explorar e aprender.

Como se posiciona no debate sobre a aposta exclusiva nas castas portuguesas ou na adopção de variedades ditas internacionais?

Eu posiciono-me fortemente a favor das castas portuguesas. A amplitude da oferta é o maior diferencial que Portugal tem. Arinto, Encruzado, Touriga Franca, Touriga Nacional são castas de excelente qualidade. Acredito que essas castas não devem ser sacrificadas a favor das castas internacionais. Mas não precisamos ser radicalmente contra o fluxo de coisas novas que poderão ajudar Portugal crescer no competitivo mercado mundial. Já tive a oportunidade de degustar excelentes vinhos portugueses à base de Sauvignon Blanc, Semillon e Syrah, por exemplo. Talvez isso sirva para demonstrar que Portugal também consegue fazer vinhos de estilo internacional com padrão de qualidade tao bom como qualquer outro pais. Adicionam ainda mais cores em uma paisagem já bonita.

Recomenda a estratégia da "singularidade nacional" ou defende que os produtores deviam entrar na disputa das regras do jogo impostas pelo padrão mundial do gosto?

A grande maioria dos produtores Portugueses são de pequeno porte e não têm escala suficientemente grande para brigar com os grandes empresas do Chile, Estados Unidos ou Austrália, por exemplo. Por esse motivo, a arma principal deve ser singularidade nacional e sua oferta de diversas castas e estilos de vinho. Adicionar uma pequena fracção de alguma casta internacional como Merlot, Cabernet ou Syrah para complementar uma casta portuguesa pode às vezes até ajudar o consumidor internacional que ainda não seja familiar com as castas indígenas do país a optar por uma garrafa de vinho português, pois vai-se deparar com algo familiar. Entretanto, sacrificar o carácter e estilo típico português e a singularidade nacional para seguir o padrão mundial é perigoso e desaconselhável.

Há alguma região portuguesa que, na sua opinião, mereça especial reconhecimento pelo trabalho feito, ou não encontra distinções regionais na oferta dos vinhos portugueses?

As distinções regionais encontradas em Portugal são extraordinárias. Para quem gosta de explorar, experimentar e aprender Portugal é um prato cheio. O Alentejo merece reconhecimento por fazer vinhos exuberantes, frutados e fáceis de entender. A qualidade dos vinhos do Douro nunca foi tão alta. A região de Lisboa está a produzir vinhos com uma excelente relação custo/beneficio. Nos últimos anos a região do Minho vem demonstrando que, além de qualidade, apresenta vinhos mais consistentes e isso é importante para o consumidor. A região do Dão parece não receber o destaque que merece. Mesmo dentro dessa pequena região existe uma diversidade de estilos raramente encontrada em outras partes do mundo. Recentemente, tive a oportunidade de degustar vinhos excelentes e acho que esses produtores merecem mais reconhecimento do consumidor internacional. No passado, o vinho português de qualidade era exclusivamente associado com os vinhos da região do Douro. Existem hoje várias regiões que merecem a atenção do consumidor.

Se tivesse de deixar um elogio e uma crítica aos produtores portugueses, o que lhes diria?

Eu tenho orgulho de poder participar do sucesso que os vinhos portugueses estão a ter no Brasil. Para fazer um bom trabalho deve-se realmente acreditar na qualidade dos vinhos que estão no mercado, na integridade pessoal e capacidade profissional das pessoas envolvidas. Sendo assim, a mensagem é honesta, verdadeira e parece ter mais força e poder. Eu tenho plena confiança no trabalho que está a ser desenvolvido e isso é um elogio a todos produtores e profissionais com quem eu tenho tido contacto nos últimos anos. Pelo facto de estar mais intimamente ligado com Portugal nos últimos anos, tenho a sensação que, apesar da indústria de vinhos estar actualmente numa fase muito boa, o melhor ainda esta por vir.

Em relação a uma crítica construtiva, e eu sei que o tema é um pouco delicado, devo ser honesto. Eu pessoalmente prefiro o som, o teatro e a tradição da rolha. A indústria de cortiça investiu grande capital e energia nos últimos anos e realmente demonstrou aprimoramento. Entretanto acredito que existem alternativas que devem ser exploradas, principalmente por produtores de vinhos brancos aromáticos e vinhos feitos para o consumo a curto prazo. Acredito que os produtores portugueses estão atrasados em relação aos outros países e quem acaba pagando por isso é o consumidor.

