terça-feira, 13 de junho de 2017

João Machado, ex-líder da CAP, recebeu Medalha de Honra da Agricultura em jantar de homenagem


O ex-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal João Machado recebeu hoje a Medalha de Honra da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural durante um jantar de homenagem, na Feira Nacional da Agricultura, que decorre em Santarém até domingo.

Criada em 1999 para "reconhecer publicamente e distinguir pessoas ou organizações que, de forma particularmente dedicada e empenhada, através da sua ação continuada, contribuem ou contribuíram para o desenvolvimento e valorização do mundo rural", a medalha foi entregue a João Machado pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos.

No despacho que determina a distinção, Capoulas Santos refere o mérito de João Machado "enquanto personalidade de indiscutível relevância para o desenvolvimento da agricultura nacional", facto reconhecido com a atribuição da Grã-Cruz da Ordem de Mérito Agrícola, em 2006, pelo Presidente da República.

"Personalidade marcante da agricultura portuguesa nas últimas décadas, João Machado foi, enquanto dirigente do setor, um parceiro ativo na defesa dos agricultores e da agricultura nacional, que muito contribuiu para dignificar o papel social desta atividade empresarial, bem como das suas entidades representativas", afirma.

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O ministro refere ainda o papel do ex-dirigente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) como "porta-voz de reivindicações setoriais e promotor do associativismo agrícola", bem como "na defesa dos interesses nacionais a nível europeu".

Presidente da CAP nos últimos 18 anos, João Machado decidiu não concorrer à eleição dos órgãos sociais para o triénio 2017 a 2020, realizada no passado dia 19 de abril, tendo sido substituído no cargo por Eduardo Oliveira e Sousa.

Governo quer estratégia e plano de ação para recuperar produção de cereais - ministro


O ministro da Agricultura anunciou hoje, em Santarém, a criação de um grupo de trabalho para delinear "uma estratégia e um plano de ação para a recuperação da produção de cereais em Portugal".

Luís Capoulas Santos falava aos jornalistas no final de uma visita que marcou a inauguração da 54.ª Feira Nacional da Agricultura/64.ª Feira do Ribatejo, que decorre até dia 18 no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, com os cereais como tema dominante.

Declarando-se "satisfeito" com a escolha de um setor que o Governo quer "agarrar e recuperar", o ministro afirmou haver "um conjunto de constrangimentos naturais, que é necessário ultrapassar", pois o país tem "condições para trabalhar para nichos de mercado de qualidade, de forma muito interessante".

Capoulas Santos afirmou que assinou já o despacho para criação do grupo de trabalho, no qual participará pessoalmente juntamente com representantes do seu Ministério e das principais organizações do setor, como a Associação Nacional de Produtores de Cereais (ANPOC) e a Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis), e que será constituído dez dias depois da publicação em Diário da República.

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Esse grupo terá um prazo de três meses para apresentação de um primeiro documento de trabalho, que entrará em execução depois de ser aprovado em Conselho de Ministros, adiantou.

Capoulas Santos lembrou que a maior parte da área agrícola nacional, em particular nas zonas tradicionais de produção de cereais, elemento básico da alimentação dos portugueses, é de sequeiro, sendo necessário "encontrar alternativas rentáveis".

O objetivo, disse, é elaborar uma "estratégia nacional para a recuperação da produção de cereais em Portugal e um plano de ação associado".

"Não é apenas definir linhas orientadoras e diretrizes gerais, é vê-las em medidas concretas, calendarizadas e quantificadas", frisou.

Capoulas Santos, que visitou demoradamente a Feira Nacional da Agricultura -- certame que este ano recebe os visitantes com uma mostra de campos de cultura de cereais instalada no largo de acesso à entrada principal do recinto -, declarou-se "muitíssimo otimista" depois da troca de impressões com os expositores, em particular os de máquinas e equipamentos.

"O ambiente que hoje se vive nada tem a ver com o que se vivia há um ano. No ano passado fui confrontado com uma série de queixas, com um clima de desmoralização, e agora, pelo contrário, as empresas estão a vender mais, a exportar mais, e existe um clima de confiança em que acreditam no futuro".

O ministro mostrou-se agradado com o "aspeto, a dimensão e a qualidade" da feira, considerando que isso "reflete um pouco o que se passa com o setor em Portugal", pois "está a crescer, a bater recordes de exportação".

Esperando mais de 200.000 visitantes e 40.000 profissionais ao longo dos nove dias do certame, a organização da FNA apostou na melhoria das condições de acolhimento, disponibilizando um novo parque de estacionamento para mais 1.200 viaturas e mais zonas de sombreamento.

As "Conversas de Agricultura", com mais de 30 seminários e iniciativas para profissionais, trarão a Santarém especialistas nacionais e estrangeiros e vários responsáveis políticos, portugueses e europeus.

Concursos e provas nacionais de várias raças de animais e a presença dos produtos vencedores dos concursos nacionais promovidos pelo CNEMA -- pão, broas, empadas, gelados, folares, doçaria conventual e tradicional, enchidos, licores, carnes, ervas aromáticas, azeitonas, azeites, vinagres, mel, vinhos -, são elementos de atração, pois "permitem o contacto direto do consumidor com o que de melhor se faz no setor".

Produtos de "grande qualidade" são dados a degustar no Salão Prazer de Provar e nas "provas na cozinha", estendendo-se a oferta do que de melhor se produz em Portugal ao espaço onde se concentram os restaurantes de carnes autóctones e as tasquinhas de associações e coletividades da região.

O cartaz de espetáculos abre hoje à noite com a atuação de Richie Campbell, estando marcados concertos de David Antunes, Ana Moura e Ana Carolina.

Governo vai antecipar pagamentos da Política Agrícola Comum para aliviar produtores

10 jun 2017 19:53

O ministro da Agricultura anunciou hoje, em Santarém, a antecipação dos pagamentos do primeiro e do segundo pilares da Política Agrícola Comum (PAC), relativos à produção agrícola e ao desenvolvimento rural, "para melhorar a situação de tesouraria" dos produtores.

 
Capoulas Santos, que hoje inaugurou a 54.ª Feira Nacional da Agricultura/64.ª Feira do Ribatejo, que decorre no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, até dia 18, afirmou que, no caso do segundo pilar, os agricultores vão receber, "com pelo menos três meses de antecedência, os pagamentos a que têm direito este ano, por forma a melhorar a situação de tesouraria".

"Podemos adiantar 75% dos pagamentos do segundo pilar da PAC, o que significa pagamentos que atingirão valores na ordem dos 300, 400 milhões de euros", disse, acrescentando que no caso do primeiro pilar da PAC, vai propor no Conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia, em julho, que o adiantamento passe de 50% para 70%, "ou seja, outros 600 milhões de euros".

"Trata-se de ajudar a tesouraria dos agricultores, em particular dos produtores pecuários, que são aqueles que serão os primeiros afetados" numa situação de seca, dada a necessidade de alimentação animal e de abeberamento.

Por outro lado, afirmou que o Governo está a equacionar alargar o âmbito geográfico da medida tomada em outubro para nove municípios do Baixo Alentejo, "os que mais cedo sentiram as consequências de um ano anormal do ponto de vista hidrológico".

"À medida que a situação for alastrando, iremos alargando a outras áreas geográficas o mesmo tipo de medidas. Isto é, apoios financeiros para fazer perfurações, para os efetivos pecuários que não têm água para dar de beber aos animais e também para equipamentos para transporte de água onde não seja possível fazer captações de profundidade", declarou.

Capoulas Santos afirmou que as estas medidas se poderão seguir outras, "à medida das necessidades", uma vez que "é mais que provável" que o país irá enfrentar um período de seca.

"Estamos numa fase em que os indicadores do Instituto do Mar e da Atmosfera indiciam essa possibilidade. Não está ainda técnica e cientificamente comprovada, ainda que não tenha nenhumas dúvidas de que vamos estar confrontados com uma situação de seca nos próximos meses", acrescentou.

Capoulas Santos afirmou que o Governo está a abordar o assunto "com muito pragmatismo", ironizando com a frase da sua antecessora, que, "perante situação idêntica, decidiu que a solução era rezar e pedir a Deus que ajudasse a resolver o problema".

Segundo o ministro, desde há várias semanas que está a ser feito um levantamento da situação com diversas regiões agrárias, tendo sido elencado "todo o leque de medidas possíveis e qual o momento adequado para o lançamento de cada uma delas".

Tendo em conta que "há medidas que dependem exclusivamente do Ministério da Agricultura, outras de Bruxelas e outras de outros ministérios", foi esta semana publicada no Diário da República uma resolução do Conselho de Ministros que criou um grupo interministerial para, "consoante a dimensão que o problema vier a assumir, ir adotando sucessivamente as medidas" consideradas mais adequadas, afirmou.

Ministro da Agricultura aconselha Cristas a tomar chá de tília, "bom para os nervos"


12 jun 2017 20:12


O ministro da Agricultura aconselhou hoje, em Santarém, a sua antecessora, Assunção Cristas, a tomar chá de tília, "que é bom para os nervos", lamentando que esta o tenha "insultado" ao chamar-lhe "incompetente e ignorante".

 
Luís Capoulas Santos, que hoje encerrou o seminário "Cooperar para Exportar", promovido pelas Caixas de Crédito Agrícola e pelo Portugal Fresh, no âmbito da Feira Nacional da Agricultura, que decorre até domingo em Santarém, reagia a declarações feitas domingo, numa visita a este certame, pela presidente do CDS-PP e ex-detentora da pasta da Agricultura no Governo PSD/CDS.

"Quem vê o mundo a fugir debaixo dos pés e tem muita dificuldade em compreender a nova situação política só pode recorrer ao insulto", afirmou, recomendando a Assunção Cristas que "seja um pouco mais ponderada", pois tem a "obrigação de cumprir os mínimos em termos de boas maneiras".

"Até sugeri que tomasse chá de tília, que é bom para os nervos, porque aparentemente o que ela tem estado a tomar nos últimos tempos é chá de urtigas, e esse azedume acaba por transparecer de uma forma que não se justifica e não tenciono alimentar polémicas deste tipo", acrescentou.

