terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Câmara de Viseu promove programa destinado ao sector agrícola

10-02-2015 
 
A Câmara de Viseu vai executar um programa destinado ao sector agrícola que assenta nas parcerias, de forma a valorizar os produtos da terra e a melhorar a vida nas aldeias, anunciou o seu presidente, Almeida Henriques.

O programa Viseu Rural esteve a ser discutido na reunião do Conselho Estratégico de Viseu e será levado à próxima Assembleia Municipal, no final do mês. «É um programa criado e desenvolvido com a totalidade dos agentes no terreno, desde a Estação Agrária até à Comissão Vitivinícola Regional do Dão, envolvendo inúmeras personalidades ligadas ao sector agrícola, no sentido de conseguirmos criar uma plataforma, uma rede, uma parceria para as questões rurais», explicou o autarca aos jornalistas, no final da reunião.

Segundo Almeida Henriques, com este programa, «Viseu, sendo um concelho eminentemente urbano, assume aqui também a sua ruralidade», ficando «bem preparado para este ciclo de fundos comunitários que agora começa».

«Não pretendemos substituir-nos nem às entidades, nem ao Governo. Mas a verdade é que hoje não há estruturas de proximidade que nos dêem garantias de um bom andamento do sector agrícola, porque a própria forma como o Estado se organiza tem vindo a esvaziar um bocado os territórios», considerou o antigo secretário de Estado da Economia.

Na sua opinião, têm de ser aproveitadas as parcerias, nomeadamente com a Comissão Vitivinícola do Dão, a Estação Agrária e a Escola Superior Agrária em Viseu, ou seja, «um conjunto de instrumentos que, se forem bem potenciados», podem «puxar pela agricultura» e aliciar jovens a fixarem-se na região com projectos agrícolas.

Aproveitar alguns edifícios que existem na área rural para promover a incubação de empresas, colocar nalguns desses espaços «alfaias agrícolas para ajudar jovens agricultores a fixarem-se» e facilitar o financiamento são algumas medidas defendidas com vista à «criação de uma dinâmica económica nas freguesias rurais».

Almeida Henriques explicou que «o município assume um compromisso de criar um fundo de microcrédito que vai ter duas linhas», uma virada para a agricultura e outra para a dinamização do centro histórico, à qual serão alocados cem mil euros de capital da autarquia.

O mercado municipal tem também um papel importante nesta estratégia, «para fazer a aproximação entre os produtores e os consumidores», referiu.

«Equacionamos a possibilidade de uma parte do mercado vir a ter uma mini-incubadora para podermos acolher projectos que visem esta aproximação entre quem produz e quem consome», acrescentou.

Fonte: Lusa

Portas realça «contributo extraordinário» da agricultura para exportações

O vice primeiro-ministro disse hoje, em Santarém, que as exportações portuguesas "continuam a subir em tempo de crescimento" e sublinhou o "contributo extraordinário" do setor agroalimentar para a sua subida em 2014, "o melhor ano de sempre".

Paulo Portas encerrou hoje a primeira de 17 sessões que a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) vai realizar em todo o país para divulgar junto das organizações de agricultores o novo regime forfetário do IVA, que permitirá a dedução de uma percentagem do IVA pago pelos fatores de produção aos produtores com um volume de negócios anual não superior a 10.000 euros.
"Ao contrário do que alguns pensavam, as exportações continuam a subir em tempo de crescimento. É evidente que quanto mais se cresce mais difícil é continuar a subir, mas a verdade é que as exportações portuguesas voltaram a crescer em 2014", que foi "o melhor ano de sempre" com o setor agroalimentar a ter um "contributo extraordinário", à roda dos 10%, declarou.
Para Paulo Portas, este crescimento "é fantástico, é uma proeza das empresas agroalimentares portuguesas".
O vice-primeiro ministro realçou o trabalho que tem vindo a desenvolver com a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, em relação aos mercados externos, afirmando que, nos últimos anos, foram abertos "70 mercados novos para mais de 120 produtos nacionais".
"Isto significa apoiar marcas, apoiar produtos e apoiar empresas que foram durante os tempos mais duros, durante a recessão, os únicos que davam uma 'luz' no horizonte, porque as exportações já estavam a subir nessa altura", afirmou.
Frisando que acreditar no mundo rural "não é uma questão de moda", de "fashion", Paulo Portas recordou que esta é uma temática que há muito lhe é cara e que foi assumida por este Governo como uma prioridade.

Como exemplos apontou o grau de execução do PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), que foi de 93% em 2014, "acima da média da União Europeia", fazendo com que Portugal passasse de "país que desperdiçava a país que investe maciçamente" num setor em que um euro de fundos públicos representa mais seis euros de investimento privado.
Apontou ainda o processo de negociação do novo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), que conseguiu "proteger os agricultores portugueses" de um rateio que era desfavorável ao país e declarou o seu "orgulho" por Portugal estar "à cabeça" na apresentação de candidaturas.
Antes, o presidente da CAP, João Machado, saudou o facto de, finalmente, Portugal se ter juntado ao conjunto de países que já aplicam um regime que é mais favorável aos agricultores.
João Machado referiu a "luta muito longa" da CAP junto dos vários Governos e o facto de, mesmo depois da condenação de Portugal por um tribunal europeu por não estar a cumprir uma imposição comunitária, não ter sido simples "colocar justiça fiscal nos que não podiam deduzir o IVA".

Dinheiro Digital com Lusa

Quatro vinotecas portuguesas em lista das mais incríveis da Península


09 Fev 2015 < Início < Notícias

O site Vinopack.com elabora uma lista das vinotecas mais incríveis de Espanha e Portugal. O artigo pretende enumerar as mais "fabulosas enotecas representantes do legado histórico vinícola".

São quatro as vinotecas portuguesas distinguidas: O "Chafariz do Vinho", a The Old Pharmacy e a Vestigius, em Lisboa e a Herdade do Esporão, no Alentejo.

Fica aqui a lista completa:
1. Lisboa - "Chafariz do Vinho"
2. Madrid - Vinopremier
3. Barcelona - Barcelona Girona Wine & Food Lifestyle Street Photography
4. Barcelona - Archilovers
5. Madrid - Posada del León de Oro
6.  Corunha - De Market
7. Alentejo - Herdade do Esporão
8. Lisboa "The Old Pharmacy Wine Inn", la vinoteca ubicada en una farmacia de más de 100 años de antigüedad, conserva la decoración original. Donde los frascos de cerámica de ungüentos y lociones fueron sustituidas por botellas de vino en los gabinetes de puertas de cristal. Las mesas están hechas con antiguos barriles de vino. Los empresarios y hermanos Ajay y Vijay Diwan, son los ideadores del proyecto de transformación.
9. Lisboa - Vestigius
10 -Valladolid - vinoteca del Hotel Abadía Retuerta LeDomaine
11. Barcelona - La Vinoteca Torres
12. Valencia - Bodegas Vegamar
 
 
Fonte: Revista de Vinhos

Milhares de agricultores poderão beneficiar de novo regime de IVA, diz Núncio

Cerca de 130.000 agricultores que por serem isentos não podiam deduzir o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) pago na compra de fatores de produção vão poder beneficiar do regime forfetário deste imposto hoje anunciado em Santarém.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, disse, numa sessão para divulgação do novo regime promovida em Santarém pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que os pequenos agricultores que aderirem passam a poder beneficiar de uma compensação correspondente a 6% do total das suas vendas até um montante de 600 euros anuais.

"Com esta medida, os agricultores com explorações de menor dimensão [com um volume de negócios anual até 10.000 euros] poderão contar com um importante contributo na redução dos seus custos de produção e, consequentemente, com um aumento do seu rendimento disponível", afirmou.
A medida, que foi trabalhada entre os ministérios das Finanças e da Agricultura, resulta de uma imposição comunitária, sendo Portugal o 18.º país a aplicar o regime.
Paulo Núncio referiu a "forma simples e sem acréscimo de custos" adotada, permitindo que o valor seja calculado automaticamente com base nas faturas comunicadas e que o pedido de compensação seja completamente pré preenchido pela administração fiscal.

O secretário de Estado destacou o regime mais favorável de que o setor beneficia, tanto em termos de IVA como de IRS, imposto em que o rendimento até 22.600 euros está excluído de tributação, o que, frisou, "não se aplica a mais nenhum setor de atividade".

Paulo Núncio referiu ainda o regime simplificado de tributação em IRS "muito atrativo" para os agricultores que têm um rendimento entre 22.600 e 200.000 euros e que permite uma redução da tributação efetiva ao considerar apenas 25% do valor da venda de produtos agrícolas e de 10% dos subsídios destinados à exploração para efeitos de IRS.

Em matéria de IVA, referiu a manutenção da taxa reduzida de 6% para as transmissões de bens agrícolas e para a prestação de bens e serviços e da taxa intermédia de 13% para o vinho, o gasóleo agrícola e as alfaias e máquinas agrícolas, além de um regime mais favorável para a comunicação de faturas e de documentos de transporte de produtos agrícolas.
Dinheiro Digital com Lusa

Prepare-se para uma noite muito fria


     
10/02/2015 08:23:58 350 Visitas   

Shutterstock
Prepare-se para uma noite muito fria

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê para hoje na região norte do continente céu pouco nublado ou limpo, aumentando de nebulosidade por nuvens altas a partir da tarde, vento em geral fraco de leste, soprando moderado nas terras altas até ao fim da manhã, acentuado arrefecimento nocturno com formação de geada nas regiões do interior e pequena subida da temperatura mínima.

No centro prevê-se céu pouco nublado, tornando-se gradualmente muito nublado a partir do meio da manhã, aguaceiros fracos em especial no litoral a partir da tarde, vento fraco a moderado do quadrante leste, soprando moderado a forte nas terras altas, acentuado arrefecimento nocturno com formação de geada nas regiões do interior, pequena subida da temperatura mínima e descida da máxima.

No sul prevê-se céu geralmente muito nublado, aguaceiros, mais frequentes e intensos no litoral, onde poderão ser por vezes acompanhados de trovoada, vento moderado do quadrante leste, soprando moderado a forte, com rajadas da ordem de 50 quilómetros por hora no Algarve e nas terras altas, acentuado arrefecimento nocturno com formação de geada nas regiões do interior, pequena subida da temperatura mínima e descida da máxima.

Em Lisboa as temperaturas vão variar entre 6 e 12 graus Celsius, no Porto entre 5 e 16, em Vila Real e em Bragança entre -1 e 10, em Viseu entre 2 e 11, na Guarda entre 0 e 5, em Portalegre e Castelo Branco entre 2 e 12, em Évora entre 3 e 13, em Beja entre 5 e 13 e em Faro entre 10 e 13.

Faro sob aviso amarelo devido à agitação marítima

O distrito de Faro está hoje sob aviso amarelo, o terceiro mais grave de uma escala de quatro, devido à previsão de agitação marítima, segundo o IPMA.

