quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sessão de esclarecimento da nova PAC 2014-2020


10 DE DEZEMBRO DE 2014 AGROTEC

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) vai promover uma sessão de esclarecimento, no próximo dia 15 de dezembro (2ªfeira) em Évora e em Santarém, subordinada ao tema "A nova PAC 2014-2020".

 As Sessões de Esclarecimento, a decorrer em Évora e Santarém, debruçarese-ão sobre as regras relacionadas com os vários Pedidos de Ajuda:

Programa da Sessão em Évora:

Início: 9:30, dia 15 de dezembro

Local: Évora Hotel

Pagamentos directos: · Regime Pagamento Base;

Greening;
Ajudas Ligadas;
Outros Apoios.
PDR: · Arquitectura e medidas mais relevantes.

Oradores: Ana Carrilho

Anabela Piçarra
Cláudia Gonçalves
Programa da Sessão em Santarém:

Início: 15:30, dia 15 de dezembro.

Local: CNEMA.

15:30 Abertura—Luis Mira—Sec Geral da CAP

15:45 Pagamentos Directos – Regime Pagamento Base

- Greening;

- Ajudas Ligadas

- Outro Apoios

PDR – Medidas mais relevantes

17:30 Debate

18:00 Encerramento – João Machado—Presidente da CAP

 Para mais informação contacte o telefone 266700321.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Produção de carne na UE aumenta em 2024

 09-12-2014 
  
A produção de carne da União Europeia pode aumentar até 44,9 milhões de toneladas em 2024, fundamentalmente devido à produção de carne de aves.

Os maiores cenos e o forte crescimento económico nos países em desenvolvimento vão favorecer a procurar mundial de carne, o que vai beneficiar as exportações comunitárias, de acordo com as estimativas da Comissão Europeia de previsões dos mercados agrícolas no período de 2014-2024.

Em 2013, o consumo de carne na União Europeia (UE) alcançou o seu pior resultado em 11 anos, com 64 quilos por habitante, como consequência dos preços altos e a crise económica. Para o início da década 2014-2024 espera-se que o consumo recupere até 2016, ano a partir do qual voltará a descer. Até 2024, prevê-se um consumo de carne em torno dos 65 quilos por habitante, um valor semelhante a 2012.

Para a carne de porco espera-se que a produção recupere em 2015 depois de três anos consecutivos de redução de oferta, devido à adaptação das explorações à norma de bem-estar animal. Estima-se assim um aumento de dois por cento em 2024. É provável que o consumo interno desça, apesar de boas perspectivas para as exportações em resposta à procura internacional e dos preços competitivos da carne de porco da União Europeia.

A carne de aves é a única para a qual estima-se um aumento da produção e do consumo, os quais podem subir cerca de sete por cento. Esta carne tem uma série de vantagens em comparação com outras, como o preço, menores custos de produção e uma imagem de carne saudável, entre outras, o que favorece estas tendências.

Após dois anos de descida na produção de carne de bovino na UE, aguarda-se uma recuperação em 2014-2015 como consequência do recente aumento do número de gado leiteiro. Contudo, prevê-se que a produção de bovinos volte à sua tendência histórica de baixa, para alcançar 7,6 milhões de toneladas em 2024, um número ligeiramente inferior a 2014.

Para os ovinos e caprinos, depois de alguns anos em queda, espera-se uma produção e consumo estáveis, tendo em conta a estabilidade do sector.

Fonte: Agrodigital

Copa-Cogeca pede simplificação da PAC

09-12-2014 
 

 
O novo comissário europeu da Agricultura, Phil Hogan, e os dirigentes agrícolas de toda Europa receberam favoravelmente os planos para simplificar a política agrícola comum.

O presidente da COGECA, Christian Pèes, destacou que «quando o mundo em geral concentra a sua atenção em produzir mais alimentos para responder à procura mundial é também importante assegurar que as medidas verdes resultem na retirada de terras da produção. Os agricultores e suas cooperativas procuram soluções favoráveis para todos que permitam salvaguardar os recursos naturais e satisfazer a crescente procura e lhes garantam u futuro economicamente viável para responder a este aumento da procura».

Por conseguinte, o Copa-Cogeca congratula-se com a declaração do comissário da Agricultura, segundo o qual a simplificação da política agrícola comum (PAC) terá a máxima prioridade para a nova Comissão. Phil Hogan falou dos seus planos para lançar um exercício de avaliação global com o objectivo de identificar as áreas e os elementos que possam simplificar-se, afirmando que se comprometeu a apresentar resultados no prazo de um ano do seu mandato. Esta iniciativa foi muito bem recebida pelos presidentes das organizações e cooperativas agrícolas europeias na reunião de alto nível que decorreu na sexta-feira passada.

Contudo, a organização instou o comissário a adoptar o maior número possível de programas europeus de desenvolvimento rural para o período de 2014-2020 antes do final do ano, porque, pelo contrário, podem ser adiados até 2015, o que pode poderá repercutir negativamente nas actividades dos agricultores, proprietários florestais e das cooperativas agrícolas.

Para além disso, tendo em conta que muitos agricultores e cooperativas da União Europeia estão paradas devido ao impacto da crise russa, o Copa-Cogeca solicitou mais apoio específico, em particular para as zona mais afectadas, como a Letónia, Estónia, Lituânia e Finlândia, por exemplo, que perderam o seu principal mercado de exportação para os seus lacticínios, sobretudo para o queijo, assistindo a reduções dos preços de cerca de 30 por cento em alguns casos.

Christian Pèes insistiu ainda que é necessário apoio para encontrar novas saídas de mercado para os produtos, como por exemplo, nas economias emergentes e para eliminar as barreiras sanitárias e outros obstáculos desnecessários ao comércio e avançar com campanhas de promoção. Devem proporcionar-se medidas de apoio adicionais para a resolução destes problemas no quadro do orçamento para 2015 e para evitar que os mercados afundem, assim como o encerramento das actividades dos agricultores e suas cooperativas.

Fonte: Agrodigital

Produção de carne na UE aumenta em 2024

 09-12-2014 
 

 
A produção de carne da União Europeia pode aumentar até 44,9 milhões de toneladas em 2024, fundamentalmente devido à produção de carne de aves.

Os maiores cenos e o forte crescimento económico nos países em desenvolvimento vão favorecer a procurar mundial de carne, o que vai beneficiar as exportações comunitárias, de acordo com as estimativas da Comissão Europeia de previsões dos mercados agrícolas no período de 2014-2024.

Em 2013, o consumo de carne na União Europeia (UE) alcançou o seu pior resultado em 11 anos, com 64 quilos por habitante, como consequência dos preços altos e a crise económica. Para o início da década 2014-2024 espera-se que o consumo recupere até 2016, ano a partir do qual voltará a descer. Até 2024, prevê-se um consumo de carne em torno dos 65 quilos por habitante, um valor semelhante a 2012.

Para a carne de porco espera-se que a produção recupere em 2015 depois de três anos consecutivos de redução de oferta, devido à adaptação das explorações à norma de bem-estar animal. Estima-se assim um aumento de dois por cento em 2024. É provável que o consumo interno desça, apesar de boas perspectivas para as exportações em resposta à procura internacional e dos preços competitivos da carne de porco da União Europeia.

A carne de aves é a única para a qual estima-se um aumento da produção e do consumo, os quais podem subir cerca de sete por cento. Esta carne tem uma série de vantagens em comparação com outras, como o preço, menores custos de produção e uma imagem de carne saudável, entre outras, o que favorece estas tendências.

Após dois anos de descida na produção de carne de bovino na UE, aguarda-se uma recuperação em 2014-2015 como consequência do recente aumento do número de gado leiteiro. Contudo, prevê-se que a produção de bovinos volte à sua tendência histórica de baixa, para alcançar 7,6 milhões de toneladas em 2024, um número ligeiramente inferior a 2014.

Para os ovinos e caprinos, depois de alguns anos em queda, espera-se uma produção e consumo estáveis, tendo em conta a estabilidade do sector.

Fonte: Agrodigital

Portugal apresentou projectos candidatos a 16 mil ME do "plano Juncker"

 09-12-2014 
 

 
Uma primeira lista de candidaturas a financiamento no quadro do plano de investimentos da Comissão Juncker integra cerca de dois mil potenciais projectos, tendo Portugal apresentado mais de uma centena, num valor superior a 16 mil milhões de euros.

O Fundo Europeu de Investimento Estratégico, também conhecido como "plano Juncker", destina-se a mobilizar 315 mil milhões de euros de investimentos ao longo dos próximos três anos para o conjunto da União Europeia (UE), valor que o executivo comunitário espera alcançar através da alavancagem da dotação inicial de 21 mil milhões de euros, que Bruxelas estima que pode ser multiplicado até 15 vezes, com contributos públicos e privados.

A Comissão apresentou uma primeira lista de projectos identificados como potenciais candidatos ao plano, elaborada por uma "task-force" com base em propostas avançadas pelos Estados-membros, e que apresenta sensivelmente dois mil projectos.

Nesta fase, os projectos não têm qualquer garantia de que serão escolhidos, até porque, tal como notou o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, esta massa de projectos já ultrapassa o valor total do "plano Juncker".

Uma das prioridades da Comissão é selecionar projectos executáveis no curto prazo, designadamente entre 2015 e 2017, tendo Portugal apresentado projectos que representariam, segundo cálculos feitos pela Lusa com base no documento da "task force", investimentos de 16 mil milhões de euros nesse período, nos sectores dos transportes, união energética, infra-estruturas sociais, que inclui saúde e educação, economia digital e ambiente.

Entre os projectos apresentados por Portugal, no valor global de cerca de 31,8 mil milhões de euros, sendo que aqueles passíveis de serem implementados nos próximos três anos representam 16 mil milhões de euros, o que pede mais financiamento, de 1,235 mil milhões de euros entre 2015 e 2017 dos 4,045 mil milhões de euros de investimento total, é referido como estando ligado à área de transportes e logística e que envolve múltiplas acções, não sendo prestados mais detalhes.

Os outros projectos são dos mais diversos, desde interconexões com Espanha na área energética, melhoramentos nos aeroportos, portos, caminhos de ferro e estradas e até melhoria de equipamentos em hospitais públicos, reabilitação de edifícios urbanos ou a aquisição de dois aviões de combate a incêndios anfíbios.

O plano de investimentos apresentado em Novembro no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, pelo novo presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, tem como suporte um novo fundo de investimento, designado Fundo Europeu de Investimento Estratégico, que deverá estar operacional até Junho, dotado de 21 mil milhões de euros, sendo 16 mil milhões de euros de garantias do orçamento da UE, a partir dos programas já existentes "Interligar Europa" e "Horizonte 2020", gerido pelo comissário Carlos Moedas, e cinco mil milhões de euros de dinheiro do Banco Europeu de Investimento (BEI).

A partir daqui, a Comissão acredita que serão atraídos investidores privados para cofinanciarem os projectos, pelo que por cada euro de dinheiro de garantia pública estima que serão mobilizados 15 euros, mobilizando no total 315 mil milhões de euros entre fundos públicos e, sobretudo, privados.

A Comissão vai abrir o capital do fundo a eventuais interessados, como os Estados-membros ou fundos de investimento internacionais, como fundos soberanos ou "hedge funds".