Numa visita à Feira Nacional da Agricultura, no domingo, Assunção Cristas acusou Capoulas Santos de ignorância e falta de competência por ter anunciado a criação de uma comissão interministerial que já estava criada desde 2012, querendo "atirar areia para os olhos das pessoas".

"O que a doutora Assunção Cristas fez foi um insulto, ela chamou-me incompetente e ignorante porque o Governo aprovou há poucos dias uma Resolução do Conselho de Ministros criando uma comissão interministerial para avaliar a situação de seca e decidir sobre eventuais medidas a adotar e ela considera que o Governo ao ter feito isto cometeu uma heresia porque já em 2012 a senhora ministra na altura teria criado uma comissão idêntica", disse.

Capoulas Santos frisou que essa comissão foi criada "para responder aos problemas de 2012" e "até de forma tardia", já que, quando foi aprovada a Resolução, em março de 2012, "já o país tinha 47% da sua área em seca severa e tinha 53% em seca extrema", quando, neste momento, o país "tem 23% da sua área em seca fraca e 71% em seca moderada".

"Quer dizer que a doutora Cristas, aparentemente, acha que o Governo deveria adotar, numa situação que não tem nada a ver com aquela de 2012, as medidas que ela eventualmente terá adotado, como se houvesse um receituário que se aplica com cinco anos de antecedência", disse, sublinhando que as medidas devem ser adotadas consoante a evolução de um fenómeno que é "progressivo e que vai tendo diversas consequências".

Por outro lado, afirmou, a Resolução de 2012 "falava de organismos que hoje já não existem e falava de ministérios que hoje já não existem".

Como exemplo apontou o facto de a comissão ser então presidida por Assunção Cristas enquanto ministra da Agricultura e do Ambiente, "áreas que estão agora separadas", pelo que "não faria sentido dizer que a coordenação da atual equipa interministerial era presidida pela ministra de um ministério que já deixou de existir".

Para o ministro, a declaração da líder centrista "é todo um conjunto de absurdos" que o levam a concluir que Cristas "não tem nada para criticar porque de facto a situação da agricultura está melhor".

Capoulas Santos apontou o crescimento das exportações, a resolução dos problemas "que ela deixou" nos setores do leite e dos suínos, a necessidade de tapar os "buracos financeiros", como os 200 milhões de euros no PDR, a abertura de um "processo negocial para continuar a expandir o regadio de Alqueva que tinha sido dado por concluído há dois anos".

Declarando-se disponível para "discutir seriamente as políticas e o interesse do país", o ministro afirmou que "sempre tem existido uma regra de cortesia entre os titulares da pasta da Agricultura", que permite a crítica sem necessidade de recorrer ao insulto.

domingo, 11 de junho de 2017

Falta de água nas barragens afeta produção de arroz no Vale do Sado



Mário Boleta tem 24 hectares no Vale do Sado, mas este ano não vai semear seis desses hectares  |  NUNO PINTO FERNANDES / GLOBAL IMAGENS
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Dos seis mil hectares dentro do perímetro de rega da barragem de Vale do Gaio, que está a 60% da sua capacidade, só quatro mil vão ser este ano cultivados. Bacia hidrográfica do Sado é a mais afetada.

Mário Boleta aponta o enorme canteiro de arroz há pouco semeado, onde há umas grandes manchas acastanhadas, de lodo. "Isto é da falta de água", explica. Dentro de dias vai ter de limpar aquele lodo todo, e depois pôr a correr mais água ali - e talvez tirar um pouco às parcelas contíguas. Neste tempo de secura, com as albufeiras a meia altura, menos do que isso em alguns casos, a gestão da água é crítica.

Por enquanto ainda dá para fazer assim, tirar um pouco daqui, pôr mais ali, mas depois a rega do arroz terá de ser contínua, com a água sempre a correr em fio, durante todo o verão, até meados de setembro, quando se faz a colheita.


Esta cultura é assim mesmo, muito exigente em água, e por isso este não é um ano bom, porque ela ela escasseia no Vale do Sado, o que já se traduziu em restrições na rega. Os agricultores da região viram-se por isso obrigados a deixar por semear uma parte dos seus terrenos destinados ao arroz.

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É o caso de Mário Boleta. Dos 24 hectares que tem no Vale do Sado, e que estão incluídos no perímetro de rega da Barragem de Vale do Gaio, a cerca de 30 quilómetros de Alcácer do Sal, este ano teve de deixar seis por cultivar. A água a que tem direito não dá para mais. "E eu não estou muito mal, há outros que estão pior e que vão deixar mais terreno por semear", garante.

Dois invernos de pouca chuva

Dos seis mil hectares de terrenos abrangidos pelo perímetro de rega da barragem de Vale do Gaio, cuja albufeira está nesta altura a 60% da sua capacidade total de armazenamento, só quatro mil hectares podem ser cultivados este ano. "É esta a disponibilidade de água que existe", resume José Núncio, presidente da Fenareg, a Federação Nacional de Regantes de Portugal.

Em anos normais, quando as chuvas de inverno e primavera garantem toda a água necessária para a agricultura naquela região - e nas outras, claro -, a cultura do arroz da zona barragem de Vale do Gaio recebe daquela albufeira "uma média de 14 ou 15 mil metros cúbicos de água por hectare", diz Mário Boleta. Este ano, já depois de no ano passado ter havido um corte, nessa altura para os 11 mil metros cúbicos, porque o inverno anterior também já tinha sido mais seco do que o normal, aquele valor sofreu uma nova redução e está agora nos 8500 metros cúbicos por hectare, para cada um dos agricultores daquela zona.

Joaquim Custódio Simãozinho, que arrenda 52 hectares naquela zona, também para cultivar arroz, tem talvez mais sorte, porque os terrenos onde faz sua lavra estão fora do perímetro de rega daquela barragem. Por isso, não está sujeito às restrições que afetam os outros agricultores. Ele, pelo contrário, utiliza a nascente que ali tem no terreno e arranjou um engenhoso sistema de reaproveitamento da água, de uns canteiros para os outros, que utiliza valas e um mecanismo de bombagem e, para já, não tem de que se queixar. "Este ano está bem iniciado", diz, filosófico. "O resto, vamos a ver... Desde que não falte a água na nascente". Nesse caso, a água do Sado também não seria uma alternativa. "Já viu como está baixo? Nesta altura devia ter mais um metro ou metro e meio de altura".

Não é só no arroz, no entanto, que toda a secura se reflete. As culturas do outono-inverno, como o trigo, que vão ser colhidas agora, em junho, "perderam-se em parte em toda a zona interior do país, desde Trás-os-Montes até à região sul, porque não choveu o suficiente", assegura José Núncio. E para o pico do verão, adivinham-se dificuldades na alimentação e disponibilidade de água para o gado.

"Estamos em plena primavera, o ano foi mau por falta de chuva e nesta altura ainda se veem alguns pastos, mas não é suficiente para fazer face ao verão", garante José Núncio, que defende a antecipação das ajudas do Estado aos agricultores.

"Vai haver falta de alimentação para gado e é natural que os preços disparem. Era importante que o Estado disponibilizasse o mais cedo possível os apoios aos agricultores, em vez de ele virem no final do ano", sugere o presidente da Fenareg, sublinhando que "não se trata de criar mais medidas, mas da antecipação dos apoios e, eventualmente, de juros bonificados para quem tenha necessidade de comprar alimentos para os animais".

Em abril a Fenareg já tinha alertado para o facto de existirem "30 mil hectares de cultura em risco", com a situação difícil na bacia hidrográfica do Sado, e para os registos críticos de duas das suas barragens - Odivelas, com 6% de volume armazenado, e Roxo (10%).

Estas duas situações "já estão a ser resolvidas, com transferência de água a partir da albufeira de Alqueva", explica José Núncio. Mas essa não poderia ser, por exemplo, uma solução para a barragem de Vale do Gaio. "A água de Alqueva tem custos que tornam inviáveis as culturas que utilizam muita água, como o arroz", garante.

Na semana passada, a Agência Portuguesa de Ambiente (APA) anunciou medidas para fazer face à situação que na bacia hidrográfica do Sado passam, entre outras, por restrições a regas urbanas de jardins ou o fecho de fontes ornamentais, a partir de 1 de Junho.

Alqueva vai ter novo bloco de rega


Rádio Pax - 01/06/2017 - 00:00
    
O circuito hidráulico e o Bloco de Rega de São Bento vão entrar em fase de consulta pública.

São 2 mil e 800 hectares que vão beneficiar as freguesias de Vila Nova de São Bento, Vale de Vargo e Salvador.

O novo Bloco de Rega faz parte da expansão prevista para o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, que conta actualmente com 120 mil hectares de área disponível para rega. Até 2021, a EDIA prevê aumentar a área de regadio para cerca de 170 mil hectares.

A apresentação pública acontece hoje em Vila Nova de São Bento. Após a apresentação, segue-se um período de consulta pública na sede da União de Freguesias de Vila Nova de São Bento e Vale Vargo, até às 17 horas de sexta-feira. Durante este período são prestados esclarecimentos.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Homem morre na barragem enquanto monta equipamento de rega


Alerta foi dado às 15:35. Ao todo, três trabalhadores caíram na barragem. Dois foram resgatados com vida

2017-06-07 18:20

Três trabalhadores caíram, esta quarta-feira à tarde, numa barragem de Avis, distrito de Portalegre, enquanto montavam um equipamento de rega.  A informação foi confirmada à TVI por fonte do Comando Distrital de Operações e Socorro. Um dos homens morreu e os outros dois ficaram com ferimentos ligeiros.

O alerta foi dado às 15:35. O acidente aconteceu numa barragem, situada numa herdade do concelho de Avis, no distrito de Portalegre. Um homem foi assistido no local, outro resgatado pouco depois, considerado ferido leve e transportado ao Hospital de Portalegre.

A vítima mortal foi resgatada às 17:55.