Os 'wine freaks' que estão a ajudar a mudar o vinho português


Por Pedro Garcias

20.05.2014
Une-os o gosto pela diferença e a paixão pelo vinho. São produtores e enólogos que fogem das modas e procuram fazer vinhos originais e alternativos. Conheça alguns dos "wine freaks" que estão a ajudar a alterar a face do vinho português.

Os wine freaks andam por aí, cada vez em maior número, e, numa altura em que o vinho tende para a industrialização e a homogeneização, são uma espécie de "Ilha da Utopia", os redentores do vinho verdadeiro, com alma e carácter. Alguns dos melhores vinhos portugueses têm a sua assinatura. E o futuro parece passar por eles.

Fogem do habitual e das modas, mesmo se o sonho é regressar ao tradicional, ao básico, ao purismo. Muitos vivem nas franjas, de forma alternativa e extravagante. Mas não estamos a falar de gente anormal e aberrante, como a tradução literal pode sugerir. No entanto, vale a pena perceber a origem do termo.

Ele está directamente relacionado com o filme Freaks, realizado e produzido em 1932 pelo americano Tod Browning. É um dos filmes mais assustadores da história do cinema. Na altura, foi um fiasco comercial e gerou um grande escândalo. Hoje, é objecto de culto.

O filme retrata a rotina de um circo cheio de pessoas deformadas que são usadas como atracção durante as apresentações. Naquele circo de horrores, uma bela trapezista, chamada Cleópatra, seduz e casa com o anão Hans, herdeiro de uma enorme fortuna. Na festa do casamento, os outros deficientes e deformados do circo, os Freaks, que eram uma autêntica família, aceitam-na, cantando "We accept you, one of us!"(Nós aceitamos-te, uma de nós!). Já embriagada, a trapezista acaba por expulsá-los, mostrando a sua repugnância. Cleópatra era amante de Hércules, o homem-forte e "normal" do circo, e o seu plano era livrar-se de Hans e ficar com o seu dinheiro. Mas os dois amantes foram surpreendidos pela união dos Freaks, que, na moral da história, surgem como as pessoas honradas e bondosas, enquanto os verdadeiros monstros eram as pessoas consideradas belas e normais.

O termo Freaks aparece pela primeira vez neste filme e entrou para o léxico do Inglês para designar algo ou alguém anormal, aberrante, marginal, estranho. Hoje, é muito utilizado em diferentes domínios mas com outra conotação.

No caso dos wine freaks, estamos a falar de uma "tribo" que se move pela paixão de fazer vinhos diferentes e intransigentes, de beber e experimentar vinhos igualmente diferentes e intransigentes. Gostam dos extremos, de ser contra-a-corrente, de explorar caminhos alternativos. Uns mais românticos do que outros, são, acima de tudo, malucos por vinho. Alguns chegam a ser radicais, na forma como abordam a produção das uvas e do vinho. É o caso dos biodinâmicos. Apesar de recorrerem a algumas práticas esotéricas e excêntricas, já começam a ser olhados de forma diferente, com admiração até, pela sua própria filosofia, de grande respeito pelos princípios da natureza, e mais ainda pela qualidade dos vinhos que produzem.

Vasco Croft, do vinho Afros, é um bom exemplo. Ele foi o pioneiro da agricultura biodinâmica nos Vinhos Verdes e conseguiu que se começasse a olhar de outra forma para os vinhos da casta Vinhão. António Carvalho, o criador do magnífico vinho António (Casal Figueira, região de Lisboa), seguia os mesmos princípios e talvez encarnasse ainda melhor a imagem do verdadeiro wine freak, pela forma apaixonada como encarava o vinho. Faleceu em 2009, quando pisava uvas, e o seu amor à terra e aos vinhos é hoje perpetuado com o mesmo afinco pela mulher, Marta Soares.

Mateus Nicolau de Almeida (vinhos Muxagat, Douro) – como Rita Ferreira (vinhos Conceito, Douro) ou Luís Soares Duarte (vinhos Gouvyas, Kolheita e Momentos, todos do Douro) - também faz parte da mesma tribo wine freak. Natural da Foz, no Porto, mudou-se para Vila Nova de Foz Côa, onde vive com a mulher (também enóloga) e os três filhos pequenos. A sua busca por vinhos novos tem-no aproximado da agricultura biodinâmica, que já começou a praticar no projecto da família, a Quinta do Monte Xisto, em Vila Nova de Foz Côa.