Fonte: Lusa

Universidade do Algarve está a criar pepinos-do-mar em terra


IDÁLIO REVEZ 09/12/2014 - 08:31
Os chineses correm meio mundo em busca de uns animais, com o corpo em forma de chouriço, que fazem as delícias à mesa dos orientais – são os pepinos-do-mar, desprezados pelos portugueses. No mercado asiático, depois de secos, chegam a custar 150 a 200 euros por quilo.

 
Um dos pepinos-do-mar estudados na estação-piloto do Ramalhete, Algarve RAQUEL COSTA/STILLS

Qual a diferença entre os pepinos produzidos em terra ou no mar? Só existe semelhança na forma e no facto de ambos serem comestíveis e de agrado popular – mas um é vegetal e o outro não. O preço de um pepino dos oceanos – animal da família dos ouriços-do-mar e das estrelas-do-mar – pode chegar aos 150 a 200 euros por quilo seco. Os chineses correm o mundo em busca destes animais, atribuindo-lhes propriedades singulares na alimentação e, na medicina popular, dizem ter poderes afrodisíacos. No Norte da Turquia, nos últimos dois anos, foram pescados 700 mil a um milhão de indivíduos por dia – uma razia que se está a repetir no Norte de África.

No Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, a investigadora espanhola Mercedes González Wangüemert, está a investigar há cinco anos aos pepinos-do-mar. Antes, esteve em Girona e Múrcia, Espanha, a estudar a genética de populações marinhas de outros animais, como pargos e lesmas-do-mar. Está preocupada com a inexistência de legislação que proteja estes invertebrados marinhos em risco de extinção nalguns pontos do globo e defende a monitorização das capturas. "Não existe legislação que regule a pescaria. A zona Norte da Turquia foi dizimada, e agora viraram-se para sul, colocando em perigo a sobrevivência das espécies."

A partir do Norte de Marrocos estão agora a ser exportadas "toneladas de pepinos-do-mar" para São Francisco, nos Estados Unidos, onde há uma importante comunidade chinesa. A informação sobre o que se está a passar nesses mares tem-lhe chegado através de um investigador local que colabora com a equipa da Universidade do Algarve.

Nos mares do Índico e Pacífico, devido à procura desenfreada, há zonas onde estes animais quase desapareceram por completo. Por isso, uma vez esgotados os recursos nas zonas dos trópicos, as capturas passaram a fazer-se no Mediterrâneo e no Atlântico europeu. Além do valor nutricional (possíveis antioxidantes e ácido gordo ómega-3), pode ainda ser utilizado na obtenção de substâncias para fins terapêuticos. Na ausência de normas que protejam estes animais, as capturas são livres.

No Algarve, entre a comunidade piscatória, os pepinos-do-mar são conhecidos pelo nome popular que deriva da sua forma fálica. O tamanho médio da espécie Holothuria arguinensis oscila entre 15 a 20 centímetros, mas na ilha da Culatra, na ria Formosa, já foi encontrado um exemplar com 65 centímetros.

A equipa do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, que inclui dez investigadores, conseguiu entretanto reproduzir pepinos-do-mar em sistema de aquacultura, na estação-piloto do Ramalhete, na ria Formosa. Nasceram há cerca de três meses as primeiras crias de uma das espécies de pepinos-do-mar de maior valor comercial – precisamente a Holothuria arguinensis, existente no Algarve, na costa ocidental de Portugal até Peniche, nas ilhas Canárias e no Noroeste de África.

"Isto é como cuidar de uma criança", comenta Mercedes González Wangüemert, a coordenadora do projecto, ao observar o aquário os 40 juvenis, com 1,5 centímetros de comprimento.

É neste mundo aquático da Estação Experimental do Ramalhete – instalada num velho armazém de apoio às antigas armações de atum da Companhia de Pescarias do Algarve, perto de Faro, e rodeada de salinas – que a vida corre numa aparente tranquilidade. Jorge Domínguez Godino, um jovem biólogo espanhol com um doutoramento nesta área, recorda o momento em que, através de um choque térmico, na última Primavera, promoveu a reprodução induzida da Holothuria arguinensis – os machos lançaram o esperma na água, as fêmeas os óvulos e natureza fez o resto. O resultado não podia ser melhor. "Um êxito", enfatiza.

Na fase seguinte, para o próximo ano, espera que não faltem apoios financeiros para levar a cabo o estudo noutras latitudes. "Ainda falta saber muito sobre estes animais", comenta Jorge Domínguez Godino, lembrando que há 66 espécies comestíveis de pepinos-do-mar.

Próximo passo: a produção em escala
O CumFish, como se chama este projecto de investigação iniciado em 2012 e a terminar no próximo mês de Janeiro, permitiu estudar as cinco espécies de pepinos-do-mar sobre as quais se exerce a maior pressão a nível mundial: além da Holothuria arguinensis, a Holothuria polii e Holothuria tubulosa (que se encontram só no Mediterrâneo) e a Holothuria mammata e Parastichopus regalis (que se encontram Mediterrâneo e Atlântico).

A reprodução conseguida no Algarve revestiu-se de particular significado por ser de uma das espécies de pepinos-do-mar mais cobiçadas, e não se conheciam as formas de a fazer multiplicar fora do seu habitat. O sucesso, explicou a coordenadora do projecto, foi conseguir fazer a passagem da fase de larva para juvenil, que é marcada pela "ocorrência de muitas mortes", tanto em meio natural como em aquacultura. Por outro lado, salienta que, em paralelo, a equipa do Centro de Ciências do Mar "fabricou" as microalgas para alimentar as crias.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"Este projecto precisa de investimento estrangeiro"

Concluída a construção da infra-estrutura de regadio, já no próximo ano, a gestão da EDIA , liderada por Pedro Salema, vai reforçar a aposta na promoção e captação de investimento para a região do Alqueva.

Quais são as prioridades da EDIA, após a conclusão da infra-estruturação em 2015?
A missão da EDIA é conceber, planear e construir a infra-estrutura de regadio. A segunda prioridade é a promoção. Tem essa obrigação porque a infra-estruturação no regadio público ocorre por iniciativa do Estado e os terrenos que são servidos e que passam a ter uma torneira à sua porta, em resultado dessa rede de distribuição de água, são privados. Em último caso, o dono do terreno pode, ou não utilizar a infra-estrutura. Do ponto de vista do país não queremos fazer investimentos que depois não são utilizados. A EDIA tem a obrigação de promover essa área com vista à criação de riqueza. O objectivo da EDIA não é o lucro. Não tem o mesmo objectivo que as outras empresas. Visa o lucro dos agentes económicos da região em que está inserida. Esses é que são o garante da sustentabilidade da empresa e de todo o projecto. Além de construir e promover, há também a parte da operação. Essa parte é o próximo desafio. Operar e garantir que há uma empresa que o faz de forma exemplar nas suas múltiplas valências. É preciso pensar na agricultura, que é o principal utilizador da água. Mas há também o turismo, o desenvolvimento rural, a electricidade e o abastecimento público de água ao Alentejo. 

Há quem defenda que essas funções poderiam alocadas a outras entidades?
Há aqui obrigações que só uma entidade única é que pode garantir, como as obrigações ambientais, a monotorização da qualidade da água, o trabalho do desenvolvimento regional, o fomento do turismo, a produção de energias renováveis, sob pena de perdemos algumas delas e de estarmos a fazer um mau serviço ao país. O projecto vale como um todo.

Em que assenta a estratégia de promoção?
Primeiro temos que trabalhar na adesão. O empreendimento, como é realizado por iniciativa do Estado, alguns agricultores decidem não utilizar a água e isso penaliza os que a usam. Se todos o fizessem, reduziríamos os custos. A taxa de utilização é boa, mas ainda não é satisfatória. Ronda os 65%. O ideal era chegarmos aos 80% a 85%. Essa seria a taxa de plena utilização. Só assim se consegue diluir custos fixos, obter economias de escala, contexto e aprendizagem. 

Estão planeadas outras iniciativas?
Temos que trabalhar na captação de investimento estrangeiro. Muitas vezes os agentes locais não possuem capacidade para o fazer. Não devemos ter vergonha de promover este projecto internacionalmente. Precisamos de investimento estrangeiro e isso é uma estratégia que temos que prosseguir, com presença em feiras, com participação em missões empresariais, tentando chegar aos investidores que estão à procura de grandes áreas, com projectos para milhares de hectares. Temos contactos quase semanais com investidores interessados em produção de culturas em larga escala, sejam a luzerna ou a alfafa (leguminosas usadas na ração animal), sejam a cana ou colza. Outra possibilidade passa pelos óleos, como a colza. Mas há também grande potencial para os horto e agro-industriais, como o tomate, melão, brócolos, cebola e alface ao ar livre.

EUA suspendem importações do Canadá por gripe aviária


Da REUTERS
Chicago - Os Estados Unidos suspenderam importações de aves vivas e produtos in natura da província canadense British Columbia, devido a um surto de gripe aviária por lá, disse o veterinário-chefe do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) à Reuters nesta segunda-feira.

As restrições começaram em 4 de dezembro, o mesmo dia em que foi identificado o vírus da cepa H5N2 "altamente patogênica", segundo a autoridade do USDA.

A gripe aviária é uma doença viral que afeta aves. A maior parte não atinge humanos quando os produtos são manipulados ou cozidos adequadamente.

Coreia do Sul, Hong Kong, Taiwan e Japão impuseram vários bloqueios a produtos avícolas do Canadá devido à gripe aviária.

Cortiça Mega esquema de faturas falsas 'roubou' 10 milhões ao Estado


Um esquema de fraude que usou o IVA para ganhar milhões de euros, terá lesado o Estado em 10 milhões de euros. Envolvidos estão mais de 67 arguidos, ligados à indústria da cortiça, conta o Jornal de Notícias.

PAÍS Mega esquema de faturas falsas 'roubou' 10 milhões ao Estado DR
08:44 - 08 de Dezembro de 2014 | Por Notícias Ao Minuto
Share on printShare on email

Américo Pinto, um empresário de cortiça de Santa Maria de Lamas, criou em 1993 a empresa em nome do filho, na altura com 17 anos. Sete anos depois, o homem terá entrado num esquema de fraude que lhe valeu lucros de muitos milhares de euros.


Américo comprava faturas mediante o pagamento de 8% a 15% do valor do IVA respeitante às mesmas, avança o Jornal de Notícias. Ou seja, ao comprar uma fatura no valor de 100 mil euros, o empresário recebia de IVA 20 mil euros. Tendo em conta que a compra lhe exigia o pagamento de entre 1.500 a 3.000 euros, Américo ganhava, no mínimo, 17 mil euros com o negócio.

O esquema aconteceu entre 2000 e 2006 período entre o qual este terá comprado mais de 200 faturas e outras tantas em nome de uma outra empresa que entretanto abriu.

O Ministério Publico estima que o Estado tenha saído lesado em cerca de cinco milhões de euros comes ta mega fraude.

Um dos vendedores, revela o Jornal de Notícias, era um toxicodependente que foi aliciado por outros empresários a coletar-se como empresário em nome individual e vender faturas e recibos para poder pagar o seu vício.

No total estão 67 pessoas envolvidas no crime.

