domingo, 25 de junho de 2017

Pedrógão Grande. Lei de proteção de estradas e casas não está a ser cumprida

24/6/2017, 16:44
A Proteção Civil disse que não está a ser cumprida a lei relativamente às áreas de proteção para estradas e habitações em Pedrógão Grande, afetado pelo incêndio que provocou a morte a 64 pessoas.


A Proteção Civil disse este sábado que não está a ser cumprida a lei relativamente às áreas de proteção para estradas e habitações em Pedrógão Grande, afetado pelo incêndio que começou no dia 17 e que provocou a morte a 64 pessoas.

"Há falta de cumprimento com as áreas de proteção, quer de vias, quer de habitações", disse o chefe da Divisão de Verificação e Fiscalização (DVF) na área da segurança contra riscos de incêndios em edifícios da Proteção Civil, Carlos Souto, que já está há vários dias no terreno com uma equipa de três elementos a fazer um levantamento dos fatores que contribuíram para o resultado final do incêndio que afetou o interior norte do distrito de Leiria.

Questionado pela agência Lusa, Carlos Souto recordou que a lei prevê uma área de proteção de 50 metros à volta das habitações e dez metros no caso de estradas. Do relatório que irá apresentar, estará lá a falta de cumprimento dessas medidas preventivas.

Carlos Souto contou que esteve numa localidade em que encontrou "uma casa branca, impecável, rodeada pelo incêndio", e que no espaço da habitação "não aconteceu nada" porque o proprietário "teve o cuidado de limpar, cortar, molhar" a área circundante.

O responsável da DVF da Proteção Civil para a área de segurança contra riscos de incêndios sublinhou também que em "90% dos incêndios que entraram pelos telhados" verificou-se que tal aconteceu porque a estrutura de suporte das telhas "é madeira".

Para além da falta de limpeza à volta das estradas e das habitações, faltam também pontos de água que permitam "uma primeira intervenção da população".

"Eles querem defender o que é deles. Não têm falta de coragem", constatou, sublinhando que os meios que usam, nomeadamente baldes de água ou mangueiras com calibre pequeno, são ineficientes.

Para isso, seria necessário existir, nas aldeias, pontos de água, com dois lances de mangueira e uma agulheta para uma maior eficiência da defesa das habitações.

Carlos Souto notou ainda que também se verificou "falta de água". "As estações elevatórias deixaram de funcionar", face ao corte de eletricidade, sublinhou, defendendo que é necessário que estas mesmas estações elevatórias da rede de abastecimento de água tenham "meios alternativos de emergência", para garantir que as populações têm água para combater o fogo.

Dois grandes incêndios, que provocaram a morte a 64 pessoas e ferimentos a mais de 200, deflagraram no dia 17 na região Centro, tendo obrigado à mobilização de mais de dois milhares de operacionais.

Estes incêndios, que deflagraram nos concelhos de Pedrógão Grande e Góis, consumiram cerca de 53 mil hectares de floresta [o equivalente a 53 mil campos de futebol] e obrigaram à evacuação de dezenas de aldeias.

O fogo que deflagrou em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, alastrou a Figueiró dos Vinhos e a Castanheira de Pera, fazendo 64 mortos e mais de 200 feridos.

As chamas chegaram ainda aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra, mas o fogo foi dado como dominado na quarta-feira à tarde.

O incêndio que teve início no concelho de Góis, no distrito de Coimbra, atingiu também Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais. Foi extinto hoje, às 13h00.

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