De acordo com o IPMA, o distrito de Faro está sob aviso amarelo desde as 03:00 e até às 15:00 de hoje devido à previsão de agitação marítima com ondas de sueste com 2 a 2,5 metros.

O aviso amarelo é emitido pelo IPMA sempre que existe risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica.

Lusa/SOL

GREENING - ATUALIZAÇÃO DAS PERGUNTAS FREQUENTES


O IFAP, tendo como base a legislação comunitária já aprovada, disponibilizou anteriormente um conjunto de perguntas frequentes com o objetivo de facultar esclarecimentos sobre as regras das práticas agrícolas benéficas para o clima de ambiente - Greening.

Informamos que, nesta data, foi disponibilizado documento atualizado relativo às perguntas frequentes sobre o Greening, na página PAC 2014-2020 do Portal do IFAP. http://www.ifap.min-agricultura.pt/portal/page/portal/ifap_publico/GC_PAC1420_L/GC_PAC1420_FAQ

09-FEB-2015



Assunção Cristas enaltece crescimento do setor agroalimentar nos últimos anos


por Ana Rita Costa
9 de Fevereiro - 2015

A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, destacou esta semana, à margem de uma apresentação que decorreu no CNEMA, em Santarém, o aumento do valor acrescentado bruto (VAB) do setor agroalimentar após dez anos de queda.

 
De acordo com Assunção Cristas, o VAB do setor cresceu 9,8% em 2012 e 12% em 2013. Para além disso, "por cada empresa que fecha no país são criadas 6,7 novas empresas, um valor significativamente superior ao registado em outros setores em que essa relação é de uma para duas", indicou a responsável pela pasta da Agricultura e do Mar.

"Estamos a ter mais empresários agrícolas, de escalas diferentes, do mais pequeno ao maior. Basta olhar para o número recorde de instalações de jovens agricultores", afirmou no evento.

Danone e Mars criam fundo para ajudar pequenos agricultores


por Ana Rita Costa
9 de Fevereiro - 2015

As multinacionais Danone e Mars uniram esforços para criar um fundo de investimento internacional cujo objetivo será apoiar 200 000 pequenos agricultores e cerca de dois milhões de pessoas a impulsionar a sustentabilidade dos seus cultivos, segundo um comunicado divulgado pelas empresas.

 
Intitulada de Livelihoods 3F, esta iniciativa prevê investir cerca de 120 milhões de euros nos próximos dez anos para implementar projetos de sustentabilidade em África, Ásia e América Latina.

O fundo ajudará as empresas e pequenos agricultores a adquirir os materiais de que necessitam para produzir de forma mais sustentável. "Uma agricultura verdadeiramente sustentável só pode ser alcançada se formos capazes de desenvolver estratégias diferentes, combinando objetivos económicos, ambientais e sociais", explicou o presidente da Danone, Franck Riboud.

Victoria B. Mars, presidente da Mars, explicou ainda que a iniciativa fará prosperar as pequenas comunidades de agricultores.

Ministério da Agricultura publica lista de zonas agrícolas desfavorecidas


por Ana Rita Costa
9 de Fevereiro - 2015
São nove os distritos que integram a lista de zonas sujeitas a condicionantes naturais significativos. A lista foi publicada pelo Ministério da Agricultura, que indica ainda que 14 distritos estão classificados como zonas de montanha, no âmbito das áreas desfavorecidas agrícolas para receberem apoios comunitários.

 
No documento publicado pelo Ministério da Agricultura, os nove distritos com zonas, que não as de montanha, sujeitas a condicionantes naturais significativas, são Beja, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Portalegre, Santarém, Setúbal e Viseu, enquanto nas áreas com condicionantes específicas estão os distritos de Coimbra, Leiria e Santarém.

A classificação surge no âmbito do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), que prevê a atribuição de apoios ou majorações dos apoios a agricultores que trabalhem em zonas desfavorecidas.

Na definição destas áreas estão incluídas as zonas de montanha, as zonas sujeitas a condicionantes naturais significativas e outras zonas afetadas por condicionantes específicas.

Preço da carne de porco cai cerca de 20 por cento devido a embargo russo

09-02-2015 
 

 
Portugal não é exportador de carne de porco para a Rússia, mas nem por isso os produtores de suínos nacionais deixaram de sentir os efeitos do embargo às importações que o Governo de Moscovo decretou.

No ano passado, o preço pago à produção pela carne de porco caiu cerca de 20 por cento e há, por isso, explorações de suínos que enfrentam neste momento o risco de desaparecerem porque o encaixe financeiro gerado pelas vendas não cobre os custos associados à produção.

No início deste ano, a carcaça de porco médio estava a vender-se a cerca de 1,30 euros por quilo, para o caso dos produtores mais eficientes e cuja dimensão lhes garante uma margem de negociação mais forte perante os compradores. Mas havia, também, explorações que se viam obrigadas a vender a produção a valores próximos dos 1,25 euros por quilo.

Este nível de preços, que fica bem abaixo de uma média de 1,58 euros por quilo a que a carcaça se transaccionava no início de 2014, está abaixo da do valor médio do quinquénio, ao contrário do que aconteceu em 2013, quando as cotações estavam cerca de 25 cêntimos acima da média dos últimos cinco anos.

Simões Monteiro, secretário-geral da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), não tem dúvidas de que a situação presente fica a dever-se ao embargo russo às importações de produtos agro-alimentares. «O governo Putin decidiu fechar as portas… e isso acabou por destruir os preços», afirmou ao Público.

O responsável lembra que «a Europa é excedentária na produção de suínos e cerca de um quarto dos excedentes eram vendidos à Rússia». O embargo fez com que o balanço entre oferta e procura se desequilibrasse e isso teve impactos nos preços de comercialização, uma vez que a disponibilidade de carne no mercado interno aumentou de uma forma que era impossível acomodar. Por isso, «o mal não é só português, é de toda a Europa», afirma Simões Monteiro.

Os dados das mais conhecidas zonas de produção suína na Europa mostram claramente que os impactos do embargo russo são muito significativos. Em Espanha, o preço médio à produção caiu, entre Janeiro de 2014 e o início de 2015, cerca de 24 cêntimos, para 1,327 euros por quilo e em França recuou 18 cêntimos para 1,120 euros. Na Holanda, o recuo foi mais expressivo (36 cêntimos para 1,22 euros) e na Alemanha recuou 20 cêntimos para 1,320 euros por quilo.

«Todos estão a perder com esta situação. Até os produtores mais eficientes e de maior dimensão estão a ser afectados. O nível de preços da carne de porco está a fazer com que todos os dias surjam explorações postas à venda e outras em que os proprietários se dispõem a ceder o negócio apenas pelo valor da dívida que têm em carteira», refere o secretário-geral da federação.

O impacto só não é maior porque os custos das explorações também baixaram, em consequência da redução de preço das matérias-primas que estão na base da alimentação animal. Simões Monteiro lembra que no início da segunda metade da década passada, quando os Estados Unidos decidiram apostar na produção de etanol, retirando do mercado milhões de toneladas de milho, por exemplo, o preço da alimentação animal disparou, mas esse fenómeno foi sendo corrigido nos últimos anos. Sem isso, os impactos da queda do preço da carne seriam ainda mais significativos para a suinicultura portuguesa e as consequências teriam sido devastadoras.

Num contexto de crise agravada, o sector gostaria de ver algumas medidas postas em prática que repusessem os preços num patamar que garantisse sustentabilidade à produção. Apoios à manutenção privada de stocks seriam bem-vindos, mas Simões Monteiro está muito céptico em relação à possibilidade de que tal venha a acontecer. «Houve países que fizeram essa proposta, mas esbarraram nas regras da União Europeia, que impede as ajudas de Estado».

A crise de preços nos suínos em Portugal não tem paralelo nas outras produções de carne. O valor médio de preços do borrego, por exemplo, fechou 2014 com um ganho de cerca de seis por cento face ao período homólogo do ano anterior, de cerca de 4,42 euros por quilo, enquanto o do cabrito aumentou na ordem dos oito por cento para 5,20 euros por quilo. Já o valor dos novilhos fechou o ano passado em linha com o que se passava no final de 2013, perto dos 3,86 euros por quilo.

Fonte: Público

Municípios do Douro Superior articulam festejos das Amendoeiras em Flor

09-02-2015 

 
Três municípios de Bragança, os quais, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Moncorvo e um da Guarda, Foz Côa, estão a articular preparativos das suas festividades das "Amendoeiras em Flor", indicou a Associação de Municípios do Douro Superior (AMDS).

As festividades distribuem-se pela segunda metade de Fevereiro e por todo o mês de Março e a estratégia definida é que «nenhum município que integra a AMDS faça actividades, tidas como principais, num fim-de-semana pertencente a outros municípios vizinhos», especificou hoje o presidente da AMDS, Nuno Gonçalves.

Neste contexto, a AMDS está a preparar um cartaz festivo para as "Amendoeiras em Flor" em que cada uma das autarquias ajuda a promover as actividades dos restantes.

«De meados de Fevereiro até final de Março, haverá quatro fins de semana, em que cada concelho vai apostar forte na programação das festividades da Amendoeira em Flor», frisou.

Assim, os quatro municípios que integram a AMDS elaboraram fins-de-semana temáticos, para que cada um promova as suas actividades, onde cada município no decurso das suas festividades faz promoção ao concelho vizinho que se segue no cartaz.

Música, gastronomia, desporto, e diversos certames de produtos tradicionais são os ingredientes para a segunda quinzena de Fevereiro e todo o mês Março nos quatro concelhos do Douro Superior.

Em Vila Nova de Foz Côa, a Festa da Amendoeira em Flor e dos Patrimónios Mundiais decorre de 20 de Fevereiro a 08 de Março, prevendo-se espectáculos com músicos como Rita Guerra e Mickael Carreira.

Por Freixo de Espada à Cinta, a Feira Transfronteiriça Arribas do Douro e Águeda tem o seu ponto alto no fim-de-semana de 28 de Fevereiro e 01 de Março e é também dedicada a Espanha.

No fim-de-semana de 19 a 22 de Março, em Torre de Moncorvo é organizada uma Feira Medieval que decorre em conjunto com a feira de artesanato e produtos da terra e tasquinhas.

Mogadouro tem de 21 e 22 de Março o seu fim-de-semana dedicados aos certame e que conta com a prova de atletismo a contar para o Campeonato Nacional de Montanha "Trilhos de Mogadouro", entre outras iniciativas. «Cada município terá igualmente o seu próprio cartaz de festas, de forma mais minimalista», concluiu.

Fonte: Lusa

Negociações sobre alterações climáticas começaram com 195 países

09-02-2015 
 

 
Representantes de 195 países começaram ontem, em Genebra, na Suíça, uma nova ronda de negociações para elaborar um texto base de negociação para um acordo global de luta contra as alterações climáticas.

