sábado, 17 de março de 2018

Recolha de embalagens usadas de fitofarmacêuticos desce em 2017 devido a mau agrícola


A quantidade de embalagens de produtos fitofarmacêuticos usados na agricultura, consideradas resíduos perigosos e direcionadas para pontos de recolha adequados, desceu em 2017, devido ao mau ano agrícola, disse hoje o diretor-geral da entidade gestora desses materiais.

Apesar deste decréscimo, de 7,1% relativamente a 2016, o diretor-geral da Valorfito considera que o ano "correu bastante bem", pois 2017 "foi um ano agrícola muito complicado, devido às condições climatéricas". A taxa de retoma "ficou ainda ligeiramente acima de 50%", nos 50,2%, contra 52,3% um ano antes.

"Assistimos a um consumo mais reduzido e, portanto, a uma menor retoma em termos de quantidades" de embalagens de produtos fitofarmacêuticos, usados contra insetos ou ervas, explicou à agência Lusa António Lopes Dias.

Para se obter a taxa de retoma, é feita a comparação entre a quantidade de embalagens usadas recolhidas nos quase mil pontos do continente e regiões autónomas e a quantidade que as empresas declaram ter colocado no mercado, o que não é necessariamente o que foi consumido pelos agricultores.

"Estamos convencidos que cada vez mais as consciências estão viradas para a necessidade de se desenvolverem boas práticas e certamente que esta redução não teve a ver com a menor consciencialização, mas com o menor consumo", resumiu o diretor-geral da entidade gestora.

A taxa de retoma das embalagens dos produtos fitofarmacêuticos é mais elevada nas regiões em que a agricultura regista "um maior profissionalismo, é mais empresarial", como no Ribatejo e Alentejo, referiu o responsável.

Ao contrário, na agricultura caracterizada pelo minifúndio, mais tradicional, principalmente no norte e interior, "ainda há caminho a percorrer", por isso, estão previstas iniciativas este ano para aumentar a sensibilização dos agricultores dessas regiões, como uma campanha em colaboração com as autarquias.

Está também a ser realizado um estudo com a Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa com uma análise das embalagens retomadas para verificar se, depois da tripla lavagem recomendada, aquelas de plástico rígido, ainda têm resíduos perigosos ou se não e podem ser "despenalizadas", ou seja, reclassificadas.

Em 2017, foi declarado um total de 712,8 toneladas destas embalagens, menos que as 735 toneladas de 2016.

Foram recolhidas 357,3 toneladas de embalagens de fitofarmacêuticos, em 2017, quando um ano antes tinham sido atingidas 384,7 toneladas.

O objetivo da Valorfito é atingir 60% de embalagens retomadas em 2020.

O plástico rígido, de alta densidade, é o material que domina estas embalagens, com cerca de 75% do total, a que se juntam papel e cartão e materiais mistos.

Aquele plástico é triturado e descontaminado e depois reciclado e dá origem a objetos ou equipamentos, que não tenham uma função relacionada com alimentos, como é o exemplo de tubagens de rega de alta densidade. O que não é reciclado, é incinerado com aproveitamento energético.

A licença de atividade da Valorfito foi renovada, entrando em vigor em janeiro e passando a abranger todas as embalagens de produtos fitofarmacêuticos (antes era só para embalagens até 250 litros), assim como as de sementes de uso profissional e os biocidas, normalmente usados nas desparasitações nas cidades e zonas industriais.

Outras embalagens, como aquelas dos fertilizantes, ainda não são abrangidas, como pretendia a Valorfito.

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