Aumento produção de comida contrasta com alta subnutrição no centro de Moçambique -- FAO


O elevado número de crianças subnutridas contrasta com o aumento da quantidade de alimentos na região centro de Moçambique, sugerindo que a educação nutricional não acompanha a evolução das políticas agrárias, disse hoje fonte da FAO.
Estatísticas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) indicam que na região centro, que inclui as províncias de Manica, Sofala, Tete e Zambézia, a produtividade agrária quase dobrou nos últimos cinco anos, mas a subnutrição continua acima dos 43 por cento.
«Aumentou a quantidade de comida produzida e aprovisionada, mas o número de crianças com desnutrição crónica cresce a cada dia na região, o que não se compreende», alertou hoje no Chimoio, província de Manica, Walter Oliveira, coordenador da FAO em Moçambique para o indicador da redução da fome, nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.
Diário Digital / Lusa

"O trator nem era meu"

Agricultor foi notificado para pagar 4,36 € por circular na A28, na zona de Esposende. 

Por João Nuno Pepino 

É mais um caso insólito envolvendo um trator agrícola e a cobrança de portagens em autoestradas. Fernando Silva recebeu uma coima porque a sua viatura, de matrícula 65-52-OF, terá circulado na A28, em Esposende, sem pagar as taxas de portagem. Ora, o veículo em questão é um 'velhinho' trator agrícola, que nunca saiu da propriedade onde reside em Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos, a mais de 300 quilómetros do local da infração. A carta, com aviso de receção, que lhe chegou da Via Livre – Autoestradas Norte Litoral, cobra 4,36 € por sair da autoestrada às 22h49 do dia 2 de janeiro de 2012. "Nessa altura, o trator nem era meu", garante Fernando Silva, que comprou o veículo a um amigo, da povoação vizinha Foros de Salvaterra, que também ficou incrédulo. Fernando Silva reclamou através dos canais da empresa. "Disseram- -me que tinha de enviar um e-mail porque não conseguiam identificar o veículo em questão", explica o homem ao CM. "Eu mandei o e-mail com cópia da notificação e uma fotografia do trator, mas ainda nem sequer me responderam a dizer se viram ou não viram", acrescenta o agricultor. O CM tentou contactar a Via Livre, sem sucesso.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Aberta a porta ao cultivo de sementes OGM em toda a União Europeia


04/12 16:44 CET


Está aberta a porta ao cultivo de organismos geneticamente modificados (OGM) em toda a União Europeia, mas cada um dos 28 Estados-membros pode optar por proibir o cultivo destas sementes em todo ou parte do seu território.

O acordo de princípio obtido, esta quinta-feira, deverá ainda passar por vários atos legais; pelo que só a partir de 2015 as empresas poderão fazer as candidaturas.

Atualmente, apenas um tipo de milho geneticamente modificado é cultivado no espaço comunitário e em apenas três países: Portugal, Espanha e República Checa.

Mas outros quatro tipos de milho geneticamente modificado, produzidos por empresas norte-americanas como a Monsanto e a Pioneer, receberam autorização da Agência Europeia de Segurança Alimentar.

 
 
Pelo menos 19 Estados-membros pretendem proibir o cultivo, mas têm de utilizar argumentos previstos na lei, que poderão vir a ser desafiados em tribunal pelas empresas do setor.

As razões a invocar podem ser sócio-económicas, ambientais ou ligadas a outros usos dos terrenos agrícolas.

"É uma vitória de Pirro. A curto prazo, as multinacionais como a norte-americana Monsanto poderão explorar as fragilidades jurídicas e atacar as proibições nacionais perante a Organização Mundial do Comércio, ou perante tribunais arbitrais, no caso da assinatura de acordos bilaterais de livro comércio tais como aquele que se negoceia com os EUA", disse o eurodeputado ecologista francês José Bové.

Copyright © 2014 euronews

Seminário “Agricultura Familiar no Alto Minho”


No âmbito do Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF) 2014 a ADRIMINHO – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho, promove um seminário sobre "Agricultura Familiar no Alto Minho", dia 9 de dezembro, no Fórum da Bienal de Vila Nova de Cerveira, às 9h30.

O evento contará, na sessão de abertura, com as presenças do Secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar e dos presidentes da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira e da ADRIMINHO.



domingo, 7 de dezembro de 2014

Governo assegura sustentabilidade financeira da gestora do Alqueva

A EDIA passou a integrar as contas públicas do Estado. A palavra de ordem é travar o aumento da dívida de 750 milhões de euros.

O Governo acaba de aprovar o plano para garantir a saúde financeira da EDIA, actualmente em situação de falência técnica. A gestora das infra-estruturas do Alqueva, que pôs em marcha o maior projecto público do Alentejo, recebeu luz verde para integrar o perímetro de consolidação das contas públicas do Estado. Uma medida que lhe permite, no imediato, reduzir os encargos com o serviço da dívida. 

"Tínhamos 190 milhões de euros contratados com a banca comercial de curto prazo que foram transformados num empréstimo de médio-longo prazo, de sete anos. O resto da dívida já era de longo prazo", revelou ao Diário Económico, o novo presidente da EDIA, Pedro Salema.

Com um passivo de 750 milhões de euros, a empresa sofre as consequências de um agressivo plano de investimentos realizado ao longo dos últimos anos, sem a respectiva injecção de capitais públicos. Uma situação que tem merecido várias reservas dos auditores das suas contas.

Responsável pela construção das infra-estruturas de regadio do Alqueva, a EDIA projectava investir 2,5 mil milhões de euros até 2025, objectivo que foi antecipado para 2015. 

Até Junho de 2014, foram gastos 2,3 mil milhões de euros, dos quais 32% destinados à construção da rede primária, os grandes canais de distribuição de água que ligam as 69 barragens e reservatórios do projecto. Já a rede secundária, que leva a água até ao consumidor final, absorveu 29% do investimento, representando os restantes 26% do custo da barragem do Alqueva. Falta assim investir entre 220 a 230 milhões de euros, aponta o gestor.

"O serviço da dívida resulta de opções tomadas pelo accionista no domínio do investimento. Toda a comparticipação nacional que a empresa não conseguiu ir buscar em financiamento comunitário nos últimos anos foi conseguido através da dívida", refere Pedro Salema.

O Governo prepara-se para avançar com outras medidas para assegurar o equilíbrio das contas da EDIA. "Não está afastada a possibilidade de realização de um aumento de capital, mas o accionista vai tomar a decisão de fazê-lo gradualmente em função das necessidades da empresa", adianta.

A palavra de ordem do Executivo é travar, até à conclusão do projecto do Alqueva, o aumento do endividamento. "Tem sido difícil, mas tem conseguido fazê-lo. Os futuros investimentos estão garantidos sem novos empréstimos por via de taxas de comparticipação comunitária na ordem dos 100%. Essa é a grande batalha", acrescenta Pedro Salema.

A deterioração da situação financeira da EDIA contrasta com a sua solidez operacional, explica a mesma fonte. No final de Junho, o EBITDA (resultado bruto de exploração) situava-se em 6.368 euros, reflectindo um crescimento de 9,5% face ao período homólogo do ano anterior. A empresa registou ainda lucros de 15.338 euros, contra prejuízos de 9 mil euros em Junho de 2013.

População agrícola tem maior expressão no Alentejo


Rádio Pax - 01/12/2014 - 00:08

População agrícola tem maior expressão no Alentejo

    
Em 2013 as explorações agrícolas ocupavam metade da superfície do território nacional, representando a população agrícola familiar 6,5% da população residente.  

Os dados constam do inquérito à estrutura das explorações agrícolas 2013 do INE- Instituto Nacional de Estatística.

Segundo a mesma fonte, "nos últimos anos, verificou-se um aumento da dimensão das explorações agrícolas e uma melhoria dos indicadores laborais". A Superfície Agrícola Não Utilizada (SANU) diminuiu cerca de 20% relativamente a 2009.

Em 2013 mais de metade das explorações nacionais (50,8%) regaram 479,8 mil hectares.

O Instituto sublinha que "o desenvolvimento do regadio no Alentejo, promovido pela infraestrutura do Alqueva, é comprovado pelo aumento de cerca 20 mil hectares da superfície regada (+10,2%) desde 2009".

A população agrícola familiar, formada pelo produtor e pelos membros do seu agregado doméstico, quer tenham trabalhado ou não na exploração, é constituída por 674,6 mil indivíduos, o que representa 6,5% da população residente em Portugal.

"A população agrícola familiar tem maior expressão nas Regiões Autónomas e no Alentejo, enquanto em Lisboa apenas representa 0,5% da população residente", sublinha o INE.

O Instituto frisa ainda que os produtores agrícolas singulares são os mais velhos e ainda pouco qualificados.

Jovens agricultores candidatam-se ao PRODER

 "São sinais positivos de haver uma certa regeneração", disse o secretário de Estado da Agricultura. 

Um em cada quatro projetos financiados pelo PRODER, o programa de fundos comunitários para apoio ao desenvolvimento rural, pertence a um jovem agricultor, segundo os dados oficiais do Ministério da Agricultura e Mar (MAM). O PRODER, que já não recebe candidaturas, mas continua a ser executado até meados de 2015, em simultâneo com o novo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, financiou no total 37.500 projetos, dos quais nove mil de jovens agricultores, com idades entre os 18 e os 39 anos. "São sinais positivos de haver uma certa regeneração e dinamização do setor", comentou o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque. O governante assinalou que alguns destes jovens "trabalhavam em outras áreas e viram a agricultura como alternativa", tendo o auge das candidaturas sido atingido entre 2011 e 2013. No novo PDR, a exigência vai ser maior, para "assegurar que o projeto é sustentável". José Diogo Albuquerque garante que o objetivo não é "barrar" os novos agricultores e sim "levá-los para o sucesso no final do seu projeto". Vai ser exigido, por exemplo, que os jovens tenham uma formação obrigatória de, pelo menos, 48 horas na área agrícola e que passem a ter aconselhamento por parte das organizações de produtores.

Um quarto das candidaturas ao PRODER é de jovens agricultores


Um em cada quatro projetos financiados pelo PRODER, o programa de fundos comunitários para apoio ao desenvolvimento rural, pertence a um jovem agricultor, segundo os dados oficiais do Ministério da Agricultura e Mar (MAM).

ECONOMIA Um quarto das candidaturas ao PRODER é de jovens agricultores Lusa
15:50 - 07 de Dezembro de 2014 | Por Lusa

Um em cada quatro projetos financiados pelo PRODER, o programa de fundos comunitários para apoio ao desenvolvimento rural, pertence a um jovem agricultor, segundo os dados oficiais do Ministério da Agricultura e Mar (MAM).

O PRODER, que já não recebe candidaturas, mas continua a ser executado até meados de 2015, em simultâneo com o novo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, financiou no total 37.500 projetos, dos quais 9.000 de jovens agricultores, com idades entre os 18 e os 39 anos.

"São sinais positivos de haver uma certa regeneração e dinamização do setor", comentou o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque.

O governante assinalou que alguns destes jovens "trabalhavam em outras áreas e viram a agricultura como alternativa", tendo o auge das candidaturas sido atingido entre 2011 e 2013.

No novo PDR, a exigência vai ser maior, para "assegurar que o projeto é sustentável".