Os três homens, com idades entre os 30 e os 40 anos, caíram à água quando estavam a montar uma bomba de água na barragem.

As operações de socorro, incluindo as buscas para encontrar o homem desaparecido, envolveram os bombeiros de Avis e a equipa de mergulhadores da corporação de Ponte de Sor, além de uma ambulância de suporte imediato de vida (SIV) e da GNR, num total de 17 operacionais, apoiados por oito veículos.

Assalto causa prejuízo de milhares de euros em cooperativa agrícola



30 Maio 2017 às 15:37

A Cooperativa Agrícola dos Agricultores do Vale do Lima (Coopalima), em Ponte de Lima, foi alvo de um assalto no passado fim de semana e o prejuízo estimado ascende a milhares de euros.

As portas da loja da cooperativa foram arrombadas e foi levado um veículo ligeiro de mercadorias com diverso material e utensílios agrícolas.

Só em material roubado, o presidente da Coopalima refere que o prejuízo se situa nos dez mil euros.

A GNR está a investigar este e outro assalto que ocorreu na mesma noite no concelho, no qual também foi furtada uma carrinha ligeira de mercadorias.

As duas carrinhas roubadas já constam da base de dados acessível a todas as polícias, incluindo no estrangeiro.

Praga de javalis em Portugal. Caçadores e veterinários alertam para acidentes e doenças

4 jun 2017 09:06

Os javalis tornaram-se numa praga em Portugal e já provocam "centenas" de acidentes nas estradas, além de prejudicarem a pequena caça e transmitirem doenças, alerta uma associação de caçadores e várias entidades confirmam.

 
João Fernandes, de Arraiolos, no Alentejo, fala de uma "praga grande", de "vários acidentes" nas estradas da região, e acrescenta à Lusa: "Há pouco cruzei-me com um javali à entrada de Montemor". Destroem os ninhos das perdizes e as tocas dos coelhos e lebres e agora que está a chegar o verão vão começar, diz, a destruir os tomatais e os milheirais.

Mas o problema, afirma à Lusa José Baptista, do Movimento Caçadores Mais Caça, é nacional e preocupante.

O dirigente tem contabilizado casos de acidentes envolvendo javalis e cita exemplos, falando de centenas de casos. Em Portel, Grândola ou Santiago do Cacém, Gavião ou Moura, mas também mais a norte, da Malveira à Sertã, de Pampilhosa a Rio Maior, Lousã ou Vila Real.

A Lusa pediu dados sobre acidentes rodoviários envolvendo animais mas a GNR encaminhou o assunto para a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, que não tem dados específicos, embora nos relatórios anuais se note um aumento de atropelamento de animais (que provocaram pelo menos feridos), 66 casos em 2012, 76 no ano seguinte, e 104 em 2014 e 2015.

José Baptista, que já alertou os principais responsáveis políticos do país, fala ainda de outro problema relacionado com os javalis - as doenças, como a tuberculose, e o facto de na generalidade os javalis caçados não serem objeto de inspeção veterinária.

O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, admite, em declarações à Lusa, que há "um problema grave de incidência de tuberculose nos veados e javalis" e que é preciso "cuidado" porque a doença está a aumentar, "sobretudo na raia".

Depois, acrescentou, já há casos de transmissão da doença a espécies pecuárias ("bovinos já tiveram de ser abatidos") e há riscos para as pessoas.

Jorge Cid diz que por norma está presente um veterinário nas caçadas organizadas a javalis mas não nas esperas noturnas, porque tal seria impossível, dada a quantidade de eventos.

A Ordem "via com bons olhos que se criasse um corpo nacional de inspetores" e era "importante a aprovação da carreira dos inspetores sanitários", de forma a que todas as espécies para consumo público fossem verificadas.

É que, admite, nem sempre há veterinários para as solicitações e atualmente mais de uma centena de autarquias não tem veterinário municipal ("não são repostos há oito anos").

Além das doenças dos javalis há também outro caso grave, a doença hemorrágica do coelho bravo, diz o bastonário, no que é corroborado por Eduardo Santos, da Liga para a Proteção da Natureza.

Eduardo Santos não entende que os javalis sejam um problema em todo o país, mas admite "um acentuado declínio dos coelhos" devido a doenças.

"É uma questão de saúde animal e de saúde pública", acrescenta João Branco, da organização ambientalista Quercus, também ele a lamentar que doenças tenham dizimado "quase metade da população dos coelhos" e que no caso de animais como o javali já tenham passado para os animais domésticos.

João Branco defende que há uma "epidemia" de javalis, que não têm predadores além do Homem e que acabam por prejudicar (por destruir as crias) espécies como perdizes, coelhos e lebres, além dos prejuízos na agricultura.

E aproveita para negar um "mito recorrente": a Quercus não larga animais de qualquer espécie na natureza, e se as raposas ou as águias estão a aumentar é por falta de predadores e por ter diminuído a pressão urbana.

As águais, aliás, até ajudam a conter a devastação do coelho, eliminando os animais doentes, diz Joaquim Teodósio, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

De tudo isto, sintetiza José Baptista, resulta em mais predadores do que caça.

Rogério Rodrigues, presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), diz à Lusa sobre o assunto: "Há menos espécies de caça menor devido ao habitat, já o javali vê um incremento pelo aumento do seu habitat, bosques e florestas".

Garantindo também que não há largadas de animais, de águias ou raposas, o presidente do ICNF explica a proliferação do javali com números: há 30 anos havia mais um milhão de hectares de agricultura que hoje estão transformados em matas e florestas, há 40 anos o Alentejo tinha mais 40% de agricultura.

"O habitat natural para coelhos, codorniz e perdiz está a desaparecer, é lógico que estas populações tinham de ter um fortíssimo declínio", diz o responsável, segundo o qual há quatro ou cinco séculos Portugal também tinha uma população de javalis como agora.

E sobre as doenças admite que é um problema, aconselhando os caçadores a terem alguma informação sobre como identificar se os javalis que abatem estão ou não doentes.

Doentes ou não, insiste José Baptista que se tornaram uma praga e são um perigo na via pública.

Rui Cândido, de Portel, no Alentejo, dava-lhe razão se o ouvisse. Há meses, quando ao início da noite conduzia entre Vidigueira e Pedrógão, na zona de Cortes de Cima atravessaram a estrada "15 ou 20 javalis" e ele não teve tempo para travar ou desviar-se.

"Matei dois, ficaram debaixo do carro". Rui Cândido não se aleijou porque era "um carro de trabalho grande", como eram grandes os javalis.

Contas feitas, sem contar com o reboque, foi "uma despesa de 2.700 euros" para arranjar o carro.

São uma praga os javalis? Tem havido mais acidentes na zona? Às perguntas diz que sim.

Novo estudo diz que azeite pode ajudar a prevenir o cancro cerebral


05/06/2017 18:54

Principal composto do azeite poderá funcionar como um 'protetor' do cérebro

Segundo um estudo realizado por vários investigadores da Universidade de Edimburgo, o ácido oleico, principal componente do azeite, pode ajudar a prevenir o cancro cerebral.

De acordo com os investigadores, o ácido inibe uma proteína que dificulta a produção de uma molécula que suprime a formação de tumores no cérebro. Desse modo, o ácido oleico pode ajudar a diminuir o risco de cancro cerebral.

Gracjan Michlewski, um investigador da Universidade de Edimburgo, afirmou ao Indian Express que, "apesar de ainda não podermos dizer que o azeite na dieta ajuda a prevenir o cancro cerebral, as nossas descobertas sugerem que o ácido oleico pode apoiar a produção de moléculas supressoras de tumores em células criadas em laboratório".

Quercus denuncia "destruição" de área de floresta mediterrânica em Tomar


A associação ambientalista Quercus denunciou hoje a "destruição de uma área de floresta mediterrânica", com azinheiras, carvalhos portugueses e medronheiros, em Porto de Cavaleiros, no concelho de Tomar, mas a empresa assegura que o corte foi autorizado.

Em comunicado, a Quercus afirma que a empresa arrendatária do terreno procedeu na última semana ao corte de azinheiras, carvalhos e sobreiros "não cintados" (ou seja, não sinalizados para abate) e que a autorização que havia obtido em 2016, visando 55 sobreiros, caducou.

A associação acrescenta que, para obter essa autorização, a empresa alegou a ocorrência de um incêndio, uma informação que a Quercus diz ser "falsa".

"A gravidade da situação é acrescida, dado que existe reincidência no abate ilegal de sobreiros, ocorrido em julho de 2015 na propriedade denominada Corvina, com uma área de cerca de 23 hectares, localizada junto do rio Nabão, em Porto de Cavaleiros, e parcialmente integrada no Sítio Sicó-Alvaiázere da Rede Natura 2000", no "único terreno com alguma dimensão na zona norte da antiga freguesia de Pedreira que não foi alvo de plantações de eucaliptos", afirma o comunicado.

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Segundo a Quercus, o povoamento florestal tinha sido percorrido por um incêndio em 2008, "mas os sobreiros estavam verdes, apenas com a cortiça negra, pelo que está condicionada legalmente a alteração de uso do solo".

Nesse processo, a empresa "foi condenada ao pagamento de uma coima pela infração grave cometida", acrescenta.

A associação diz que confirmou no terreno o corte de azinheiras, carvalhos e sobreiros não cintados, "o que revela a falta de responsabilidade social e ambiental da empresa, que tem em curso um processo de certificação de gestão florestal.

"Também comprovou que no local estava uma escavadora giratória a arrancar os cepos dos sobreiros e medronheiros para destruir as provas do crime", acrescenta.

A Quercus afirma que solicitou uma "fiscalização urgente" ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, para impedir mais abates de espécies protegidas e esclarecimentos ao Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) sobre os processos em causa.

A associação afirma que o ICNF indeferiu, em 2015, um pedido de autorização para arborização do terreno com eucalipto, "dado que não se pode converter povoamentos de sobreiros".

