segunda-feira, 29 de abril de 2013

Bruxelas avança com proibição de pesticidas que matam abelhas

RICARDO GARCIA

29/04/2013 - 14:06

Comissão Europeia vai impor medida, depois de nova votação ter
resultado em maioria insuficiente. Portugal votou contra.

Estudos apontam o dedo aos pesticidas como causa do "desaparecimento"
das abelhas REMY GABALDA/AFP


UE volta a apreciar proibição de insecticidas suspeitos de matar abelhas

A Comissão Europeia vai impor a proibição de pesticidas suspeitos de
estarem a dizimar populações de abelhas, apesar da proposta não ter
conseguido acordo dos países da União Europeia (UE).

Numa votação de recurso esta segunda-feira, em Bruxelas, 15
Estados-membros posicionaram-se a favor da proposta da Comissão, que
prevê a suspensão, por dois anos a partir de Dezembro, do uso de três
pesticidas da família dos neonicotinóides, amplamente aplicados na
agricultura. Oito países votaram contra – incluindo Portugal – e
quatro abstiveram-se.

Apesar de não se ter conseguido a maioria qualificada necessária para
aprovar a proposta, o resultado da votação deixou a decisão nas mãos
da Comissão Europeia, que já anunciou que irá avançar com as
restrições.

Estudos recentes sugerem que alguns pesticidas neonicotinóides, uma
vez absorvidos pelas abelhas através do néctar e do pólen das plantas,
prejudicam a sua capacidade de navegação e resultam na produção de
menos rainhas. Esta poderá ser uma das causas do "desaparecimento" das
abelhas, deixando as colmeias vazias, que se tem verificado em vários
países europeus e nos Estados Unidos.

Em Janeiro passado, a Agência Europeia de Segurança Alimentar
considerou que o uso de tais produtos só seria aceitável em culturas
onde as abelhas não se alimentam. Mas a ideia de os proibir vinha
sendo vivamente rejeitada por alguns países e pelas multinacionais
Bayer e Syngenta, os seus principais fabricantes.

"Dado que a nossa proposta baseia-se em riscos para a saúde das
abelhas identificados pela Agência Europeia de Segurança Alimentar, a
Comissão irá adiante com o seu texto nas próximas semanas", disse o
comissário europeu da Saúde e do Consumidor, Tonio Borg, num
comunicado.

Os pesticidas em causa são o tioametoxam, o imidacloprid e o
clotianidin e representam problemas para as abelhas em culturas como
canola, girassol, milho e cereais, segundo o relatório da Agência
Europeia de Segurança Alimentar.

A Comissão vai banir o seu uso, excepto em culturas que não atraiam
abelhas. Há algumas excepções também para estufas e para a aplicação
dos produtos em culturas "problemáticas", mas apenas depois da
floração.

Onde o seu uso for permitido, os pesticidas só estarão disponíveis
para profissionais.

A ideia inicial da Comissão era avançar com as restrições já em Julho,
mas a data foi adiada para Dezembro. Dentro de dois anos, a situação
será reavaliada.

A proposta de Bruxelas já tinha falhado uma primeira votação, dia 15
de Março, conseguindo apenas 13 votos a favor. Entre os países que
então votaram contra ou se abstiveram, a Alemanha mudou agora de
posição, apoiando a Comissão.

Já o Reino Unido manteve a sua oposição à proposta, argumentando que
não há provas suficientes de que os pesticidas façam mal às abelhas e
que os prejuízos na agricultura seriam elevados. Os fabricantes dos
pesticidas também dizem que não há evidências suficientes de que o seu
uso em condições normais na agricultura cause problemas às abelhas.

http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/comissao-avanca-com-proibicao-a-pesticidas-que-matam-abelhas-1592847

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