quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Leitões valem ouro e fazem disparar furtos no Natal

Polícia

Ontem
ALEXANDRA SERÔDIO
foto HENRIQUES DA CUNHA/GLOBAL IMAGENS
Joaquim Nazaré, David Vicente e Maria Gracieta Arroteia, dona do
espaço de engorda da Aldeia d'Além
O negócio vale milhares de euros e no Natal os preços sobem, tal como
os furtos de leitões e porcos adultos. Os produtores revoltados.
Ameaçam até criarmilícias contra os ladrões. Em Rio Maior e em Leiria,
já foram furtados 1183 animais no ano passado.

Depois de meses de denúncias e de queixas, a GNR da Benedita
(Alcobaça) conseguiu deter, ao início da manhã da passada sexta-feira,
último dia do ano, dois homens que teriam acabado de furtar 12 animais
de uma pecuária, em Frei Domingos.
Os indivíduos, de 34 e 27 anos, residentes em Moleanos (Alcobaça) e
Rio maior, respectivamente, "encontravam-se numa viatura, com animais,
que estava atolada na lama". Com a chegada dos militares fugiram, mas
foram detidos no parque de estacionamento do Restaurante "O Bigodes",
junto ao IC2.
Aqueles dois homens, segundo a GNR, estarão relacionados com a onda de
furtos em explorações na região de Leiria. Um dos suspeitos, revelou
a fonte, terá confessado a autoria do furto da pecuária de Frei
Domingos, admitindo que o outro homem "fosse o responsável pela
vigilância do espaço enquanto decorria o crime".
Fonte da GNR de Santarém confirmou, ao JN, o alegado envolvimento dos
dois indivíduos em furtos ocorridos nas explorações suinícolas do
concelho de Rio Maior. "Vamos continuar a investigar e perceber a
dimensão da situação" afirmou o militar.
Assaltos durante a noite
Os assaltantes actuam sempre pela calada da noite, com recurso a
viaturas de transporte de animais, mas também há quem use apenas
viaturas de mercadorias. Os alarmes, entretanto colocados em algumas
explorações, não intimidam quem quer furtar, nem sequer os
gradeamentos e cadeados colocados. "É um desespero e já não sabemos o
que fazer".
Joaquim Nazaré Gomes, director da Associação dos Produtores Agrícolas
da Região de Rio Maior, fala da "revolta" instalada entre os
empresários. "Muitos têm sido assaltados duas e três vezes por mês e
estão desesperados" assegura, lamentando a inoperância por parte das
forças policiais que "não conseguem apanhar quem andar a roubar os
nossos porcos".
Joaquim diz que o genro Hélder "já foi assaltado cinco vezes"; a
última vez na noite de 27 para 28 de Dezembro último. Em 2010,
furtaram-lhe 156 porcos da sua exploração, em Rio Maior.
"Não sabemos quem anda a fazer isto. Não temos suspeitos" diz Joaquim
Gomes, admitindo temer que o aumento de assaltos leve os produtores a
"resolverem as coisas pelas próprias mãos". É que em causa "está o
negócio de uma vida e onde já não se ganha dinheiro" admite.
Alarme não evitou furto de 60 animais

Fernando Vicente já perdeu a conta às vezes que apresentou queixa por
furto de animais e de farinha nas suas explorações.
Administrador da Agro-Pecuária Valinho, em Alcanede, Santarém,
Fernando recorda o dia em que um suspeito de furto foi detido pela GNR
mas, por não ter documentos e com promessas de que voltaria ao posto
dentro de algumas horas, "acabou por ir embora e nunca mais ninguém
soube dele".
David, o filho, lembra que por causa do "massacre dos assaltos"
decidiram colocar, em Setembro, um sistema de alarme numa exploração
do Cartaxo. "Há um mês, mesmo com as câmaras, entraram por uma janela
e conseguiram furtar 60 leitões", revela. Fernando Vicente, cujas
explorações, no concelho do Cartaxo e no Montijo já foram atacadas.
"Esta situação faz as pessoas entrarem em desespero", assegura o
empresário, adiantando ter apresentado mais de 15 queixas às
autoridades, em 2010. David admite a possibilidade de "haver grupos
organizados" que "podem ter ligações a matadouros clandestinos".
Refere que mesmo os matadouros licenciados "não fazem a inspecção ao
animal que tem uma marca que identifica a exploração".
Maria Gracieta Arroteia, dona de uma pequena exploração, na Aldeia
D"Além, Alcanede, foi assaltada horas depois de ali terem sido
colocados 300 leitões. "Arrancaram os ferros da porta e levaram 38
animais", conta, enquanto mostra as marcas na parede onde há poucos
dias existia uma porta. Agora, a exploração está fechada com grades de
ferro, presas a cadeados, e as dobradiças das portas soldadas.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1748860

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