A Quercus pede uma "firme atuação do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, bem como do ICNF, para impedir a destruição das últimas áreas de floresta mediterrânica na área" e alerta para não seja autorizada a conversão para uma nova plantação de eucaliptos e que seja reposto o povoamento de sobreiros.

"Este é mais um caso que revela a pressão para novas plantações de eucalipto em território nacional, fruto da Regime de Arborização aprovado pelo Governo anterior. Ainda que o Governo atual tenha assumido que ia revogar esse Regime no final de 2015, a alteração proposta ainda se encontra na Assembleia da República, sem que tenha entrado em vigor até ao momento", afirma o comunicado.

A Lusa solicitou esclarecimentos aos Ministérios do Ambiente e da Agricultura.

Contactada a empresa, Carlos Afonso, encarregado geral da Madeiras Afonso, afirmou que esta tinha licença para fazer o corte das árvores e que, durante os trabalhos, foi abordada "por mais de uma vez e por mais do que uma entidade", remetendo mais esclarecimentos para o gerente, que a Lusa não conseguiu contactar até ao momento.

Feira Nacional da Agricultura começa sábado em Santarém com os cereais em destaque


A Feira Nacional da Agricultura começa no sábado em Santarém, tendo por tema central os cereais e por objetivo "chamar a atenção dos portugueses para a importância da agricultura" nacional.

Amostras de "campos de cultura" de arroz, trigo, milho vão receber os visitantes no grande largo de acesso à entrada principal do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), onde o certame vai decorrer até dia 18.

"Queremos chamar a atenção do público para a importância da agricultura" e, no caso dos cereais, para as dificuldades de produção deste tipo de cultura num país mediterrânico, disse à Lusa o administrador do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) e secretário-geral da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira.

"Na vida podemos precisar de um médico talvez cinco vezes na vida, de um advogado cinco ou dez, mas do agricultor precisamos todos os dias e as pessoas esquecem-se disso", disse Luís Mira, salientando que "a simbologia dos cereais e do pão" levou o CNEMA a escolher este tema.

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A 54.ª edição da Feira Nacional da Agricultura e 64.ª Feira do Ribatejo vai ser inaugurada no sábado à tarde pelo ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, tendo já agendadas, para os dias seguintes, visitas das principais figuras da política nacional.

Esperando mais de 200.000 visitantes e 40.000 profissionais, a organização apostou na melhoria das condições de acolhimento, disponibilizando um novo parque de estacionamento para mais 1.200 viaturas (com uma área reservada aos expositores) e mais zonas de sombreamento.

As "Conversas de Agricultura", com mais de 30 seminários e iniciativas para profissionais agendadas, trarão a Santarém especialistas nacionais e estrangeiros e eurodeputados -- nomeadamente no debate sobre o impacto da saída do Reino Unido no orçamento da União Europeia.

O cavalo e a pecuária continuam a ter lugar privilegiado no certame, com a realização de numerosos concursos e provas nacionais, salientou a organização.

Na nave A vão estar os vencedores dos concursos nacionais de produtos portugueses realizados no CNEMA desde o início do ano -- pão, broas, empadas, gelados, folares, doçaria conventual e tradicional, enchidos, licores, carnes, ervas aromáticas, azeitonas, azeites, vinagres, mel, vinhos -, "permitindo o contacto direto do consumidor com o que de melhor se faz no setor".

No mesmo espaço, o Salão Prazer de Provar e as "provas na cozinha" darão a degustar produtos "de grande qualidade", estendendo-se a oferta do que de melhor se produz em Portugal ao espaço onde se concentram os restaurantes de carnes autóctones e as tasquinhas de associações e coletividades da região.

Luís Mira afirmou que o investimento da organização nos espetáculos tem vindo a diminuir, uma vez que este não é o principal motivo de atração de visitantes, estando programados para a edição deste ano concertos com Richie Campbell, David Antunes, Ana Moura e Ana Carolina, este a terminar, no último dia, com um espetáculo de fogo de artifício.

A FNA, que volta a acolher, na nave B, a Feira Empresarial da Região de Santarém, mantém igualmente a vertente tradicional da Feira do Ribatejo, com largadas de touros, campinos e ranchos folclóricos.

Luís Mira salientou a parceria com a CP, que dá descontos de 30% nos bilhetes, e a existência de autocarros de livre acesso a partir da estação ferroviária e da cidade.

Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica aprovada em Conselho de Ministros

PORTO / 09 JUN 2017 / 01:15 H.

 Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica aprovada em Conselho de Ministros
O Conselho de Ministros aprovou ontem a Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica e o Plano de Ação para a produção e promoção de produtos agrícolas e géneros alimentícios biológicos, segundo o previsto no programa de Governo.

No comunicado divulgado após a reunião do executivo, lê-se que a estratégia e o plano de ação "visam reforçar a dimensão económica e competitividade da atividade de produção agrícola biológica, estimulando a oferta e o consumo de produtos biológicos a nível nacional e fomentando a sua exportação".

O Governo determinou ainda a criação do Observatório Nacional da Produção Biológica, que tem como "principais funções avaliar e apresentar propostas de revisão da Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica" (ENAB).

No final de março, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, apresentou a estratégia, anunciando "em todo o património fundiário do Estado que for a concurso será feita uma discriminação positiva dos produtores de agricultura biológica e jovens agricultores".

A disponibilização de terras do domínio privado do Estado para instalar campos de produtos biológicos é uma das 53 medidas do Plano de Ação também apresentado em 29 de março, focado em três grandes eixos: Produção, Promoção e Mercados e Inovação, Conhecimento e Difusão de Informação.

A ENAB, que tem um horizonte temporal de dez anos e será revista ao final de cinco, esteve em consulta pública durante três semanas, para recolher sugestões, antes da decisão final no Conselho de Ministros.

Duplicar a área de agricultura biológica para cerca de 12% da Superfície Agrícola Utilizada (atualmente é de 7%) e triplicar as áreas de hortofrutícolas, leguminosas, proteaginosas, frutos secos, cereais e outras culturas vegetais destinadas a consumo direto ou transformação são algumas das metas da ENAB.

O Governo quer ainda duplicar a produção pecuária e aquícola em produção biológica - com particular incidência na produção de suínos, aves de capoeira, coelhos e apícola - e a capacidade interna de transformação de produtos biológicos.

O Plano de Ação prevê ainda fomentar a produção biológica em áreas protegidas, Rede Natura e zonas vulneráveis, agilizando o licenciamento e a conversão de explorações para produção biológica, e facilitar a homologação, para utilização em produção biológica, de produtos fitofarmacêuticos já autorizados noutros Estados membros com condições climáticas análogas a Portugal.

Distribuir produtos biológicos no novo regime de fruta e leite escolar, incluir estes produtos nas ementas dos refeitórios públicos, criar uma aplicação móvel para localizar unidades de produção ou comercialização de produtos biológicos, disponibilizar informação 'online' sobre o controlo oficial destes alimentos e adotar uma taxa reduzida de IVA de produtos biológicos em toda a cadeia são outras das ações previstas para ajudar a aumentar o consumo e a confiança dos consumidores.

No eixo Inovação e Conhecimento está previsto adequar a formação profissional e o ensino em produção biológica, construindo uma rede de formação profissional e ensino superior.

Melhorar a informação estatística e de mercados de produtos biológicos, o apoio técnico específico e promover a investigação nesta área são outras das medidas previstas.

De acordo com dados da Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), o peso da superfície em agricultura biológica em relação à superfície agrícola utilizada total é de cerca de 7%, sendo as regiões do Alentejo e da Beira Interior as que apresentam maior percentagem (64% e 19%, respetivamente).

Em 2015, a superfície em agricultura biológica atingiu os 239.864 hectares (ha), equivalente à área do distrito do Porto.

Capoulas Santos na inauguração da 54ª Feira Nacional de Agricultura



Luís Capoulas Santos, Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, inaugura a 54ª Feira Nacional de Agricultura / 64ª Feira do Ribatejo no próximo sábado, dia 10 de junho, às 15h00.

O palco da festa da Agricultura será, uma vez mais, o CNEMA – Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas -, que irá receber, durante nove dias, a maior e mais antiga feira do setor agrícola, este ano associada aos "Cereais de Portugal".

A Feira Nacional de Agricultura apresenta várias razões para uma visita de lazer ou de negócio. Para as famílias que procuram descontração e diversão, o evento, para além do contato com a terra e com os animais, oferece ainda gastronomia de qualidade, artesanato e vários espetáculos ao vivo. Para os profissionais, que pretendem desenvolver negócios e parcerias, a FNA é o mais importante ponto de encontro da Agricultura nacional, indispensável para trocar experiências, debater e refletir sobre o futuro do setor.

A programação da FNA de 2017 é a mais ambiciosa e completa de sempre, prevendo-se uma adesão de cerca de 200 mil visitantes e 40 mil profissionais.

Secretário de estado da agricultura defende pac sustentável

COMUNICADO 


O Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, deu hoje nota das principais preocupações de Portugal relativamente ao proceso de revisão da PAC – Política Agrícola Comum, no que toca à produção animal. Ambiente, clima, saúde, nutrição e bem-estar animal são os temas que Portugal considera prioritários neste capítulo, defendendo "uma definição de instrumentos que privilegiem modos de produção ambientalmente sustentáveis, que deverão constituir uma componente forte de uma Política Agrícola Comum moderna e altamente simplificada". O Secretário de Estado da Agricultura lembrou que "os agricultures têm uma posição privilegiada no que respeita à produção de bens públicos", pelo que estes instrumentos "são fundamentais para que no futuro esteja assegurada a sustentabilidade ambiental e a segurança alimentar".

Luís Medeiros Vieira lembrou ainda "o grande desafio da competitividade que os agricultores enfrentam, num contexto de alterações climáticas e de instabilidade dos mercados", sublinhando a necessidade de "encontrar na resiliência uma vantagem competitiva, que poderá ser alcançada através da inovação e do conhecimento. Nomeadamente", explicou, "apostando na economia digital e na agricultura de precisão como modo de utilização eficiente dos recursos".