José Diogo Albuquerque garante que o objetivo não é "barrar" os novos agricultores e sim "levá-los para o sucesso no final do seu projeto".

Vai ser exigido, por exemplo, que os jovens tenham uma formação obrigatória de, pelo menos, 48 horas na área agrícola e que passem a ter aconselhamento por parte das organizações de produtores.

Os jovens agricultores receberam um apoio de cerca de 650 milhões de euros no âmbito do PRODER, que serviu para alavancar um investimento total superior a 1,1 mil milhões de euros.

De acordo com o perfil dos jovens agricultores traçado em 2013 pelo MAM, há também mais mulheres a optarem pela agricultura, com a diferença de género a atenuar-se para 60% de homens e 40% de mulheres, mais equilibrada do que entre a totalidade da população agrícola recenseada (69% de homens e 31% de mulheres).

A idade média rondou os 30 anos, menos de metade da idade média do total de agricultores (62 anos).

A sub-região do Douro, com mais de 1.000 jovens apoiados, destacou-se como a que tem maior percentagem neste universo (4%), sendo as sub-regiões localizadas no interior as que concentram mais jovens agricultores, "o que eventualmente se explica por um leque mais restrito de oportunidades de emprego".

Os frutos aparecem destacados entre as preferências produtivas dos jovens agricultores, quer em termos de jovens apoiados (31%), quer em valor de investimento (202 milhões de euros).

Seguem-se as atividades 'Hortícolas e flores', 'Vinho e vinha' e 'Pecuária', com 13% cada, uma importância que não se reflete no valor de investimento que é apenas de 22 milhões de euros no caso da vinha, situação que decorre do facto de o apoio destinado a esta plantação estar fora do PRODER.

As atividades 'Olival e azeite' e 'Apicultura' contam com 7% de jovens apoiados, enquanto a atividade 'Aves e ovos' representa um investimento assinalável de 73 milhões de euros, embora reúna apenas 4% das preferências.

Em termos de dimensão das explorações, a área média foi de 22 hectares, o dobro da média da área total das explorações agrícolas.

A nossa floresta agridoce

OPINIÃO
ARMANDO SEVINATE PINTO 07/12/2014 - 15:16

TÓPICOS
O valor múltiplo da floresta – económico, social e ambiental – é tão expressivo, que se torna óbvio ter de a considerar como um sector fundamental, e até estratégico, para o nosso país. Sobre isso, não há opiniões divergentes.

A multiplicidade dos valores gerados e das funções e serviços que nos presta, muitos dos quais não valorizados pelo mercado, fazem dela, em conjunto com o sector transformador que lhe está associado, um dos mais importantes activos da nossa economia e da nossa sociedade. Infelizmente, também se trata de um sector cheio de contradições, de constrangimentos e de riscos quanto ao seu futuro.

De facto, não só está longe de ter atingido o seu valor potencial, como, nas últimas décadas, tem sido objecto de um processo, lento e complexo, de declínio, com reflexo na redução de algumas áreas florestadas, nos incêndios, na proliferação de pragas e doenças e na redução da produtividade dos povoamentos.

As causas, radicam numa multiplicidade de factores que interagem entre si, envolvidos num verdadeiro círculo vicioso, que ninguém ainda conseguiu resolver, apesar de haver uma clara unanimidade política nos diagnósticos.

 A ausência de gestão activa e o extremo fraccionamento da propriedade, de muitas áreas florestais, conduzem à sua rentabilidade negativa e, consequentemente, ao seu abandono, aos incêndios e às pragas e doenças, que aumentam o risco e o desinteresse dos investimentos.

O círculo vicioso, não só se mantém, como se tem agravado, indiferente às políticas públicas que, mesmo quando generosas, não conseguem mobilizar as alterações necessárias no comportamento dos agentes privados (a maioria esmagadora dos proprietários florestais), no sentido da gestão racional do sector.

A situação, actual e do passado recente, não sendo idêntica para todas as fileiras florestais, tem muitos elementos comuns, quer nas causas, quer nas consequências, apesar de se revelarem com amplitudes diferenciadas.

A mais penalizada é, sem dúvida, a fileira do pinhal, fustigada de forma muito expressiva, pelos incêndios, pelas pragas (sobretudo pelo nemátodo da madeira do pinheiro) e pelo abandono (redução de mais de 250 mil hectares nos últimos 20 anos), com graves consequências económicas e sociais, para o país e para as regiões onde esta espécie é dominante.

A fileira do eucalipto, parece respirar saúde, se tivermos em conta os resultados económicos da indústria transformadora. Contudo, a manter-se a situação actual, não terá razões para prever o futuro com optimismo.

A floresta de eucalipto, a despeito do aumento da área ocupada (cerca de 100 mil hectares nas últimas duas décadas), tem vindo a ver reduzida a produtividade física dos povoamentos, particularmente dos mais envelhecidos, e também se vê a braços com pragas e doenças que a afectam de forma significativa (sobretudo o gorgulho, mas também a broca).

Entretanto, a circunstância que mais pode penalizar o futuro destas duas fileiras, é o crescente desfasamento entre a procura da indústria transformadora e a oferta nacional de matérias-primas, só colmatável através de importações, baratas na origem mas caras no destino que, além de constituírem um recurso muito pouco garantido, retiram competitividade ao tecido industrial e mais-valias potenciais à nossa economia.

Especificamente quanto ao eucalipto, que desde há muito se tornou um assunto de polémica em Portugal, não penso que seja uma árvore maldita, muito pelo contrário.

Ela é biologicamente fantástica, quer pela sua resistência, rapidez de crescimento e mecanismos de defesa, quer pelo facto de ser a espécie que, em Portugal, mais carbono sequestra, o que não deixa de ser importante.

Considero que, de uma forma geral, as campanhas contra o eucalipto são pouco esclarecedoras e pouco fundamentadas. As questões fundamentais deveriam abandonar o ódio à árvore e centrar-se nas condições de exploração dos povoamentos e na sua adaptação ao meio.

Haverá, certamente, áreas onde os eucaliptos não deveriam estar, designadamente, porque aí não têm condições satisfatórias de crescimento, e outras onde deveriam estar a gerar riqueza para os proprietários e para o país, sem prejudicar o ambiente.  

A fileira do sobreiro e da cortiça, bastante mais específica, vive uma situação com pontos comuns com as outras fileiras (declínio, doenças e pragas, produtividade), mas tem vindo a conseguir enfrentar, com sucesso, a ameaça à utilização das rolhas – a principal valorização da cortiça – concentrada na concorrência de substitutos de baixo valor, metálicos e plásticos.

Quanto aos incêndios, tudo tem sido dito, e redito, quer sobre a sua importância, quer sobre as suas causas e consequências. Infelizmente, apesar da protecção divina que nos poupou este ano, os incêndios continuam, sem dúvida, a constituir o principal factor de risco que paira sobre o futuro das nossas florestas.

Como se poderá então quebrar o círculo vicioso? Depois de tudo o que já vi, ouvi e li, o único caminho que permitirá quebrar o círculo vicioso que penaliza e inviabiliza uma parte significativa da floresta, levando lentamente ao seu declínio, é o caminho do associativismo florestal, activo e participado.

Um associativismo consciente, informado e independente. Um associativismo não parasitário e que não se deixe sequestrar por interesses alheios à floresta e aos seus valores e funções. Um associativismo com apoio público, franco e sem reticências, mas que seja permanentemente avaliado pelos seus resultados objectivos e que seja capaz de unir os agentes económicos, todos eles, em torno do interesse nacional.

Há, no entanto, um ponto e este será o final, sobre o qual penso que o Estado tem obrigações especiais, das quais se não pode demitir. Trata-se das doenças e pragas que, segundo os especialistas, atingem mais de 20% das nossas florestas e para as quais não se conhecem antídotos eficazes.

Do meu ponto de vista, isto acontece porque se não investe suficientemente na sua avaliação e combate e porque se não federam capacidades técnicas e cientificas suficientes, alargando-as à Europa e ao mundo, se necessário.

Agrónomo (ISA), ex-ministro da Agricultura

BBC destaca geração revolucionária de "fazedores de vinho" portugueses



Gerações dos anos 80 representam revolução no sector do vinho
Reinaldo Rodrigues/GI
04/12/2014 | 10:13 |  Dinheiro Vivo
O professor de viticultura João Almeida, a enóloga Rita Marques e o professional de marketing Diogo Albino são os três protagonistas do trabalho que a BBC fez sobre os novos nomes do vinho portugueses.
Os jovens que se dedicam ao negócio são a esperança de um sector que é conhecido além-fronteiras, muito mais pelos vinhos fortificados como o Vinho do Porto ou da Madeira do que pelos tintos, brancos e rosés produzidos atualmente.
"Com uma história de séculos (...) os vinhos de mesa portugueses deveriam ser muito mais conhecidos internacionalmente", escreve a BBC, apontando uma das razões para a fraca popularidade: "a maioria deles são feitos de uma maneira que está fora de moda".
A falta de atenção em relação às embalagens e ao marketing é também apontada como um dos fatores que parece mudar nesta nova geração de viniviticultores. "Muito mudou nos últimos 10 anos, e agora há uma nova geração de fazedores de vinho que aliam a tecnologia de ponta a estratégias para poderem sobressair entre a multidão".
Casos como o vinho Camaleao, feito pelo professor de viticultura João Almeida, 33 anos, em Viseu e vendido para Espanha, Reino Unido, Holanda, Japão e Brasil, servem de referência ao artigo da BBC. João explica que, se no primeiro ano de produção arrancou com 1350 garrafas, agora faz mais de 27 mil, anualmente.
Rita Marques, 32 anos, é outra enóloga que decidiu pegar no negócio da família depois de uma temporada de formação no estrangeiro. Depois de passar por vinhas em França, na California, na Nova Zelândia e na África do Sul, Rita decidiu voltar a casa e começar a produzir os vinhos Conceito e Contraste em 2008. Agora, exporta 95% da produção.
"A nossa geração é bem mais pragmática. É bom que as pessoas façam os tipos de vinho em que acreditam, mas no final, temos que o vender.", explica à BBC.

Parlamento desafiado a simplificar legislação do setor agrícola

Sessão sobre Agricultura e Desenvolvimento Rural realizou-se em Santarém. 

O parlamento foi esta terça-feira desafiado, numa sessão sobre Agricultura e Desenvolvimento Rural realizada em Santarém, a "ajudar na simplificação da legislação" para o setor e a acompanhar de perto a aplicação da política agrícola europeia no país. A conferência de presidentes de comissões parlamentares, presidida pela presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, realizou-se no Convento de S. Francisco, em Santarém, tendo sido convidadas a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a Confederação Nacional das Cooperativas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), as associações de desenvolvimento rural do Ribatejo APRODER e ADIRN e o economista e professor da Universidade do Algarve António Covas. Aproveitando a presença dos presidentes das comissões parlamentares e de alguns deputados, nomeadamente os eleitos pelo círculo eleitoral de Santarém, entre os quais o vice-presidente do parlamento, António Filipe (CDU), e o presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar, Vasco Cunha (PSD), as organizações pediram ações concretas do órgão legislativo. Luís Mira, secretário-geral da CAP, desafiou o parlamento a ajudar os agricultores, "simplificando a legislação e acompanhando os governos na aplicação da política agrícola europeia", frisando a importância de os fundos comunitários serem "rapidamente postos à disposição do setor" para que este possa continuar a melhorar a sua competitividade.

