quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Especialistas debatem no Porto como a cortiça favorece as vendas de vinho


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Investigadores e especialistas dos Estados Unidos e da China analisam hoje, no Porto, como as exportações de vinho beneficiam de vedantes naturais, o que a Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) assegura estar comprovado por vários estudos.

A discussão vai decorrer no âmbito de um ciclo de conferências promovido pela APCOR, que, representando cerca de 80% da produção nacional de cortiça e mais de 85% das exportações, quer "demonstrar que a rolha natural acrescenta valor ao vinho, quer em termos sensoriais, quer em termos materiais".

Para João Rui Ferreira, presidente da APCOR, disso resulta que, em agosto deste ano, as exportações de vedantes em cortiça se situassem na ordem dos 470 milhões de euros, o que representará um aumento de cerca de 4,5% relativamente ao período homólogo de 2016.

"Os consumidores de todo o mundo reconhecem que há uma ligação entre a cortiça e a qualidade do vinho e isso tem contribuído para uma melhor performance nas vendas", explicou, acrescentando que, "como a tendência mundial tem sido para se consumir menos e, em alternativa, se consumir melhor, estas são boas notícias para o universo do vinho, cuja 'premiunização' vai favorecer também o setor da cortiça".


Idêntica perspetiva têm os considerados "gurus do vinho" que hoje conduzem as conferências da APCOR: o norte-americano Mike Veseth, autor do "The Wine Economist", já distinguido como o melhor blog vínico do mundo, a também americana Rebecca Bleibaum, especialista em investigação sensorial e em estudos sobre hábitos de consumo, e a chinesa Dorian Tang, diretora executiva da empresa líder na importação e distribuição de vinhos na China.

Estes oradores aconselham o uso da cortiça, em concordância com as conclusões de vários estudos recentes desenvolvidos pela APCOR, como um em que a Universidade de Oxford demonstrou que o som da rolha natural ao libertar-se da garrafa aumenta em 15% a perceção do consumidor quanto à qualidade do vinho contido nesse recipiente.

Outra investigação concluiu que "beber vinho selado com cortiça aumenta o prazer do consumidor, que está disponível para pagar mais por um vinho assim vedado".

Esta posição tem-se revelado, aliás, transversal a diferentes mercados, de acordo com os resultados de inquéritos que, desenvolvidos por diferentes agentes, concluem que, tanto nos Estados Unidos como na China, por exemplo, 97% dos consumidores acredita que as rolhas de cortiça são "um sinal da alta ou muito alta qualidade do vinho".

Confiantes nessa perceção, os produtores têm apostado mais no vedante natural: sete em cada dez garrafas de vinho são vedadas com rolha de cortiça, "mantendo todas as suas qualidades intactas durante séculos", 95% do 'Top 100' dos vinhos mais vendidos na China estão selados com esse produto natural e 95% do 'Top 100' dos melhores vinhos avaliados pela revista Wine Spectator também apostam nesse vedante.

Essa preferência reflete-se também no que a APCOR descreve como "a melhor performance económica" dos vinhos em garrafa com cortiça, tanto ao nível dos preços individuais como do volume global de vendas.

No primeiro caso, uma garrafa com rolha natural em espaços de hotelaria e restauração pode chegar a custar mais sete dólares do que uma que exiba vedante sintético. No Reino Unido esse diferencial será de dois dólares, em Espanha de 2,61, nos Estados Unidos 3,87 e na China 5,15.

Já quanto a volume de negócios, a APCOR realça que, só no mercado americano, as caixas de vinhos com rolha de cortiça registaram entre 2010 e 2017 um aumento de 43% nas vendas, enquanto o crescimento dos que utilizam vedantes artificiais se ficou pelos 16%.

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