O Secretário de Estado lembrou também que "é necessário implementar circuitos de economia circular que promovam o aproveitamento de novas fontes de alimentação para os animais, designadamente subprodutos da indústria agroalimentar, reduzindo, dessa forma, o desperdício na cadeia alimentar".

Luís Medeiros Vieira, que está a participar no V Congresso de Alimentação Animal, em Córdova, Espanha, aproveitou ainda para colocar na agenda a questão do "rendimento económico ao longo da cadeia de valor", apelando "aos diferentes operadores para que estabeleçam relações equilibradas, que a própria PAC, enquanto instrumento político, pode estimular e aprofundar".

Para os pequenos agricultores e para os jovens agricultores ficou também uma palavra de estímulo, salientando a importância da "ocupação dos espaços rurais e da renovação geracional que é necessária neste setor, cada vez mais qualificado e mais voltado para o futuro".

Córdova, 08 de junho de 2017

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Orçamento Participativo de Portugal: Propostas Agrícolas


Orçamento Participativo de Portugal: Propostas Agrícolas: https://opp.gov.pt/propostas/todas (seleccionar AGRICULTURA)


SECA: GOVERNO QUER ANTECIPAR E AGIR, PARA PREVENIR

Comunicado


Foi hoje publicada a Resolução do Conselho de Ministros que cria a Comissão Interministerial de Acompanhamento da Seca, uma estrutura que integrará os Ministros do Ambiente e Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural (que coordenam), das Finanças, da Administração Interna, da Administração Local, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, da Saúde, da Economia e do Mar. Fica em aberto a possibilidade de alargar esta estrutura a outras áreas governativas, ou mesmo à participação de municípios, caso a situação assim justifique.

Para o Governo, trata-se de criar uma plataforma de articulação ao nível político que permita antecipar medidas no âmbito do combate aos efeitos da seca, fenómeno que afeta o país e a população a diversos níveis, mas que tem repercussões específicas no setor da Agricultura.

Capoulas Santos aposta numa monitorização mais específica, que permita antecipar situações de carência de água e mitigar os problemas com que os agricultores se debatem, a diversos níveis: "tratando-se de falta de água e não sendo possível decretar que chova, o Governo deve dispor de instrumentos que lhe permitam planear e tomar medidas ajustadas às circunstâncias, mas deve fazê-lo de forma integrada, porque a dimensão e o alcance do problema extravasam, em muito, o âmbito de uma ou duas áreas de governação e vão muito para além da agricultura enquanto atividade económica, embora as suas primeiras consequências sejam sentidas por este setor".

A Comissão Interministerial terá como tarefas principais a aprovação e o acompanhamento da implementação do Plano de Prevenção, Monitorização e Contingência para Situações de Seca e a definição de orientações de caráter político no âmbito do fenómeno climático adverso da seca.

Lisboa, 07 de junho de 2017

terça-feira, 6 de junho de 2017

Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica: relatório final da consulta pública

Entre 29 de março e 12 de abril de 2017 foi colocada em consulta pública a proposta de Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica (ENAB) que resultou do Grupo de Trabalho criado através do Despacho n.º 7665/2016, de 9 de junho, do Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural. O relatório final pode ser obtido aqui: http://www.dgadr.pt/images/docs/val/mpb/Relat_Consulta_Pub_ENAB_2017.pdf

Condutores e operadores de veículos agrícolas


A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), através da publicação da Nota Técnica N.º 6 de 22 de dezembro de 2016, atualizada em 28 de abril de 2017; exige que a operação de máquinas e equipamentos de trabalho, com riscos específicos para a segurança e saúde dos trabalhadores (o caso de veículos agrícolas), seja efetuada somente por operadores especificamente habilitados para o efeito.

Além da habilitação legal exigida pelo Código da Estrada (Carta de condução ou Licença de condução), a ACT exige que os condutores e operadores de veículos agrícolas sejam detentores de formação habilitante, podendo esta assumir a forma de:

Licença de condução (Categoria I e Categoria II ou III, em função da tipologia do veículo agrícola); ou
Carta de condução, complementada com formação adequada para a operação com veículos agrícolas.
Assim, os detentores de Carta de condução, devem complementar a habilitação que detêm com o curso "Conduzir e operar com o trator em segurança".

O referido curso é realizado por entidades formadoras certificadas sectorialmente pelo MAFDR e reconhecido nos termos determinados na regulamentação a aplicar para a área da Mecanização agrícola e condução de veículos agrícolas, disponível no sítio da DGADR.

Cristas exige a Governo medidas de apoio devido à seca

A presidente do CDS-PP foi ministra da Agricultura no anterior Governo. 

05.06.17PARTILHE 0 0 1 / 2 

Assunção Cristas, presidente do CDS/PP

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, exigiu esta segunda-feira que o ministro da Agricultura esclareça que medidas tem preparadas para apoiar os agricultores pela situação de seca, sublinhando que os centristas pedem a sua presença no parlamento. "É muito importante que o Ministério ponha cá fora um pacote de medidas que já vêm atrasadas, que estavam pré-preparadas, porque já há muito tempo que existe um grupo de trabalho em permanência para monitorizar as situações de seca", afirmou Assunção Cristas. 

Numa visita a uma feira do setor alimentar, em Lisboa, a líder centrista disse não entender "a ausência do ministro da Agricultura", argumentando que as queixas se sucedem por parte do setor e têm impacto, por exemplo, nas sementeiras que poderão não se fazer por escassez de água. "Há medidas estudadas do passado", insistiu a ex-ministra da Agricultura, apontando para a isenção da taxa de recursos hídricos, isenções de contribuições à segurança social, apoios ao investimento, entre outras. A presidente do CDS-PP, que foi ministra da Agricultura no anterior Governo, afirmou que "em 2011, na sequência da seca grande desse inverno e primavera, foram aplicados só do Orçamento do Estado 45 milhões de euros de medidas de apoios aos agricultores". 

Foram também "usadas todas as verbas e apoios europeus, nomeadamente antecipações de pagamentos, para ajudar à tesouraria das empresas que estavam muito aflitas pela escassez de água", sublinhou. A líder do CDS lamentou que "há um mês que o CDS no parlamento pediu a vinda urgente do ministro para explicar o que é que está a fazer em matéria de seca e neste momento o ministro ainda não foi ouvido no parlamento". 

Assunção Cristas considerou que o setor agroalimentar continua a melhorar a sua presença "no mercado interno, mas também a apostar no mercado internacional". "As empresas deste setor estão de parabéns, a fazer um trabalho extraordinário, é pena que o Governo não as ajude a abrir mais mercados", declarou.

Feira Nacional de Agricultura destaca a relevância do setor cerealífero em Portugal



Os "Cereais de Portugal" são o tema central da 54ª edição da Feira Nacional de Agricultura (FNA) /64ª Feira do Ribatejo, que decorre entre os dias 10 e 18 de junho, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém.

A escolha do tema para a edição de 2017 prende-se com a necessidade de alertar a opinião pública para um setor que é essencial à alimentação humana. Os cereais, nas suas várias formas (pão, farinhas, massas, arroz e milho), estão intrinsecamente ligados à dieta alimentar dos portugueses há muitos séculos. A sua versatilidade associada às qualidades dietéticas e nutritivas, justificam um maior esforço e empenhamento do setor agrícola nacional no sentido de divulgar os cereais de Portugal.

Para esta edição, a FNA preparou um programa para captar o público mais jovem e, também por isso, o tema dos cereais assume particular relevo. A saúde, a forma física e os cuidados com a alimentação estão no topo da lista das preocupações dos jovens e os cereais são uma das matérias-primas que melhor contribui para alcançar esses objetivos

No dia 14 de junho as organizações de produtores de cereais prepararam um programa especial dedicado a este tema, que pretende discutir "A importância da produção nacional de cereais", num seminário que conta com a presença de Luís Capoulas Santos, Ministro da Agricultura, Eduardo Oliveira Santos, Presidente da CAP.

Consulte a programação detalhada da FNA 2017: www.feiranacionalagricultura.pt

Palavras de Cristas sobre a seca são "lamentáveis e oportunistas"


O ministro da Agricultura deixou clara a sua opinião sobre as declarações de Assunção Cristas.

  
Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, considera "lamentáveis e absolutamente oportunistas" as palavras de Assunção Cristas sobre a "situação de seca em Portugal".

Em comunicado enviado às redações, o responsável pela pasta da Agricultura recordou a antiga ministra sobre apoios dados pelo Estados. "Como a senhora bem sabe, ou deveria saber, já em outubro de 2016 foi adotado um conjunto de medidas de apoio, no montante de três milhões de euros, que beneficiaram os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura, Ourique e Serpa", disse Capoulas Santos em palavras dirigidas à candidata do CDS à Câmara Municipal de Lisboa.

Mais ainda, "o Conselho de Ministros aprovou, em 11 de maio, 'a criação de uma comissão permanente para prevenir, monitorizar e acompanhar os efeitos da seca e para elaborar um plano de contingência e estabelecer eventuais medidas preventivas'", acrescenta a mesma nota.

O Ministério da Agricultura frisou ainda que "está a monitorizar o território agrícola quinzenalmente e a realizar um levantamento exaustivo desta matéria, que está em permanente atualização", com o ministro a garantir que "no momento próprio, com rigor e seriedade, irá adotar as medidas que a situação for progressivamente justificando".