No final do ano passado, em Lima, capital do Peru, os responsáveis governamentais de todo o mundo reuniram-se para chegar a consensos nos objectivos e compromissos de redução dos gases com efeito de estufa, de modo a evitar as alterações climáticas e os fenómenos extremos, tendo produzido um texto de 38 páginas com as intenções de cada país e o que esperam das negociações.

Em Genebra, começou uma nova reunião com o objectivo de reduzir esse texto a um documento mais resumido que sirva de base para a negociação de um acordo mundial de redução de emissões, mais ambicioso, e que substitua o Protocolo de Quioto.

Fonte: Diáriodigital; Lusa

Negociações com os Estados Unidos em debate em Bruxelas



 
A directora-geral adjunta da Comissão Europeia, Monique Pariat, na reunião com os representantes das organizações membros do Copa-Cogeca, em que participou a Engenheira Maria Antónia Figueiredo, Vice-Presidente da COGECA e Isabel Basto, Representante Permanente em Bruxelas, referiu que a Comissão não pretende reduzir as normas agro-alimentares comunitárias para a carne tratada com hormonas de crescimento durante as negociações de livre comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos da América.



Esta mudança surge após as organizações do COPA-COGECA, terem solicitado à Comissão Europeia para manterem os elevados padrões da produção da União Europeia (UE) ao longo das negociações. Também é importante apresentar propostas na oitava ronda de negociações. A burocracia e questões logísticas nas exportações de produtos para os Estados Unidos da América (EUA) é uma grande preocupação para as organizações, como por exemplo, as regras de rotulagem e as despesas de transporte.

Para o COPA-COGECA há que terminar com as barreiras tarifárias e transportes dispendiosos dando origem a maiores ganhos para ambos os lados, adiantando que em conjunto com a indústria agro-alimentar da UE elaboraram um relatório que apresenta uma lista com os obstáculos necessários a retirar, como o processo de pré-autorização para as frutas e hortícolas que podem entrar no mercado norte-americano, por ser um sistema burocrático muito lento e demoroso que aumenta os custos dos produtores.

Os representantes das organizações consideram também impossível comercializar produtos que apresentam categorias distintas, como os queijos fabricados nos Estados Unidos à base de leite cru, devido, sobretudo, aos métodos de ensaio que não são os mesmos em ambos os lados do Atlântico.

Os queijos comunitários não têm acesso ao mercado norte-americano porque os rótulos são de diferentes formatos, tal como nenhuma carne da União Europeia, apesar da decisão das autoridades dos EUA para permitir importações nos últimos anos.  

Estas são questões que bloqueiam as exportações do bloco europeu para o norte-americano que devem ser superadas e a ter em conta no acordo. O sistema de origens geográficas que protegem os produtos europeus de qualidade de possíveis imitações também deve ser reconhecido.

Fonte: Copa-Cogeca

Clientes estrangeiros pressionam produtores de frutas e legumes a aumentar produção

Ana Rute Silva (em Berlim) 08/02/2015 - 12:24 

Portugal depende da importação de alimentos para se abastecer, mas para as empresas a prioridade é o comércio internacional. Em 2015, há quem tenha planos para quintuplicar a área agrícola.
 
Portugal continua a importar mais produtos hortícolas do que os que exporta NFACTOS/FERNANDO VELUDO 

Os produtores de frutas e legumes vão aumentar as áreas de produção em 2015 para responder aos pedidos de clientes estrangeiros. A expansão do terreno para cultivo chega, em alguns casos, a quintuplicar e há planos de investimento na produção de mirtilo, cebola, alhos ou uvas. Apesar de Portugal depender do estrangeiro para se abastecer de produtos agrícolas e alimentares, por esta altura, a prioridade das empresas é mesmo exportar.

 "Este ano queremos aumentar a organização de produtores em área. Neste momento temos 50 hectares e devemos chegar aos 250. O objectivo é ter 300 hectares de produção em 2016, já com novas variedades para responder às necessidades de exportação", diz Mário Rodrigues, director da Frutalmente, que junta nove produtores e factura 3,5 milhões de euros. Apenas 5% da produção é vendida ao estrangeiro (na maioria figo fresco) e a intenção é captar novos clientes. A Frutalmente está, por isso, a apostar em produtos que conseguem ser colhidos ao longo de todo o ano e variedades selecionadas apenas para exportar, como a uva red globe ou sem grainha.

Os planos do gigante norte-americano Driscoll's, maior produtor mundial de frutos vermelhos, também são ambiciosos. Tem uma estratégia de expansão para os próximos cinco anos que, nas palavras de Nuno Simões, responsável pelo negócio no Sul da Europa, "vai afirmar o país como uma das principais unidades de negócio". Cerca de um terço das framboesas produzidas em Espanha, Marrocos e Portugal vêm do território nacional e a intenção é fazer do país "uma das geografias mais relevantes também no mirtilo".

Assim, a multinacional americana  - que detém 25% da Lusomorango, uma organização de produtores de pequenos frutos - quer aumentar a área dedicada a este fruto dos actuais 30 hectares para 60 hectares. O valor do investimento varia, mas pode chegar aos 30 mil euros por hectare. Uma vez mais, a fruta abastece sobretudo o estrangeiro (Norte da Europa). A empresa factura 35 milhões de euros e contribuiu, segundo Nuno Simões, com 50 milhões de euros para as exportações nacionais, valor que inclui não só as vendas da Lusomorango, como as restantes parcerias que a multinacional tem em Portugal.


Outro gigante da agricultura, a Vitacress, tem planos para aumentar em 50% a área agrícola nas ervas aromáticas produzidas em estufa. Luís Mesquitas Dias, director-geral, sublinha que o investimento servirá para responder aos pedidos de clientes estrangeiros já que, em Portugal, o produto sem sido desvalorizado pelos consumidores, habituados a receber de graça salsa e coentros nos mercados tradicionais.

Também para Carlos Ferreira, responsável pela Hortomelão, o maior produtor de melões da Península Ibérica, 2015 será um ano de aumento de área agrícola, entre 5 a 6%. "É para responder a um pedido de um cliente. Temos contratos feitos", adiantou ao PÚBLICO, durante a Fruit Logistica. A organização, com 40 produtores e uma facturação de 13,5 milhões, exporta 30% do que produz, mas não quer "vender a toda a gente". "A ideia é crescer na exportação com novos clientes e mercados novos", sublinha.

Resta saber se os vários investimentos programados terão impacto no número de explorações que existem em Portugal e na área agrícola utilizada. Em 2013, havia 264.419 explorações, menos 4% em comparação com 2007. Já a superfície utilizada para produzir cresceu 5% no mesmo período para 3,6 milhões de hectares, segundo os dados publicados pela Pordata.

Dependência alimentar
Esta semana na Fruit Logistica, em Berlim, onde o mundo se abastece de fruta e legumes, as empresas portuguesas quiseram mostrar que já possuem capacidade de produção para responder aos pedidos de quantidade e qualidade. As atenções viram-se para fora de portas: os portugueses travaram a fundo nos gastos, mesmo em produtos alimentares, e os preços esmagados no retalho tornaram o negócio no mercado interno menos atractivo. Além disso, desta forma, diversifica-se o risco, ganha-se dimensão e há cada vez mais organizações a apostar na produção directa no estrangeiro, para conseguir vender frutas durante o ano inteiro.

Cá dentro, a realidade é outra. Nas prateleiras dos supermercados há produtos frescos de concorrentes europeus e, apesar dos esforços de comunicação e dos cartazes junto das bancas de legumes com a bandeira nacional, os portugueses continuam a queixar-se da abundância de fruta estrangeira.

Os dados disponíveis do INE para o ano completo de 2013 mostram que Portugal agravou a sua dependência alimentar. O saldo da balança comercial de produtos agrícolas e agro-alimentares piorou 39 milhões de euros face a 2012. Já em 2014, entre Janeiro e Novembro – e considerando apenas as frutas e legumes – regista-se uma melhoria, com as importações a somarem pouco mais de mil milhões de euros, uma redução de 3,7% em comparação com 2013. As exportações aumentaram para 996 milhões de euros, o que significa que compramos quase tanto ao exterior como vendemos.

Portugal com negócios estimados acima dos 100 milhões euros na maior feira mundial de frutas e legumes



"As perspectivas de negócio projectam já um aumento significativo de produção, podendo duplicar o volume de negócios para 2016, ultrapassando meio milhão de euros", afirmou
Cerca de 40 empresas portuguesas de frutas e legumes terminaram hoje em Berlim a sua participação na maior feira do mundo do sector, com estimativas de negócios superiores a 100 milhões de euros.

Os empresários disseram à agência Lusa que as intenções de negócios ultrapassaram os 100 milhões de euros, de clientes de países não só da Europa (Reino Unido, Noruega, Suécia, Áustria, França, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Noruega, Polónia, Irlanda, leste europeu), mas também do Brasil, Colômbia, Perú, Chipre, África do Sul, Argélia, Marrocos, Senegal, China, Rússia, Dubai, Irão, Índia, Bangladesh, Israel, Egipto d África do Sul.

"É a rampa de lançamento para o caminho que estamos a delinear para atingir, em 2020, os dois mil milhões de euros de exportações", afirmou Manuel Évora, presidente da Portugal Fresh (Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores), no fim do certame, na capital alemã.

Portugal, que este ano foi parceiro da organização, alcançou, segundo o dirigente, uma elevada notoriedade, não só com acções de promoção antes e durante a feira, mas também com contactos junto das empresas, no certame.

"O país que mais procurou as empresas portuguesas neste certame foi a Alemanha e isso é espectacular. Tínhamos uma exportação de 3% para o país, com cerca de 20 milhões facturados, e podemos vir a triplicar", disse.

A procura "surpreendente" por países como o Perú, onde os produtos portugueses não conseguem ainda chegar por barreiras fitossanitárias existentes, leva o setor a fazer "pressão" junto do Governo, para que, em termos diplomáticos, possam ser ultrapassadas.

A abertura de novos mercados é considerada uma necessidade, numa altura em que oito mil toneladas de frutas e legumes deixaram de ser exportadas para a Rússia, devido ao embargo aos produtos da União Europeia.

É o caso de uma empresa de Alcobaça, que fechou um negócio de 100 mil euros para exportar, em três meses, mil toneladas de pera rocha para a Índia, tornando-se o primeiro produtor a comercializar a fruta portuguesa em quantidade naquele país.

"Foi um negócio que não foi realizado à custa da participação na feira, mas foi concretizado na feira com clientes que convidámos a vieram visitar-nos. O desenlace das negociações foi muito positivo e, se tudo correr bem, daqui a cerca de nove meses, a pera rocha será consumida em quantidade considerável na Índia", afirmou à agência Lusa o director Bernardo Petters, cuja empresa fatura 3,5 milhões de euros por ano.