GPA lança prémio em conjunto com EDIA para distinguir boas práticas agrícolas

05-12-2014 
 

 
O Green Project Awards, em parceria com a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA), instituiu um prémio de reconhecimento de boas práticas em projectos que promovam o desenvolvimento sustentável no Alqueva.

Esta distinção, que visa assinalar os 20 anos da EDIA, visa promover o recurso "água" como factor de desenvolvimento fundamental da região.

O Prémio GPA – EDIA : Boas Práticas em Alqueva terá periodicidade anual e, de acordo com José Pedro Salema, presidente da EDIA, irá «premiar e reconhecer boas práticas em projectos implementados na região de Alqueva, que promovam o desenvolvimento sustentável, como complemento ao movimento de sensibilização para as temáticas da sustentabilidade, alertando e conscientizando a Sociedade Civil para a importância do equilíbrio ambiental, económico e social».

As categorias a concurso ao Prémio GPA – EDIA: Boas Práticas em Alqueva são duas: Boas Práticas em Alqueva e Prémio Inovação em Alqueva. O vencedor do galardão da categoria Prémio Inovação em Alqueva receberá um prémio monetário no valor de 2.500 euros, na cerimónia de entrega de prémios do Green Project Awards, em data a anunciar em 2015.

As candidaturas a este prémio abrem já no próximo ano. Para mais informações, consulte o site: http://boaspraticasemalqueva.com/

Fonte: Greensavers

Nas cadeias nascem leitões, faz-se vinho, azeite e mel


ALEXANDRA PRADO COELHO (texto), ENRIC VIVES-RUBIO (fotografia) e RICARDO REZENDE (vídeo)

Nos estabelecimentos prisionais portugueses, há floresta, vinha e olival, vacas, ovelhas, porcos, dióspiros, nozes, colmeias e até cavalos. E há reclusos a ajudar leitões a nascer, a alimentar vacas, a levar rebanhos a pastar ou a trabalhar nas hortas solidárias que dão toneladas de legumes ao Banco Alimentar contra a Fome. Cá fora, ao ar livre, estão um pouco mais próximos da liberdade

PUB
É quase hora de almoço quando chegamos à casa de António Vidinhas e António Carneiro. O lume está pronto cá fora e os dois homens preparam-se para pôr as febras em cima das brasas. A nossa chegada interrompe-os, mas eles garantem que não tem importância. Não recebem assim tantas visitas ali e além disso vimos acompanhados por José António Silveira, director do Estabelecimento Prisional (EP) de Izeda, Trás-os-Montes, e pelo chefe Cepeda, o responsável pelos guardas.

A casa de Vidinhas e Carneiro fica a quatro quilómetros do EP, os dois homens estão em regime aberto, encarregues de tomar conta da pocilga — não têm telemóvel (o regulamento não permite), mas têm uma velha bicicleta para irem até à prisão quando precisam.

Vidinhas leva-nos a ver as porcas e os leitões. Cada uma tem um espaço separado e os leitões brincam na terra, junto às enormes mães, ignorando a sorte que os espera muito em breve. Vidinhas está aqui, a tratar dos animais, há já 14 anos. Conhece-os como ninguém e percebe-se que adora o que faz.

Antes havia outro recluso a viver na casa, mas entretanto saiu em liberdade, e os responsáveis da prisão resolveram perguntar a António Carneiro, pescador da Póvoa mais habituado aos peixes do que aos porcos, se estava disposto a ir viver para ali. Ele disse que sim, gosta do sossego, e sempre é mais parecido com estar em liberdade. "Somos obrigados a cumprir a pena, mas aqui sempre é melhor, não temos guarda, não temos fecho, nada. Estamos bem. Temos televisão, mas às 9h30, 10h da noite já estamos deitados. E às 7 da manhã já estamos a pé."

Levam-nos a ver a casa. Os quartos arrumados, as camas feitas, a roupa pendurada em cabides. Na sala uma lareira porque "de Inverno isto é um horror, chega a fazer 7 ou 8 graus abaixo de zero". A televisão está ligada e ouve-se o noticiário. Abrem o frigorífico, onde guardam a comida que lhes é trazida por um funcionário do EP e que eles cozinham todos os dias.

Vidinhas descreve o quotidiano. "De manhã, quando nos levantamos, tomamos o pequeno-almoço. Botamos de comer aos animais, vemos se estão bem ou não. Depois é ver se há porcas para trazer para aqui e ficarem isoladas se forem ter filhos. É ver se os leitões estão bem, fazer a limpeza às barracas, moer cereais quando é preciso, e pouco mais… botar água, lavar as pias, enchê-las para os animais terem sempre água limpa."

Abre uma porta para nos mostrar um porco que não foi vendido (os animais aqui são de raça bísara e são todos vendidos para a Associação Nacional de Criadores de Suínos de Raça Bísara) e que ficou a criar ali. "Os animais foram sempre a minha vida. Em casa também tinha e cuidava deles, mas aqui ganhei mais experiência. Se algum está doente, entro em contacto com o veterinário, claro, mas sou eu quem dá as injecções."

Há um cão que salta, brincalhão, junto às nossas pernas, e que brinca com os gatos pequeninos. À frente da casa há uma horta, e um pouco mais longe um terreno onde, conta o director do EP, a ideia é vir a criar faisões. No Natal, vai provavelmente fazer muito frio, mas este ano nenhum dos dois homens vai a casa (já estão ambos abrangidos pelas saídas precárias, que lhes permitem visitas regulares à família). Estão muito longe dos outros reclusos, por isso é muito importante que se entendam. "Se estivermos dois que não se dêem bem, já não dá para o trabalho", resume Vidinhas.

Mas ambos sabem que estão numa situação de certa forma privilegiada. "Lá dentro era impossível termos as garantias que temos aqui", diz. "Aqui não temos chave à porta. Porque se for preciso pormo-nos a pé às dez ou onze da noite para ver de alguma porca, temos de sair. Quem souber levar a vida em condições tem as regalias. Saber levar esta vida conta muito."

 
António Vidinhas toma conta da pocilga, com uma produção anual de 400 leitões. Vive em regime aberto numa casa fora do edifício principal do EP
Vidinhas e Carneiro são dois dos 288 reclusos que nos estabelecimentos prisionais portugueses trabalham em explorações agrícolas. A Revista 2 visitou três destes EP: Izeda (Trás-os-Montes), Santa Cruz do Bispo (Matosinhos) e Pinheiro da Cruz (Grândola), com diferentes produções agrícolas. Trabalho não falta — basta dizer, por exemplo, que Izeda tem 154 hectares de terrenos — e os directores gostariam de ter mais reclusos em condições de trabalhar no exterior. O problema é que só podem usar reclusos que beneficiem do Regime Aberto no Interior (RAI, decidido em função do comportamento e do tempo de pena cumprido) e estes são ainda uma percentagem pequena do total da população prisional.

Izeda fica no final de uma estrada e ergue-se no horizonte de quem se aproxima de carro não tanto como uma edifício de prisão mas mais como um colégio interno, com torre de igreja e tudo. E, na verdade, este estabelecimento começou por ser aquilo a que antigamente se chamava uma "casa de correcção", onde os menores que cometiam pequenos crimes — os "corrécios" — eram colocados. O guarda Cepeda, que nasceu na região, lembra-se muito bem de ouvir dizer que quem não se portasse bem "ia para os corrécios".

O facto de o edifício ser semelhante a um colégio ainda hoje traz preocupações à direcção. Não era suposto que das janelas das celas os reclusos pudessem ver quem entra e sai pelo portão principal, mas não há muito a fazer quanto a isso. O nosso carro aproxima-se e à direita vemos um campo de futebol cheio de… vacas. "Costumamos pô-las ali a pastar", explica o director, "porque estão num espaço controlado e porque vão cortando a relva do campo." Parece, visto daqui, um jogo de futebol com jogadores pouco motivados para correr.

Mas há mais coisas que não parecem encaixar na imagem que se tem de uma prisão. O director leva-nos a visitar a vacaria e a zona onde vivem os presos que estão em regime aberto. É uma fileira de casas, com quartos com vários beliches, os sapatos todos arrumados lá fora, as camas feitas. Um dos reclusos está a cortar vegetais na cozinha para fazer a refeição para o grupo. Outros trabalham no exterior. Ali ao pé galopam quatro cavalos brancos. Um preso monta num dos animais e galopa à nossa frente, o vento a bater-lhe no rosto. É este homem que está encarregue de tomar conta dos cavalos que o EP recebeu, mas quando ele vai a casa em precária a tarefa passa para outro, Avelino Marques dos Santos, que vamos conhecer um pouco mais longe, no campo das nogueiras.

"Estou cá fora há três ou quatro meses", conta-nos Avelino, apanhando as nozes que caem no chão enquanto outro recluso, empoleirado em cima de uma árvore, abana os ramos, e a cadela Micas corre de um lado para o outro. "Faço um pouco de tudo, apanhar a noz, olhar pelos animais, cortar milho. [Estar fora] dá mais liberdade, temos a possibilidade de ficarmos fora do perímetro da cadeia, está-se melhor. Fiquei a saber aqui que há nozes fêmea e macho. Aprende-se muita coisa", diz. Mas o que o tem entusiasmado mais são os cavalos. Abre um sorriso. "Até do cavalo abaixo já caí, são experiências que lá dentro nunca iria ter."

 
A maior parte dos terrenos do EP de Izeda são olival e por ano produz-se 6 a 8 mil litros de azeite
José António Silveira, o director, tem pena que a nossa visita aconteça já no fim da época da noz e antes de se começar a campanha da azeitona. "A maior parte dos nossos terrenos são olival e conseguimos uma produção anual de azeite de 6 a 8 mil litros, que vendemos quase todo a funcionários dos nossos serviços." Na pocilga onde trabalham Vidinhas e Carneiro, há entre 60 e 70 porcas, com uma produção anual de 400 leitões. Na vacaria, 30 vacas de raça mirandesa e 19 vitelos, actualmente — todos os animais com escoamento garantido. Quanto às nogueiras, a produção este ano foi de duas toneladas de nozes.

"Toda a actividade agrícola esteve parada uns sete anos", explica o director. "Ficou tudo ao abandono." Com a ajuda do engenheiro agrónomo António Padrão, desde 1996 que se foram recuperando os campos — com a dificuldade acrescida de que os 150 hectares (dos quais apenas nove são de pinhal, cinco de mato, e 25 de olival) estão espalhados por muitas parcelas, o que torna mais complicado levar para trabalho no exterior grandes números de reclusos. Mas a aposta é forte e em breve será feito um investimento de 200 mil euros, que permitirá ter novas maternidades para as porcas e novas alfaias e estufas.

Falta-nos ainda conhecer o rebanho de 262 ovelhas. Vamos no jipe até ao local onde estão o senhor Luís, que é o pastor civil que anda com os animais, e Pedro Nuno Crista, o recluso que o acompanha. Apoiado num pau, de palhinha ao canto da boca, Crista conta que está neste trabalho há um mês e meio mas que já estava habituado a lidar com animais. "Aqui é outra liberdade", diz. E não se atrapalha. Ainda há pouco teve que trazer de volta do campo uma ovelha que tinha acabado de parir. "Já é a terceira vez que faço isso, não custa nada."