Deste modo, Capoulas Santos lamentou "a postura da deputada centrista" e acusou-a de estar a "utilizar a ansiedade e a preocupação dos agricultores para fazer um exercício de prova de vida, e até como argumento de campanha eleitoral, o que é a todos os títulos uma forma de fazer política que eu recuso e que este Governo jamais fará".

domingo, 4 de junho de 2017

País está mais urbano, mais florestal e menos agrícola

Estudo da Direcção-Geral do Território foi à procura das "dinâmicas territoriais" entre 1995 e 2010. Mais de um milhão de hectares do território nacional mudou de ocupação.
 Manuel Carvalho

MANUEL CARVALHO 31 de Maio de 2017, 7:23 Partilhar notícia

Direcção-Geral do Território concluiu que mais de 1,1 milhões de hectares mudaram de ocupação DANIEL ROCHA

Uma equipa da Direcção-Geral do Território (DGT) revisitou os estudos cartográficos sobre a ocupação do solo em Portugal entre 1995 e 2010 e acabou por produzir o retrato das mudanças que apontam para um país mais urbano, mais florestal e menos agrícola. Em termos gerais, a equipa composta por Mário Caetano, Cristina Igreja, Filipe Marcelino e Hugo Costa constatou que, entre os anos de forte crescimento económico da segunda metade dos anos de 1990 e as proximidades da crise financeira de 2011, mais de 1,1 milhões de hectares do território nacional mudaram de ocupação, o que dá uma média próxima de 75 mil hectares por ano. Mas a velocidade da mudança foi desigual no período: entre 1995 e 2007 a transformação no território ocorreu a uma velocidade quatro vezes superior ao ritmo registado entre 2007 e 2010.

Nesta mudança constatada pela análise das cartografias sobre o uso e ocupação dos solos, os especialistas constataram que a floresta portuguesa, que domina 39% do território nacional, reforçou o seu peso, com um alargamento da sua área próximo dos 200 mil hectares. Boa parte desta expansão fez-se à custa das pastagens e, principalmente, da agricultura, cuja ocupação do solo regrediu 188 mil hectares. E entre outras mudanças menos relevantes, os especialistas notaram que no espaço de um quarto de século as áreas dedicadas aos territórios artificializados, onde entram as habitações, os espaços industriais, as estradas, as ferrovias ou os aeroportos, registaram um crescimento na ordem dos 108 mil hectares. Em 2010, estes territórios representavam já 5% da área total do país.


"A área reservada ao eucalipto não pode aumentar mais", apela associação Zero
Floresta está sob a ameaça das pragas, do calor e da incúria
Eucaliptos atraem quase 90% dos investimentos privados na floresta
A análise da equipa da DGT não se ateve apenas às grandes mudanças. Nas suas análises baseadas na interpretação de fotografias aéreas, os autores procuraram avaliar a dinâmica e a natureza das mudanças à escala regional e municipal. Foi por isso possível concluir que, no total, os campos de golfe ocupavam há sete anos mais área do que os parques e jardins (3927 hectares contra 3000). Ou notar que se o Porto é o município do país com uma maior percentagem da sua área artificializada (85%), Barrancos é o concelho que menos espaço concede a essa tipologia de ocupação (0,6%). No capítulo das singularidades, Golegã é o município com maior percentagem dos solos dedicados à agricultura (79%) e Góis é o concelho mais florestal do país (a floresta ocupa 86% da sua área).

O estudo, que foi concluído este mês, apresenta ainda conclusões que contradizem o retrato da floresta produzido pelo Inventário Florestal Nacional (IFN) de 2010. Ao contrário do IFN, o estudo indica que a espécie dominante da floresta nacional é o pinheiro-bravo e não o eucalipto (1,1 milhões de hectares contra 848 mil, quando o IFN indica que o eucalipto ocupa uma área de 811 mil hectares contra 714 do pinheiro). Mas estas discrepâncias são explicadas pela metodologia usada por um e outro estudo. Os autores advertem aliás que "os objetivos dos dois programas, as especificações técnicas, a base metodológica, a nomenclatura e os conceitos utilizados são substancialmente diferentes", pelo que é "compreensível que as áreas dos usos do solo e das espécies florestais derivadas destes processos sejam diferentes". No domínio da discussão técnica ou política sobre a floresta, o que prevalece são os dados do IFN, de acordo com fontes contactadas pelo PÚBLICO.

Em Oeiras, a agricultura é porta de entrada no mercado de trabalho



Para seis utentes da associação BIPP – Inclusão para a Deficiência, a formação em agricultura terminou com uma oferta de emprego. Hoje cultivam 12 hectares, em Oeiras, e o projecto está pronto para crescer.

MARGARIDA DAVID CARDOSO 1 de Junho de 2017, 20:28 Partilhar notícia

Antes da agricultura, estas pessoas estavam "a léguas de entrarem no mercado de trabalho". Tinham capacidades para desenvolver competências mas não estavam a potenciá-las, foi o diagnóstico de Joana Santiago, presidente da associação BIPP – Inclusão para a Deficiência, que as acompanha desde 2014 no projecto de capacitação de pessoas portadoras de deficiência intelectual e de desenvolvimento - Programa Semear. Hoje, seis homens entre os 25 e 45 anos trabalham numa exploração agrícola em Oeiras. O que cultivam começou a ser vendido num mercado local. No futuro, apontam para mercados e supermercados nacionais.

Tiveram formação, ao abrigo do programa, e no final foi-lhes oferecido um posto de trabalho: 12 hectares de cultivo e dois agrónomos na chefia. Desde Dezembro, cumprem um horário das 8h às 17h, recebem o salário mínimo.

Cultivar a terra para pertencer à terra

Tomás Coimbra, um dos agrónomos, regressa à quinta depois de levar os últimos produtos para o mercado Semear, no parque empresarial Lagoas Park, em Oeiras. Lá, quatro dos trabalhadores acabavam de montar a banca de venda de fruta e legumes e compotas produzidas por um outro projecto da BIPP, o Mercado Gourmet. É assim há três semanas, sempre à quinta-feira, entre as 11h e as 19h, e a intenção é que continue.

A criação do mercado acontece quando a produção "já está encaminhada", contextualiza Tomás Coimbra. Começaram a produzir no início do ano, num terreno de 12 hectares cedido pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), na Quinta do Marquês de Pombal. Acabam de colher as primeiras culturas e começaram a plantar as que se seguem. A rúcula e os espinafres já acabaram por este ano, a abóbora está a ser plantada. Não tarda colhem-se os tomates, couve portuguesa e cenouras, melões e melancias.

Ainda não se pode dizer que a produção é biológica – "porque este solo, habituado ao pasto, implica alguns químicos autorizados nos primeiros anos" – mas é para lá que querem caminhar, explica Tomás Coimbra.

Das hortas do Semear, levaram brócolos, couve lombarda, favas e cebolas, o que ainda não chega para abastecer o mercado por completo - os outros produtos são comprados a produtores locais. Importa agora aumentar a produção e obter a certificação da Global Gap, de forma a "garantir a qualidade e segurança dos produtos", acrescentou o agrónomo. Abastecer outros mercados e supermercados e explorar culturas tradicionais são as metas que se seguem.


A escolha de culturas curtas (que duram parte do ano) não é por acaso: "Queremos habituar os clientes a uma oferta diversa". É uma questão de negócio, diz Tomás Coimbra. Joana Santiago reforça: isto "não é angariação de fundos. É trabalho, não é por caridade. Isto é uma empresa com um modelo de negócio". Apenas diferente das outras, dizem, por ser inclusiva. Já ali foram investidos 300 mil euros.

"Isto mostra à sociedade que estas pessoas são capazes de desempenhar, e bem, as suas funções", prosseguiu a presidente da BIPP. É também uma forma de empoderamento de quem "cresceu a achar que não tinha capacidade para sair de um ciclo de pobreza e exclusão social", expões Joana Santiago.

Através do Semear, a BIPP formou 36 pessoas, desde 2014, o primeiro ano do programa. 20 estão empregadas, expõe Raquel Monteiro, técnica superior da BIPP. A maioria era beneficiário do Rendimento Social de Inserção (RSI) ou do subsídio de desemprego.

A luta da Monsanto para defender o glifosato


Investigação do jornal Le Monde denuncia práticas de pressão sobre os investigadores da agência da Organização Mundial de Saúde que alertou para os possíveis efeitos cancerígenos do glifosato.

PÚBLICO 2 de Junho de 2017, 0:05 Partilhar notícia

PLATIAU/REUTERS

A empresa Monsanto tem feito vários esforços para conseguir ver prolongado o uso da substância que está na base do seu famoso herbicida Roundup: o glifosato – que tem vindo a ser associado em vários estudos a possíveis efeitos cancerígenos. Uma investigação que o Le Monde começou a publicar nesta quinta-feira, com o nome Monsanto Papers, indica que a empresa tem tentado destruir a credibilidade da Agência Internacional para a Investigação do Cancro da Organização Mundial de Saúde.

O director desta agência internacional, com sede em Paris, admitiu ao Le Monde que já tinham sido "atacados no passado com campanhas de difamação", mas nunca tinham enfrentado uma "campanha orquestrada com esta magnitude". Christopher Wild explicou que este problema arrasta-se já há dois anos, com impacto na credibilidade e integridade da instituição e dos especialistas que ali trabalham que, segundo este responsável, são "denegridos" e "assediados" por advogados. As consequências têm-se feito sentir no próprio orçamento que a agência recebe.

Comissão Europeia quer renovar a licença do glifosato por mais dez anos
Comissão Europeia quer renovar a licença do glifosato por mais dez anos
O Le Monde avança que tudo começou numa data certa: 20 de Março de 2015. Nesse dia, a agência de Christopher Wild publicou as conclusões de um estudo que conduziu sobre os efeitos do glifosato, deixando o mundo atordoado: este pesticida, dos mais célebres do mundo, foi considerado genotóxico, com efeitos ao nível do ADN, efeitos cancerígenos nos animais e "provavelmente cancerígenos" nos humanos.

A partir desse momento, advogados com ligações à Monsanto enviaram aos vários cientistas e investigadores envolvidos no trabalho cartas intimidatórias a pedir todos os documentos utilizados para chegar às conclusões publicadas. Caso decidissem não o fazer, eram ameaçados com uma acção judicial. Houve também o caso de um jornalista supostamente chamado Christopher Watts e com um mail ligado à The Economist que tentou obter informações junto dos investigadores e que fez perguntas mais intimidatórias. Na revista, ninguém sabe quem é.

Ao mesmo tempo, o Conselho Americano de Química, que defende a indústria dos Estados Unidos, terá promovido alguma influência junto de jornalistas para que publicassem histórias que comprometessem a independência da agência da OMS. O mesmo foi feito nas redes sociais. A situação, diz o Le Monde, piorou com a chegada da Administração de Donald Trump.