Igualmente satisfeito com a primeira participação na maior feira do mundo do setor, Ricardo Lopes, de uma empresa de produção de cogumelos e frutos silvestres da Maia, espera concretizar mais meio milhão de euros em exportações, o equivalente ao volume total de negócios que estima para este ano.

"As perspectivas de negócio projectam já um aumento significativo de produção, podendo duplicar o volume de negócios para 2016, ultrapassando meio milhão de euros", afirmou.

A maior empresa de capitais nacionais de produção de frutos vermelhos, oriunda de Guimarães, esteve este ano pela primeira vez no certame e foi "chegar e vencer" para escoar a produção de 500 toneladas.

"O nosso objectivo de que 30% da nossa produção para 2015 fosse para novos mercados foi atingido. São cerca de 150 toneladas", afirmou a administradora Fernanda Machado, acrescentando que os "contratos alinhavados estão praticamente fechados".

O fator diferenciador dos produtos portugueses, no que ao sabor, qualidade, calibre e cor diz respeito, permitem à empresa posicionar-se bem nos mercados externos e ambicionar atingir as 2500 toneladas nos próximos quatro anos.

Curso " Pastagens Permanentes de Sequeiro"

Vai realizar de 12 a 14 de março o curso " Pastagens Permanentes de Sequeiro" com as seguintes entidades parceiras:

ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE ELVAS
POLO DE ELVAS DO INIAV
SOCIEDADE PORTUGUESA DE PASTAGENS E FORRAGENS
ENGº DAVID CRESPO

INFORMAÇÃO GERAL DO CURSO:

Duração do curso: 12 a 14 de mar.2015

Regime Horário: Laboral 

Preço do curso:   40,00 €

Número de horas:25h

Objectivos do curso: Reconhecer a importância das pastagens no contexto da agricultura portuguesa e a nível mundial; - identificar as principais vantagens e condicionantes da produção de pastagens, incluindo as decorrentes da PAC; - identificar as principais espécies botânicas com aptidão pratense; - saber instalar e gerir globalmente uma pastagem visando a sua persistência; - associar, à utilização de uma pastagem, infraestruturas como cercas, bebedouros e comedouros

Conteúdo Programático: 1 – Introdução; 2 - Contexto das pastagens em Portugal; 3 - Flora e vegetação pratense; 4 - Espécies para diferentes condicionalismos edafoclimáticos ; 5 - Instalação de pastagens; 6 - Maneio das pastagens permanentes de sequeiro; 7 - Infraestruturas fundiárias; 8 - Visita de campo

Destinatários: Produtores e técnicos de agro-pecuária

Para mais informações:
Pode saber mais sobre nós e sobre a nossa formação na nossa página web:
 

Presidente da República confirma presença no X Congresso de Milho para debater futuro da fileira


 
É já no próximo dia 11, quarta-feira, que Cavaco Silva, o Presidente da República, participa no X Congresso Nacional do Milho, que tem lugar no Hotel Altis, em Lisboa. Uma presença que se faz notar pela primeira vez neste encontro, que reúne os produtores e entidades ligadas ao sector que representa a cultura arvense com maior expressão em Portugal e que ocupa, atualmente, uma área que ronda os 140.00 hectares.
 
 
Nos últimos anos muitos têm sido os momentos em que, oportunamente, Cavaco Silva se pronuncia sobre questões ligadas à agricultura. Em 2011 referiu ser da maior importância que os decisores políticos atribuíssem uma forte prioridade ao aumento da produção agrícola e sugeriu a criação de um espaço de diálogo permanente entre jovens agricultores e Governo.

Em 2012 a mensagem passou por afirmar que o país precisa de "ultrapassar estigmas" e voltar a olhar para os setores que esqueceu nas últimas décadas: o mar, a agricultura e a indústria.

Um ano passou as comemorações do feriado de 10 de junho foram marcadas por um discurso focado na agricultura. O Presidente da República lembrou que, apesar do número de agricultores ser, há 30 anos, muito superior ao atual, a produtividade da terra terá crescido 22% e a produtividade do trabalho agrícola aumentado 180%.

Já em 2014 desafiou os jovens a tentarem uma "experiência na agricultura" como alternativa ao desemprego e à emigração, salientando que a agricultura pode mesmo ajudar Portugal a ter uma recuperação económica mais rápida.

"Este ano esperamos que o X Congresso do Milho constitua uma boa oportunidade para o Senhor Presidente da República ouvir as principais preocupações dos produtores nacionais de milho, que nos últimos anos têm levado a cabo um elevado esforço de investimento que se tem traduzido no aumento do nosso grau de auto-aprovisionamento em milho e na instalação desta cultura nas novas áreas de regadio que vão surgindo, entre as quais se destaca o Alqueva", refere Luis Vasconcellos e Souza, Presidente da Anpromis – Associação Nacional de produtores de Milho e Sorgo.

"Os novos desafios que se colocam à agricultura mundial" e "a agricultura de precisão, enquanto fator de competitividade" são dois dos temas centrais do X Congresso Nacional do Milho que reúne em Lisboa cerca de 600 produtores e especialistas do sector Agrícola para debater aquele que é a maior cultura arvense regadio semeada no nosso país.

Com a participação do representante da FAO em Lisboa, a ANPROMIS promove mais uma edição daquele que é já considerado o principal fórum de discussão em torna da agricultura de regadio.

Luís Campos e Cunha, ex-Ministro das Finanças, será o responsável pela animação do almoço debate de dia 11, no qual estará em discussão "O futuro de Portugal e o sistema político".

O segundo dia deste encontro conta com a representação do Governo Espanhol que, através do Secretario Geral do Ministério da Agricultura Espanhol, Carlos Cabanas Godino, trará a palco o debate em torno da "importância da agricultura de regadio no âmbito da nova Política Agrícola Comum". Nesta sessão poderemos conhecer, em primeira mão, quais as decisões nacionais tomadas pelos Governos português e espanhol, no âmbito da nova PAC.

Mais do que debater ideias e trocar experiências, este é um encontro que expressa as preocupações de todos aqueles que se movem no sector de produção de milho, constituindo assim uma oportunidade única no panorama agrícola nacional, para levar um conjunto de oradores nacionais e estrangeiros a discutir temas tão relevantes para nós como "a volatilidade dos mercados agrícolas" e a "semente enquanto factor de competitividade".

O X Congresso do Milho conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República Portuguesa, sendo que o encerramento estará a cargo de Assunção Cristas, Ministra da Agricultura e do Mar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Estalagem do Gado Bravo, em Vila Franca de Xira

Hoje, no Abandonados, a Estalagem do Gado Bravo, em Vila Franca de Xira. Um antigo hotel de quatro estrelas e restaurante que nasceu da ideia de dois empresários.

Serviu de ponto de encontro, de local de negócios e recebeu figuras importantes da política e das artes como Paul McCartney e a Rainha de Inglaterra.

Uma reportagem para ver mais logo no Jornal da Noite.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Aquacultura reclama igualdade fiscal com agricultura e pescas


Os aquacultores estão preocupados com o impacto da fiscalidade verde na sua atividade e queixam-se de discriminação fiscal face a outras atividades do setor primário, como a agricultura e as pescas.

O secretário-geral da Associação Portuguesa de Aquacultores (APA), Fernando Gonçalves, que foi esta semana à Assembleia da República apresentar as suas reivindicações, disse à Lusa que as alterações introduzidas com a fiscalidade verde representam um agravamento de 20% na taxa de recursos hídricos (TRH) para as aquaculturas que se localizem em zonas sensíveis e vulneráveis. 

"Como estamos todos localizados em zona hídricas vulneráveis e sensíveis, porque temos de estar ao pé de linhas de água, vamos ter um agravamento de 20% desta taxa" já em 2015, detalhou.

Em 2016 todos os valores base que compõem as diferentes componentes da TRH sofrerão um novo agravamento no seu preço, estimando-se um novo aumento de 20% nos custos.

O presidente da APA sugere, por isso, que os produtores que produzem menos de 100 toneladas anuais fiquem isentos da aplicação desta taxa, salientando que os impactos destas unidades sobre o meio hídrico são nulos, ou mesmo benéficos, pois "servem como filtros biológicos".

A APA contesta também que os produtores aquícolas não beneficiem de isenção do IVA na compra de embarcações e equipamentos, ao contrário do que acontece com a pesca.

"Hoje em dia, um pescador que queira comprar uma embarcação, que queira comprar redes ou coletes salva-vidas não paga o imposto. O fornecedor paga diretamente esse imposto do IVA ao Estado. Ou seja, o Estado não perde receitas, o pescador é que deixa de servir quase como um intermediário e deixa de estar a financiar o Estado", explicou Fernando Gonçalves.

O mesmo não acontece na aquacultura: "quando vamos comprar uma embarcação, arejadores, bombas, redes para pescar temos sempre de pagar o IVA a 23%", afirmou.

Outro dos problemas prende-se com o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI).

"Nós somos uma atividade primária que produz alimentos, tal como é a agricultura, tal como é a pecuária, tal como é a pesca. O problema é que enquanto estas atividades beneficiam de um regime de IMI rústico (mais barato), a aquacultura paga IMI urbano, embora as unidades aquícolas estejam implantadas em terrenos em que não é possível construir edificações para habitação".

Uma classificação "discriminatória" que "não faz sentido" para uma atividade primária como a aquacultura, frisou Fernando Gonçalves.
Dinheiro Digital com Lusa

Eucaliptos ganham terreno

     
Sónia Balasteiro Sónia Balasteiro | 05/02/2015 23:06:15 2626 Visitas   

DR
Eucaliptos ganham terreno

Quase dois mil hectares de eucaliptal novo foram plantados em território português no primeiro ano do Regime Jurídico de Arborização e Rearborização (RJAAR), o polémico 'simplex' para a floresta que entrou em vigor em 2013. Os dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) avançados ao SOL dão conta de mais 1.744 hectares de novas arborizações com eucalipto no período de um ano (Outubro de 2013 a Outubro de 2014). 

Se às novas arborizações com esta árvore originária da Austrália somarmos as rearborizações (ou seja, plantações com a mesma espécie), totalizam-se cerca de 16. 086 hectares de eucalipto plantado no país num ano - uma área quase idêntica à da ilha do Faial, nos Açores, ou a 16 mil estádios de futebol.

Neste primeiro ano, acrescenta o mesmo organismo, tanto o sobreiro como o pinheiro-manso ficaram bastante abaixo em termos de área, com um total, entre as duas espécies, de 6.100 hectares (3.900 de arborizações e rearborizações de sobreiro e 2.200 de pinheiro-manso) - ou seja, menos de metade da área plantada foi ocupada por espécies diferentes do exótico eucalipto que já é a espécie que ocupa mais área em Portugal.