"Neste momento temos 15 homens a trabalhar no exterior", relata o director do EP. "Costumo dizer-lhes, quando vêm cá para fora, para aproveitarem bem porque é um primeiro passo para a liberdade definitiva. Enquanto no interior têm sempre alguém a controlar-lhes os passos, cá fora podem gerir o seu tempo, não têm guardas em permanência e, para quem está privado da liberdade, isso é uma enorme benesse."

Claro que se "poderia atingir outros resultados em termos de produtividade se houvesse mais recursos", salienta José António Silveira. "Se tivéssemos mais reclusos a beneficiar de medidas de flexibilização, poderíamos colocar mais a trabalhar neste tipo de actividade." E os riscos de fuga? "Felizmente são situações pontuais, que raramente acontecem. Os reclusos valorizam muito esta oportunidade que lhes é dada. Temos de apostar neles, não podemos ficar com medo de que as coisas não corram bem, porque há muita gente com competências que só necessita que lhe dêem um caminho para poderem ser úteis no futuro."

É esse também o discurso de Licínio Lima, subdirector da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais. "As nossas prisões não são cárceres, são centros de reabilitação e reinserção", afirma. "O nosso maior receio é que um indivíduo que é libertado continue preso a estigmas e modelos de vida."

O que a direcção-geral tem vindo a fazer nos últimos tempos é recuperar as actividades económicas "que no passado foram uma imagem de marca dos EP e que foram morrendo". O objectivo é "o aproveitamento económico dos equipamentos e de todo o potencial de patrimónios que os serviços têm" e, ao mesmo tempo, "tentar que os reclusos estejam ocupados o máximo de tempo possível e que recebam algum dinheiro, o que lhes dá maior autonomia e evita negociatas dentro do estabelecimento". Há outro ponto muito importante: "Quanto mais ocupados os reclusos estão, menor é o consumo de medicação" como antidepressivos.

Neste momento, segundo dados do 1.º semestre do ano, a população prisional é de 13.760 indivíduos (número de 1 de Julho), dos quais, 3599 estão a trabalhar em actividades organizadas pelos EP e 1202 em trabalhos que resultam da colaboração com entidades externas. Mas muitos destes trabalhos são de manutenção do próprio estabelecimento e não implicam ir para o exterior.

O caso das actividades agrícolas é particular e por isso envolve números ainda baixos: 189 indivíduos nos produtos hortícolas (com receitas de 45 mil euros em 2013), 66 em viticultura (142 mil euros) e olivicultura (perto de 29 mil euros), 29 em produção animal (24 mil euros de receitas com leite, 110 mil com animais e 4 mil com ovos) e 4 em lenha (12 mil euros). O total de receitas ascende aos 368 mil euros, com os produtos a serem escoados essencialmente para dentro do próprio sistema prisional, nos EP e entre os funcionários.

Há ainda 36 homens envolvidos em trabalho nas Hortas Solidárias, projecto que resulta de um protocolo com o Banco Alimentar Contra a Fome, ao qual, no ano passado, foram entregues perto de 50 toneladas de produtos hortícolas cultivados nos estabelecimentos prisionais.

 
O estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, tem 22 hectares de área agrícola
É época dos dióspiros quando chegamos ao estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos. Aqui, o portão parece o de uma prisão, mas depois de entrarmos temos a mesma sensação que tivemos em Izeda: a antiga propriedade, que terá pertencido à rainha Santa Mafalda, parece mais uma quinta, com palacete e tudo, do que um estabelecimento prisional.

A dimensão é bastante menor do que a de Izeda, são cerca de 30 hectares, 22 dos quais de área agrícola e o restante de floresta que também é explorada para a venda de madeira. A principal produção aqui é de leite — a cada dois dias, uma grande empresa industrial vem buscar cerca de 500 litros. O director, Hernâni Vieira, e o engenheiro agrónomo, Hilário Pinto, acompanham-nos numa visita. Cruzamo-nos com alguns detidos que trazem caixas cheias de dióspiros. As árvores estão carregadas, e alguns, demasiado maduros, caíram já ao chão.

Mais à frente está um rapaz a tomar conta de algumas ovelhas. Não é um rebanho grande como o de Izeda, mas é perto de uma dúzia de animais, e o pastor improvisado é um dos inimputáveis que estão neste estabelecimento, explica o director, e que beneficia muito deste trabalho junto aos animais. É que Santa Cruz do Bispo, onde estão detidos cerca de 500 homens, tem algumas especificidades: aqui estão presos do regime geral, mas há também uma unidade de psiquiatria e saúde mental, para os considerados inimputáveis (é a única no país e recebe actualmente 156 homens), e ainda uma Unidade Livre de Drogas para programas terapêuticos destinados aos reclusos que querem deixar o consumo.

Deixamos as ovelhas para trás e percorremos os caminhos da quinta. Há recantos românticos como o lago coberto de líquenes, com um repuxo no meio. E, à frente, um grande campo de milho atravessado pelo rio Leça, cuja água é usada para a rega, onde está a trabalhar um tractorista (que não é recluso, porque estes não estão autorizados a guiar tractor), acompanhado por um detido que o ajuda. Depois, o milho vai para a silagem — e aí encontramos vários reclusos que ajudam a despejar o que acaba de ser colhido para dentro de silos onde fica a fermentar até poder ser dado às vacas.

Na vacaria trabalha outro homem. Não é hora da ordenha, isso acontece mais cedo de manhã e novamente ao fim do dia, mas a nosso pedido ele traz uma vaca até ao sítio onde são ordenhadas. O animal parece meio confuso, até porque o passeio revela-se inconclusivo: ninguém lhe tira leite a esta hora, foi mesmo só para a fotografia.

Aqui há também horta, tudo biológico, e este ano a produção da batata tem sido extraordinária. "Há três semanas, oferecemos meia tonelada ao Banco Alimentar", conta Hernâni Vieira. "No caso da batata, não damos vazão." Os restantes legumes são vendidos aos cerca de 240 funcionários num mercadinho à entrada do EP. E outra parte é vendida à empresa fornecedora da alimentação no estabelecimento.

Passamos pela Unidade Livre de Drogas. Uns cinco ou seis reclusos estão no pequeno terreno exterior, agarrados a umas enxadas, cavando e preparando a terra para a sementeira. Aqui são acompanhados por técnicos especializados em toxicodependência e, embora não sejam obrigados a trabalhar, é importante que se mantenham ocupados.

Aliás, neste EP, sublinha o director, entre 75 e 80% dos homens têm algum tipo de ocupação, seja nas oficinas, onde fazem arranjos do material da prisão, das camas aos armários, seja na escola, que visitamos de seguida, onde um recluso pintou nas paredes excertos da história de O Principezinho de Saint Exupéry. Entre eles, o diálogo com a raposa: "O que é que estar preso quer dizer? […] Quer dizer que se criaram laços com alguém. Se tu me prenderes, a minha vida fica cheia de sol."

 
As vinhas de Pinheiro da Cruz estão em solo pobre, mas o vinho é comercializado nos supermercados
Se em Izeda falhámos a apanha da azeitona, em Pinheiro da Cruz chegamos na altura certa para vermos a vindima. No passado, o vinho de Pinheiro da Cruz conquistou fama e ainda hoje se continua a produzir, apesar de o solo arenoso ser um desafio.

A praia não fica longe dali. No Carvalhal ou na Comporta, os banhistas comem peixe grelhado e mergulham no mar, mas o EP de Pinheiro da Cruz também tem uma praia própria, com uma frente de quatro quilómetros — afinal estamos a falar de uma área total de 1500 hectares de terreno, embora a maior parte seja floresta.

Já iremos à vinha. Primeiro, a directora, Maria da Ressurreição Moura, convida-nos a conhecer as oficinas. Num estabelecimento com perto de 650 homens, "há mais pedidos de trabalho do que oportunidades", explica. E a maior parte dos homens prefere as oficinas às actividades agrícolas, apesar de já nos anos 50 do século XX Pinheiro da Cruz ser uma "colónia penal agrícola". "As colocações são atribuídas de acordo com a data do pedido, a situação económica e familiar do indivíduo (damos prioridade a quem não tem apoio ou enquadramento no exterior) e o comportamento disciplinar."

Há carpintaria e serralharia, oficinas grandes com mais máquinas do que homens, onde se fazem, por exemplo, as camas de ferro para os estabelecimentos prisionais e de onde podem também sair candeeiros de rua ou cadeiras de jardim, se houver encomendas de fora. Mas o grande orgulho de Pinheiro da Cruz é a oficina da Tecnidelta, onde a marca Delta põe a arranjar as máquinas de café.

Vários homens trabalham aí. "Neste momento, somos seis, quatro na mecânica e dois pintores", afirma Nuno Nunes, um dos trabalhadores. "Cada um tinha a sua profissão diferente e recebemos formação dos técnicos da Delta." Ocupados, "o tempo custa menos a passar". Nuno não tem dúvidas quanto a isso: "Ter a mente ocupada é essencial para o recluso. O estar desocupado não seria bom para mim." Além disso, "de hoje para amanhã, é uma mais-valia, são outras aptidões que se vão buscando".

Todos repetem o mesmo. "Quero trabalhar porque é a minha profissão", diz Paulo, que está na carpintaria. "Preciso de trabalhar, ganhar dinheiro, estar ocupado. Aqui é que me sinto bem." Antes esteve na "brigada da cal", uma invenção da direcção do estabelecimento para que os detidos ajudassem a caiar o edifício, mas o que o entusiasma mesmo é a oficina: "O melhor é estar ocupado, e logo na minha profissão, é ouro sobre azul."

"A ocupação dos reclusos é fundamental no processo de reinserção social", sublinha também a directora. "Muitas vezes é através dela que proporcionamos a aquisição de rotinas e de hábitos que nunca foram consolidados ao longo do percurso dos indivíduos no exterior."

Mas, perguntamos, o objectivo principal é ocupar os reclusos ou rentabilizar os EP? "Rentabilizar não é o objectivo primeiro, mas essa preocupação existe", reconhece Maria da Ressurreição Moura. "Só rentabilizando as explorações económicas e conseguindo algumas receitas é que podemos dinamizar, fazer novos investimentos e dar garantia de continuidade a estas iniciativas."

Os homens que trabalham ganham uma quantia simbólica (cinco euros por dia, no caso das Hortas Solidárias) mas mesmo assim é um investimento — e se não há mais homens a trabalhar é, em parte, também por as verbas para lhes pagar serem curtas.

Licínio Lima, da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, reforça: "Queremos aproveitar os terrenos e as oficinas que temos e que estavam pouco aproveitadas."

Foi nos anos 90 que o interesse pelas actividades económicas dentro dos EP começou a reduzir-se. "Muitos dos serviços que eram feitos pelos reclusos passaram a ser feitos por empresas exteriores, como aconteceu com a alimentação. Além disso, pensou-se na altura em alienar vários estabelecimentos prisionais, o que não chegou a acontecer." Desinvestiu-se. Agora, a perspectiva é outra. "Estamos empenhados em aproveitar tudo para ocupar os reclusos e contribuir para a auto-sustentabilidade do sistema."

