domingo, 20 de março de 2016

Porco alentejano vive período de vendas «muito bom» devido à procura espanhola

17-03-2016 
 

 
Os produtores de porco alentejano estão a viver um período de vendas «muito bom», devido à procura «bastante grande» de animais da raça por parte de indústrias espanholas para produção de presuntos, segundo uma associação de criadores.

«Felizmente», o porco preto de raça alentejana, criado no montado e alimentado a bolota, está «a viver um período muito bom a nível de mercado, esperemos que seja estável, para durar», disse à agência Lusa Nuno Faustino, presidente da Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA), com sede em Ourique, no distrito de Beja.

Segundo o responsável, a produção de porco alentejano, «obviamente», enfrenta «alguns problemas», sobretudo de legislação, nomeadamente em questões como as medidas agro-ambientais e as raças autóctones, mas a nível de mercado está, «de facto», a viver «um período favorável, contrariamente» ao que se passa com o porco branco do regime intensivo.

Em Espanha, está em «grande recuperação» e «a voltar para níveis anteriores à crise» o consumo de «jamón ibérico puro de bolota», presunto produzido a partir de porco alentejano e da sua raça "irmã" espanhola, o porco ibérico, que são abrangidos por uma norma de qualidade no país vizinho.

Por isso, explicou Nuno Faustino, «tem havido uma procura bastante grande» de porcos das raças alentejana e ibérica, sobretudo da parte das indústrias espanholas para produzirem «jamón ibérico puro de bolota» em Espanha.

Na altura da crise, as indústrias compraram poucos porcos e, agora, como a venda de presuntos está «a voltar em grande força», os «stocks» de animais «foram-se abaixo», disse.

Por isso, as indústrias necessitam de repor os «stocks» de porcos das duas raças para terem matéria-prima para produzirem «jamón ibérico puro de bolota», explicou, referindo que «a maior parte da produção nacional» de porcos de raça alentejana é exportada para Espanha.

«Daí que o porco alentejano esteja com uma situação de mercado muito boa, porque não existem assim também tantos animais como isso e existe bastante procura», disse, frisando que «é o mercado a funcionar» e os preços dos porcos daquela raça têm estado «muito bons».

Segundo Nuno Faustino, no mercado português, «também se nota uma procura de porco alentejano superior à registada nos últimos anos por parte das indústrias nacionais», mas estas «absorvem pouca matéria-prima», já que são médias e pequenas e têm «pouca capacidade de escoar» a produção de animais em Portugal, «que já de si é pequena».

«Tem havido crescimento» da procura por parte das indústrias portuguesas, sobretudo de duas empresas, uma de Barrancos e outra de Ourique, que «são as que têm mais expressão» e compram porcos de raça alentejana para fazerem presuntos e enchidos.

Mas, «a nível de presunto, porque o porco alentejano destina-se sobretudo à produção de presunto, o grande cliente e quem de facto marca este mercado e dita as regras deste mercado são os espanhóis, que são os grandes consumidores» de porcos de raça alentejana.

Já o mercado de carne de porco alentejano, de Denominação de Origem Protegida (DOP), «está praticamente a zero», porque «matam-se muito poucos» animais para o processo de venda de carne fresca e «o grosso da coluna dos porcos» destina-se à produção de presuntos e enchidos em Portugal e «sobretudo para o mercado espanhol» para produção de presuntos.

Fonte: Lusa

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