Neste número, incluem-se, explica o ICNF, "as (re)arborizações realizadas com fundos dos proprietários e gestores florestais, as (re)arborizações efectuadas com apoios financeiros públicos e as realizadas no âmbito do ICNF". Traduzindo em percentagens, as acções "envolvendo espécies do género eucalyptus representam 52% da superfície total de arborizações e rearborizações efectuadas no âmbito do regime das arborizações".

João Pinho, do ICNF, explica estes resultados pelo facto de os eucaliptos serem "espécies cujos povoamentos florestais são regenerados por métodos artificiais, o que implica sempre a necessidade de autorização ou comunicação prévias". Em segundo lugar, diz o vice-presidente daquele organismo, "os eucaliptos são espécies cuja utilização em muitas situações necessitava de autorização ou comunicação prévia, estando os gestores florestais já habituados a cumprir este procedimento administrativo". Finalmente, assevera, a cultura dos eucaliptos, "para manter a sua rentabilidade, implica uma renovação periódica mais frequente dos povoamentos instalados".

Por isso, acrescenta João Pinho, "estas acções com eucalipto correspondem sobretudo a reflorestações em locais já ocupados com eucalipto". E nota que a área agora plantada representa apenas 0,21% da área total de eucaliptal já existente no país - 812 mil hectares, segundo os dados preliminares do 6.º Inventário Florestal nacional, de 2010. 

Empresas em risco

Domingos Patacho, da Quercus, sublinha, porém, que os dados do Inventário estão "desactualizados, pois foram reunidos há já cinco anos". Por isso, alerta, é "provável que a área de eucalipto seja agora bastante superior".

O especialista em florestas lamenta que, tendo em conta os dados disponíveis, "o Governo esteja a autorizar conversões de culturas para eucaliptos, o que aumenta as monoculturas e os riscos associados às mesmas e representa uma diminuição de área dedicada a outras árvores autóctones". Há, recorda, "imensas pequenas e médias empresas no país, como as serrações, que vivem da madeira de pinho".

Para João Pinho, do ICNF, a "aplicação da legislação de arborização vem exactamente na linha do que se verificava anteriormente, uma vez que eram sobretudo as acções de florestação com espécies de rápido crescimento (eucalipto) que exigiam a autorização". 

Este responsável considera que o actual regime "até é mais rigoroso neste aspecto, uma vez que sujeita a autorização muitas acções com estas espécies que antes não estavam".

Domingos Patacho salienta, por seu lado, que "há uma tendência de aumento" do eucaliptal plantado. Se nos dados for incluído o eucaliptal ilegal plantado no país, "a situação é preocupante, pois a área plantada subiria bastante". 

Segundo os dados do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, entre 2013 e 2014 foram detectados 381 eucaliptais ilegais. A área em causa, porém, é desconhecida: questionado pelo SOL, o ICNF, que também emite autos, diz que "é impossível apurar essa informação, uma vez que existiam vários regimes distintos para aprovação, autorização ou licenciamento de acções de (re)arborização".


Que fazer com 900 mil hectares de sequeiro no Alentejo

Publicado no "Correio Agrícola" nº 164, Outubro de 2002


Miguel Mota*

A desorientação que reina na agricultura portuguesa evidencia-se em muitos aspectos. Um dos mais fáceis de detectar é o panorama triste que vemos em qualquer supermercado, na abundância de produtos agrícolas estrangeiros que tínhamos obrigação de produzir aqui, melhores e mais baratos. Batatas, cebolas, alfaces, cenouras, alhos, melões, melancias, uvas etc. etc. etc. são produtos que Portugal nunca devia ter de importar do estrangeiro, pois aqui os devia produzir melhor e mais baratos. Àqueles que dão a desculpa de pagarem mais caros alguns factores de produção, lembra-se que um dos mais importantes desses factores, a mão de obra, é aqui significativamente mais barata. O que considero o cúmulo dos cúmulos dessa aberração é encontrar, nalguns supermercados, rabanetes vindos da Holanda. Como já escrevi algures (2):
"Que se passa com a agricultura portuguesa, que tanto se queixa - e, nalguns casos, com razão - das dificuldades com certas culturas, para se deixar bater nos mercados nacionais na venda de rabanetes? Como é possível que a agricultura portuguesa não abasteça o mercado nacional de rabanetes bons e baratos de tal forma que o País não tenha que pagar os bons salários dos agricultores holandeses e os bons salários e os muitos outros elevados encargos do transporte de mais de 2.000 km, para comer rabanetes!
Que é que está errado na agricultura portuguesa? É a produção, que não "descobriu" que há um mercado português para rabanetes? Os holandeses parece que o descobriram... É a organização da comercialização dos produtos agrícolas portugueses?"
Um outro aspecto dessa desorientação encontra-se num artigo, em forma de interrogação, "Que fazer com 900 mil hectares de sequeiro no Alentejo?", no jornal "Público" de 14-6-2002.
Permito-me responder à pergunta dizendo - sem interrogação - o "Que fazer com 900 mil hectares de sequeiro no Alentejo".
É óbvio que se tem muito mais domínio da agricultura no regadio do que no sequeiro. Sendo a água um dos factores mais importantes para a produção agrícola, o regadio permite um controle de que o sequeiro não dispõe. Mas isso não significa ser impossível fazer agricultura no sequeiro, mesmo nas condições difíceis do Alentejo.
As dificuldades do Alentejo para a agricultura de sequeiro são, em primeiro lugar, a irregularidade do nosso clima, que não permite saber, no começo do ano agrícola, como vai ser o regime pluviométrico. Mas a esta irregularidade do clima, geral para todo o País, acresce o facto de, na enorme maioria dos anos (as excepções são bastante raras), a primavera ser quase inexistente no Alentejo, passando-se, quase sem transição, dum inverno frio e chuvoso para um verão sêco e muito quente.
Há dezenas de anos que venho chamando a atenção para duas práticas que precisam de grande alteração na agricultura alentejana: a drenagem das terras e as rotações das culturas. Quando se fizer o que venho preconizando há muitos anos, o panorama pode mudar drasticamente e admito que até venha a ser possível fazer trigo com bons resultados económicos em grande parte desses 900 mil hectares.
Não há espaço, num artigo desta natureza, para explicar em pormenor o que é necessário fazer, pelo que refiro alguns artigos em que tratei o assunto (1, 3).
Em relação à drenagem, o meu ilustre colega e amigo Eng.º Sardinha de Oliveira demonstrou que, ao contrário do que muita gente julga, a produção cerealífera no Alentejo sofre muito mais nos anos muito chuvosos do que nos anos relativamente secos. A chuva concentra-se normalmente no período de Dezembro a Fevereiro e, especialmente nas terras mal drenadas, as raízes não se desenvolvem em profundidade, graças a esse excesso de água. Quando, muito rapidamente, se passa do inverno para o verão, as curtas raízes, à superfície, não têm possibilidade de fornecer à planta a água e os elementos necessários ao bom enchimento do grão. Não há muito tempo, num destes anos, um agricultor mostrou, na televisão, as muito pequenas raízes das plantas do trigo, consequência desse encharcamento no inverno. Quando, pelo contrário, a chuva é relativamente escassa no inverno, época em que a evapotranspiração é pouca, as plantas podem desenvolver raízes maiores, que vão explorar o solo em profundidade e lhes permitem absorver água dessas camadas quando a superfície já está sêca, dando uma produção mais alta. O antigo sistema de armação da terra em espigoado tinha, entre outras funções, dar saída à água em excesso.
Em relação às rotações, começo por referir alguns ensaios feitos há quase meio século, em Elvas, por colegas meus, que mostravam a espectacular diferença que se conseguia com o incremento da cultura de algumas espécies forrageiras que, além de permitirem um grande aumento do número de ovelhas por hectare de terreno, aumentavam muito o nível de fertilidade do solo, com excelentes resultados na cultura de trigo que se lhes seguia. Esses trabalhos não tiveram continuidade.
Umas tentativas que fiz para obter meios para realizar, com uma equipa, uma série de ensaios de rotações que, ao fim de cinco anos, deveriam começar a dar informações preciosas, não tiveram qualquer êxito. Sei que há algum trabalho em marcha há anos, mas é insuficiente para a importância do problema.
Outras possibilidades há, certamente. Para além de outras culturas, a caça e parques turísticos não são para desprezar. Com melhor pesquisa de águas subterrâneas, não será impossível transformar alguns hectares em regadio, com o respectivo valor acrescentado.
Infelizmente, no monstruoso descalabro que tem vigorado no Ministério da Agricultura, os erros cometidos - alguns de bradar aos céus! - e as escandalosas inversões de valores, com a colocação em lugares de chefia de pessoas de bem demonstrada fraca  capacidade, ignorando outras de vasto e valioso curriculum, levaram a agricultura portuguesa ao estado em que está e que alguns pretendem agravar ainda mais. Os erros (por incapacidade ou deliberados) cometidos nos últimos dezasseis anos causaram ao País maior prejuízo do que os desmandos da famigerada Reforma Agrária. Destes, já o País recuperou; dos outros só poderá recuperar com um grande e intensivo Programa de Investigação Agronómica (que descubra, constantemente, as formas de agricultar melhor) e de Extensão Agrícola (o serviço que levará até aos agricultores os conhecimentos existentes e os que vão sendo produzidos pela Investigação). Apesar de muito degradado, o Ministério da Agricultura ainda possui técnicos bem qualificados e infra-estruturas que lhe permitem arrancar imediatamente com um tal Programa, que já propus, sem qualquer resultado.
O actual Ministro da Agricultura, além de possuir um magnífico conhecimento do que se passa na União Europeia e na sua Política Agrícola Comum, é um Engenheiro Agrónomo especialista (em muito alto grau) de Economia Agrícola. Por esse facto está nas melhores condições para apreciar o que são os fabulosos resultados dos referidos serviços de Investigação Agronómica e de Extensão Agrícola, como ainda não há muito tempo demonstrei (4).
Se souber e quiser pôr em marcha esse Programa Intensivo, os resultados começarão a aparecer antes do fim da legislatura. Se o não fizer, continuará a afundar a agricultura portuguesa e, com ela, a nossa economia. E ajudará a afundar o PSD, como fizeram os ministros da Agricultura do Prof. Cavaco Silva e ao PS os do Eng.º Guterres. O pior de tudo é que, dessa forma, se continuará a afundar o País.