Dificuldades? Ter mais reclusos em regime aberto no interior, o que implica também mais guardas para os acompanhar quando eles estão a trabalhar nos campos, explica Licínio Lima. Há falta de guardas, tal como há "muita falta" de técnicos superiores de reabilitação e reinserção, que acompanhem cada preso no percurso que, desejavelmente, lhe vai permitir passar para o regime aberto. "O indivíduo que chega a esse regime já nos dá garantias de que o que quer é trabalhar e cumprir a sua pena." É por isso que "não temos casos de fuga neste regime, os casos de fuga acontecem com presos do regime comum, geralmente no início das penas e que ainda não assimilaram a ideia de que têm de as cumprir".

 
No EP de Izeda, há 15 homens a trabalhar no exterior, onde tratam das vacas, fazem a apanha das nozes e das azeitonas para fazer o azeite, e ainda cuidam de cavalos
Outro ponto que Licínio Lima faz questão de esclarecer: "As nossas actividades económicas têm como objectivo o mercado, mas não para concorrer com as actividades privadas." Seria concorrência desleal, dado que a mão-de-obra é mais barata. "Por isso, queremos desenvolver produtos que não se encontram no mercado, como o milho tradicional para fabrico da broa de milho."

Uma das apostas da direcção-geral é precisamente nos protocolos com empresas ou instituições exteriores, como a Delta. "Neste momento, temos 20 protocolos a aguardar a assinatura da ministra [da Justiça], o que significa que a comunidade se vai abrindo", afirma. E sublinha: "O nível de reincidência é muito alto e o combate a esse problema tem de ser feito por todos. Quem tem de acolher o ex-recluso é a sociedade."

Mas o objectivo da nossa vinda a Pinheiro da Cruz era ver a produção agrícola e em particular do vinho. Saltamos para o jipe e partimos. Solo de areia, pinheiros, pinheiros, já se sente o cheiro do mar lá ao fundo, mas não chegamos à praia, vamos só até ao meio da floresta à procura das colmeias que produzem o mel cuja venda se anuncia à porta do EP. A directora conta que difícil mesmo foi arranjar um recluso que aceitasse tratar das colmeias, mas finalmente conseguiu-se um.

Depois, seguimos até à vinha. Chegamos ao mesmo tempo que a camioneta que traz os reclusos — camisolas sem mangas, casacos amarrados à cintura, lenços amarrados à cabeça, luvas grossas para proteger as mãos. Não, não tinham experiência nenhuma de vindima, dizem. E não, não se importam muito de fazer este trabalho, se bem que, diz um, noutra cadeia já trabalhou na biblioteca e preferia, sempre dá menos dores nas costas. "Não tem nada a ver", diz, "os livros aqui são as uvas". Os guardas andam ali à volta, vigiando, e dando uma ajuda. Esta "brigada das vindimas" é a mesma que faz limpeza da mata, corta lenha, limpa a praia.

"Não fazer nada é stressante", declara um dos homens, cortando calmamente mais um cacho de uvas. "Psicologicamente, é pior, aqui o tempo passa mais rápido e sempre é alguma coisa que a gente leva, mais uma experiência." E sorri. "Não é por estarmos presos que deixamos de sorrir, além disso se viermos para aqui tristes contagia o grupo."

O engenheiro António Matias, antigo guarda prisional, olha para os homens a trabalhar. Só lamenta que "esta seja a vinha do país instalada em solo mais pobre", numa terra que "não tem qualquer fertilidade". Mas o facto é que já há muito tempo que há vinhas aqui, mesmo antes da criação do EP no início da década de 1950. "Nos primeiros anos, o vinho era de má qualidade e servia para dar aos reclusos, que nessa altura podiam beber dentro do estabelecimento. Mas depois foi ganhando nome e reconhecimento e começou-se a comercializar." Os principais clientes ainda são os funcionários dos serviços prisionais, mas algumas garrafas chegam aos supermercados com a marca Pinheiro da Cruz.

Há sobretudo tinto — uma produção de 10 mil litros, enquanto o branco não ultrapassou no último ano os dois mil. No entanto, a procura de branco tem vindo a aumentar e António Matias decidiu reconverter parte das vinhas velhas plantando castas brancas. Na adega, os homens fazem a selecção das uvas à entrada. No ar, há já o cheiro típico dos lagares, e a máquina que desengaça as uvas faz um barulho que dificulta qualquer conversa.

Quando a "brigada" terminar o trabalho e se for embora, quem fica a tomar conta de tudo isto é Paulo Isaac Sousa, recluso já a beneficiar de regime aberto e que vive aqui, numa casinha junto à adega. "Vendo o engenheiro a explicar vou aprendendo, aprendo depressa", assegura. De agricultura, antes, sabia muito pouco. "Tenho aprendido tudo aqui. Às vezes, quando o pessoal do monte [os reclusos que tratam dos animais] sai de precária, eu vou dar uma ajuda com os porcos e as vacas. Estou sempre a mexer, há sempre coisas para fazer." Mesmo assim, quando sair, vai voltar para a profissão que tinha antes: "Mecânico, do ramo automóvel."

De três em três meses, tem licença para ir a casa durante uma semana. "É a única coisa que tenho na vida, a minha mãe, a minha mulher, que amo muito, e os miúdos. Quanto mais depressa sair, mais depressa estou ao pé dela e dos miúdos. Tenho de lutar por isso. Estou sempre com saudades deles. A cada dia que passa dói-me o coração."

 
Paulo Isaac Sousa, do EP Pinheiro da Cruz: "Aqui mudei muito"
Sentado à porta da sua casa, ao lado da adega, desabafa: "Uma pessoa quando vai a casa vai sempre contente, mas depois tem de voltar. A gente errou, eu errei, temos de cumprir as nossas obrigações. Eu sempre cumpri, um dia que me for embora, vou ficar com uma boa imagem, um bom comportamento." Fala rápido, comovido: "É assim a vida. O crime não compensa. Estou aqui há 14 anos, é muito tempo. Faço 45 anos em Dezembro. Chorei muito, pensei muito, sei que fiz mal, nunca chorei tanto. Mas tenho de aguentar, tenho de cumprir. Aqui mudei muito, cada vez estou mais velho. Quando sair, já vou com 46 ou 47, a gente já pensa de maneira diferente. Temos de cumprir. Já falta pouco."

O trabalho na adega tem ajudado a passar o tempo, tal como o cuidar das porcas tem dado ânimo a António Vidinhas. À porta das suas casas, em Izeda ou Pinheiro da Cruz, ou a tomar conta de ovelhas e a apanhar dióspiros em Santa Cruz do Bispo, estão mais próximos da ideia de liberdade. "Aqui andamos à solta", diz Pedro Crista, o "pastor" de Izeda, nos montes a ajudar ovelhas que acabaram de parir.

"Sempre se está melhor ao ar livre do que dentro de muros", diz Avelino Marques dos Santos, sorrindo quando fala nas suas quedas do cavalo. "Tenho de cumprir a minha pena, e tenho, mas estou melhor aqui fora", diz António Carneiro, o ajudante de Vidinhas, pescador da Póvoa olhando as porcas e pensando no dia em que irá sair e "voltar para o mar". Quando estes homens forem novamente livres, é a comunidade que tem a obrigação de os acolher e os reintegrar, lembra Licínio Lima. Porque "toda a gente é maior do que o seu próprio erro".    

Prémio de Melhor do Mundo para Selo de apicultura nacional


17 de novembro, 2014

No passado dia 31 de Outubro, foi atribuído o prémio NEXOFIL, na categoria de impressão mista, ao selo português de 2013 "Apicultura- Portugal Continente" do Pintor José Projecto. A cerimónia foi presidida pelo Secretário de Estado do Fomento do Governo de Espanha, na Casa de la Moneda em Madrid.

O Grupo NEXO é espanhol e actua na área da Edição On Line desde 2000. Em colaboração com o conhecido jornal espanhol especializado "Eco Filatelico" (70 anos de publicação ininterrupta) organizou e patrocinou estes prémios, pela primeira vez neste ano de 2014, referindo-se a selos emitidos em 2013.

Os prémios foram atribuídos por um Júri Internacional Independente, formado por 40 membros de grande prestígio, entre os quais: Presidentes das Federações de Filatelia dos EUA, Brasil, Canadá, México, Argentina, Chile, Reino Unido, Itália, Áustria, Espanha e Portugal. Para além destes, o júri foi formado, pelos representantes da Academia Europeia de Filatelia (AEP) e da Real Academia Hispânica de Filatelia.

Engenheiro cria rebanho para produzir leite de cabra

Jovem tem uma unidade de produção em Benafim, no concelho de Loulé Sem resposta aos currículos que enviou depois da universidade, um jovem engenheiro de produção animal regressou à terra dos avós, Benafim, no concelho de Loulé, onde tem uma unidade de produção de leite de cabra, tendo atualmente 139 exemplares. "Era o mais lógico a seguir, porque não havendo emprego, não havendo oportunidades, acho que apostar naquilo que já tinha, nos terrenos que eram dos meus avós e não deixar as coisas ao abandono é uma boa perspetiva de vida", disse José Gonçalves à agência Lusa. Em 2008, 'arregaçou as mangas' e transformou a ideia num projeto, que está a ser apoiado em cerca de 20% pelo programa comunitário PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), que tem agora reunidas as condições e as instalações para encetar a produção de leite de cabra. O seu objetivo é produzir leite de cabra de raça algarvia e "conseguir ter uma vida digna e gerar valor" para o país. Apoio da família Filho de um médico e de uma engenheira química, José Gonçalves, de 32 anos, admite que os pais teriam inicialmente outras expectativas para si, mas com a sua paixão e empenho conseguiu obter o apoio da família, que vinca ser um alicerce vital do projeto. "Enquanto não tive as vedações, estive durante cerca de quatro anos em pastoreio direto com elas [cabras] no campo", contou explicando que em determinados períodos chegava a fazer seis horas diárias de pastoreio. Atualmente, o dia está recheado de outras tarefas como o tratamento do estábulo, das áreas de alimentação e recolha de leite, o auxílio no nascimento dos cabritos ou o semear ração para o rebanho, e, embora já não leve o rebanho a pastar, continua a conhecer cada animal pelo nome que a mulher escolheu. O campo e os animais já faziam parte das suas memórias junto dos seus avós e ganharam outro peso com o curso de produção animal e o projeto empresarial agora em desenvolvimento. José Gonçalves comentou ainda as dificuldades burocráticas para aprovar o projeto. "Na agricultura ou em qualquer outro investimento, quando uma pessoa investe também tem um plano para vir a receber [lucro] dentro de certo tempo, no entanto, o maior entrave que tive foi o tempo com as legalizações", lamentou. Atualmente, o jovem e a mulher contam com a ajuda de dois estagiários e têm vindo a privilegiar os profissionais locais para construir a estruturas necessárias à instalação da empresa como forma de gerar impacto na economia local.

Embargo russo gerou queda drástica dos preços agrícolas em Portugal


João Ramalhinho
02 Dez, 2014, 10:08 / atualizado em 02 Dez, 2014, 10:13

A pera rocha representa quase metade do valor das exportações de produtos agrícolas portugueses para a Rússia. Este ano há mais pera e de calibre superior, mas os produtores da região Oeste não têm motivos para festejar.
Com o embargo russo, os mercados conquistados até agora por Portugal foram invadidos por pera mais barata de outros países, como a Holanda ou Bélgica.