João Roseira, da Quinta do Infantado (Douro), não partilha da mesma filosofia, mas movimenta-se como ninguém nos circuitos alternativos do vinho. Faz vinhos biológicos e, até pela forma desprendida como se veste e se relaciona, representa o wine freak típico. Mário Sérgio, da Quinta das Bágeiras (Bairrada), não tem nada de excêntrico, mas, tal como Álvaro de Castro (Quinta da Pellada, Dão) ou até mesmo Miguel Louro (Quinta do Mouro, Alentejo), também pode caber na mesma categoria. Os vinhos que faz são do mais alternativo que existe em Portugal. E o mesmo pode ser dito de Tavares de Pina (Dão), que insiste em fazer vinhos para nichos de consumidores; ou de Dirk Niepoort, que apesar de nunca descurar o lado comercial do negócio, está sempre a criar vinhos de ruptura. Pela facilidade com que partilha vinhos de outros produtores e latitudes, pelo seu jeito "négligé" e, sobretudo, pelo insaciável espírito criativo que possui é, sem dúvida, o mais freak de todos os produtores nacionais. E é também o mais influente, o que mais exposição mediática e caminhos alternativos tem trazido ao vinho português.

Dirk Niepoort
Aos 49 anos, Dirk Niepoort é um dos rostos salientes da geração de enólogos e produtores que, a partir dos anos 90 do século passado, tem revolucionado a região do Douro. Mas sua influência é mais vasta. Esteve, por exemplo, ligado à criação do vinho Soalheiro Alvarinho Primeiras Vinhas, um dos melhores brancos portugueses; tirou os vinhos do Bussaco do armário, assumindo a comercialização de parte do vinho; trouxe para a ribalta alguns produtores esquecidos da Bairrada e acabou por se instalar na região, através da compra da Quinta de Baixo, juntando-se aos apreciadores e defensores da casta Baga. Com a sua chegada, a avaliar pelos primeiros vinhos que já fez, a Bairrada ganhou um novo referente. Dirk também se deixou perder de amores pelo Dão, onde tem feito alguns vinhos com Álvaro de Castro, da Quinta de Pellada, e onde, no ano passado, comprou uma propriedade.

Mas, apesar da sua propensão para fazer vinhos em regiões de que gosta, tanto dentro como fora de portas, o Douro continua a ser o seu foco principal, a sua casa. De resto, nenhum outro produtor ou enólogo tem feito tanto pela imagem da região e dos seus vinhos como Dirk Niepoort. A qualidade dos vinhos que cria, o seu poder mediático e o grande investimento que faz em provas e eventos colectivos e individuais têm atraído os holofotes da imprensa nacional e internacional para a região de uma forma nunca vista. Já merecia uma estátua.


O vinho: Turris Tinto 2012
A vertente wine freak de Dirk Niepoort está bem reflectida no seu portefólio. Os tintos Robustus e Charme são bons exemplos do seu inconformismo. Quando se julgava já ter criado o seu topo de gama tinto do Douro, surge com um novo vinho, o Turris, para vender a preços dos grandes vinhos franceses. Feito com uvas compradas de uma vinha velha, o Turris 2012 vai custar 125 euros e é um vinho bem diferente do típico vinho do Douro. Feito em cuba com 15% de engaço e estagiado em pipas velhas de mil litros, é um tinto pouco extraído mas muito fresco e mineral, que dá um prazer enorme a beber. P.G.

Marta Soares
Pode bem dizer-se que é fruto de um profundo caso de amor e reconhecimento que Marta Soares ganhou protagonismo no mundo do vinho. Há uns anos atrás falar-se-ia dela apenas como uma jovem artista plástica lisboeta, actividade que continua a desenvolver em conjugação com a vinicultura em Torres Vedras, na quinta da Casal Figueira, na serra de Montejunto. Sucedeu ao marido, António Carvalho, vitimado por um ataque fulminante em plena vindima de 2009, mantendo intacto o seu sonho de produzir vinhos de terroir, ou seja a mais pura expressão do fruto da videira e do contexto em que cresceu. Como António gostava: sem alterar, adulterar ou estragar.

Formado em Montpellier, na Aquitânia francesa, António viu na proximidade atlântica e nas encostas viradas a Norte da serra de Montejunto o local ideal para uma espécie de laboratório de castas brancas de origem francesa, que acarinhava com um cultivo baseado na filosofia biodinâmica.

Para lá das experiências, António e Marta foram também responsáveis por uma espécie de ressuscitação da casta branca Vital, que estava já praticamente extinta. É com essa coragem, mas também com um talento e abnegação que lhe seriam, eventualmente, desconhecidos, que Marta cria actualmente alguns dos vinhos mais naturais e distintivos que se engarrafam no nosso país.