Referências

1 - Mota, M. - Drenagem e rotações, dois temas da maior importância para a agricultura do Alentejo.  DIAgrícola Nº 14, de 20-6-89
2 - Mota, M. - Rabanetes da Holanda!. Vida Rural Nº 21/1992
3 - Mota, M. - A drenagem das terras e a produção de cereais. Linhas de Elvas de 27-5-94
4 - Mota, M. - Investigação Agronómica e Extensão Agrícola, as bases fundamentais do Desenvolvimento Rural. Vida Rural de Maio de 1999

______________________
* Investigador Coordenador e Professor Catedrático, jubilado

Fonte: Autor



A destruição da agricultura

Publicado no "Linhas de Elvas" em  19-10-2006


Miguel Mota

Em variados escritos  já chamei a atenção para o facto de, há algumas dezenas de anos, os altos dirigentes deste país e os seus acólitos estarem empenhados na destruição da agricultura portuguesa. Nessa campanha subtil e tremendamente prejudicial à economia do país, não se poupam a esforços nem a meios para tentar alcançar um tal objectivo. Para além de desastradas (ou intencionais...) medidas destruidoras dos serviços cuja função é desenvolver e melhorar a agricultura, há uma série de acções que visam o mesmo objectivo.
Desde Guterres para cá e em obediência a esse propósito de destruição, chamam "Ministro da Economia" ao que é simplesmente Ministro do Comércio e Indústria. Poderiam, quando muito, chamar-lhe "Ministro de Parte da Economia"... Esses governos estão na mesma caricata posição em que estaria um governo que tivesse um "Ministro da Defesa" e um "Ministro da Força Aérea". (Fica-se na dúvida de saber o que é que ensinarão no Quelhas, na Católica e noutros locais mais ou menos famosos...).
A Assembleia da República deixou de ter a sua Comissão de Agricultura (que, como já assinalei, foi sempre muito apagada e mal dirigida) reduzindo-a a uma Subcomissão.
Provavelmente, quando consultados, os psicólogos de serviço disseram-lhes que uma das formas de ajudar à destruição do sector é omitir da terminologia as palavras que lhe dizem respeito. Para ver se esquece, passou a ser proibido falar em "agronomia" (a ciência do agro) ou "agronómico", em "agrário" (relativo ao agro) ou mesmo "agricultura" (o cultivo do agro). Não há muito tempo, ao dar a biografia dum antigo Ministro da Agricultura e Pescas, um jornal dizia que ele tinha sido "Ministro das Pescas"! É claro que pode ter sido apenas uma grande incompetência do jornalista responsável mas, em face do que se tem passado, pode admitir-se a hipótese de ter sido obediência à "lei" que manda omitir até a palavra "agricultura".
Há tempos, um outro jornalista, que já deu provas duma enorme ignorância nesse campo – a menos que estivesse ao serviço da referida destruição – escrevia que a seca que se verificava nesse ano era o "ponto final" e que deixava de haver agricultura no nosso país. Um ano mais tarde, metendo o rabo entre as pernas, escrevia que, afinal, ainda existia agricultura, mas... E noutras vezes escreveu disparates de tal ordem que até bastava ler o seu texto para se ver que o título bombástico que lhe tinha posto estava errado! Não se compreende como qualquer jornal – e especialmente os que se consideram "de referência" – consente nas suas páginas tais dislates que levam quem o lê e vê o erro – basta passear pelo país para se ver que, apesar de tanta destruição, "ainda" existe agricultura em Portugal! – a desconfiar que também estejam errados os escritos que ele não tem forma de verificar. Também se pode considerar que estão a aplicar a ideia de que uma mentira repetida muitas vezes passa a ser tomada como "verdade".
Para não usar a palavra "agricultura" usam, nalguns casos, "desenvolvimento rural". O que caracteriza uma zona como "rural" – por oposição, por exemplo, a "industrial" ou "urbana" – é o facto de nela a actividade predominante ser a agricultura. Portanto, para desenvolver essa região, a única forma eficiente é desenvolvendo a sua agricultura. Mas "desenvolver a agricultura" é algo que não desejam os que a querem destruir.
É triste ver um país, com enormes potencialidades e que devia alinhar com os da frente,  na situação em que as estatísticas o colocam e que a grande maioria dos portugueses sofre. Mas porque muitos desses cidadãos, que tinham obrigação de reagir e não consentir que continue o descalabro – bastava que olhassem para a vizinha Espanha e vissem o que se deve fazer - mostram uma monumental apatia, os portugueses não podem queixar-se senão de si próprios.

Fonte: Autor

Associações de agricultores

Publicado  no "Linhas  de Elvas" de 21 de Agosto de 2014



Miguel Mota

No mesmo número da revista "Empresas & Negócios" de que comentei a notícia sobre o melhoramento genético do arroz (LE de 31-7-2014), é referida uma entrevista com a ministra Assunção Cristas, que exortou os jovens a agregarem-se em associações ou cooperativas de agricultores. É realmente importante esse conselho e há dezenas de anos que escrevo que a única forma de os agricultores, individualmente, deixarem de ser explorados pelos comerciantes é a associação em cooperativas, para terem dimensão, já que a maior parte da produção agrícola vem de pequenos ou médios empresários.
Mais de uma vez citei o caso do Cachão, a cooperativa agrícola do Nordeste Transmontano. Uma cooperativa daquela dimensão exige um gestor de grande capacidade, algo muito escasso em Portugal. Mas já não será tão difícil, pelo menos para iniciar, fazer uma cooperativa de menores dimensões.
Não cabe ao Ministério da Agricultura organizar essas cooperativas. Mas é tarefa dum serviço de extensão rural – que o ministério devia ter – sugerir e ensinar como se organizam e como devem funcionar, pois nem sempre da parte dos agricultores há a iniciativa e os conhecimentos necessários para que elas se concretizem. Algumas das actuais podem servir de modelo e se, em outras, há deficiências de funcionamento, há que chamar a atenção e sugerir as modificações necessárias para maior eficiência. Não deve ser esquecida a produção de publicações e vídeos sobre o tema, para serem distribuídas em larga escala, algo que o ministério em tempos fez bastante bem.
Há poucos dias vimos na televisão a notícia dos protestos de produtores de batata, que não conseguiam escoar os seus produtos. Não sabiam a solução para o seu problema. Ela certamente não nasce desses protestos.

Fonte: Autor

A Clonagem

Publicado  no "Mundo Rural", Ano LI, nº 572, Abril de 2014

Miguel Mota

A reprodução dos organismos biológicos, como é sabido, faz-se principalmente por um de dois processos: reprodução sexuada ou assexuada. Na reprodução assexuada ou vegetativa, uma parte destaca-se de um organismo e, por si só, vai constituir um novo organismo. Um exemplo típico seria cortar um pequeno ramo de uma oliveira, plantá-lo na terra e assim obter uma nova oliveira, com o código genético igual ao do da árvore de onde proveio.
O código genético, o conjunto dos genes de um organismo, está quase todo nos cromossomas, que a maior parte dos organismos tem aos pares homólogos (mas com pequenas diferenças entre os genes de cada par).
Na reprodução sexuada, algumas células sofrem um complexo processo de que vão resultar células com metade do número de cromossomas, as células sexuais masculinas ou femininas. As células sexuais femininas são os óvulos, normalmente nos ovários. As células sexuais masculinas são o pólen, nas plantas, ou os espermatozoides, nos animais. 
Da fecundação – a união de uma célula feminina com uma célula masculina – resulta o novo ser que, como consequência do "baralhar e dar de novo" do processo de formação das células sexuais, origina, frequentemente, descendentes um tanto diferentes dos progenitores.
A maioria das plantas usadas na agricultura são hermafroditas e as suas flores produzem o conjunto das duas células, óvulos e pólen. Nalgumas espécies há diferenciação sexual. Ao ver uma espargueira perto do fim do seu ciclo anual, algumas plantas mostram umas pequenas bolinhas vermelhas, onde estão as sementes, e outras não. Aquelas que têm bolinhas são plantas fêmeas e as outras são plantas macho. São chamadas plantas dioicas. Há ainda outras em que os órgãos produtores de pólen e de óvulos se encontram na mesma planta mas em locais diferentes, como é o caso do milho. O pólen é produzido na bandeira. Os ovários na maçaroca, e os estigma de cada um constituem as barbas. Os grãos de pólen que caem sobre eles germinam, viajam no interior desse tubo fininho e vão fecundar o óvulo, produzindo o grão. Estas plantas são chamadas monoicas. 
Nas plantas que são geneticamente "puras" (homozigóticas), pode usar-se a reprodução sexuada (por semente), como é o caso dos cereais, forragens, etc.
Mas se as plantas são muito heterozigóticas (isto é, se um gene que está num cromossoma difere do seu parceiro no cromossoma homólogo) mostra as variadas combinações desses genes e será muito difícil ter um descendente com o mesmo código genético do progenitor. Para esses casos há que recorrer à reprodução assexuada (estaca, enxertia, etc.) para obter plantas idênticas à planta mãe, como é o caso, por exemplo, de muitas árvores de fruto e videiras. 
Isto é conhecido e usado há milénios. Mas o termo "clone" foi cunhado em 1903 por Herbert Webber, um agrónomo americano a trabalhar no Ministério da Agricultura dos Estados Unidos. No seu escrito, em 1903, na revista "Science", Webber definiu "clone" como "um conjunto de organismos derivados de um único por reprodução assexuada".
Sabe isto qualquer engenheiro agrónomo ou qualquer agricultor razoavelmente informado. Mas parece que não sabem, muitas pessoas, não só em Portugal, mas pelo mundo fora.
Clone é um substantivo colectivo. Assim como nenhum organismo é "família", também não pode ser "clone".
Quando uma espécie, mesmo sempre reproduzida por via vegetativa (assexuada) foi cultivada durante muitos anos e em diferentes condições de meio, é provável que mostre algumas pequenas mas significativas diferenças. Uma das mais simples formas do melhoramento de plantas é precisamente a selecção clonal. Para isso escolhem-se, nos campos onde sejam cultivadas, as plantas que pareçam ser melhores (a informação dos agricultores é, normalmente, muito valiosa) e colhem-se de cada uma alguns ramos do ano. Por estaca ou enxertia plantam-se, em filas ou canteiros separados para cada planta mãe. É provável que entre esses grupos de plantas, derivadas de uma única por reprodução assexuada, haja algumas diferenças. Cada grupo constitui um clone e o melhorador de plantas elege apenas o ou os que tenham vantagem. Isto pode, por exemplo, ser efectuado na oliveira Galega ou na pereira Rocha.
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A clonagem é fácil em muitas espécies vegetais. Mas ainda não foi possível,  de um pedaço de qualquer animal superior, obter artificialmente um animal completo. Graças aos progressos de variadas técnicas, alguns cientistas  tentaram uma aproximação. Num trabalho científico brilhante, com cultura de células em meio artificial (ao tempo descrito em jornais e revistas), obtiveram a ovelha Dolly. Não compreendo é que chamem clonagem a esse processo, pois não o é, nem entendo que chamem "clone" à Dolly, pois já vimos que esse termo não se aplica a um único indivíduo.
A Dolly nem tem exactamente os genes da ovelha mãe. Dessa ovelha foi tirado um pedacinho de tecido da glândula mamária e mantido em cultura artificial. Uma célula da cultura foi fundida com um óvulo de outra ovelha a que foi retirado o núcleo (onde estão os cromossomas) daí resultando, ao fim de alguns dias, um embrião, que foi implantado no útero de outra ovelha, que apenas serviu de incubadora. O óvulo, sem o seu núcleo, ainda ficou com uns muito pequenos corpos, os mitocôndria (que produzem a energia de que as células necessitam), que também têm alguns genes, que a Dolly recebeu.
O mesmo processo já foi repetido em muitos laboratórios por todo o mundo e em diferentes espécies. Que seja do meu conhecimento, pelo menos por enquanto, é útil para diversos estudos mas ainda não tem utilidade prática para a agricultura.

