sábado, 11 de novembro de 2017

Seca: Autarcas e agricultores do Alto Alentejo insistem no avanço da Barragem do Pisão


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Autarcas e agricultores do Alto Alentejo retomaram hoje a exigência de construção da Barragem do Pisão, no Crato, projeto hidroagrícola reivindicado há dezenas anos, com forma de resolver os problemas de falta de água na zona.

A barragem já foi anunciada por três primeiros-ministros, Mário Soares, António Guterres e Durão Barroso, mas continua por construir perto da pequena aldeia do Pisão, no concelho do Crato, distrito de Portalegre.

O presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, disse hoje à agência Lusa ter solicitado recentemente audiências aos ministérios da Agricultura e do Ambiente para "sensibilizar" o Governo para a necessidade de ser concretizado o projeto hidroagrícola.

A tomada de posição do autarca socialista do Crato surge na sequência de "algum desagrado" ao observar que o Orçamento do Estado para 2018 não contempla "rigorosamente nada" para a construção da Barragem do Pisão, que também não faz parte do Plano Nacional de Barragens.

Para Joaquim Diogo, este projeto hidroagrícola, além de permitir o abastecimento público de água, poderia ser a "grande alavanca" para a "mudança de paradigma" do concelho do Crato, mas também de toda uma região que sairia beneficiada.

"Iríamos ter aqui uma vertente agrícola que podíamos explorar, bem como indústrias de transformação de produtos que fossem cultivados no regadio e outro tipo de indústria que necessite da água como fonte fundamental para a sua atividade, além da vertente turística", disse.

O autarca lembrou que a albufeira já foi "assumida" pela empresa Águas de Portugal como um projeto "fundamental" para o abastecimento público de água.

Contactado hoje pela Lusa, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) e também presidente da Câmara de Campo Maior, o socialista Ricardo Pinheiro, afirmou que o projeto hidroagrícola do Pisão deve ser encarado como "uma questão prioritária" e um "investimento estratégico" para o Alto Alentejo.

"Ao Alto Alentejo já lhe foi tirado tudo, era o que mais faltava, numa altura profunda de alterações climáticas, nós não termos acesso sequer à água em condições para ser fornecida às populações. Este é o grande ponto de ordem", defendeu.

"Aquilo que é necessário fazer, para já, é sensibilizar os ministros do Ambiente, da Agricultura e do Planeamento e Infraestruturas de que este investimento é estratégico para poder garantir o abastecimento de água às populações, além da sua importância na vertente agrícola", acrescentou.

A presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP), Fermelinda Carvalho, também defendeu a construção da Barragem do Pisão, numa altura em que a região está a passar por um "momento terrível" devido à seca.

"Esta barragem mudaria a agricultura na região, permitiria fazer outro tipo de culturas e melhorar a produção e a rentabilidade", explicou.

Em junho de 2013, os autarcas dos 15 concelhos do distrito de Portalegre sugeriram ao Governo que tomasse as "medidas necessárias" para angariar verbas provenientes de fundos comunitários para que a obra avançasse.

O último projeto desenvolvido para a construção da barragem, em 2013, segundo a CIMAA, previa que a albufeira abrangesse uma área de 3.200 hectares, com as componentes de abastecimento público de água e de regadio, mas obrigaria à submersão da pequena aldeia do Pisão, com cerca de 100 habitantes.

O projeto apontava para uma capacidade de armazenamento de 100 milhões de metros cúbicos de água e o perímetro de rega poderia beneficiar cerca de nove mil hectares dos concelhos do Crato, Alter do Chão, Fronteira, Portalegre e Avis.

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