E nem se pense que se trata apenas de uma bonita história de amor e reconhecimento, já que Marta entregou-se e tal forma à actividade que vai para lá do cultivo, da vindima ou do trabalho de adega. Usou a criatividade e sensibilidade de artista para lançar vinhos com rótulos que homenageiam o labor de António e é vê-la também em feiras e exposições, fazendo com que belos vinhos sejam também a expressão de um singular caso de amor e reconhecimento.

O vinho: António 2012
Provámo-lo na edição deste ano do Simplesmente Vinho e ninguém pode ficar indiferente à frescura mineral que parece entranhar-se pelo corpo. Para lá da homenagem ao trabalho de António – que o país vitícola deve agradecer -, é colhido em condições singulares e trabalhado com um quase espírito de devoção. Videiras velhas e muito velhas dispersas pelas encostar pedregosas e uma uva que tende a oxidar rapidamente, obrigando a que a vindima seja acompanhada com uma carrinha frigorífica. Ainda mais raro e delicado, o colheita tardia proveniente das mesmas cepas e que faz lembrar alguns ice wines canadianos. JAM

João Roseira
João Roseira já foi mais irreverente, mas, apesar da idade o ter serenado, ainda continua a ser visto como o enfant terrible do Douro. Por trás do seu lado extrovertido esconde-se um verdadeiro amante do vinho, sobretudo do vinho com ligação à terra, feito na propriedade, na velha tradição do château francês.

Está ligado a alguns projectos vinícolas aliciantes, como os encontros Douro/Dão e o mais recente Simplesmente Vinho, aos quais imprime um cunho muito pessoal, quase sempre acrescentando-lhes uma componente musical. Nos últimos tempos envolveu-se também na realização de documentários sobre o vinho português e algumas das suas figuras mais relevantes. Mesmo que não tenham viabilidade comercial, as gravações não deixarão de constituir um importante espólio para o futuro.

Cultor dos produtos bio, João Roseira conseguiu convencer os familiares a converter uma parte das vinhas para o modo de produção biológico. Depois de ter sido a primeira a engarrafar e a vender Vinho do Porto de Quinta a partir do Douro, a Quinta do Infantado foi também a primeira a lançar um vinho do Porto biológico.

O Vinho: Quinta do Infantado Rótulo ?Dourado Tinto 2009
A Quinta do Infantado ganhou nome com a produção de vinho do Porto, segmento em que desenvolveu um estilo muito particular, baseado no menor uso de aguardente vínica, com o intuito de deixar os vinhos mais secos. Mas, como grande parte dos produtores de Porto, também produz vinhos tranquilos, por sinal muito bons. Um vinho que é a cara de João Roseira é o Quinta do Infantado Rótulo Verde Tinto 2009, de produção biológica. Não é fácil, por possuir um toque verde que não agradará a toda a gente, mas a sua frescura e pureza são magníficas. P.G

João Tavares de Pina
Alheio a modas ou tendências, desde sempre que João Tavares de Pina pratica na sua Quinta da Boavista, no Dão, uma "agricultura quase selvagem", fiel à máxima de que os vinhos têm que ser tão só a expressão das uvas e da terra onde foram criadas. Mesmo que isso implique, por vezes, que sejam pouco vendáveis? "Há apenas que os guardar por mais algum tempo", riposta, confiante em que com o tempo os consumidores se hão-de cansar dos "vinhos redondos e adocicados que nasceram com a tecnologia e acabaram por mistificar o produto".

Apesar de ter andado por Bordéus a investigar a acção das leveduras, Tavares de Pina é uma espécie de irredutível que admite apenas "um compromisso ético com a natureza" e é até capaz de se abespinhar quando lhe falam em vinhos com esta ou aquela característica, para este ou aquele tipo de mercado. "Os vinhos têm que ser entendidos em todas as épocas e muito menos podem ser produzidos com orientações específicas", defende, em consonância com o estilo dos seus vinhos, taninosos, tensos e vegetais, que só são lançados para o mercado depois de um mínimo de seis a oito anos após a data de vindima.

E mesmo que mantenha na adega vinhos que andam ao arrepio das tendências de procura, é com uma pontinha de orgulho que gosta de se afirmar contra a corrente. "Há quem não entenda, quem ache que somos loucos, mas começam também a aparecer aqueles que nos dão razão", vislumbra. É por isso que procura uma certa expressão vegetal e a acidez nos seus vinhos. "É das notas vegetais que vem a frescura, a acidez reforça-a e é isso que faz sentido, já que os vinhos frescos são os que nos dão prazer", conclui.