fonte: Autor

Melhoramento genético do arroz

Publicado  no "Linhas  de Elvas" de 31 de Julho de 2014


Miguel Mota

A revista "Empresas e Negócios", distribuída com o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias de 28-7-2014, é dedicada à agricultura, repetindo várias vezes a palavra "inovação". A inovação não cai do céu. Resulta do trabalho de investigação e, na agricultura, é o objectivo da investigação agronómica. Na indústria pode importar-se a inovação, pagando patentes. Mas na agricultura a inovação estrangeira não pode ser usada sem se investigar antes se também resulta em Portugal e em que locais, pois as condições naturais – a que a agricultura está submetida – são muito variáveis.
Numa notícia informa-se que está em curso um "Programa Nacional de Melhoramento Genético do Arroz". É boa notícia. Mas leva-me a recordar que, em tempos, existiu na Estação Agronómica Nacional um Departamento de Melhoramento de Plantas, com uma Secção de Melhoramento de Arroz. Os seus dois bons investigadores, os engenheiros agrónomos Manuel Viana e Silva e Augusto Simplício Duarte, infelizmente já falecidos, "fabricaram" novas e melhores variedade de arroz. Tudo isso foi destruído nas últimas décadas, como quase toda a investigação do Ministério da Agricultura, particularmente durante o governo PS de Sócrates. E assim se afundou Portugal.
O actual governo travou essa destruição e oxalá consiga reconstituir e ampliar o que já existiu, a nível estatal. É bom que haja investigação nos privados, mas eles só fazem a investigação que lhes dê directamente dinheiro e, normalmente, a curto prazo. A investigação do estado é um investimento que rende grandes juros. Nalguns casos, directamente, com aquilo que é vendável. Em muitos outros, os mais importantes em valor, indirectamente, através dos impostos cobrados por motivo de aumentos no PIB. Os nossos governos têm mostrado não o saber. Esperemos que a actual ministra da Agricultura saiba.
Os agricultores de Elvas conhecem o valor da investigação agronómica. Ao longo dos anos, cultivaram muitos milhares de hectares de variedades de trigos e forragens obtidas na sua Estação de Melhoramento de Plantas, criada em 1942 e hoje com outro nome. Talvez ainda haja quem se lembre das primeiras dessas variedades, lançadas na lavoura na década de 1950, o trigo Pirana e o Grão da Gramicha, que tiveram grande expansão no país graças à sua maior produtividade. Era excelente "inovação", palavra que os nossos políticos "descobriram" recentemente, como algo novo.

Fonte: Autor

O biogás continua esquecido

Publicado  no "Linhas  de Elvas" de 3 de Julho de 2014



Miguel Mota


Portugal tem continuado a ignorar uma forma de energia renovável que vários países estão a utilizar, o que sugere ser um combustível económico, com algumas vantagens: o chamado biogás, também conhecido por gás dos pântanos ou gás do estrume. É uma mistura de gazes em que predomina o metano, composto apenas por carbono e hidrogénio (fórmula CH4). É uma mistura combustível, que pode ser usada para queimar (produzindo calor) ou em motores de explosão, como geradores elétricos.
Obtém-se a partir da fermentação de detritos orgânicos, não só o estume, mas também lixos ou esgotos. Em vez de estes serem armazenados em aterros ou lançados ao mar, acções que têm custo elevado, podem ser utilizados na produção de energia. Além de evitar estes custos, reduz a importação de petróleo ou gás natural, pelo que, considerando todos os benefícios, pode ser económica a produção do biogás. O resíduo resultante é um bom fertilizante para a agricultura.
Tenho lembrado que, nas zonas de grandes criações de porcos, a produção do biogás talvez seja uma forma de resolver os graves problemas de poluição.
Em artigos vários, pelo menos um no Linhas de Elvas, tenho tentado chamar a atenção para o que penso ser um valor que a nossa pobre economia não tem aproveitado. Sei que já houve algumas instalações em funcionamento, uma no jardim botânico da ilha da Madeira, instalada quando foi seu Director o já falecido engenheiro agrónomo Rui Vieira. Não sei se, actualmente, há alguma em funcionamento.
Não seria caso para algum dos laboratórios de investigação do estado construir uma estação piloto, para estudar a sua viabilidade económica e, se esta fosse positiva, promover a sua generalização?

fonte: Autor

O potencial agrícola de Portugal

Publicado  no "Linhas  de Elvas" de 18 de Dezembro de 2014



Miguel Mota

Embora a ministra Assunção Cristas tivesse dado a volta às ideias que vigoravam em Portugal em relação à agricultura, ainda por aí anda muita gente que só fala nas dificuldades naturais – a que se juntam as artificiais... – para justificar uma pobre agricultura ou para desculpar muitos insucessos
Passemos em revista algumas das dificuldades. Concordo que são reais e é pena que existam. Mas temos de viver com elas e, em vez de cruzar os braços e lamentarmo-nos, procuremos corrigi-las ou tirar partido delas.
Muitos dos solos de Portugal são ácidos e inconvenientes para variadas culturas. É verdade. Mas a acidez do solo corrige-se com a calagem, a aplicação de algum material alcalino, que até pode ser calcário moído.
 Muitos solos sofrem erosão. É algo de que se queixam desde a Campanha do Trigo, sem nada fazerem para a combater. E há variados processos, sem ser preciso deixar a terra a mato. Que me recorde, apenas vi fazer bom combate à erosão, na década de 1950, nas herdades do Eng.º agrónomo Sardinha de Oliveira.
Muitos dos solos portugueses têm escassa matéria orgânica. Isso foi consequência de rotações paupérrimas, esgotantes, durante muitos anos, sem que os agricultores se apercebessem disso. Depois de um pousio, de um ou mais anos, apenas algumas vezes revestido, cultivava-se trigo, que normalmente só levava fertilização mineral. Algumas vezes ainda se fazia, depois, um ano de aveia, para aproveitar os restos.
O Alentejo ainda hoje sofre desse mal.  A solução é a utilização de rotações com maior predominância de leguminosas. Ao fim de alguns anos, o nível de fertilidade melhora. Temos alguns bons exemplos desse facto e nunca me esqueço do trabalho de um americano, apresentado em França, no III Congresso Internacional de Lupinus, em 1984. Lupinus é o género botânico a que pertencem os tremoços, da família das  Leguminosas. O agrónomo americano que apresentou um estudo de rotações que incluíam o Lupinus angustifolius, o tremoço de folha estreita, espontâneo em Portugal, declarou: "esta cultura seria económica, mesmo deitando fora a colheita". A razão era por ter deixado a terra mais fértil, o que se refletia na produção da cultura seguinte.
Outro problema é a drenagem. Ainda vemos, nos invernos muito chuvosos, vastas áreas alagadas, o que, especialmente para os cereais, é responsável por uma asfixia das raízes, que não se desenvolvem em profundidade. No Alentejo, quase sem primavera – passa-se rapidamente de um tempo frio e chuvoso para um quente e seco – este problema é grave e explica, como bem demonstrou o Eng.º Sardinha de Oliveira, porque é que a produção de trigo era melhor nos anos de inverno pouco chuvoso. Se a terra for drenada, por qualquer dos processos existentes, esse mal deixa de existir.
Com o regadio, há muito maior controle sobre as culturas e o recente alargamento da área regada, com o Alqueva, permitiu aumentar significativamente as nossas produções, especialmente de algumas culturas. 
Se tivéssemos a Holanda e a Holanda é que fosse dona deste bocadinho da Europa, não me admirava que tivéssemos um pântano e invejássemos este país à beira mar plantado, com o seu bom clima, que lhe permite obter tão saborosos frutos.

Fonte: Autor

Portugal Fresh, Grécia cool?


04.02.2015
MANUEL SERRÃO


Revisitando aquele slogan velhinho que gritava "nem mais um soldado para as colónias", apetece-me "gritar" aqui hoje, desta tribuna, nem mais um euro para a Grécia. Nem mais um euro do meu soldo para pagar a preguiça dos gregos, a falta de competitividade de um povo que se julga no direito de viver à nossa custa.A solidariedade é uma palavra bonita, mas até a beleza tem limites de decência. Tal como a liberdade de cada um termina quando começa a liberdade dos outros, também o dever de solidariedade entre as diferentes nações europeias tem de terminar quando ser solidário começa a parecer-se com ser otário.A cultura europeia não pode afirmar-se no pressuposto indiscutível de que o Norte paga as contas do Sul. Se é verdade que uma reforma dourada a viver no Sul pode ter os seus encantos para muitos europeus do Norte, as contas não podem resumir-se aos dois simples movimentos "contabilísticos" com que sonham os gregos: o Sul emite a fatura e o Norte paga-a. E nem bufa!É evidente que a União Europeia que junta os dois polos do continente tem de ter os seus custos. A entrada do euro nos países do Sul nunca foi prometida como um jardim de rosas, nem se esperava que fosse tão fácil como faca quente a entrar na manteiga. Quando os países mais ricos decidiram abrir o clube aos colegas mais pobres, já sabiam que essa entrada ia configurar uma penetração dolorosa, mas dispuseram-se a pagar por esse prazer de ter uma Europa inteira reunida à volta de uma mesa e de uma só moeda. (Ainda não chegamos a esse desiderato, mas o sonho permanece). Regressamos aos limites da decência e o prazer de ter a Grécia na nossa União Europeia já atingiu todos os limites da cedência. Se é verdade que mais de 70 % dos gregos não querem sair da União Europeia, alguém tem de lhes dizer que era bom que começassem a trabalhar para isso.Na manchete do nosso JN de ontem ficamos a saber que as nossas exportações podem ser seriamente afetadas por regras novas que Alemanha, França e Bélgica querem impor às nossas empresas transportadoras e aos nossos camionistas. Nem de propósito, começa hoje em Berlim, a Fruit Logística 2015, com Portugal como país convidado daquela que é a maior feira europeia para produtos hortícolas. Várias dezenas de produtores portugueses estão lá a dar o seu melhor, numa participação recorde promovida pela associação Portugal Fresh.As medidas ontem anunciadas vão prejudicar fortemente as exportações destes agricultores portugueses. A pergunta que sobra é muito simples: Portugal não pode ser "Fresh", mas a Grécia pode continuar a ser "cool"?