De acordo com dados publicados pela Agência Internacional para a Investigação do Cancro, em 2010 o glifosato estava registado em cerca de 130 países e é um dos herbicidas mais usados do mundo. O Le Monde estima que a sua utilização tenha aumentado de 3200 toneladas por ano, quando surgiu em 1974, para 825.000 toneladas em 2014. Se o glifosato for proibido na Europa, os analistas estimam que a Monsanto possa perder à volta de 90 milhões de euros em vendas.

O caso controverso do glifosato

Apesar destes resultados da agência da OMS, em Maio, a Comissão Europeia propôs o alargamento por mais dez anos da autorização de uso do glifosato. A contenda transatlântica sobre os possíveis riscos para a saúde humana do glifosato motivou investigações de comités do Congresso dos Estados Unidos, e a Europa tem sido forçada a atrasar a reautorização de um dos produtos que a Monsanto mais vende, o herbicida Roundup.

A decisão da comissão tem como base um outro estudo, publicado em Março pela Agência Europeia de Produtos Químicos (Echa), que preparou o caminho para a decisão da Comissão Europeia recomeçar as negociações com os Estados-membros sobre a reautorização da licença do glifosato, apesar da oposição dos grupos ambientalistas. Aquele organismo da Comissão Europeia, que regula as substâncias químicas e biocidas, disse que o glifosato, o ingrediente principal do Roundup, não era uma substância cancerígena. Também a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, uma agência independente financiada pela União Europeia, considerou "pouco provável que [o glifosato] tenha perigo carcinogénico para os humanos".

Ambientalistas querem banir herbicida mais utilizado em Portugal
De acordo com dados publicadas pela Agência Internacional para a Investigação do Cancro, em 2010 o glifosato estava registado em cerca de 130 países e é um dos herbicidas mais usados do mundo.

A Monsanto, que teve em 2015 receitas de 15 mil milhões de dólares, actua em vários mercados e é conhecida sobretudo pelas sementes geneticamente modificadas, que têm suscitado críticas por parte de ambientalistas e de alguns grupos de defesa do consumidor. O recurso a estas sementes é muito mais frequente nos EUA do que na Europa, mas a Monsanto vende sementes de milho geneticamente modificado dentro da União Europeia.

Governo duplica apoios à reestruturação da vinha

26/5/2017, 13:08

O Governo vai duplicar o apoio à reestruturação e reconversão da vinha permitindo que sejam contempladas, em 2017, candidaturas até cerca de 80 milhões de euros, disse o ministro da Agricultura.

O ministro da Agricultura disse que a medida VITIS, Regime de Apoio à Reestruturação e Reconversão da Vinha, foi, "provavelmente, o programa europeu que melhor sucesso teve em Portugal"

TIAGO PETINGA/LUSA


O Governo decidiu duplicar o apoio à reestruturação e reconversão da vinha permitindo que sejam contempladas, em 2017, candidaturas até cerca de 80 milhões de euros, disse à Lusa o ministro da Agricultura.

Luís Capoulas Santos afirmou que este valor, que duplica o concurso já aberto, no montante de 40 milhões de euros, anunciado no parlamento, irá contemplar praticamente todas as mais de 2.800 candidaturas apresentadas, abrangendo cerca de 5.100 hectares de vinhas.

Iremos assim dar um contributo muito importante para que a reestruturação da vinha em Portugal acelere, para que os excelentes vinhos portugueses, que todos os dias ganham prémios em mercados internacionais, se afirmem cada vez mais", o que é uma "boa notícia para os viticultores portugueses", referiu.
Capoulas Santos adiantou que a medida VITIS, Regime de Apoio à Reestruturação e Reconversão da Vinha, foi, "provavelmente, o programa europeu que melhor sucesso teve em Portugal", salientando o "orgulho" por ter estado ligado ao seu lançamento, há 15 ou 16 anos.

"É um programa que fez muito por aquilo que é o setor da vinha em Portugal, porque permite, de uma forma muito simples e com apoios financeiros muito generosos, reestruturar as antigas vinhas por novas, bem localizadas, com as castas mais adequadas, enfim, com todos os requisitos técnicos que a nova vitivinicultura exige", declarou.

Cereja do Fundão dá 20 milhões por ano à economia local Fundão tem 300 produtores de cereja.

22.05.15

Paulo Fernandes, presidente da Câmara Municipal do Fundão

A cereja do Fundão e os produtos criados com esta matéria-prima representam mais de 20 milhões de euros por ano na economia local, revelou esta sexta-feira o presidente da autarquia, defendendo a necessidade de valorização dos produtores agrícolas. 

Na apresentação da campanha de promoção da cereja para 2015, em Lisboa, o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, afirmou que o maior desafio é "dar o máximo de valor aos produtores", referindo que em 2014 o preço que lhes foi pago bateu "o recorde absoluto". "No ano passado, estivemos muito perto de pagar dois euros em média ao produtor por quilo de cereja", disse o autarca, acrescentando que o trabalho de promoção deste produto local está a potenciar o valor pago para a economia local. 

Fundão tem 300 produtores de cereja  Existem cerca de 300 produtores de cereja no Fundão, distrito de Castelo Branco, que dão emprego direto, durante a época da cereja, a perto de duas mil pessoas, disse o presidente Paulo Fernandes. Por ano, o concelho colhe "perto de seis mil toneladas de cereja", o que equivale a mais de 50% da cereja nacional. 

"A economia da cereja é já muito mais do que vender quilos de cereja", frisou o autarca, esclarecendo que "vale mais de 20 milhões por ano". Num concelho com perto de 28 mil pessoas, "é um valor muito significativo", admitiu o presidente da Câmara do Fundão.

PSD questiona Governo sobre abate de sobreiros centenários na Tapada de Mafra


3/6/2017, 15:08
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PSD questionou Governo sobre abate de sobreiros centenários na Tapada de Mafra, violações do Plano de Gestão Florestal e Plano Diretor Municipal e morte de crias de Açor pelo uso de maquinaria pesada.

O PSD questionou o Governo sobre o abate de sobreiros centenários na Tapada de Mafra, violações do Plano de Gestão Florestal e Plano Diretor Municipal (PDM) e a morte de crias da ave Açor pelo uso de maquinaria pesada.

O arranque de sobreiros centenários por parte da direção da Tapada Nacional de Mafra foi noticiado pelo jornal Público em maio, levando a posições públicas da associação ambientalista Quercus, que disse que o derrube das árvores não teve "a prévia e obrigatória" autorização do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

Numa pergunta dirigida ao Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, os deputados sociais-democratas Carlos Silva, Duarte Pacheco, Joana Barata Lopes e Sandra Pereira questionam se, de facto, o abate ocorreu, qual o seu alcance e os atos administrativos envolvidos.

A alegada morte de crias de Açor – uma ave protegida -, devido à utilização de maquinaria pesada, é outra das questões colocadas, assim como a abertura de caminhos, identificados pela Quercus como violando o PDM e o Plano de Gestão Florestal.

O PSD coloca ainda questões sobre a orgânica do Tapada Nacional de Mafra, gerida por uma Cooperativa de Interesse Público de Responsabilidade Limitada desde 1998, designadamente a exoneração daquela estrutura de representantes do ICNF e do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), e "o racional" destas decisões com a manutenção da diretora no cargo.

"Qual o Plano Estratégico que o Governo tem para a Tapada Nacional de Mafra? Quais os prazos e os parceiros essenciais para a sua implementação", questionam.

Cimeira inédita sobre futuro do vinho reúne mais de 100 empresas de 14 países em Cascais

3/6/2017, 13:26

Mais de 100 empresas de 14 países vão participar, na próxima semana, em Cascais, na primeira edição do Wine Summit, que tem como mote debater o futuro nas várias vertentes do vinho.


Mais de 100 empresas de 14 países, sobretudo da Europa, vão participar, na próxima semana, em Cascais, na primeira edição do Wine Summit, que tem como mote debater o futuro nas várias vertentes do vinho.

Em declarações à agência Lusa, Rui Falcão, um dos promotores, enumerou os dois principais motivos para os participantes pagarem mais de 700 euros para esta cimeira de três dias, de 7 a 9 de junho: "o networking (rede de contactos), tendo em conta que os inscritos são sobretudo decisores, mas sobretudo pela parte cientifica".

"O propósito do Wine Summit é pensar no futuro, naquilo que são as grandes tendências para o mundo do vinho, numa forma global. O que é decisivo para quem tem de tomar decisões", comentou.

O promotor referiu que esta é uma conferência dirigida a profissionais e onde estarão "algumas das pessoas mais influentes do mundo do vinho, nos seus vários aspetos", num investimento de cerca de 600 mil euros.

Com o objetivo de se tornar no evento anual "mais procurado e esperado" no setor, a cimeira do vinho vai tornar-se pela primeira vez uma realidade graças ao seu "caráter inédito, ao juntar o mundo do vinho numa abordagem transversal", pela "ideia de discutir o futuro e pela credibilidade da organização", segundo Rui Falcão.

O promotor também acrescentou à lista de justificações o "facto de ser em Portugal, que é um país que está em ascensão mediática, e que ao mesmo tempo, apesar de ser muito importante no mundo do vinho, acaba por ser um grande desconhecido internacionalmente".

O responsável perspetiva que a primeira edição seja a "primeira de muitas, seguramente".

"E o nosso objetivo, que não é nada modesto, é transformar o Wine Summit num dos eventos mais marcantes do ano internacional e que se torne no evento mais procurado e esperado do ano internacionalmente no mundo do vinho", admitiu.

Da lista de sessões, no Centro de Congressos do Estoril, constam temas como produção de vinho em altitude, 'marketing', turismo, identidades regionais, tendências de consumo, a eventual influência asiática na redefinição de paladares ou as variedades desconhecidas de vinhas.

Segundo a organização, a cimeira reúne 20 oradores de 10 países e a lotação é limitada a 500 pessoas.