Com a concorrência, os agricultores são obrigados a vender pera rocha a preços muito baixos, há quem fale mesmo numa redução de 40 %.

"Hi-tractor" para diminuir mortes com máquinas agrícolas e industriais


Lusa
25 Nov, 2014, 14:09

Uma pequena caixa cinzenta, alguns sensores, fios e tecnologia de ponta fazem do "Hi-tractor", um dispositivo de alerta para acidentes com máquinas agrícolas ou industriais, sendo já um novo "aliado" dos operadores destes tipo de veículos.
Este tipo de máquinas, apesar de úteis, são "perigosas" quando são operadas em condições "extremas ou por pessoas com poucas habilitações para o efeito", sendo responsáveis por um número "considerável" de mortes todos os anos, disse à Lusa o mentor do projeto.

Por este motivo o "Hi-tractor" assume-se como um elemento de "socorro urgente" e ao mesmo tempo "um dispositivo eletrónico salva vidas".

Em declarações à agência Lusa, Adriano Menino disse que o dispositivo passa por um conjunto de elementos de computação móvel, sensores e atuadores que, em conjunto com um software específico, monitorizam a posição de um veículo de trabalho que esteja a operar em qualquer tipo de terreno.

O aparelho já começou a ser testado e promete "revolucionar" o socorro em caso de acidente com tratores agrícolas, quando estes estão em movimento em terrenos morfologicamente mais acidentados e assim ajudar a reduzir o número de mortes.

"O dispositivo dá em tempo real as coordenadas do local às equipas de socorro ou outros elementos que o operador da máquina queira avisar com antecedência em caso real de acidente", acrescentou o investigador.

Para além destes dispositivos, há um segundo elemento que assume igualmente um papel de relevo em caso de doença súbita ou de outros acidentes que não envolvam a máquina agrícola.

"Trata-se de um pulseira SOS que poderá ser utilizada de forma manual pelo agricultor e assim espoletar um pedido de ajuda, quando por vezes, não há condições para pedir auxílio de imediato", explicou Adriano Menino.

Quem utiliza máquinas agrícolas no seu trabalho diário considera positivo o projeto deste investigador trasmontano natural e residente em Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança.

"Eu acho que este dispositivo vai dar resultado. Trata-se de uma coisa boa porque trabalhamos em sítios perigosos e se isto der resultado as pessoas são alertadas mais depressa e, em caso de acidente outra fatalidade, o socorro é mais rápido ", disse António Ferreira, tratorista há 35 anos.

Pelo meio dos olivais do Baixo Sabor, o agricultor acrescentou que caso o "Hi-tractor" seja aprovado deveria ser "comparticipado" pelo Estado à semelhança do que acontece com outros dispositivos de alerta, para assim evitar que haja mais acidentes mortais com os tratores e outras máquinas agrícolas.

O mentor do dispositivo sempre foi dizendo que o aparelho de localização não será mais dispendioso que outras alfaias agrícolas utilizadas nos tratores.

O Hi-tractor é tido pelo seu criador como "um projeto inovador" que promete ajudar quem trabalha em terrenos de difícil acessos como os campos agrícolas no Nordeste Transmontano ou em qualquer outra parte do mundo.

Produção de vinho caiu menos do que o esperado


04 Dezembro 2014, 16:13 por António Larguesa | alarguesa@negocios.pt

As baixas expectativas em Agosto e a chuva durante a vindima apontavam para cenário mais desfavorável. A quebra de 0,8% é mais ligeira do que nos concorrentes Espanha e Itália e permite "dar resposta à procura" externa.
Os vitivinicultores portugueses produziram um total de 6,2 milhões de hectolitros de vinho em 2014, o que representa uma ligeira quebra de 0,8% face à campanha anterior. Os maiores problemas durante o período de floração afectaram sobretudo o Norte e Centro do País, onde a produção caiu 10%, mas que acabaram por ser quase compensados pelo crescimento nas regiões do Alentejo (9%), Tejo (17%) e na Península de Setúbal (22%).
 
Segundo o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), que disponibilizou estes dados oficiais, as excepções a este cenário aconteceram em Trás-os-Montes, onde a produção aumentou 12%, e a quebra de 12% registada no Algarve. As reduções "mais relevantes", pelo volume em causa, aconteceram no Minho (-14%), e no Douro (-8%).
 
O presidente do IVV, Frederico Falcão, assinalou que esta diminuição total de 0,8% é "pouco significativa e vai contribuir para [manter] o equilíbrio nos stocks e dar resposta à procura internacional". Até Setembro, a exportação de vinhos engarrafados aumentou 5% face ao mesmo período do ano passado. Em 2013, as exportações do sector aumentaram 2,4%, ascendendo a 725 milhões de euros.
 
Portugal é o 12.º maior produtor e o nono maior exportador a nível mundial, vendendo no exterior perto de 60% da produção, em valor. Os receios quanto a uma evolução mais negativa no volume de produção advieram das expectativas transmitidas pelas diferentes regiões produtoras antes da colheita. E foram acentuados pelas condições climatéricas durante a vindima, em que ocorreram chuvas fortes.
 
Os números em Portugal são, ainda assim, bem melhores do que as estimativas comunicadas a Bruxelas pelos países europeus concorrentes na produção de vinhos. Em Espanha, a quebra na produção deverá ascender a 18% e em Itália a 15%. A posição concorrencial portuguesa poderá sair fortalecida face aos concorrentes do chamado "Novo Mundo" (Argentina, Chile, Estados Unidos Austrália ou Nova Zelândia), já que a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) já reportou uma estimativa de quebra mundial a rondar os 6%.

Vila de Frades recebe nesta sexta-feira, e durante o fim-de-semana, a edição 2014 da Vitifrades – 17ªs Festas Báquicas.



 Luís Amado: Ganhar ainda mais força e dinâmica no futuro
Vila de Frades volta a ser, durante três dias, palco do maior certame português do vinho de talha, numa iniciativa que se assume como a grande festa do vinho do Baixo Alentejo. Concertos de música, degustações de vinhos, rota das adegas e concursos fazem parte do programa.

Luís Amado, presidente da Junta de Freguesia de Vila de Frades, que recebe e promove esta iniciativa, frisou que este ano realiza-se mais uma mostra deste produto sazonal, de qualidade, que alavanca também, em termos económicos esta localidade.

Luís Amado prosseguiu, dizendo que este certame deve ainda, juntar, no futuro, mais parceiros, para manter o seu vigor e ganhar mais força e dinâmica.

Nesta noite de sexta-feira, os espetáculos são com o Grupo Coral e Instrumental "Os Vilafradenses" e o Grupo "300 And Friends", no recinto da Vitifrades, a partir das 21.30 horas.

Neste sábado, as propostas vão para "A Moda Mãe & Bafos de Baco", também no recinto da feira, às 21.30 horas, e à meia-noite pode ouvir João M e Miguel P.

Domingo é dia de Rota das Adegas e de cantares alentejanos, a partir das 15.00 horas.

Há 10 mil empresas agrícolas no País e gerem um terço da área cultivada


28 Novembro 2014, 13:40 por Isabel Aveiro | ia@negocios.pt


A dimensão média das explorações agrícolas em Portugal aumentou 15% entre 2009 e 2013, revelam os últimos dados do INE, aproximando-se da média europeia. A rentabilidade, contudo, continua longe dos parceiros comunitários.
A agricultura ocupa metade do território português. O ano de 2013 terminou com 264,4 mil explorações agrícolas em Portugal (menos 40,8 mil que em 2009) que ocupavam, no final do ano passado, 4,6 milhões de hectares, "o que corresponde a 50% do território nacional", contabiliza o último "Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas", divulgada esta sexta-feira, 28 de Novembro.  
 
Entre 2009 e 2013, o indicador Superfície Agrícola Utilizada (SAU), manteve-se nos 3,6 milhões de hectares. Representava no final d ano passado 39,5% da superfície do País e 78,7% das explorações – de fora ficam "matos e povoamentos florestais sem culturas".
 
A Superfície Agrícola Não Utilizada (SANU) das explorações registadas no inquérito do INE ocupava naquele ano 2,2% da superfície das explorações. A "área com potencial mas sem utilização agrícola" existente em Portugal  diminuiu ainda 20,9% entre 2009 e 2013.
 
Empresas a céu aberto
 
"A empresarialização da agricultura portuguesa é uma realidade em crescimento, com impacto significativo na estrutura das explorações", defende resumo do INE, que dá como argumentação a área que passou a ser gerida por empresas agrícolas.
 
Os últimos dados do organismo oficial de estatística contabilizam em 10 mil sociedades agrícolas as existentes em Portugal a 31 de Dezembro de 2013. Há, isso é visível, mais concentração de terra produtiva sob gestão empresarial.  
 
É que apesar das sociedades agrícolas representarem apenas 3,8% do total das explorações agrícolas existentes no final de 2013 no País, um terço da Superfície Agrícola Utilizada (SAL) do País estava, há pouco menos de 12 meses, a ser gerida por empresas, que produzem ainda 45,6% do efectivo pecuário.
 
O INE salienta que "cada sociedade agrícola explora 114 hectares de SAU e 93 cabeças normais [de gado]". Isso representa 12 vezes mais do que a área média gerida por produtores singulares. E, no caso da pecuária, o rácio empresa versus produtor singular aumenta para 21 vezes mais.
 
Espanha não é já ali
 
"A empresarialização da agricultura, expressa pelo crescimento do número de sociedades agrícolas, tem contribuído para o aumento da eficiência do sector devido à adopção de processos de gestão mais profissionais e economias de escala", argumenta ainda o relatório do INE relativo a 2013.
 
Mas, e apesar do crescimento da área sob gestão de sociedades ter aumentado no total explorado, a dimensão económica das explorações agrícolas em Portugal continua longe da média da União Europeia e a léguas do centro e Norte da Europa, dominada por explorações agrícolas de dimensão muito grande com produção mecanizada.  
 
Na comparação com os nossos parceiros da Politica Agrícola Comum (PAC), Portugal está agora mais próximo da média comunitária em termos de área explorada. Houve um aumento da dimensão média das explorações, entre 2009 e 2013, de 12 hectares para 13,8 hectares. É um crescimento de 15% e coloca o País mais perto da média da União Europeia, que é de 14,4 hectares por exploração agrícola.
 
É na rentabilidade da terra que Portugal revela maior atraso. O INE adianta assim que a dimensão económica – medida com base no Valor de Produção Padrão Total da exploração – "cada exploração agrícola nacional gera em média 17,1 mil euros de VPPT".
 
Embora o indicador até tenha "evoluído positivamente" entre 2009 e 2013, afirma o INE sem contabilizar no resumo do Inquérito, aquele valor compara com a média da União Europeia, a 28 Estados-membros, que "atingem os 25 mil euros por exploração".
 
Tendo 2010 como referência, a líder destacada em termos de dimensão económica por exploração é a Holanda, acima dos 250 mil euros por exploração, seguida da Dinamarca (200 mil euros) e da Bélica.
 
Espanha, que entrou na União no mesmo ano que Portugal, já ultrapassou os 25 mil euros por exploração europeus em 2010.