Gigante de frutos vermelhos investe até 3 milhões de euros em Portugal

    
07/02/2015 11:26:19 4300 Visitas   

A Driscools é o maior produtor mundial de morangos, framboesas, amoras e mirtilos 
Shutterstock

Gigante de frutos vermelhos investe até 3 milhões de euros em Portugal
A americana Driscoll's, líder mundial da produção de frutos vermelhos, anunciou um investimento de até 3 milhões de euros no aumento da área de produção em Portugal, e admite vir a liderar os mercados da Europa, Médio Oriente e África.

Nos últimos dez anos, investiu cerca de 17 milhões de euros no país
A empresa, que está há sete anos em Portugal, onde detém uma participação na Lusomorango, tem "perspectivas de aumento da área de produção na ordem dos 50 a 60 hectares para os próximos anos", afirmou aos jornalistas Arnoldo Heeren, director da empresa em Portugal, durante a maior feira de frutas e legumes, que terminou sexta-feira em Berlim, Alemanha.

O investimento estimado, que segundo a empresa pode situar-se entre 1,5 e 3 milhões de euros, vai permitir duplicar a área de cultivo dos mirtilos, tornando Portugal no maior produtor para os mercados da Europa, Médio Oriente e África.

Nas framboesas, Portugal é já hoje o maior produtor da Europa.

Através da Lusomorango, em Odemira, a gigante americana tem em Portugal 400 hectares de produção, repartidos por várias quintas de 44 produtores, sobretudo no Alentejo, zona centro e Algarve.

Nos últimos dez anos, investiu cerca de 17 milhões de euros no país.

"A Driscool's, que é uma empresa da Califórnia que vai na quinta geração de gestão familiar, sempre procurou o clima ideal para produzir fora da Europa e sempre foi esta busca do clima ideal que norteou as expansões. No final dos anos 90, encontrou na Zambujeira do Mar e na costa alentejana o clima mais parecido do mundo com o da Califórnia, o clima ideal para produzir frutos vermelhos", explicou Nuno Simões, director da empresa para a Península Ibérica e Marrocos.

A primeira produção de frutos vermelhos em Portugal aconteceu em 2007, ano em que facturou dois a três milhões de euros, e passados sete anos, em 2014, atingiu os 35 milhões, contribuindo para a criação de 4500 postos de trabalho.

"Estamos num mercado que tem tido um potencial de crescimento muito grande, porque os frutos vermelhos estão na moda e têm benefícios elevados para a saúde. Costumamos dizer que somos a guloseima saudável e as pessoas estão a aceitar muito bem", justificou.

A Driscool's é o maior produtor mundial de morangos, framboesas, amoras e mirtilos, com um volume de negócios de três mil milhões de euros.

Lusa/SOL

Um detido e 21 mil litros de vinho apreendidos em operação da ASAE


7/2/2015, 16:14
ASAE revelou que a maior apreensão teve lugar no concelho de Lousada, onde, numa ação de fiscalização junto de um armazenista engarrafador, foram apreendidas 27.786 garrafas de vinho.


A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) anunciou neste sábado ter detido uma pessoa e apreendido mais de 21,4 mil litros de vinho, em Lousada e em Ponte de Lima, num valor superior a 41 mil euros.

Em comunicado, a ASAE revelou que a maior apreensão teve lugar no concelho de Lousada, no distrito do Porto, onde, numa ação de fiscalização junto de um armazenista engarrafador foram apreendidas 27.786 garrafas de vinho, 948 garrafões e 21.070 litros de vinho a granel por "incumprimento das regras de rotulagem e de produção em local não licenciado".

Já em Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, a operação decorreu num restaurante, onde uma pessoa foi detida e foram apreendidos 317 litros de vinho, num valor de 429,85 euros, por "usurpação de denominação de origem". As operações tiveram lugar entre os dias 3 e 5 deste mês e foram levadas a cabo pela Unidade Regional do Norte da ASAE.

Dias antes, a ASAE já tinha apreendido, em Santa Maria da Feira, 43 garrafas de vinho num armazenador-engarrafador por "incumprimento das regras de rotulagem", infração idêntica à que levou à apreensão de 348 garrafas de vinho branco no mesmo concelho no final de janeiro.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Pera rocha à conquista da Colômbia e do México

Anúncio foi feito, em Berlim, pela ministra da Agricultura. 

Por Isabel Jordão 

Os produtores portugueses de pera rocha vão contar, a partir das próximas semanas, com mais dois novos mercados externos – Colômbia e México – para colocarem os seus frutos. O anúncio foi feito esta quarta-feira, em Berlim, pela ministra da Agricultura, Assunção Cristas, na inauguração da maior feira mundial de frutas e legumes. A medida significa a eliminação das barreiras fitossanitárias, que até agora impediam a exportação de produtos nacionais para aqueles países. "Estamos muito próximos de concluir este processo, que tem sido muito intenso e requereu da parte do Governo uma grande articulação, quer com a diplomacia económica quer com os nossos serviços técnicos e administrativos" disse Assunção Cristas. "Em três anos, são mais de 70 os países em que abrimos novos mercados para mais de 125 produtos e marcas portuguesas", salientou, por seu lado, o vice primeiro-ministro, Paulo Portas, que liderava a comitiva governamental, discursando no jantar de gala. Esta é a maior participação de sempre de Portugal na feira "Fruit Logistica", com 44 empresas a procurar novos mercados, aproveitando a visibilidade que o nosso País está a ter no certame, por ser parceiro na organização. "Fazendo uma comparação com o futebol, podemos dizer que viemos diretos para a final do campeonato do mundo", disse o presidente da Portugal Fresh - associação para a promoção das frutas, legumes e flores, Manuel Évora, frisando que "ir à final e não ganhar é que não". Falando no jantar de gala da Portugal Fresh, aquele responsável explicou que "ganhar significa os produtores fazerem os melhores contactos e contratos e com isso engrandecerem a agricultura no nosso País", espalhando "o nosso bom nome com empenho e arte", numa alusão aos Lusíadas de Luis de Camões. No último ano, a produção nacional de frutas e legumes totalizou 2,2 milhões de euros, 45 por cento dos quais resultaram de exportações, o que "demonstra que o sector está a conquistar o mundo com os nossos produtos", defendeu Manuel Évora. Nos últimos anos, as exportações do sector têm crescido a um ritmo de dez por cento ao ano e o objetivo é que dupliquem nos próximos cinco anos, atingindo os dois mil milhões em 2020. A essa meta criada pela Portugal Fresh, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, acrescenta outra: "chegar a 2020 sem défice alimentar" e "tornar Portugal conhecido como a joalharia da agricultura", por produzir "bem, com qualidade e segurança alimentar".

CLEANBIOMASS: Uma ferramenta para limpar as florestas de forma mais sustentável

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Os infestantes naturais, como o tojo, a silva, a acácia ou a giesta, são uma praga para a floresta e, em época de incêndios, são o rastilho ideal para as chamas. Porém, estes arbustos também podem ser uma fonte de energia renovável. Um dia, após grandes incêndios ocorridos na região de Mangualde, o pai de António Ramos – engenheiro mecânico – perguntou-lhe se não "conseguia desenvolver algo para a arrancar as infestantes", que surgem em terrenos sinuosos, com muita pedra e obstáculos.

Depois de analisar a possibilidade e de recorrer à ajuda da mulher – Elizabete Constante, também engenheira -, António Ramos criou, em 2009, a CleanBiomass, uma ferramenta de limpeza florestal que permite um processo selectivo de limpeza de arbustos através do arranque.

"O projecto surgiu com a ideia de criar um ambiente de limpeza da floresta que permitisse gerar recursos para suportar um serviço, diminuir o risco de incêndio, aumentar a produção florestal, criar emprego e gerar energia renovável com a biomassa para custear parte do serviço", explica António Ramos ao Green Savers.

Em 2011, ainda em fase protótipo, o CleanBiomass foi vencedor do Prémio Inovação EDP 2020 Richard Branson Visão, o que permitiu patentear a ferramenta e o seu desenho e criar oficialmente a empresa, já em 2012.

A ferramenta de limpeza da CleanBiomass consiste numa máquina, semelhante a uma escavadora, que tem a particularidade de conseguir arrancar os arbustos infestantes pela raiz, nomeadamente os que se encontram em zonas pouco acessíveis. Uma vez que o processo de limpeza é selectivo, o operador da máquina selecciona o arbusto que quer remover do solo. Assim, é possível manter árvores autóctones e outras plantas benéficas que existam no meio dos arbustos.

Biomassa que pode ser transformada em energia renovável

Depois da limpeza de um terreno com a ferramenta CleanBiomass, a quantidade de biomassa recolhida pode ser considerável e há que lhe dar um destino. "O destino da biomassa resultante depende da aplicação que o proprietário quer dar aos resíduos resultantes", indica o mentor do projecto. Uma das hipóteses é utilizar a biomassa em processos de fertilização de solos em substituição de produtos químicos. Outra é a queima directa para a produção de calor e geração de energia renovável. Porém, "o destino mais comum são as centrais de queima de biomassa ou centrais de cogeração para utilização do calor em processos produtivos de energia", explica António Ramos.

Desde a criação do protótipo inicial, António Ramos estima que o sistema de limpeza tenha recolhido cerca de 2.000 toneladas de biomassa.

Além de permitir uma limpeza selectiva dos terrenos, a CleanBiomass permite reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2). Mas esta quantificação destas reduções não é fácil. "A análise de CO2 de um processo deste tipo não é simples e directa. Contudo, uma análise energética de todo o processo até à queima na central revela que geramos 52 vezes a energia que consumimos. Em termos de CO2 podemos estimar que a empresa conseguiu evitar cerca de 3.000 toneladas de emissões. Mas se considerarmos que os resíduos extraídos seriam queimados nos incêndios, podemos estar a falar no dobro desse valor", explana António Ramos.

Apesar do curto percurso, o projecto foi já distinguido várias vezes com prémios como Prémio Inovação EDP 2020 Richard Branson Visão 2011 (1º lugar); Prémio Nacional de Inovação Ambiental 2012 (2º lugar); Prémio Inovação Crédito Agrícola 2014 (1º lugar inovação empresarial) e, por último uma menção honrosa no Green Project Awards 2014, na categoria Agricultura, Mar e Turismo.

Para 2015, os objectivos da CleanBiomass passam pela "comercialização de algumas ferramentas para possíveis prestadores de serviços nacionais e duplicar a quantidade de biomassa extraída por este processo nos próximos dois anos".

Este artigo faz parte de um vasto trabalho sobre os vencedores do Green Project Awards 2014. Todos os vencedores da iniciativa portuguesa podem ser consultados neste link.