É nos 6,5 hectares das vinhas da Quinta da Boavista, em Penalva do Castelo, à vista da serra da Estrela e cultivadas em obediência às leis da natureza e com baixas produções, que Tavares de Pina produz os seus vinhos raros, fresco e saborosos. Para já são apreciados nos exigentes mercados do centro da Europa, mas acredita que o tempo começa também ao seu encontro. Duma coisa está absolutamente convicto: "Não vou nunca fazer concessões".

O vinho: Rufia 2012
Embora permaneça na memória a frescura e elegância de um varietal de Tinta Pinheira (Rufete) que provámos há cerca de dois anos, o Rufia é o vinho que melhor expressa a postura e convicções de Tavares de Pina. E não é só no nome que é feito para provocar. Com taninos vivos e a tal expressão vegetal que lhe confere frescura, é obtido da forma mais natural possível. Mistura as castas da propriedade (Jaen, Touriga Nacional e Tinta Pinheira), que com diferentes maturações acabam por se integrar por efeito da fermentação que decorre sem recurso a leveduras ou correcções. À irreverência natural somam-se aromas de frutos e flores silvestres, uma frescura granítica e até um toque salino que lhe acentua o sabor. J.A.M.

Mário Sérgio Nuno
A designação francesa de vigneron cabe-lhe na perfeição e é precisamente como agricultor de vinhas que Mário Sérgio Nuno gosta de ser conhecido. É claro que os vinhos e espumantes que produz na sua Quinta das Bágeiras têm o selo da sua identidade, mas prefere sempre acentuar que são a marca da natureza e das parcelas onde crescem as uvas.

Mais que a obediência a um conceito ou filosofia, Mário Sérgio faz até gala de uma certa humildade para explicar que segue apenas as regras da natureza e os ensinamentos que recebeu do avô e do pai, com os quais conviveu na lavoura e depois sucedeu na actividade de família. Não será bem assim, até porque os seus vinhos são hoje muito disputados no mercado nacional e têm fama que atravessa fronteiras, mas não deixa de ser também verdade que isso se deve em grande parte ao facto de não ter nunca transigido e embarcado em modas, tanto na vinha como na adega.

Uma convicção e apego à tradição que o levou a manter velhos vinhedos, lagares e tonéis de família, enquanto outros produtores da Bairrada plantavam castas internacionais e equipavam adegas com as mais modernas tecnologias.

Não cedeu também, nem cederá nunca, à moda dos espumantes adocicados, mesmo que a sua mãe nunca tivesse compreendido "a vergonha" de encaminhar a clientela para a concorrência quando lhe aparecia na adega a pedir vinhos secos ou meio-secos para os casamentos.

Nas Bágeiras só há espumantes brutos naturais e apenas com as castas típicas da região, e Mário Sérgio não poderia ter melhor reconhecimento do que o facto de contar entre os seus melhores clientes um restaurante francês de Epernay, no coração da região de Champanhe.

Para explicar os seus vinhos, muitas vezes pouco ortodoxos à luz dos modernos conceitos e técnicas, Mário Sérgio gosta sempre de recorrer às histórias de família, aos usos e costumes da velha agricultura da Bairrada. E precisamente pela diferença que seus garrafeira, tanto brancos como tintos (de Baga) são hoje tão apreciados, já que, como orgulhosamente costuma gracejar, "e o vinho fosse todo igual, era coca-cola".

O vinho: Pai Abel "Chumbado"
Além de ser um branco extraordinário, com volume, mineralidade e acidez fora do comum, este vinho tem por traz do nome uma história que bem reflecte o estilo dos vinhos e a filosofia do produtor.

Em 2009, fruto de uma colheita que entendeu expressar na plenitude a tradição dos vinhos da família, Mário Sérgio decidiu dar aos melhores branco e tinto o nome de Pai Abel, homenageando assim o progenitor. Nos brancos, a qualidade permitiu que voltasse a haver um Pai Abel em 2010, e no ano seguinte assim seria, não fosse a câmara de provadores da Bairrada ter entendido que o vinho não reunia as características para obter a denominação de origem, reprovando-o.

Com vinhos em regra pouco ortodoxos, Mário Sérgio até estava habituado a obter a classificação em sede de recurso, mas preferiu desta vez optar pelo sarcasmo. O vinho foi engarrafado sem o selo da região mas com o "Chumbado" gravado no rótulo e subiu até o preço de 15 para 20 euros. Esgotou rapidamente e é um dos brancos mais apreciados de sempre. J.A.M.