Portugal é o 11.º produtor mundial de vinho e o 5.º maior europeu, com as exportações a atingirem 727 milhões de euros em 2016.

sábado, 3 de junho de 2017

Já se prefigura seca “terrível” para a agricultura no Alto Alentejo

Há 20 anos, a água potável que existia no planeta, por habitante, era "quatro vezes mais do que a que temos hoje" alertou, em Beja, o comissário europeu Carlos Moedas.

CARLOS DIAS 2 de Junho de 2017, 19:07 Partilhar notícia

O que se previa há pouco mais de um mês, está a confirmar-se no Alto Alentejo. A região enfrenta um período de "seca terrível", reconheceu ao PÚBLICO, Fermelinda Carvalho, presidente da Associação Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP).

No último Inverno, a precipitação foi diminuta e as culturas arvenses de Outono/Inverno foram irremediavelmente afectadas. "Os agricultores semearam na expectativa de que chovesse". Mas a precipitação acabou por ser muito escassa e agora "as searas estão muito curtas e por isso não vai haver palha nem grão". Já se antecipa uma produção cerealífera "muito baixa" descreve a presidente da AAPD, dando ainda conta do que está a suceder ao pasto que resta: no período estival, o aumento do calor vai deixar nos prados um alimento "sem qualidade" para o gado.

Nestas circunstâncias, a realidade, a curto prazo, pode ser dramática. A possibilidade de alimentar os animais à mão com forragens e palhas é tida como muito provável, dada a escassez de alimento na região, mas a sua aquisição pode atingir valores proibitivos.

Os produtores pecuários temem ainda que a falta de água, que já é patente, venha a colocar em causa o abeberamento do gado. No campo das opções e colocados perante situações extremas, os agricultores "preferem não cultivar as terras adeixar o gado sem água", vinca Fermelinda Carvalho, igualmente preocupada com a falta de humidade no solo, circunstância que "potencia a deflagração de incêndios", impedindo os agricultores de fazer as searas de Primavera/Verão.

As consequências da ausência de chuva, no norte alentejano, vão além do cenário já descrito: "as barragens e charcas particulares estão sem água e os furos artesianos "não rebentam" ou seja, estão secos", observa a dirigente associativa.

Nas circunstâncias actuais salvaguardam-se, até ver, as explorações agrícolas que recebem água das barragens públicas, como a do Caia, por armazenar alguma água. No entanto, as barragens do Xévora e Abrilongo apresentam baixos níveis de armazenamento, obrigando a limitar o fornecimento de água para os regadios.

Fermelinda Carvalho constata que "há 20 anos havia um ano mau de tempos a tempos" mas, ao longo da última década, "a maioria dos anos foram maus" em termos de escassez de água e de temperaturas

Ao contrário do que se possa pensar, a água do Alqueva "não chega ao Alto Alentejo", lamenta a presidente da associação de agricultores, advogando a construção de mais reservas de água na região para contrariar os efeitos "dramáticos" associados às alterações climáticas que, na sua opinião, "são um facto incontornável".

Na sua mais recente deslocação a Beja, em meados de Maio, o comissário europeu Carlos Moedas, responsável pelas pastas da Investigação, Ciência e Inovação, destacou dois temas "importantes para o futuro": Alimentação e água. "Como vamos resolver o problema da água, que é dos mais complexos que temos à nossa frente" é o desafio que a União Europeu vai enfrentar, sobretudo nos países mediterrânicos, realçou Carlos Moedas, explicando que "há 20 anos, a água potável que existia no planeta, por habitante, era quatro vezes mais da que existe hoje".

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Assim, os Governos de Portugal e Espanha vão dar corpo ao projecto PRIMA que envolve um investimento de 400 milhões de euros (a União Europeia vai disponibilizar 220 milhões de euros), para desenvolver tecnologia e inovação nas áreas da produção agro-alimentar e da água.

"Se não resolvermos os temas da água e da alimentação no futuro vamos ter um dos maiores problemas que a humanidade pode enfrentar, ou então como diz Stephen Hawking, vamos ter que descobrir outros planetas para viver, dentro de 100 anos" alertou o comissário europeu.

A AADP já enviou um ofício ao ministro da Agricultura, Capoulas Santos, a inteirá-lo do que se passa no distrito de Portalegre. "Não pretendemos a concessão de subsídios", sublinha Fermelinda Carvalho, frisando que os agricultores pretendem apenas a abertura de programas no PDR 2020, que possibilitem a "abertura de furos e a aquisição de equipamentos para assegurar o abeberamento do gado". E, sobretudo, que a comissão de seca já anunciada por Capoulas Santos "dê resposta rápida aos problemas que já existem", apela a presidente da AADP, uma associação de que fazem parte 3800 agricultores do distrito de Portalegre e ainda dos concelhos de Vila Velha de Ródão, Idanha-a-Nova e Penamacor, no distrito de Castelo Branco.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Primeira fábrica de farinha de trigo de Angola quer potenciar agricultura

Primeira fábrica de farinha de trigo de Angola quer potenciar agricultura

A primeira fábrica de farinha de trigo angolana, inaugurada esta sexta-feira em Luanda após um investimento de 90 milhões de euros, vai permitir incentivar a produção nacional de milho, ainda reduzida, perspectivaram hoje os promotores.


26 de maio de 2017 às 15:51

Instalada no porto de Luanda, numa área de aproximadamente 30.000 metros quadrados, a unidade da Grandes Moagens de Angola (GMA) vai produzir 1.200 toneladas de farinha de trigo por dia, das quais 260 toneladas em farelo para complemento de ração animal, trabalhando 24 horas por dia, todo o ano.
 
"É uma indústria com tecnologia de ponta destinada a satisfazer a procura local", explicou o administrador da GMA, César Rasgado, acrescentando que a fábrica vai permitir satisfazer 60% da farinha de trigo que é consumida em Angola, avaliada anualmente em cerca de 500.000 toneladas.
 
"Estamos a falar já com as entidades para incentivar e promover os produtores de trigo localmente e com a disponibilização de farinha de trigo no mercado vamos permitir que o seu acesso por indústrias de massas, biscoitos e de panificação industrializada", acrescentou o responsável.
 
Diminuir a importação de farinha de trigo em Angola e promover a produção de farinha de trigo e dor próprio trigo localmente é o objectivo dos promotores, que numa primeira fase terão de importar matéria-prima diretamente na Europa, América e Ásia.
 
Na inauguração da fábrica, que garante 150 postos de trabalho directos, o ministro da Economia de Angola, Abraão Gourgel, considerou que com a nova indústria de farinha de trigo no país o preço do pão no mercado será mais estável.
 
"Garantir uma certa estabilidade de fornecimento de farinha de trigo aos panificadores, por isso o preço do pão, vai, não diria reduzir, mas vai certamente ser mais estável", disse.
 
Com a fábrica a funcionar em pleno, o Governo angolano prevê cortar em 60% nas importações de farinha de trigo, estimando uma poupança anual de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros).
 
"Acho que é uma grande redução e é uma grande contribuição para a diminuição das importações", disse, por seu turno, a ministra da Indústria, Bernarda Martins. "É evidente que não vamos cobrir a importação de farinha de trigo na sua totalidade mas na velocidade do cruzeiro nós vamos conseguir ter um mercado coberto", apontou ainda.
 
A governante defende que esta fábrica vai fomentar o surgimento de pequenos produtores de trigo a nível do país. "Temos a certeza que este projecto não vai ficar por aqui, ele vai continuar a trabalhar sendo que é um projeto que depende neste momento de matéria-prima e vai fomentar outras iniciativas, essencialmente com os pequenos produtores de trigo no país", realçou Bernarda Martins.

Floresta não é um problema e “tem de ser uma oportunidade”


LUSA / COIMBRA / 27 MAI 2017 / 17:55 H.

Foto Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, realçou hoje que o país não pode só ouvir falar de floresta quando se chega ao verão e começam os incêndios, sublinhando que esta tem de ser encarada como uma oportunidade.

"O país só ouve falar de floresta quando chegamos ao verão e começam os incêndios. A floresta não é um problema. A floresta tem de ser uma oportunidade de criação de valor", disse o primeiro-ministro, que falava na inauguração do BLC3, campus de tecnologia e inovação de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, que se foca na conversão de mato inculto e resíduos agroflorestais em substitutos de petróleo.

Para o líder do Governo, "há que reconstruir uma economia com base na floresta".

Se hoje a população já não usa "os gravetos", pequenos pedaços de madeira das matas para cozinhar, há que encontrar "novas formas de aproveitar" esses gravetos, "toda essa biomassa", notou.

Exemplo disso é o BLC3, que trabalha em desenvolvimento de tecnologia que possa transformar a biomassa "em combustível", apontou António Costa.

Essa transformação "permite dar um novo valor económico", ao mesmo tempo que assegura a limpeza das florestas e poupa "ao país muito dinheiro", que gasta na importação de combustível, vincou o primeiro-ministro.

"É um excelente exemplo de como podemos casar tudo: investimento com conhecimento, a valorização desse conhecimento do ponto de vista económico - desenvolvendo o que está por desenvolver - e ainda conseguir com isto um melhor equilíbrio energético" e tornar o país "menos dependente da importação de combustível fóssil, afirmou.

Durante o discurso na cerimónia de inauguração, António Costa voltou a repetir várias das ideias que já tinha espelhado em Góis e Tábua, falando da necessidade de emprego qualificado, da importância do investimento em infraestruturas rodoviárias e da necessidade de uma economia forte.

Também neste discurso, e pela terceira vez hoje, António Costa pediu emprestadas as palavras ditas por Jorge Sampaio em 2003, na cerimónia do 25 de Abril, realçando que também o BLC3 é uma prova de que "há bastante mais vida para além do orçamento".

"Em vez de dizermos para [os jovens] irem para fora procurar o vosso futuro, é essencial criar condições para ficarem e construírem o vosso futuro, o nosso futuro, o futuro do país aqui, em Portugal", frisou, considerando que tal "é possível e é possível em territórios que podiam ser considerados mais frágeis".